CARACTERIZAÇÃO PÓS-COLHEITA DE BANANA PRATA-ANÃ E SEU HÍBRIDO PA42-44 ARMAZENADOS SOB REFRIGERAÇÃO
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- Natália Weber Ramalho
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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS CARACTERIZAÇÃO PÓS-COLHEITA DE BANANA PRATA-ANÃ E SEU HÍBRIDO PA42-44 ARMAZENADOS SOB REFRIGERAÇÃO CARLINNE GUIMARÃES DE OLIVEIRA 2010
2 CARLINNE GUIMARÃES DE OLIVEIRA CARACTERIZAÇÃO PÓS-COLHEITA DE BANANA PRATA-ANÃ E SEU HÍBRIDO PA42-44 ARMAZENADOS SOB REFRIGERAÇÃO Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Montes Claros, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal no Semiárido, área de concentração em Produção Vegetal, para obtenção do título de Magister Scientiae. Orientadora Prof a. DSc. Gisele Polete Mizobutsi JANAÚBA MINAS GERAIS BRASIL 2010
3 O48c Oliveira, Carlinne Guimarães de. Caracterização pós-colheita de banana prata-anã e seu híbrido PA42-44 armazenados sob refrigeração [manuscrito] / Carlinne Guimarães de Oliveira p. Dissertação (mestrado)-programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal no Semiárido, Universidade Estadual de Montes Claros-Unimontes, Orientadora: Profª. D. Sc. Gisele Polete Mizobutsi. 1. Análise sensorial. 2. Armazenamento. 3. Despencamento. 4. Musa spp. I. Mizobutsi, Gisele Polete. II. Universidade Estadual de Montes Claros. III. Título. CDD Catalogação: Biblioteca Setorial Campus de Janaúba
4 CARLINNE GUIMARÃES DE OLIVEIRA CARACTERIZAÇÃO PÓS-COLHEITA DE BANANA PRATA-ANÃ E SEU HÍBRIDO PA42-44 ARMAZENADOS SOB REFRIGERAÇÃO Dissertação apresentada à Universidade Estadual de Montes Claros, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal no Semiárido, área de concentração em Produção Vegetal, para obtenção do título de Magister Scientiae. APROVADA em 02 de junho de Prof a. DSc. Gisele Polete Mizobutsi UNIMONTES (Orientadora) Prof. DSc. Edson Hiydu Mizobutsi UNIMONTES Prof. DSc. Victor Martins Maia UNIMONTES Pesq. DSc. Ariane Castricini EPAMIG-CTNM JANAÚBA MINAS GERAIS BRASIL
5 DEDICATÓRIA A Evandro Blesa, companheiro amoroso e amigo leal. Aos meus pais, Sr. Zé e D. Dolores, pelo amor incondicional e apoio infindável. E à Costelinha (in memorian), o único amor verdadeiro que se pode comprar. Dedico.
6 AGRADECIMENTOS Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano Campus Guanambi, por ter possibilitado e apoiado a capacitação de seus professores. Aos orientadores Gisele Polete Mizobutsi e Sérgio Luiz Rodrigues Donato, pela amizade e condução com sabedoria e participação. Aos colegas do IF Baiano que direta ou indiretamente contribuíram para a execução deste trabalho, em especial, Luis Edgar que gentilmente ministrou as minhas aulas enquanto eu realizava as análises. A todos que auxiliaram na execução do experimento, principalmente Dayane e Sirlara, em Guanambi; Deiziane e Janine, em Janaúba; e Juceliandy, que me presenteou com os seus conhecimentos e a sua amizade. Aos colegas do curso de Mestrado, por tornarem mais amenos os desafios diários desta jornada. À EPAMIG, em especial ao Rodrigo Pimentel, pelas instruções e auxílio. Aos professores da UNIMONTES, pelos ensinamentos e incentivo. Em especial ao prof. José Ermelino, pelo auxílio nas análises estatísticas. À minha família e amigos, por compreenderem a minha ausência, tolerarem os meus desânimos e sempre me apoiarem quando eu precisei. A Deus, que sempre nos ampara quando achamos que já não temos forças para continuar. Os meus sinceros agradecimentos.
7 SUMÁRIO RESUMO... i ABSTRACT... ii 1 INTRODUÇÃO REFERENCIAL TEÓRICO Diversidade genética e riscos da bananicultura Enfoques do melhoramento genético da bananeira Caracterização dos genótipos Prata-Anã PA Amadurecimento da banana Suscetibilidade ao despencamento dos frutos Fisiologia do despencamento Métodos de avaliação do despencamento Fatores que afetam o despencamento MATERIAL E MÉTODOS Condições experimentais Tratamentos e delineamento experimental Análises físicas Análises químicas Análise Sensorial RESULTADOS E DISCUSSÃO Características físicas Características químicas Análise sensorial CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 68
8 RESUMO OLIVEIRA, Carlinne Guimarães de. Caracterização pós-colheita de banana Prata-Anã e seu híbrido PA42-44 armazenados sob refrigeração p. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal no Semiárido) - Universidade Estadual de Montes Claros, Janaúba, MG 1. As cultivares de banana mais plantadas no Brasil são suscetíveis às principais doenças do bananal, estando em curso a busca por variedades resistentes que possam substituí-las com boa aceitação dos produtores e consumidores. O objetivo desse trabalho foi avaliar as características físicas, químicas e sensoriais de frutos da bananeira Prata-Anã e seu híbrido PA42-44, armazenados a 15 C e a 25 C. O experimento foi conduzido nos laboratórios de Fisiologia Pós-colheita do IF Baiano, Campus Guanambi, BA, e da Unimontes, Campus de Janaúba, MG. Os frutos embalados foram distribuídos em duas câmaras de armazenagem com ajuste da temperatura para 15 C e 25 C, sendo analisados em intervalos de cinco e dois dias, respectivamente, até o completo amadurecimento dos frutos, totalizando seis avaliações. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado no esquema fatorial 2 (genótipos) x 2 (temperaturas) x 6 (períodos de avaliação). Os frutos foram avaliados sensorialmente e quanto à coloração da casca, diâmetro, comprimento, resistência ao despencamento, firmeza, massa com e sem casca, espessura da casca, relação polpa/casca, sólidos solúveis, ph, acidez titulável, açúcares totais e amido. O genótipo PA42-44 apresentou frutos com melhores características de dimensão, acidez semelhante e menor doçura em comparação com o cultivar Prata-Anã. Os frutos dos dois genótipos armazenados a 15ºC foram mais firmes e mais resistentes ao despencamento. Os frutos de PA42-44 apresentaram índices de aceitação e de intenção de compra satisfatórios, porém inferiores aos obtidos para os de Prata-Anã. Termos para indexação: Musa spp., despencamento, armazenamento, análise sensorial. 1 Comitê Orientador: Prof a. DSc. Gisele Polete Mizobutsi (Orientadora) Unimontes; Prof. DSc. Sérgio Luiz Rodrigues Donato (Coorientador) IF Baiano Campus Guanambi. i
