O (IN)VISÍVEL E O CONCRETO: DIALÓGICA, RECURSIVIDADE E HOLOGRAMATICIDADE DOS PROCESSOS GRUPAIS NA GESTÃO DE EQUIPES

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "O (IN)VISÍVEL E O CONCRETO: DIALÓGICA, RECURSIVIDADE E HOLOGRAMATICIDADE DOS PROCESSOS GRUPAIS NA GESTÃO DE EQUIPES"

Wilson Arantes Bonilha
8 Há anos
Visualizações:

III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS O (IN)VISÍVEL E O CONCRETO: DIALÓGICA, RECURSIVIDADE E HOLOGRAMATICIDADE DOS PROCESSOS GRUPAIS NA GESTÃO DE EQUIPES Magda Capellão Kaspary, Nédio Antonio

1 III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação PUCRS O (IN)VISÍVEL E O CONCRETO: DIALÓGICA, RECURSIVIDADE E HOLOGRAMATICIDADE DOS PROCESSOS GRUPAIS NA GESTÃO DE EQUIPES Magda Capellão Kaspary, Nédio Antonio Seminotti Programa de Pós Graduação em Psicologia Social e da Personalidade, Faculdade de Psicologia, PUCRS. Resumo O tema do presente projeto de pesquisa são os processos grupais, especialmente nas equipes e sua gestão em ambiente organizacional, vividos pelos sujeitos gestores e equipes, sendo considerada a complexidade como principal operador teórico. Consideramos que havendo maior entendimento do que nomeamos (in)visível e concreto, ou seja os processos grupais na gestão de equipes, os sujeitos envolvidos nos ambientes organizacionais podem acessar uma outra possibilidade de exercer sua profissionalidade, uma vez que todos os processos que ali ocorrem marcam e constituem sua subjetividade. Como objetivo geral, buscamos compreender os processos grupais na gestão de equipe, em ambiente organizacional, a partir do paradigma sistêmico-complexo. Os objetivos específicos se direcionam a dar visibilidade aos processos grupais na gestão de equipes no ambiente organizacional e conhecer os pressupostos teóricos em que os gestores se apóiam na temática de processos grupais e de gestão de equipes no ambiente organizacional. Lançamos mão do Mito da Caverna de Platão para ilustrar o entendimento do conhecimento sobre os processos grupais pelas pessoas envolvidas na gestão de equipes nos ambientes organizacionais. Ainda que se olhe para as sombras, tendo-as como o concreto acessível na gestão de equipes, há de se pensar sobre outros processos concomitantes, em algum momento (in)visíveis, os processos grupais.

Resumo O tema do presente projeto de pesquisa são os processos grupais, especialmente nas equipes e sua gestão em ambiente organizacional, vividos pelos sujeitos gestores e equipes, sendo considerada

2 Introdução Este projeto encontra-se inserido na temática do trabalho contemporâneo que tem sido objeto de atenção e estudo especialmente no que se refere a subjetividade e que, em diferentes lógicas ou momentos é estudado pelas ciências humanas. Nos diferentes tipos de organizações do trabalho, empresas públicas e privadas e demais instituições, já podemos considerar de senso comum a importância do desenvolvimento humano, de práticas de gestão de pessoas, anteriormente definidos como recursos humanos, pois as mesmas entendem a criticidade do humano no atingimento de seus objetivos, financeiros entre outros. Fazemos esta inferência a partir da incidência de publicações científicas, bem como veiculações em mídia escrita e televisiva sobre a importância da gestão do capital humano. Mas não se trata de um movimento recente, já que desde Taylor e ao longo do último século, vários estudos e metodologias foram desenvolvidos, seja no aprimoramento da captação da pessoa certa para o trabalho, da medição do desempenho através de metas, do estabelecimento da remuneração impulsionadora, da preocupação com a saúde física e mental do trabalhador, sendo que destacamos como exemplo o estabelecimento da metodologia de equipes de trabalho, mais fortemente na década de 80 como estratégia para o incremento de desempenho organizacional. O ambiente organizacional é um dos cenários em que a gestão de equipes se dá, mediado por gestores, sendo estes responsáveis por pessoas, por processos e por resultados organizacionais. Numa pesquisa em que se estudam processos grupais e de equipe, poderíamos escrever somente a partir dos autores clássicos da psicologia dos grupos. Observa-se, no entanto, que a grande parte das teorias clássicas sobre grupos foi produzida num período histórico, principalmente na 2ª Guerra Mundial e atualmente a sociedade se vê imersa numa outra lógica, a do individualismo, e por isso entendemos que as produções atuais são mais reproduções a partir dos clássicos do que novos estudos, inovações ou criações. Optamos por uma escrita implicada com o pensamento sistêmico que considera os acontecimentos (políticos, econômicos, sociais) ao redor do objeto de estudo e dos sentimentos que nos perpassam no fazer laboral e de estudos, (re)conhecendo a complexidade contemporânea das equipes e seus processos grupais no ambiente de trabalho. Conjuntamente aos clássicos temos um diálogo com as produções brasileiras, em especial os autores do grupo de pesquisa do qual a pesquisadora faz parte, na PUCRS.

