COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL E DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA APÓS O EXERCÍCIO AERÓBIO E COM PESOS REALIZADOS NA MESMA SESSÃO.
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- Luiz Fernando Amorim Flores
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1 COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL E DA VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA APÓS O EXERCÍCIO AERÓBIO E COM PESOS REALIZADOS NA MESMA SESSÃO. Natália Serra Lovato (PIBIC/CNPq-UEL) e Marcos Doederlein Polito (Orientador). marcospolito@uel.br Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Educação Física/Londrina, PR. Área do conhecimento: Ciências da Saúde, Subárea do conhecimento: Educação Física. Palavras-chave: fisiologia cardiovascular, respostas cardiovasculares, hipotensão pós-exercício. Resumo O objetivo do estudo foi verificar a pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM), freqüência cardíaca (FC) e a variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) após sessões de exercício aeróbio e com pesos combinadas em diferentes ordens. Nove homens (24,8 ± 1,1 anos, 77,0 ± 3,7 Kg, 175,9 ± 2,8 cm), não hipertensos e fisicamente ativos, submeteramse inicialmente ao teste de uma repetição máxima (1RM) e ao teste de consumo de oxigênio de pico (VO 2pico ). Posteriormente, dividiram-se em duas sessões aleatoriamente: 1) exercício aeróbio (cicloergômetro, aproximadamente 50 min, 60% do VO 2pico ) seguido do exercício com pesos (oito exercícios, três séries, repetições, 60% de 1RM, intervalo entre séries e exercícios de dois minutos); 2) exercício com pesos seguido do aeróbio. Após o término das sessões, permaneceram sentados durante 60 min. Verificaram-se a pressão arterial e a FC em repouso e a cada 10 min pós-esforço por aparelho oscilométrico automático e cardiofrequencímetro. Determinou-se a VFC por meio dos componentes de baixa freqüência (LF) e alta freqüência (HF). Utilizou-se ANOVA de duas entradas com medidas repetidas seguida do teste post hoc de Fisher LSD e nível de significância de p<0,05. Não houve interação entre os grupos para as variáveis estudadas. Houve interação significativa no fator tempo para as variáveis PAS (F=6,35; P=0,02) e FC (F=13,94; P=0, 002) após a sessão de exercício aeróbio seguido do exercício com pesos. Conclui-se que a ordem de execução dos exercícios não interfere nas respostas cardiovasculares pós-esforço. Introdução O exercício físico regular é utilizado, conforme recomendações das comunidades científicas, para o controle crônico da pressão arterial (PA) de repouso 1. No entanto, já é sabido no meio científico, que o exercício físico
2 pode acarretar reduções na PA nas horas subseqüentes ao término do mesmo, fenômeno denominado de hipotensão pós-exercício (HPE) 2. Diversos estudos investigaram o efeito do exercício aeróbio e com pesos sobre a HPE 3,4,5,6. Contudo, os resultados advindos dos exercícios aeróbios indicam maior probabilidade de ocorrer HPE. Uma das possíveis explicações podem ser as diferenças nos mecanismos fisiológicos responsáveis pelo fenômeno. Enquanto a HPE decorrente do exercício aeróbio parece estar associada à menor resistência vascular periférica e menor débito cardíaco 7, a queda da PA após o exercício com pesos pode estar associada apenas a redução do débito cardíaco 8. Em contrapartida, são escassas as informações sobre a HPE após os dois exercícios realizados em seqüência. Desse modo, o entendimento do comportamento da PA após a realização desses dois exercícios torna-se necessário. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi verificar o comportamento da pressão arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD), média (PAM), freqüência cardíaca (FC) e a variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) após sessões de exercício aeróbio e com pesos combinadas em diferentes ordens. Para tanto, utilizou-se de pesquisa quantitativa, original e exploratória. Desenvolveu-se a pesquisa no Centro de Educação Física e Desporto da Universidade Estadual de Londrina, com a participação de nove homens jovens, normotensos e voluntários, os quais se submeteram às coletas de dados de setembro a novembro de Materiais e métodos A amostra foi composta por nove homens (24,8 ± 1,1 anos; 175,9 ± 2,8 cm; 77,0 ± 3,7 Kg; 24,7 ± 0,5 Kg.m -2 ), ativos, com experiência prévia em exercícios com pesos, normotensos, não fumantes, não portadores de doença metabólica e/ou ósteo-articular e que não utilizavam medicamentos que comprometessem os parâmetros cardiovasculares. Na primeira e segunda semana coletaram-se, para cálculo do índice de massa corporal (IMC), medida de massa corporal por meio de uma balança antropométrica digital e estatura por meio de um estadiômetro de madeira e realizaram-se, também, as sessões de familiarização aos exercícios executados. Na terceira semana, realizou-se o teste ergoespirométrico para determinação do consumo de oxigênio de pico (VO 2pico ) com protocolo de teste progressivo 9 em cicloergômetro. Após 48 horas realizou o teste de uma repetição máxima (1RM), com três tentativas para a determinação da carga. Os exercícios realizados foram supino reto na máquina, leg press 45º, remada baixa, cadeira extensora, rosca bíceps (barra W), mesa flexora, tríceps pulley e desenvolvimento articulado. Na última semana, os sujeitos foram divididos de forma aleatória em duas sessões: exercício aeróbio seguido do exercício com pesos (G1) e exercício com pesos seguido do exercício aeróbio (G2).