9 ABSTRACT OLIVEIRA, Carlinne Guimarães de. Post harvest characterization of banana Prata-Anã and its hybrid PA42-44 under cold storage p. Dissertation (Master s degree in Plant Production in the Semiarid) - Universidade Estadual de Montes Claros, Janaúba, MG, Brazil 1. Banana cultivars grown in Brazil are susceptible to major banana diseases, have been underway to search for resistant varieties that can replace them with good acceptance by producers and consumers. This study aimed to to assess the physical and chemical characteristics of banana fruits of Prata-Anã cultivar and its hybrids PA42-44, stored at 15 C and 25 C. The experiment was carried out at Postharvest Physiology Laboratories of IF Bahia, Campus Guanambi, BA, and of UNIMONTES, Campus Janaúba, MG. The packaged fruit were divided into two storage rooms with temperature set to 15 C and 25 C and analyzed at intervals of five and two days, respectively, until full ripening of fruit, in a total of six assessments. The used design was entirely at random in factorial scheme 2 (genotypes) x 2 (temperature) x 6 (evaluation period). The fruits were evaluated as for sensory analysis, and skin color, diameter, length, finger drop resistance, firmness, weight with and without skin, skin thickness, pulp/peel ratio, soluble solids, ph, acidity, total sugars and starch. The PA42-44 genotype showed better characteristics with fruit size, it was similar as for acidity and lesser sweetness compared to Prata-Anã cultivar. Storage at 15 C increased firmness and resistance to dropping of Prata-Anã and PA42-44 fruits. The PA42-44 fruits showed satisfactory levels of acceptance and purchase intent, however lower to those ones gotten for Prata-Anã. Index terms: Musa ssp, finger drop, storage, sensory analysis. 1 Guidance Committee: Prof a. DSc. Gisele Polete Mizobutsi (Adviser) Unimontes; Prof. DSc. Sérgio Luiz Rodrigues Donato (Co-adviser) IF Baiano Campus Guanambi. ii
10 1 INTRODUÇÃO A banana é considerada mundialmente um importante alimento em razão da sua composição química e conteúdo em vitaminas e minerais, principalmente potássio, destacando-se dentre as frutas tropicais como a mais consumida, tanto pela sua versatilidade em termos de modalidades de consumo (processada, frita, cozida, in natura) quanto pelas suas características de sabor, aroma, higiene e facilidade de ser consumida in natura (DONATO, 2003). É produzida em 135 países, ocupando 10,2 milhões de hectares plantados, alcançando uma produção de mais de 125 milhões de toneladas (FAO, 2009). O Brasil é o quarto maior produtor de banana do mundo, participando com 7,12 milhões de toneladas. Com relação ao consumo da fruta, ocupa o terceiro lugar no mercado mundial, com 5,5 milhões de toneladas, ou quase 9,7% da banana consumida no mundo (FAO, 2009). Dentre os estados da federação, a Bahia é o maior produtor, colhendo cerca de 1,4 milhões de toneladas da fruta, e São Paulo, logo atrás, produz aproximadamente 1,2 milhões de toneladas. Minas Gerais é o quinto produtor de banana do Brasil, onde se destaca o Norte de Minas, com 220 mil toneladas produzidas em mais de 10 mil hectares plantados, correspondendo a mais da metade do valor da produção do estado (IBGE, 2008). Embora exista um grande número de variedades de bananeira cultivadas no Brasil, quando se consideram aspectos como preferência dos consumidores, produtividade, tolerância às doenças, porte adequado e resistência à seca e ao frio, restam poucas com potencial agronômico para serem usadas comercialmente (SILVA et al., 2003). A cultivar Prata-Anã, suscetível às sigatokas amarela e negra e ao maldo-panamá, destaca-se como uma das mais cultivadas no Brasil, expondo os produtores ao risco de dizimação do bananal pelo ataque de doenças e 1
11 reforçando a necessidade de se aumentar a variabilidade genética dos bananais com a substituição gradual das cultivares tradicionais por genótipos resistentes às principais doenças da bananeira. Por meio dos programas de melhoramento genético da bananeira, tem-se conseguido grandes avanços na obtenção de novas cultivares. Apesar de essas cultivares estarem bem caracterizadas quanto aos aspectos agronômicos, como produtividade, porte, resistência a pragas/doenças e adaptação a diferentes condições edafoclimáticas, existe uma grande carência de informações sobre fisiologia pós-colheita e características sensoriais. Essas informações são imprescindíveis para subsidiar as investigações sobre conservação dos frutos e seleção de genótipos com maior longevidade pós-colheita e outros requisitos ligados à aceitação pelos consumidores, como sabor e aroma, e pelos atacadistas, como resistência ao despencamento dos frutos em relação às cultivares tradicionais. O híbrido PA42-44 destaca-se como um dos genótipos promissores para lançamento junto aos produtores, apresentando resistência ao mal-do-panamá e sigatokas, maior precocidade e superioridade das características do fruto como peso, comprimento e diâmetro, em relação à Prata-Anã (DONATO, 2003; LINS, 2005). O principal inconveniente apresentado por este genótipo, bem como por outros híbridos tetraplóides, é a alta suscetibilidade ao despencamento, implicando alta perecibilidade em pós-colheita e rejeição por parte dos consumidores. A realização de estudos em manejo pós-colheita visando ao aumento da resistência ao despencamento pode permitir o lançamento da PA42-44 como cultivar recomendada para substituição da Prata-Anã em cultivos comerciais. Adicionalmente, pode representar a solução para a adoção pelos agricultores de vários outros híbridos tetraplóides que também apresentam suscetibilidade à queda natural. 2
12 O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físicas, químicas e sensoriais de frutos de bananeira Prata-Anã e seu híbrido PA42-44, armazenados a 15 C e a 25 C. 3
