AMBIENTE DE APRENDIZAGEM DO MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Resumo
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- Leandro de Lacerda Domingos
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1 AMBIENTE DE APRENDIZAGEM DO MOVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Anna Júlia Ribas Damaris Castro Rosa Volino Universidade Federal do Paraná Resumo A pesquisa teve como objetivo compreender como e por quem são criados os espaços existentes na sala de aula, uma vez que julgamos importante conhecer se existe ou não a participação das crianças na construção de ambientes de aprendizagem da Educação Infantil e como elas se movimentam neles. O estudo foi desenvolvido na disciplina de Projetos Integrados do Curso de Licenciatura em Educação Física da UFPR, a qual teve como proposta o estudo de ambientes de aprendizagem do movimento na Educação Infantil. No decorrer da disciplina foram realizadas visitas em escolas de Educação Infantil de Curitiba e leituras de estudos que tratam da organização de ambientes de aprendizagem na Educação Infantil (Zabalza, Cardona, Bassedas, Huguet & Sole). A coleta de dados realizou-se por meio da observação do cotidiano escolar e os subsídios teóricos para a sua utilização foram os estudos de André, Molina Neto, Vianna e Negrine. As observações foram realizadas em uma turma de Jardim II (4 5 anos) de uma das escolas visitadas. Através da análise das observações concluiu-se que as crianças se movimentam nos espaços de forma autônoma. Porém não há participação das mesmas na construção desses espaços, uma vez que esta tarefa é designada aos professores desde o início do ano letivo. Os ambientes de aprendizagem são denominados cantinhos, sendo eles: da matemática, do tapete, das mochilas, do alfabeto, das pantufas, entre outros. Não havendo a oferta de ambientes que oportunizem a exploração de movimentos do corpo. Cada um é utilizado de acordo com a atividade do dia e a necessidade das crianças que os utilizam. Unitermos: Educação Infantil, ambientes de aprendizagem, movimento. 1.0 INTRODUÇÃO A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica, cujo intuito é o desenvolvimento integral da criança até a idade de seis anos. Nesta faixa etária a criança pequena precisa satisfazer algumas necessidades importantes para o seu
2 320 desenvolvimento, como por exemplo, o afeto/ proteção, o contato com outras crianças, a segurança, a atenção, a orientação, entre outras. Em razão disso, a instituição de Educação Infantil tem muito a contribuir no atendimento a tais necessidades por meio de planejamento e organização do seu ambiente. Um aspecto que tem preocupado as instituições educacionais e, principalmente as que são direcionadas à pequena infância é o espaço, já que uma de suas funções é de intervir na formação da criança. A Educação Infantil tem dado considerável importância para a organização do espaço, a fim de que sua utilização seja favorável a aprendizagem. Para BASSEDAS; HUGUET e SOLÉ (1999), ainda que não seja uma condição determinante, o espaço e a sua organização têm grande influência no bem estar dos profissionais e, principalmente das crianças pequenas, uma vez que atende as necessidades - jogar, brincar, aprender, dormir, comer, chegar, brincar ao ar livre, lavarse e fazer suas necessidades fisiológicas. Assim, o ambiente de aprendizagem deve proporcionar a criança todas as oportunidades de desenvolver-se no aspecto motor, psicológico, social. Esse ambiente pode ser a casa, mas trataremos especificamente da escola, e deve estar estruturado de acordo com as necessidades das crianças. Conforme proposto por FORNEIRO (1999), o ambiente refere-se ao conjunto de espaços físicos (locais para atividade caracterizados pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário e pela decoração) e às relações que se estabelecem no mesmo (os afetos, as relações interpessoais entre as crianças, entre as crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto). Pode-se ainda definir ambiente como um todo indissociável de objetos, odores, formas, cores, sons e pessoas que habitam e se relacionam dentro de uma estrutura física determinada que contem tudo e
3 321 que, ao mesmo tempo, é contida por todos esses elementos que pulsam dentro dele como se tivesse vida. A organização dos espaços físicos é um aspecto fundamental para o desenvolvimento da criança e, por isto, muitas instituições educacionais têm dado especial importância a esta questão, principalmente as que se referem a educação da primeira infância. Os espaços oferecem características peculiares que devem ser aproveitadas pedagogicamente. A utilização de diferentes espaços, bem estruturados e com diversos recursos materiais a serem explorados possibilita variações entre as experiências e atividades vivenciadas pela criança, favorecendo o seu aprendizado e desenvolvimento. A preocupação com a organização do espaço escolar deve ocorrer em âmbito geral, porém a pesquisa foi realizada apenas no espaço da sala de aula, pois tivemos o interesse em pesquisar como e por quem são criadas as delimitações existentes em sala de aula (cantinho da leitura, tapete para descanso, entre outros), uma vez que julgamos importante conhecer se existe ou não a participação das crianças na construção desses espaços e como elas se comportam diante deles. 2.0 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A pesquisa foi realizada por nós, acadêmicas do curso de Educação Física. A coleta de dados realizou-se por meio da observação do cotidiano escolar de uma instituição de Educação Infantil e Ensino Fundamental, da rede particular, na cidade de Curitiba Paraná, durante o período de quatro visitas. Nestas, observamos uma turma de Jardim II (4 5 anos), composta por doze alunos: 7 meninas e 5 meninos.