3 Realizou-se o exercício aeróbio em cicloergômetro com intensidade de 60% do VO 2 pico, com duração aproximada de 50 min. No exercício com pesos, adotou-se a seqüência do teste de 1RM, executaram-se três séries de repetições, intensidade de 60% de 1RM e intervalo de recuperação entre as séries e exercícios de 2 minutos. Após este período, foram monitorados FC e PA. Aferiu-se PAS e PAD com aparelho oscilométrico automático (Omron HEM 742-E, Bannockburn, EUA). Realizaram-se as medidas antes do exercício, após o período de 10 minutos na posição sentada e a cada 10 min. após o esforço, perfazendo-se um total de 60 min. pós-exercício. Calculou-se a PAM através da equação PAM = PAD + [(PAS-PAD) 3]. Realizou-se monitoração da VFC antes, durante e após o exercício por meio de um cardiofrequencímetro (Polar S810i, Kempele, Finlândia). Analisaram-se os parâmetros da VFC segundo os componentes de baixa freqüência (LF), alta freqüência (HF), após a transformação de Fourier e filtragem dos ruídos, com intervalos de análise de 5 minutos ou 300 segundos. Para a análise dos dados utilizaram-se Shapiro-Wilk e Levene. Em seguida, realizou-se ANOVA de duas entradas com medidas repetidas, seguida do teste post-hoc de Fisher LSD. O nível de significância adotado foi P< 0,05. Resultados e Discussão Tabela 1. Valores da pressão arterial sistólica e diastólica (PAS/PAD), média (PAM), freqüência cardíaca (FC) e dos índices lineares do domínio da freqüência (LF/HF) durante o repouso e durante a média dos períodos de recuperação em minutos após as sessões aeróbio + pesos (G1) e pesos + aeróbio (G2). PAS (mmhg) PAD (mmhg) PAM (mmhg) Rep. Média Rep. Média Rep. Média G1 121,3±3,9 114,4±2,1* 72,8±3,4 68,1±1,9 88,9±3,3 83,5±1,3 G2 116,7±3,7 113,1±2,7 70,1±5,1 71,1±2,2 85,6±4,2 85,1±2,0 FC (bpm) LF (un) HF (un) Rep. Média Rep. Média Rep. Média G1 75,8±4,3 89,5±5,8 72,2±3,8 79,1±4,1 27,8±3,8 22,8±3,5 G2 74,2±3,3 78,7±3,8 77,5±3,5 77,1±2,1 22,5±3,5 21,4±2,8 un = unidades normalizadas; * redução significativa (p<0,05) em relação ao repouso; aumento significativo (p<0,05) em relação ao repouso. Quando se observa a média dos períodos de recuperação, somente ocorreram diferenças significativas no fator tempo para a sessão aeróbio + pesos, sendo os valores significativamente menores para a variável PAS e significativamente maiores para FC em relação ao repouso. Conclusões
4 A despeito de não terem ocorrido alterações no sistema nervoso autônomo, foi possível observar redução na PAS após a sessão do exercício aeróbio seguido do exercício com pesos. Contudo, como não houve diferença entre as sessões, não se pode afirmar que uma forma de execução tenha sido mais eficiente na redução da pressão arterial que a outra. O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao comportamento mais elevado da FC. Por isso, são necessários novos experimentos. Referências 1. Simão, R.; Manochio, j.; Serra, R.; Melo, A. Redução da pressão arterial em hipertensos tratados com medicamentos anti-hipertensivos após um programa de treinamento físico. Rev SOCERJ. 2008, 21 (1), McDonald, J.R. Potential causes, mechanisms, and implications of post exercise hypotension. J Hum Hypertens. 2002, 16, Wallace, J.P.; Bogle, P.G.; King, B.A.; Krasnoff, J.B.; Jastremski, C.A. The magnitude and duration of ambulatory blood pressure reduction following acute exercise. J Hum Hypertens. 1999, 13, Fisher, M.M.; The effect of resistance exercise on recovery blood pressure in normotensive and borderline hypertensive women. J Strength Con Res. 2001, 15 (2), MacDonald, J.R.; MacDougall, J.D.; Hogben, C.D. The effects of exercise intensity on post exercise hypotension. J Hum Hypertens. 1999, 13, Lizardo, J.H.F.; Simões, H.G. Efeitos de diferentes sessões de exercícios resistidos sobre a hipotensão pós-exercício. Rev Bras Fisioter. 2005, 9 (3), Halliwill, J.R.; Taylor, J.A.; Eckberg, D.L. Impaired sympathetic vascular regulation in humans after acute dynamic exercise. J Physiol. 1996; 495 (Pt1), Rezk, C.C.; Marrache, R.C.B.; Tinucci, T.; Mion, Jr. D.; Forjaz, C.L.M. Post-resistence exercise hypotension, hemodynamics, and heart rate variability: influence of exercise intensity. Eur J Appl Physiol. 2006, 98, Bird, S.; Davison, R. Physiological testing guidelines. B.A.S.E.S, Leeds
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