13 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Diversidade genética e riscos da bananicultura As cultivares de banana mais difundidas no Brasil são: Prata, Pacovan, Prata-Anã, Maçã, Mysore, Terra e D Angola, do grupo AAB, utilizadas unicamente para o mercado interno, e Nanica, Nanicão e Grande Naine, do grupo AAA, usadas principalmente para exportação (SILVA et al., 2008). As cultivares Prata, Prata-Anã e Pacovan são responsáveis por, aproximadamente, 60% da área cultivada com banana no Brasil (SILVA et al., 2008). Destas, a Prata-Anã destaca-se como a predominante nos cultivos de melhor nível técnico, não obstante apresente suscetibilidade às principais doenças do bananal (CORDEIRO e MOREIRA, 2006; DONATO, 2003). Pimentel et al. (2010) e Silva et al. (2008) concordam que a baixa variabilidade genética associada à suscetibilidade dos materiais tradicionais às principais doenças da cultura representam um grande risco à bananicultura. Uma menor diversidade de cultivares em uso implica em maiores possibilidades de dizimação do bananal por uma doença, como ocorreu no passado com a bananicultura latino-americana de exportação, baseada apenas na cultivar Gros Michel, suscetível ao mal-do-panamá. Pereira et al. (2004) alertam que a Sigatoka-negra, presente na região Norte do Brasil e no Mato Grosso, está se aproximando das regiões de grande produção do Sudeste, e sua presença praticamente inviabiliza o cultivo das variedades tradicionalmente em uso, que são suscetíveis à doença, sem o emprego maciço de fungicidas. Castro et al. (2005) notificaram o primeiro relato de ocorrência da doença no Estado de Minas Gerais, nos municípios de Cristina, São José Alegre, Gonçalves e Piranguçu, no Sul de Minas, e Coronel Pacheco, 4
14 zona da Mata Mineira. Gasparotto et al. (2006) citam a disseminação da doença também nos Estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além dos já citados. Diversos autores (CORDEIRO e MOREIRA, 2006; PEREIRA et al., 2004; PIMENTEL et al., 2010) concordam que o uso de variedades resistentes é a estratégia ideal, do ponto de vista econômico e de preservação do meio ambiente, para dirimir o risco de doenças e diminuir o custo com aplicação de defensivos. Segundo Cordeiro e Moreira (2006), embora sendo a melhor alternativa, a mudança da cultivar sempre implicará em alterações em toda a cadeia, onde a comercialização é o principal entrave. Continuando refém da mesma alternativa, mais uma vez a doença pode provocar a mudança varietal, estando em curso a busca de uma cultivar que substitua a Prata-Anã no aspecto comercial e agregue a resistência ao patógeno. 2.2 Enfoques do melhoramento genético da bananeira Segundo Gomes et al. (2007), o melhoramento genético se apresenta como uma das ferramentas para a solução da falta de variedades que reúnam várias características desejáveis, como resistência a doenças, porte adequado e boa aceitação pelo consumidor. Observando esta demanda, a Embrapa Mandioca e Fruticultura vem desenvolvendo no Brasil um programa de melhoramento genético de bananeira baseado principalmente na produção de tetraplóides AAAB, obtidos a partir do cruzamento de diplóides melhorados (AA) com triplóides AAB dos tipos Prata e Maçã. O programa tem como objetivo a obtenção de variedades resistentes a doenças, pragas e nematóides, com porte reduzido, precoces e mais produtivas (SILVA et al., 2003). 5
15 De acordo com Matsuura et al. (2004), os programas de melhoramento genético de bananeira têm atentado principalmente para os problemas de cultivo da planta, focando e beneficiando principalmente os produtores da fruta. Entretanto, atributos de qualidade, como aparência, sabor, aroma, textura, vidaútil, entre outros, os quais constituem características fundamentais ao consumidor e que afetam sua compra, têm sido pouco considerados como principal alvo dos programas. Dadzie e Orchard (1997), Pereira et al. (2003) e Silva et al. (2003) também concordam sobre a importância da realização de pesquisas em pós-colheita como ferramenta para auxiliar o melhorista nas tomadas de decisão. Conforme Carvalho (1996), o segmento de comercialização de frutas agrega mais valor que o segmento de produção, sendo que as funções físicas (transporte, armazenamento, beneficiamento e embalagem) agregam mais de 68% do total dos custos de comercialização até o atacado. Esta constatação reforça a importância da pós-colheita, sendo que esta orienta as diferentes funções físicas de comercialização, e também muitas atividades pré-colheita de frutos, tais como manejo, colheita, exigências qualitativas para os frutos, sequência de preparo, uso de defensivos e cuidados sanitários. As cultivares resistentes recomendadas já reúnem diversos estudos sobre sua caracterização agronômica em diversos ambientes, no entanto, sua caracterização pós-colheita ainda é incipiente, não obstante essas informações sejam essenciais para a escolha da variedade pelo produtor. 2.3 Caracterização dos genótipos Prata-Anã Pertencente ao grupo genômico AAB, variedade tipo Prata, mutante de Branca, identificada em Criciúma, Santa Catarina, ocupa a maior área cultivada 6
16 entre as regiões Sudoeste da Bahia e Norte de Minas Gerais, com frutos bem aceitos no mercado interno, porte baixo a médio e baixa produtividade (DONATO, 2003). A Prata-Anã, também conhecida como Prata-Rio, Enxerto ou Prata-de- Santa-Catarina, apresenta as pencas mais juntas que as da Prata, com frutos do mesmo sabor e com pontas em formato de gargalo de garrafa. O rendimento esperado é de 30 toneladas por hectare sob condições de irrigação (SILVA et al., 2008). Por apresentar menor porte, ser vigorosa e apresentar frutos que atendem a preferência do mercado brasileiro, tem sido a cultivar mais plantada, principalmente nas áreas de melhor nível técnico, sendo predominante nos perímetros irrigados, não obstante a sua suscetibilidade às sigatokas amarela e negra e ao mal-do-panamá. (CORDEIRO e MOREIRA, 2006; DONATO, 2003) PA42-44 O uso alternativo de cultivares resistentes pressupõe que estas apresentem qualidade próxima à da Prata-Anã para que haja aceitação do público e da cadeia produtiva (PIMENTEL et al., 2010). Neste sentido, destacase o PA42-44, desenvolvido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, e recomendado como genótipo promissor para ser incorporado aos sistemas de produção (DONATO, 2003; DONATO et al., 2006; LIMA et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2008). O PA42-44 é um híbrido tetraplóide (AAAB) desenvolvido pela Embrapa Mandioca e Fruticultura a partir do cruzamento entre Prata-Anã (AAB) x M53(AA). Apresenta bom perfilhamento, porte médio e características tanto de desenvolvimento quanto de rendimento idênticas às da Prata-Anã. Sua produtividade média é de 20 t/ha/ano. Sob condições de solo de boa fertilidade, 7