4 322 Primeiramente, nos reunimos para definir como deveríamos proceder durante as observações, determinando então, que cada uma deveria permanecer em espaços diferentes dentro da sala e fazer anotações individuais, devido às diferentes percepções. Tivemos ainda, que realizar algumas perguntas à professora referente à problemática levantada, pois somente por meio da observação não era possível obtermos as respostas. 3.0 ANÁLISE DOS DADOS A escola possui diferentes espaços bem organizados e que favorecem a diversidade de opções para as crianças. Possui uma quadra poliesportiva coberta, dois prédios com salas de aula, uma biblioteca ampla, um refeitório, brinquedos, sala de psicomotricidade funcional e sala de artes; área livre de m² com bosque: Casa do Bosque, Casa da Horta e Casa dos Ipês. No bosque pudemos observar várias árvores com placas indicando qual o tipo de cada uma. Dentro das salas de aula as crianças podem distinguir facilmente os limites de cada área. Cada cantinho é um espaço diferente: tapete colorido com o cantinho da almofada; brinquedos, mesas com cadeiras ou banquetas, estante com livros, contribuindo, desta forma, para a organização mais definida do espaço e favorecendo a autonomia das crianças no que se refere a sua utilização.
5 323 Móveis baixos e fáceis de serem deslocados são utilizados como divisória em determinados momentos e são de grande utilidade na escola, também porque poderão ser acoplados em diversas situações. De forma muito criativa, alguns espaços são delimitados por móbiles pendurados ao teto que montam a divisória, deixando o ambiente encantador e esteticamente agradável. Após esta breve descrição do espaço escolar seguiremos com o relato das observações feitas em quatro dias diferentes, as quais classificamos em VISITA 1, VISITA 2, VISITA 3 e VISITA Visita 1 Ao iniciar a aula havia sete crianças reunidas em uma única mesa para realizar trabalhos de colagem em papelão com a utilização do pincel, os quais foram propostos pela professora. Em seguida, mudaram de mesa para realizar outra atividade de colagem em papelão redondo, porém com a utilização de uma pena. Antes do início de cada atividade as mesas já estavam preparadas com os materiais necessários. Assim que as crianças terminavam os trabalhos dirigiam-se, independentemente, a outra mesa para assinarem a lista de presença. As crianças tinham autonomia para lavar as mãos depois de realizarem a atividade e quando necessitavam ir ao banheiro pediam autorização para a professora. Notamos que as crianças circulavam livremente pela sala de aula e que tinham autonomia para utilizarem os materiais que estavam no armário ou nos cantinhos (da matemática, do tapete, das mochilas...).