Nos diferentes tipos de organizações do trabalho, empresas públicas e privadas e demais instituições, já podemos considerar de senso comum a importância do desenvolvimento humano, de práticas de

3 Grupos, times, equipes, conjunto de pessoas com um objetivo, vários são os conceitos que podem ser utilizados neste objeto de pesquisa. Com o intuito de desnaturalizar o objeto de pesquisa, gostaríamos de refletir primeiramente sobre o seguinte conceito para equipes no ambiente organizacional, foco desta pesquisa: conjunto de pessoas com um espaço da vida em comum, o trabalho. Esta desnaturalização nos remete a reflexão do ser humano integral, que não é apenas mão-de-obra ou força de trabalho. Se para o ambiente organizacional é difícil apropriar-se das teorias psicológicas sobre os grupos, uma vez que se encontra voltado para o atingimento de objetivos dos seus stakeholders1, há que se pensar, independentemente da terminologia escolhida que, grupos, times e equipes são seres vivos, humanos, em relação de vida, em relação de trabalho com toda a representação social que este lhes conferem. Ao tratar dos processos grupais e equipes, a noção de pequeno grupo adotada neste estudo é oriunda de Alves e Seminotti (2006, pág 121) em que destacamos dois aspectos principais: nele é propiciado aos indivíduos/sujeitos que todos se vejam e se ouçam simultaneamente, conheçam-se em suas singularidades e diversidades, devido ao número reduzido de participantes e mais importante do que o número de pessoas é o modo em que se organizam para se ver e se ouvir. Ao espelharmos este conceito no ambiente organizacional, nos perguntamos sobre as equipes distantes fisicamente ou pertencentes a estruturas matriciais, pois ainda que a tecnologia permita que os membros se vejam e se ouçam virtualmente, fica a dúvida sobre o espaço para que haja um conhecimento e reconhecimento de singularidades e diversidades. Por em discussão como as características dos pequenos grupos são vividas dentro das equipes no ambiente organizacional é relevante para a compreensão ampla do seu impacto. Seguindo nesta delimitação do nosso objeto, trazemos à discussão algumas características, ferramentas ou nomenclaturas de aspectos que são naturalmente tratados em gestão de equipes e processos grupais. Inicialmente, os colocamos numa lógica binária, no sentido didático, mas em seguida discutiremos sua dialógica, hologramaticidade e recursividade. 1 Partes interessadas, envolvidas em um processo, por exemplo, clientes, empregados, investidores, fornecedores, comunidade.

com um espaço da vida em comum, o trabalho. Esta desnaturalização nos remete a reflexão do ser humano integral, que não é apenas mão-de-obra ou força de trabalho.