17 apresenta rendimento médio de até 40 t/ha/ano. Difere-se da Prata-Anã por ser resistente à sigatoka-amarela e ao mal-do-panamá (SILVA et al., 2008). Quanto à resistência à sigatoka-negra, o PA42-44 ainda se encontra em fase de avaliação, embora Cavalcante et al. (2003) já tenham relatado os baixos índices de severidade apresentados pelo genótipo até a floração do primeiro ciclo. Donato (2003) acrescenta que as plantas apresentam o pseudocaule arroxeado e maior precocidade para florescimento e colheita. Embora apresente menor número de pencas, sua produtividade é semelhante à da Prata-Anã. Os frutos são maiores, de coloração verde mais clara, apresentando bom sabor, e formato plano, que lhe confere facilidade para embalar. Donato (2003) e Lins (2005) destacam a superioridade do híbrido PA42-44 em comparação à sua genitora nos parâmetros relacionados à qualidade dos frutos como: massa fresca, comprimento e diâmetro do fruto, o que permite atingir com maior facilidade o enquadramento nas classes tipo primeira e exportação, de acordo com a classificação para as bananas tipo Prata. Pimentel et al. (2010) observaram que os frutos da PA42-44 apresentam-se mais maduros em relação aos da Prata-Anã nos mesmos índices de coloração, reforçando a recomendação de Silva et al. (2008) para o seu consumo com a casca um pouco mais verde, à semelhança das variedades do subgrupo Cavendish. Contudo, a principal desvantagem da PA42-44, relatada por diversos autores (DONATO, 2003; DONATO et al., 2006; LIMA et al., 2004; LINS, 2005; PIMENTEL et al., 2010; SILVA et al., 2008), é apresentar grande suscetibilidade ao despencamento. Esta é uma característica indesejável que afeta o manuseio, o transporte e a comercialização dos frutos, reduzindo o seu valor comercial e sua aceitação pelos consumidores (JESUS e SILVA, 2002; PIMENTEL et al., 2010; SILVA et al., 2002). 8
18 As bananeiras Prata-Anã e PA42-44 estão ilustradas na Figura 1. As Tabelas 1 e 2 apresentam uma compilação de dados sobre suas características agronômicas e pomológicas. (a) (b) FIGURA 1. Bananeira PA42-44 (a) e Prata-Anã (b), no segundo ciclo de produção, Jaíba, MG,
19 TABELA 1. Características agronômicas de bananeira Prata-Anã e PA42-44 cultivadas em diferentes ambientes. ALT: Altura da planta (m); DPC: Número de dias do plantio à colheita; DPS: Diâmetro do pseudocaule (cm); FVC: Número de folhas vivas na colheita; PC: Peso do cacho (kg); PP: Peso das pencas (kg); NP: Número de pencas; NF: Número de frutos. Fonte Local Genótipo Ciclo ALT (m) DPC (dias) DPS (cm) FVC (un) PC (kg) PP (kg) NP (un) NF (un) DONATO et Guanambi -BA PA º 3, ,4 10,2 26,14 22,82 9,0 125,14 al., 2006 Prata-Anã 2º 3, ,2 12,0 28,01 24,99 11,0 172,76 DONATO et Sebastião PA º 4, ,2 11,3 25,00 23,00 9,0 126,00 al., 2009 Laranjeiras - BA Prata-Anã 2º 3, ,1 11,0 24,80 22,60 11,0 161,00 LÉDO et al., Própria - SE PA º 3, ,5 14, , Prata-Anã 2º 3, ,2 15, ,70 LIMA et al., Petrolina - PE PA º 2, ,1 7,9 7,44 8,51 5,9 68, Prata-Anã 1º 2, ,7 10,3 7,95 6,96 7,2 89,70 LINS, 2005 Una - BA PA º 2, ,8 3,2 7,50 6,90 5,9 72,60 (sequeiro) Prata-Anã 2º 2, ,3 1,8 4,50 3,90 7,9 103,50 OLIVEIRA et Rio Branco - AC PA º 2,7-22,2 5,0 11,73-6,6 - al., 2008 Prata-Anã 3º 2,7-23,8 0,1 8,34-8,2 - RODRIGUES Juazeiro -BA PA º 2, ,5* 11,0 16,00 15,20 8,0 - et al., 2008 SILVEIRA et al., 2008 Conceição do Almeida - BA * Dados corrigidos pelos autores. Prata-Anã 1º 2, ,4* 13,0 16,60 15,40 10,0 - PA º 2,5-21,0 5,0 19,70 7,00-92,00 Prata-Anã 2º 2,4-20,0 3,0 11,60 8,00-99,00 10
20 TABELA 2. Características do fruto de bananeira Prata-Anã e PA42-44 cultivadas em diferentes ambientes. MF: Massa fresca do fruto (g); CF: Comprimento do fruto (cm); DF: Diâmetro do fruto (mm). Fonte Local Genótipo Ciclo MF (g) CF (cm) DF (mm) DONATO et Guanambi -BA PA º 180,64 20,32 35,66 al., 2006 Prata-Anã 2º 158,43 18,79 34,62 DONATO et Sebastião PA º - 19,00 37,00 al., 2009 Laranjeiras -BA Prata-Anã 2º - 16,00 34,00 LÉDO et al., Própria - SE PA º 146, Prata-Anã 2º 116, LIMA et al., Petrolina - PE PA º - 15,91 33, Prata-Anã 1º - 12,62 28,61 LINS, 2005 Una - BA PA º 92,50 12,70 30,00 (sequeiro) Prata-Anã 2º 37,20 8,60 23,00 OLIVEIRA et Rio Branco - AC PA º 134, al., 2008 Prata-Anã 3º 76, RODRIGUES Juazeiro -BA PA º 128,20 15,70 41,00 et al., 2008 SILVEIRA et al., 2008 Conceição do Almeida - BA Prata-Anã 1º 109,00 13,50 37,00 PA º - 23,30 40,00 Prata-Anã 2º - 18,30 34,00 11
21 2.4 Amadurecimento da banana O fruto da bananeira passa por quatro fases de desenvolvimento, a saber: crescimento, maturação, amadurecimento e senescência. O crescimento é marcado por um período de rápida divisão e alongamento celular. A maturação é caracterizada por mudanças físicas e químicas que afetam a qualidade sensorial do fruto. A maturação sobrepõe-se à parte do estádio de crescimento e culmina com o amadurecimento do fruto, período no qual o fruto se torna apto para o consumo, em virtude de alterações desejáveis na aparência, no sabor, no aroma e na textura (MATSUURA e FOLEGATTI, 2000). Durante a maturação até o completo amadurecimento dos frutos, numerosos processos bioquímicos sintéticos e degradativos ocorrem de forma sequencial ou concomitante, resultando nas modificações características do amadurecimento (CHITARRA e CHITARRA, 2005). A banana, como um fruto climatérico, apresenta uma ascensão respiratória e de etileno que marca o início do amadurecimento. A emanação de etileno representa um gatilho que dispara rapidamente as modificações que resultam na transformação da banana em um fruto apto para o consumo (MATSUURA e FOLEGATTI, 2000). A mudança característica inicial na maturação dos frutos é a degradação da clorofila, bem como a síntese de outros pigmentos, envolvendo modificações na cor, seguida de aprimoramento do flavor pela síntese de açúcares, redução da acidez e da adstringência, acompanhadas de modificações da textura pelo amaciamento dos tecidos em decorrência da solubilização das pectinas (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Sob condições normais de armazenamento, as bananas sofrem transformações de textura à medida que amadurecem. A fruta fresca, dura e verde se converte em uma fruta amarela com a polpa interna tenra e suave na 12