6 324 Em uma terceira mesa realizavam outra atividade com diversos materiais como, areia, pedras, tampinhas, botões, e enchiam recipientes de formatos diferentes com auxilio de funil, colheres de plástico e até mesmo com as mãos. Posteriormente, o professor de Educação Física foi buscar os alunos dentro da sala de aula para a aula de movimento. 3.2 Visita 2 Neste dia a turma estava completa, com doze alunos. A sala de aula estava um pouco modificada, pois duas das três mesas estavam unidas e dispostas de maneira diferente a primeira visita. Sobre estas mesas estavam espalhados diversos materiais, como pedaços de madeira, saco de estopa e recicláveis (canudos de papelão, fitas, canudos de plástico, plásticos de diferentes formas etc). Com exceção de duas alunas, que estavam em outra mesa desenhando com pedaços de carvão num papel em branco, todos estavam sentados ao redor das duas mesas, construindo, individualmente, uma obra de MIRÓ. As crianças realizavam as atividades sentadas ou em pé, e quando desejavam iam para outra mesa ou mudavam as cadeiras de lugar. Um dos alunos terminou sua escultura antes do término da aula e a professora o liberou para ir brincar no tapete, mas, como o suporte das canecas (usado para leválas à aula de movimento e na hora do lanche) não estava na sala de aula, a professora pediu que o aluno fosse buscá-lo. Conforme os alunos iam terminando a atividade já se preparavam para esperar o professor de Educação Física.
7 Visita 3 Neste dia a turma também estava completa. Diferente dos outros dias chegamos no horário em que as crianças estavam indo para a biblioteca. Ao chegarem no local correram para o cantinho do tapete, formaram três grupos e ficaram aguardando a professora escolher um livro. Após ouvirem a história, cada aluno pegou um livro para ler em casa e, retornando à sala de aula pegaram seus lanches e realizaram um piquenique na área do bosque. 3.4 Visita 4 As três mesas estavam dispostas separadamente, mas apenas duas estavam sendo usadas. As crianças tinham três opções de jogos, sendo eles: 1) alfabeto mágico (utilização de objetos do cantinho da matemática); 2) jogo de montar com peças de madeira coloridas; 3) jogo de preencher uma árvore (jogavam um dado e, dependendo do número que saísse deveriam preencher a árvore com tampinhas coloridas, formando um pomar de frutas). Após essa atividade as crianças tiravam seus calçados, colocavam suas pantufas que estavam atrás da porta e iam para o tapete. Lá chegando escolhiam a almofada de sua preferência, o que causou uma pequena briga por causa da cor. Entregavam as agendas para a professora que, após recebê-las, pedia-lhes para organizarem-se em forma de círculo e que ficassem intercalados (um menino, uma menina). Escolhiam os ajudantes do dia através de uma música, preenchiam o calendário e também a tabela de vitaminas (B6 e B12).
8 326 Na seqüência a professora mostrava o desenho de uma história, explicava o que estava acontecendo no mesmo e pedia para as crianças imaginarem o que poderia ter acontecido antes da cena mostrada; depois, entregava um papel para cada aluno com o desenho apresentado, pedindo que desenhassem e escrevessem o que haviam imaginado ao olhá-lo. Em seguida retornaram às mesas para realizar a tarefa. As crianças tinham autonomia para pegar giz, borracha, lápis e canetinhas para a realização da tarefa. No momento de escrever o texto uma das crianças quis saber qual letra deveria usar par escrever determinada palavra, sendo então orientada pela professora a ir até o cantinho do alfabeto para pesquisar. As crianças que terminavam a tarefa eram liberadas pela professora para irem novamente ao tapete (teve guerra de almofada, brincaram com bexiga e algumas crianças ficaram dançando em pares. Entretanto, a medida que iam terminando, alguns ajudavam a professora a organizar os materiais utilizados. Depois de lavar as mãos, cada um pegou seu lanche e sentou na mesa para comer, dando fim as atividades do dia em sala de aula. 4.0 CONSIDERAÇOES FINAIS Diante das observações e perguntas que fizemos pudemos concluir que as delimitações criadas dentro das salas de aula são muito utilizadas pelas crianças em diversos momentos. Contudo não há participação das mesmas nesta criação, uma vez que esta tarefa cabe aos professores realizarem-na no inicio do ano letivo. As delimitações criadas são denominadas cantinhos, sendo eles: da matemática, do tapete, das mochilas, do alfabeto, das pantufas, entre outros. Cada um é utilizado de
9 327 acordo com a atividade do dia e a necessidade das crianças, que os utilizam maneira autônoma. 5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSEDAS, Eulália; HUGUET, Teresa e SOLÉ, Isabel. Aprender e Ensinar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, FORNEIRO, Lina Iglesias. A Organização dos Espaços na Educação Infantil. In: ZABALZA, Miguel A. Qualidade na Educação Infantil p
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