4 Figura 1 Características de equipes e processos grupais Num segundo sentido, a compreensão é o modo fundamental de conhecimento para qualquer situação humana implicando subjetividade e afetividade e, ainda mais, para todos os atos, sentimentos, pensamentos de um ser percebido como indivíduo-sujeito. (MORIN, 2002, pág 158) A compreensão é um conhecimento empático/simpático (Einfühlung) das atitudes, sentimentos, intenções finalidades dos outros; ela é o fruto da mimese psicológica que permite reconhecer ou mesmo sentir o que sente outro. A compreensão, portanto, comporta uma projeção (de si para o outro) e uma identificação (com o outro), num duplo movimento de sentido contrário formando um ciclo. (MORIN, 2002, pág 159) Buscar os encontros, sobre-posições e lógicas dos processos grupais na gestão de equipes, como processos de compreensão e explicação, trará como resultado, pensar mais amplamente estes processos - humanos. Metodologia Ver de um jeito agora, e de outro jeito depois, ou melhor ainda, ver na mesma hora, os dois. A diferença deve estar, naquilo que a gente faz. Jandira Mansur

(MORIN, 2002, pág 158) A compreensão é um conhecimento empático/simpático (Einfühlung) das atitudes, sentimentos, intenções finalidades dos outros; ela é o fruto da mimese psicológica que permite

Trata-se de uma Pesquisa Qualitativa, sendo que os instrumentos metodológicos e estratégias de pesquisa que serão utilizados serão entrevistas semi-estruturadas, questionários e análise documental.

5 Trata-se de uma Pesquisa Qualitativa, sendo que os instrumentos metodológicos e estratégias de pesquisa que serão utilizados serão entrevistas semi-estruturadas, questionários e análise documental. Para a análise dos dados, utilizar-se-á a avaliação por triangulação de métodos a partir de Minayo. Os participantes da pesquisa são Gestores, Membros de equipes de trabalho, Instituições de Formação de Coordenadores de Grupo e Gestores de Equipe, Consultores organizacionais que prestam serviço em desenvolvimento de equipes. Resultados e Discussão A produção de conhecimento nesta pesquisa pretende ser um diálogo entre experiências e teorias. Figura 2 A Hologramaticidade na Pesquisa Referências ALVES, M. C., SEMINOTTI, N. A., O pequeno grupo Oficina de Capoeira no contexto da Reforma Psiquiátrica. Saúde e Sociedade V 15, n. 1 (2006) p ANDALÓ, C. Mediação Grupal. São Paulo: Agora FERNANDES, W. J., SVARTMAN, B., FERNANDES, B. S. (2003). Grupos e Configurações Vinculares. Porto Alegre: Artmed. FLEURY, H. J., MARRA, M. M. (2005). Intervenções Grupais nas Organizações. São Paulo: Agora. MANARA, L. B. Disponível em 09/09/07 MINAYO, M. C. S, ASSIS, S. G., SOUZA, E. R. Avaliação por Triangulação de Métodos. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005.

Os participantes da pesquisa são Gestores, Membros de equipes de trabalho, Instituições de Formação de Coordenadores de Grupo e Gestores de Equipe, Consultores organizacionais que prestam serviço em

6 MORIN, A. Pesquisa-Ação Integral e Sistêmica. Rio de Janeiro: DP&A Editores, O Método 3 O Conhecimento do Conhecimento. Porto Alegre: Sulina, MORIN, E. A Cabeça Bem-Feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, RUZZARIN, R., AMARAL, A. P., SIMIONOVSCHI, M. Sistema Integrado de Gestão de Pessoas com Base em Competências. Porto Alegre: AGE Editora, VASCONCELLOS, M. J. E. Pensamento Sistêmico. O novo paradigma da ciência. São Paulo: Papirus, YALOM, I. D., Leszcz, M. Psicoterapia de Grupo. Porto Alegre: Artmed, ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Sistema Integrado de Gestão de Pessoas com Base em Competências. Porto Alegre: AGE Editora, 2006. VASCONCELLOS, M. J. E. Pensamento Sistêmico.

Documentos relacionados

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade As empresas têm passado por grandes transformações, com isso, o RH também precisa inovar para suportar os negócios