22 etapa ótima de amadurecimento, e se torna mole à medida que avança até a senescência (DADZIE e ORCHARD, 1997). O sabor da banana é um dos mais importantes atributos de sua qualidade. A polpa da banana verde é caracterizada por uma forte adstringência determinada pela presença de compostos fenólicos solúveis, principalmente os taninos. À medida que o fruto amadurece, ocorre a polimerização desses compostos, com consequente diminuição na adstringência e aumento na doçura e na acidez. (MATSUURA e FOLEGATTI, 2000). A intensificação da doçura do fruto decorre da hidrólise do amido, com consequente acúmulo de açúcares solúveis, principalmente glicose, frutose e sacarose. Tais açúcares são oxidados, servindo como substratos básicos no processo respiratório do fruto (MATSUURA e FOLEGATTI, 2000). O amido constitui o principal carboidrato de reserva na maioria dos produtos vegetais. Em alguns frutos climatéricos imaturos, ele se encontra em proporção elevada, como no caso da banana, com teores de 20 a 25%. Com a evolução da maturação, o amido é hidrolisado à glicose, responsável pelo aumento no grau de doçura, restando teores residuais de cerca de 1 a 2% (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Os sólidos solúveis indicam a quantidade dos sólidos que se encontram dissolvidos no suco ou polpa das frutas, que são constituídos principalmente por açúcares. O seu conteúdo varia conforme a espécie, a cultivar, o estádio de maturação e o clima (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Em alguns híbridos de banana, o conteúdo de sólidos solúveis aumenta até um pico e logo diminui. Em outros híbridos, os sólidos solúveis continuam seu aumento com o amadurecimento (DADZIE e ORCHARD, 1997). Observa-se, paralelamente ao acúmulo de açúcares, um aumento nos níveis de ácidos orgânicos, com predominância do ácido málico, o que leva a um abaixamento do ph (MATSUURA e FOLEGATTI, 2000). A maioria dos híbridos de Musa são caracterizados por uma diminuição do ph na polpa e 13
23 aumento na acidez titulável com o avançar da idade da fruta, enquanto que em outros híbridos não existem mudanças significativas no ph e acidez titulável da polpa durante o amadurecimento da fruta (DADZIE e ORCHARD, 1997). De acordo com Chitarra e Chitarra (2005), uma pequena variação nos valores de ph é bem detectável nos testes sensoriais. O amadurecimento do fruto é marcado também pela emanação de diferentes voláteis, especialmente os ésteres, o que lhe confere o aroma característico (MATSUURA e FOLEGATTI, 2000). Em conformidade com Dadzie e Orchard (1997), importantes modificações na avaliação do amadurecimento de banana, dentre as quais podese citar a perda da firmeza, mudanças no conteúdo de sólidos solúveis, acidez titulável e ph, bem como aumento da massa, da circunferência e da relação polpa/casca, variam conforme a cultivar ou híbrido. Dessa forma, a qualidade de amadurecimento da fruta é um critério de seleção pós-colheita importante, a partir da qual justifica a seleção dos novos híbridos de banana cuja qualidade deve ser compatível com os progenitores dos quais foram desenvolvidos. Ainda que se possa utilizar instrumentos para medir vários aspectos da qualidade pós-colheita das bananas, essas medições seriam de pouco valor se não aplicadas a avaliações feitas pelo homem. Além disso, os instrumentos só analisam os componentes dentro de suas capacidades, enquanto que as análises sensoriais contam com a avaliação através do uso dos nossos sentidos para fornecer uma impressão total do aroma, sabor, temperatura, componentes auditivos e táteis. Portanto, as medições fisiológicas objetivas devem ser complementadas com estudos subjetivos da palatabilidade da fruta, para o qual devem ser utilizados painéis de sabor (DADZIE e ORCHARD, 1997). Os estudos da avaliação sensorial são muito importantes durante a seleção de novos híbridos de Musa, já que dão uma indicação do potencial de aceitação dos novos híbridos pelos consumidores. Também fornecem 14
24 informação valiosa aos melhoristas para os futuros trabalhos de melhoramento genético (DADZIE e ORCHARD, 1997). 2.5 Suscetibilidade ao despencamento dos frutos O despencamento precoce dos frutos, também denominado queda dos dedos, suscetibilidade à queda natural ou desprendimento dos frutos da coroa, é citado por Dadzie e Orchard (1997) como uma das principais desordens fisiológicas que podem ocorrer em bananas, caracterizando-se pelo desprendimento dos dedos da penca. As variedades que apresentam essa desordem são rejeitadas pelos agricultores, visto que os frutos de bananeira e plátano são normalmente comercializados em grupo sob forma de penca ou buquê e quando se desprendem dessas estruturas perdem valor comercial, além de se predisporem ao ataque de patógenos (JESUS e SILVA, 2002). O consumidor, ao comprar uma penca de banana na prateleira, descarta os frutos destacados e até mesmo as pencas com falta de alguns frutos (SILVA et al., 2002), o que acarreta em maiores perdas pós-colheita e prejuízos para toda a cadeia Fisiologia do despencamento O despencamento ocorre devido à ruptura da casca do pedúnculo (SAENGPOOK et al., 2007). No entanto, Silva et al. (2002) e Imsabai et al. (2006) concordam que, diferentemente de outras frutas, a banana não apresenta zona de abscisão típica na área de ruptura. Saengpook et al. (2007) explicam que a ruptura pode ocorrer devido a uma série de fatores tais como o conteúdo de fibra, a estrutura da parede celular e degradação de macromoléculas da parede celular. A ligação da parede celular entre as células pode ser enfraquecida pela degradação dos componentes pécticos nas paredes celulares primárias e lamela 15
25 média. Esse mecanismo pode ser alterado pelas condições ambientais, como confirmam Maia et al. (2004), ao verificarem que os frutos submetidos à climatização visando a aumentar a resistência ao despencamento apresentaram aumento da espessura e maior deposição de lignina nas paredes das fibras perivasculares dos feixes da região do pedicelo. Segundo Esguerra et al. (2009), o despencamento está associado com o enfraquecimento e amaciamento do pedúnculo. Saengpook et al. (2007) explicam que uma das razões para tal enfraquecimento poderia ser a degradação da pectina. Esses autores encontraram uma alta correlação entre o despencamento e um aumento prévio na fração de pectina solúvel em água e na pectina vinculada ao cálcio (CDTA pectina solúvel) ao passo que pouca mudança foi encontrada na pectina que não tinha sido degradada (pectina alcalina solúvel). De acordo com Chitarra e Chitarrra (2005), a parede celular é formada por diferentes macromoléculas (substâncias pécticas, hemiceluloses, lignina e proteínas) que, de acordo com a sua estrutura química e proporção nos tecidos, são responsáveis pelas características de textura (firmeza, rigidez, maciez, fibrosidade, etc.). A análise da composição de polissacarídeos das paredes celulares fornece informações importantes sobre a abscisão de folhas e frutos e os fatores relacionados à interação da parede celular com as enzimas degradativas a ela associadas. Silva et al. (2002) supõem que o despencamento possa ocorrer em função da menor quantidade de componentes estruturais da parede celular das células parenquimáticas, como celulose, hemicelulose e pectina, ou da degradação mais acelerada desses componentes, justificando o maior enfraquecimento do tecido parenquimático em genótipos mais sensíveis ao despencamento. 16
26 Silva et al. (2002) observaram degeneração no tecido parenquimático do pedicelo dos frutos maduros, formando grandes espaços vazios que favorecem o despencamento. Esses autores também observaram que os canais laticíferos dos tetraplóides apresentam maior diâmetro do que triplóides e diplóides e encontram-se em maior quantidade, além do maior preenchimento desses canais, provavelmente com substâncias resultantes da hidrólise do tanino, dentre outros compostos fenólicos no fruto maduro em comparação com o verde. Imsabai et al. (2006), estudando as mudanças bioquímicas e fisiológicas relacionadas ao despencamento, encontraram uma correlação do despencamento com a atividade na zona de ruptura da casca da enzima pectatoliase. Nenhuma correlação foi encontrada entre o despencamento e atividades da poligalacturonase e pectinametilesterase Métodos de avaliação do despencamento Na literatura há escassez de métodos de avaliação da resistência ao despencamento, tornando difícil a avaliação desta característica. Alguns constituem procedimentos subjetivos, tais como o descrito por Dadzie e Orchard (1997), que consiste em se sacudir manualmente os buquês por 3 a 5 segundos e registrar o número de frutos desprendidos. Os primeiros registros de métodos instrumentais para avaliação desta característica no Brasil são descritos por Cerqueira (2000), a partir do desenvolvimento, pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, do despencador mecanizado. Imbasai et al. (2006) descrevem três formas de se avaliar o despencamento: - Porcentagem de despencamento: O método foi modificado a partir de Semple e Thompson (1988). A penca de banana é mantida 15 cm acima de uma 17
27 mesa durante 10s, e o número de dedos caídos é registrado e expresso como uma percentagem do número total de dedos da penca. - Força de ruptura do pedúnculo: medida pressionando uma ponta de prova em forma de cunha no pedúnculo até este se separar da fruta, sendo a força necessária expressa em Newton (N). - Resistência ao despencamento (kg): a banana é inserida em um orifício e firmada por um clipe grande, conectado a um peso de mola. À medida que o pedúnculo de banana é puxado, o êmbolo do peso de mola e um marcador são movidos juntos. O marcador do peso de mola para quando o pedúnculo se rompe. A força no momento de ruptura é indicada no marcador e a resistência ao despencamento expressa em kg. Pimentel et al. (2010) utilizam uma metodologia instrumental na qual dispõem de uma base de madeira na qual o fruto é firmado pelo pedúnculo para ser desprendido com o auxílio de um dinamômetro. Cerqueira et al.(2002) comparam diferentes métodos de avaliação da resistência ao despencamento, concluindo que o método do despencador mecanizado apresentou coeficiente de variação de 15,64%, enquanto o valor do método de sacudir a penca foi de 68,80%. Dada a importância desta característica na avaliação pós-colheita de banana, observa-se a grande demanda por métodos oficiais de análise, visando a padronizar as avaliações e permitir melhor comparação entre os resultados de diferentes trabalhos. 18
28 2.5.3 Fatores que afetam o despencamento A suscetibilidade de bananas ao despencamento é uma característica ainda pouco estudada, e segundo Pereira et al. (2004), apresenta alta correlação com a firmeza da polpa. Dessa forma, pesquisas direcionadas na avaliação de parâmetros que afetam a firmeza da polpa poderão ter efeitos sobre a resistência ao despencamento. Assim, também serão apresentados nesta revisão alguns trabalhos relacionados à firmeza da polpa Fatores Intrínsecos a) Grupo genômico A suscetibilidade ao despencamento varia largamente entre as variedades de banana. Essa desordem tem sido relatada nos triplóides AAA do grupo Cavendish (Semple e Thompsom, 1988) bem como diplóides (Jesus e Silva, 2002) e em muitos tetraplóides (New e Marriott, 1983). Imsabai e Ketsa (2007) afirmam que a tendência ao despencamento pode ser correlacionada com o número e tipo de genoma. De acordo com New e Marriot (1983) e Dadzie e Orchard (1997), os híbridos tetraplóides são frequentemente mais suscetíveis à queda dos dedos quando comparados com as cultivares triplóides, o que foi confirmado nos trabalhos de Pereira et al. (2004), Imsabai e Ketsa (2007) e Santos et al. (2008), que concluíram que os genes de resistência ao despencamento podem estar associados à presença do genoma B (espécie M. balbisiana). Dessa forma, muitos dos híbridos tetraplóides desenvolvidos, apesar de apresentarem alta resistência às doenças e boas características agronômicas, deixam de ser adotados pelos agricultores devido à alta suscetibilidade à queda natural e perecibilidade pós-colheita de seus frutos (PEREIRA et al., 2004; SILVA et al., 2003). 19
29 Pereira et al. (2004) reúnem os grupos genômicos com suas respectivas médias de resistência ao despencamento (Tabela 3). Os frutos das bananeiras pertencentes ao grupo genômico BB apresentaram maior resistência, seguido por ABB, enquanto o grupo AAB foi considerado medianamente resistente. Os outros grupos genômicos mostraram menor resistência, não diferindo estatisticamente entre si. TABELA 3. Resistência ao despencamento (RDP) de genótipos de bananeira segundo os grupos genômicos. Grupos AA AAA AAAA AAB AAAB AABB ABB BB Genômicos RDP (N) 17,8 20,7 19,2 46,9 25,6 19,8 64,2 83,1 Fonte: Pereira et al. (2004) Em seus estudos, Pereira et al. (2004) observaram que entre os diplóides e triplóides existe uma ampla variabilidade para resistência ao despencamento, encontrando genótipos suscetíveis e resistentes. Já os tetraplóides apresentaram menor amplitude de médias, variando de suscetíveis a medianamente resistentes. Não houve nenhum tetraplóide classificado como resistente ao despencamento. Mesmo o híbrido FHIA-03, pertencente ao grupo genômico AABB não seguiu o comportamento dos grupos que possuem BB. No entanto, Cerqueira et al. (2002) e Pereira et al. (2004) observaram que os híbridos tetraplóides ST42 08 e PV42 85 apresentaram resistência ao desprendimento dos frutos maior que os diplóides que lhe deram origem, respectivamente, Prata São Tomé e Pacovan, e que o diplóide parental M53. Pereira et al. (2004) salientam a necessidade de um estudo mais aprofundado da herança da resistência ao despencamento, podendo facilitar o aproveitamento desta característica na incorporação aos novos materiais. 20
30 b) Anatomia do fruto Cerqueira et al. (2002) observaram correlação positiva entre o comprimento das bananas e sua resistência ao despencamento quando esta era avaliada pelo método de sacudir a penca, o mesmo não ocorrendo quando se utilizou o método instrumental. Imsabai et al. (2006) refutaram a teoria de que frutos mais pesados, ou que apresentassem a casca ou o pedúnculo mais fino fossem mais propensos ao despencamento, ao verificarem que a massa fresca do fruto das cultivares atualmente estudadas é geralmente a mesma, embora estas apresentem diferentes suscetibilidades à queda dos dedos. c) Perda de água do fruto Paul (1996) e Semple e Thompson (1988) relacionam a resistência à queda natural de frutos de bananeira à maior perda de água e mais rápido amadurecimento dos frutos. No entanto, resultados divergentes têm sido relatados por outros autores em novos estudos. Pereira et al. (2004) e Imsabai et al. (2006) não verificaram associação entre a porcentagem de perda de água e a resistência ao despencamento. O mesmo foi averiguado por Esguerra et al. (2009), que concluem que o despencamento ocorreria independentemente da perda de água e teor de umidade da casca. d) Grau de maturação e comportamento climatérico Paull (1996) relata que pencas mais maduras são mais propensas ao despencamento. Seberry e Harris (1998) também asseguram que o despencamento pode ser reduzido com a colheita dos frutos em estádio menos maduro. 21
31 Martins et al. (2007) observaram relação entre a perda de firmeza da polpa de bananas Prata-Anã com a maior idade de colheita do cacho e com maiores temperaturas de armazenamento, concluindo que o armazenamento por 35 dias a 10 C foi eficiente na prevenção do amaciamento de frutos de 16 e 18 semanas quando comparadas com a temperatura de 12 C. Nos frutos provenientes de cachos com 20 semanas, a perda da firmeza foi maior com a maior temperatura, mas a temperatura de 10 C não foi suficiente para prevenir o amaciamento. Alguns autores também sugerem que a duração do período climatérico e a velocidade da maturação podem afetar a sensibilidade ao despencamento. New e Marriot (1983) verificaram que clones tetraplóides apresentaram o período préclimatérico 30 a 45% menor que a cultivar triplóide Valery num estádio de desenvolvimento equivalente. A antecipação do período climatérico pode ser uma das explicações para o maior amaciamento dos tecidos com consequente ruptura dos dedos nos híbridos tetraplóides. Semple e Thompson (1988) afirmam que cultivares com um longo período pré-climatérico e amadurecimento lento podem ter menor despencamento Fatores Extrínsecos Na literatura alguns trabalhos relacionam fatores ligados ao manejo póscolheita com a redução do despencamento de bananas. Silva et al. (2008) afirmam que, dependendo do local de avaliação, a qualidade (cor, sabor e despencamento) dos frutos de uma variedade pode ser alterada. 22
32 a) Temperatura Consoante New e Marriot (1983), as desordens que resultam na queda ou desprendimento dos frutos também podem estar associadas com o período da maturação, sendo decorrentes de temperaturas altas na câmara de maturação. Com base em diversos estudos, eles afirmam que o despencamento em híbridos tetraplóides pode ser minimizado por meio do amadurecimento a cerca de 2 C a menos que a temperatura ótima para a cultivar triplóide Valery. Estes resultados concordam com os de Paull (1996) que observou redução do despencamento de Prata-Anã armazenada a 15 e a 17,5 ºC. Em estudo de Ahmad et al. (2001), bananas mantidas em altas temperaturas (18 e 20 C) foram significativamente menos firmes que aquelas mantidas em temperaturas inferiores (14 e 16 C), semelhante ao observado por Semple e Thompson (1988). Seberry e Harris (1998) reduziram a ocorrência de despencamento no híbrido tetraplóide Fhia-01 (Gold Finger) com a diminuição da temperatura de amadurecimento. Em trabalho realizado por Maia et al. (2004) com o híbrido tetraplóide 'SH 3640', os frutos submetidos a pré-condicionamento a 5 ºC por 6 horas ou amadurecimento em atmosfera modificada a 18 ºC apresentaram maior resistência ao despencamento que os frutos mantidos em temperatura ambiente ou em pré-condicionamento a 5 ºC por 12 horas. Martins et al. (2007) observaram relação entre a perda de firmeza da polpa de bananas Prata-Anã com a maior idade de colheita do cacho e com maiores temperaturas de armazenamento, concluindo que o armazenamento por 35 dias a 10 C foi eficiente na prevenção do amaciamento de frutos de 16 e 18 semanas, quando comparadas com a temperatura de 12 C. Nos frutos provenientes de cachos com 20 semanas, a perda da firmeza foi maior com a 23
33 maior temperatura, mas a temperatura de 10 C não foi suficiente para prevenir o amaciamento. Ahmad et al. (2006) também observaram bananas com maior firmeza maturadas a 16 o C do que a 18 o C. b) Umidade relativa Semple e Thompson (1988) já relatavam os efeitos da baixa umidade relativa (UR) durante o fim do processo de amadurecimento sobre a redução do despencamento. Saengpook et al. (2007) estudaram os efeitos de diferentes umidades relativas sobre o despencamento de banana Sucrier (Musa acuminata, grupo AA). Os frutos submetidos à alta UR (94 ± 1%) apresentaram maior despencamento, enquanto aqueles mantidos em baixa UR (68 ± 3%) não apresentaram o problema. Segundo os mesmos autores, as baixas taxas de degradação da pectina em baixa UR podem explicar parcialmente a inibição do despencamento. Esguerra et al. (2009) ressaltam que, para comprovar os resultados, a incidência do despencamento em áreas úmidas e secas deve ser comparada com a forma com que o fornecimento de cálcio para as frutas é mediado por transpiração. Plantas cultivadas em áreas secas terão maior taxa de transpiração. c) Cálcio A aplicação pré-colheita de cálcio resulta em frutos mais firmes, sendo o nutriente que apresenta maior associação com a textura e com a redução de desordens fisiológicas. É bem conhecido o seu envolvimento nos processos bioquímicos relacionados com as modificações estruturais e de composição das paredes celulares. A presença de íons cálcio regulam a extensibilidade da parede 24
34 celular, reduzindo indiretamente a atividade de enzimas hidrolíticas (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Pereira (2002), ao avaliar os efeitos da aplicação pré-colheita de cloreto de cálcio em diferentes épocas e concentrações sobre a redução da resistência ao despencamento, observou efeito contrário ao esperado, admitindo baixa absorção desse nutriente quando aplicado diretamente no fruto em pré-colheita. De acordo com Esguerra et al. (2009), a absorção de cloreto de cálcio é melhor como tratamento pré-colheita, pois o cálcio é carreado através do fluxo de translocação. A aplicação após a colheita pode ser feita através de infiltração a vácuo sob baixa pressão, ainda que essa tecnologia não esteja acessível para os agricultores. Esses autores observaram que bananas Latundan pulverizadas com 4% de cloreto de cálcio uma semana antes da colheita apresentaram atraso no início do despencamento e menor incidência da desordem nos frutos maduros. A aplicação do cálcio não interferiu no amadurecimento, tampouco afetou as características físico-químicas e sensoriais dos frutos. A redução na incidência de despencamento com pulverização précolheita de cálcio pode ser atribuída ao acentuado acúmulo de cálcio no pedúnculo do fruto, impedindo o despencamento mesmo que os frutos estivessem na fase de pós-climatério. O cálcio tem sido relatado por melhorar a integridade da parede celular e alterar as propriedades físicas da membrana celular (ESGUERRA et al., 2009). Com base nos resultados, o cloreto de cálcio tem o potencial para reduzir o despencamento. Entretanto, Esguerra et al. (2009) enfatizam a necessidade de se determinar as concentrações mais eficazes e melhores épocas de aplicação. 25
35 d) Etileno As pesquisas avaliando o efeito do etileno sobre a suscetibilidade ao despencamento ainda são pouco conclusivas. Em estudo de Ahmad et al. (2001), bananas tratadas com etileno tiveram maior redução da firmeza da casca que as não tratadas. Semple e Thompson (1988) relacionam a exposição prolongada de bananas ao etileno com o aumento do despencamento. Porém, Paull (1996) observou que os frutos tratados com etileno por um dia a 25 C tiveram menor despencamento que os não tratados. e) Outros fatores Esguerra et al. (2009) avaliaram o uso pré-colheita de ácido giberélico e de etanol na resistência ao despencamento. Ambos provocaram ligeiro retardamento no amadurecimento, todavia nenhum dos dois foi eficiente em reduzir o despencamento. De acordo com esses autores, a carnitina pode ser aplicada em toda a fruta, com o objetivo de mobilizar carboidratos. O despencamento pode ser influenciado pela relação de nitrogênio e carboidratos, pois quando o nitrogênio é maior do que os hidratos de carbono, o tecido se rompe. Ainda segundo Esguerra et al. (2009), outros fatores também devem ser testados, como o ensacamento, que também pode influenciar no despencamento, e o estresse que resulta em tecidos mais grossos, portanto, menos propensos ao despencamento. A existência desses estudos sugere que fatores relacionados ao manejo pós-colheita podem afetar a qualidade da banana, inclusive abrandando características indesejáveis, como a suscetibilidade ao despencamento. 26
36 Para Pereira et al. (2004), se híbridos promissores possuem problemas em pós-colheita, justificam-se estudos no manejo de modo a contornar estes distúrbios. Diante das dificuldades dos melhoristas em desenvolver cultivares de bananeira com todas as características desejáveis comercialmente e que atendam às demandas dos produtores, torna-se essencial o desenvolvimento de práticas de manejo que minimizem alguns problemas da cultura. Nesse caso, a sensibilidade ao despencamento poderia ser minimizada por meio de manejo fitotécnico adequado (PEREIRA, 2002). 27
37 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Condições experimentais Os frutos foram provenientes da Fazenda Experimental de Mocambinho (FEMO) pertencente à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG/CTNM), no Projeto Jaíba. A Fazenda está localizada no extremo norte do Estado de Minas Gerais, a 44 o 01' de longitude Oeste e 15 o 03' de latitude Sul, com altitude de 452 m. A caracterização do clima é semiárido, com relevo plano e solo aluvial siltoso. A precipitação média anual é de 750 mm, concentrada de novembro a março. Apresenta médias anuais de temperatura de 28 o C, insolação de 9,5h/dia e umidade relativa de 48%. O cultivo recebia irrigação por microaspersão com vazão de 75 L/h e lâmina de 5 mm/dia de segunda a sexta. O espaçamento utilizado foi de 3,0 x 2,7 m para a Prata-Anã e 3,0 x 2,5 m para a PA O esquema de adubações foi: pré-plantio: 300kg de fósforo; mensal: 90 kg cloreto potássio e 80 kg uréia; trimestral: 75 kg sulfato de magnésio, 50 kg de sulfato de zinco e 25 kg ácido bórico; e semestral 120 kg de fósforo (supersimples). No momento da colheita, o cultivo se encontrava no 2º ciclo e apresentava produtividade anual de 26 t/ha para a Prata-Anã, e 22 t/ha para a PA Os cachos foram colhidos no estádio de desenvolvimento ¾ gorda, definido visualmente pelo desaparecimento das quinas. Foi realizado o despencamento dos cachos, desprezando-se a primeira e a última penca. As pencas foram acondicionadas em caixas plásticas forradas e cobertas com folhas de bananeira e transportadas para o Laboratório de Fisiologia Pós-colheita de Frutos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia IF Baiano Campus Guanambi/Bahia, onde foi feito o desmembramento em dedos, selecionando-se os que não apresentaram ferimentos ou deformações. Os frutos 28
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