DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
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- Raquel Ribeiro Brunelli
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1 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO AUDIÊNCIA TRABALHISTA (ATÉ DEFESA DO RÉU) Prof. Antero Arantes Martins (20/03)
2 AUDIÊNCIA UNA. Introdução. a própria Secretaria da Vara, independentemente de despacho do Juiz, procede a notificação (nome que se dá à citação no Processo do Trabalho) da reclamada. Trata-se de notificação postal que é acompanhada de cópia da petição inicial (só da petição, sem documentos). Após, o processo permanecerá em Cartório aguardando o dia designado para audiência. Segundo a CLT, a audiência é UNA, ou seja, para atender os Princípios da Celeridade e da concentração de atos, tudo deve ocorrer num só ato.
3 AUDIÊNCIA UNA. Introdução (cont). Para facilitar o entendimento deste ato complexo, organizou-se o quadro abaixo, dividindo a audiência em sete passos. É importante entender a dinâmica da audiência.
4 AUDIÊNCIA UNA. Previsão da CLT 1. Comparecimento. 4. Prova oral 7. Sentença 2. Primeira tentativa de Conciliação 5. Debates Orais Finais 3. Defesa do Reú 6. Última tentativa de conciliação
5 AUDIÊNCIA UNA. (tripartida) 1. Comparecimento. 4. Prova oral 7. Sentença 2. Primeira tentativa de Conciliação 5. Debates Orais Finais 3. Defesa do Reú 6. Última tentativa de conciliação Sessão Inicial Sessão de Instrução Sessão de Julgamento
6 AUDIÊNCIA UNA. Bipartida 1. Comparecimento. 4. Prova oral 7. Sentença 2. Primeira tentativa de Conciliação 5. Debates Orais Finais 3. Defesa do Reú 6. Última tentativa de conciliação AUDIÊNCIA UNA Sessão de Julgamento
7 AUDIÊNCIA UNA. Nem sempre é possível realizar audiência UNA. Veja-se o exemplo de um processo que demande prova pericial. A perícia, por óbvio, não pode ser realizada em audiência. Portanto, neste caso o Juiz deve suspender o ato para realização da perícia. Também é possível o adiamento da audiência quando a parte convida a testemunha e esta não comparece (art. 825, parágrafo único da CLT). Neste caso, a sessão será suspensa para que a testemunha seja arrolada e posteriormente intimada pelo Juízo. Existem outras hipóteses de adiamento, citando-se as duas anteriores apenas a título de exemplo. Isto para demonstrar que a audiência é UNA por princípio, mas não é uma regra absoluta.
8 AUDIÊNCIA UNA. Comparecimento Para que a audiência possa ser iniciada, as partes são chamadas a comparecer diante do Juízo. Entretanto, é possível que exista ausência das partes ou de uma delas. Sendo injustificada tal ausência, haverá conseqüências processuais a serem estudadas neste item. Se a audiência é UNA ou inicial a ausência injustificada do reclamante acarreta no arquivamento do processo nos termos do art. 844, CLT.
9 AUDIÊNCIA UNA. Arquivamento No Processo do Trabalho, o arquivamento corresponde à extinção do feito sem exame do mérito, por desinteresse da parte. Dando causa ao primeiro arquivamento, o reclamante pode propor uma segunda ação, desde que pague as custas do processo anterior. No segundo arquivamento, o reclamante pode propor uma terceira ação, desde que pague as custas do processo anterior e espere 06 meses. No terceiro arquivamento o reclamante não poderá propor uma quarta ação, perdendo o direito de ação por perempção.
10 AUDIÊNCIA UNA. Revelia Se é a reclamada quem está ausente injustificadamente na audiência UNA ou inicial, a penalidade é a revelia nos termos do art. 844 da CLT. Revelia é um estado inercial do réu no processo equivalente à ausência de defesa. Sendo assim, o autor nunca pode ser revel. Não confundir revelia com confissão (presumir verdade um fato alegado pela parte contrária). A presunção de verdade dos fatos narrados na exordial é uma das conseqüências da revelia e não a própria revelia.
11 AUDIÊNCIA UNA. Confissão Vimos que a audiência de continuação é chamada de audiência de instrução. Se a parte for ausente nesta audiência de instrução, não se aplica o art. 844 da CLT e sim a Súmula 74 do C. TST. Esta confissão é presumida de admite prova em contrário. Veremos mais adiante, em provas que a confissão pode ser presumida ou absoluta.
12 AUDIÊNCIA UNA. Tentativas obrigatórias de conciliação O objetivo de todo processo é solucionar o conflito e trazer paz social. O Processo do Trabalho envolve conflito de classes (capital x trabalho) e este conflito é mais sensível às instabilidades sociais. Por conta desta característica, o Processo do Trabalho tem como prioridade a conciliação entre as partes. Sendo assim, o juiz tem obrigação de tentar a conciliação no processo em duas oportunidades, sob pena de nulidade. A primeira, logo que as partes atendem ao pregão, antes mesmo de receber a defesa (2º passo) e a última após o término dos debates orais, antes do julgamento (6º passo).
13 AUDIÊNCIA UNA. Conciliação. Efeitos Se a conciliação for alcançada, interrompe-se o restante do procedimento. Será lavrada ata com os termos da conciliação e, após a homologação do juiz, tal valerá como decisão que extingue o processo com exame de mérito irrecorrível. Este termo somente poderá ser atacado por via da ação rescisória, regida pelo art. 966 do Código de Processo Civil/2015. Apenas o INSS pode recorrer, caso entenda que na conciliação houve fraude às contribuições previdenciárias.
14 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Considerações iniciais Segundo procedimento previsto na CLT a defesa do réu é apresentada oralmente e no prazo de vinte minutos. A praxe, entretanto, substituiu tal procedimento pela entrega da defesa escrita. A notificação (nome que se dá à citação no Processo do Trabalho) é um ato de duplo efeito, eis que dá noticia ao réu da existência da ação e lhe convoca a respondê-la e sob pena de revelia. Defender-se não é uma obrigação do réu, porque ninguém é obrigado a litigar. Diz-se que a defesa é um ônus do réu, porque em não o fazendo se sujeita aos efeitos da revelia.
15 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Exceção. No sentido amplo, toda a defesa do réu é exceção, eis que se destina a excluir de seu campo jurídico a pretensão do autor, mediata ou imediata. O sentido estrito (exceções processuais) é que será aqui visto. A exceção processual, também chamada de instrumental, é o modo de atacar um dos pressupostos processuais específicos do Juiz. Não se dirige à parte contrária, mas à pessoa ou órgão jurisdicional por onde tramita a ação. Exceção, portanto, é o meio de defesa destinado a afastar o juiz da causa.
16 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Exceção de incompetência Já vimos que a incompetência pode ser absoluta ou relativa.. A incompetência absoluta não é argüível por exceção e sim em preliminar de contestação. A incompetência relativa é argüível por esta via porque é prorrogável, exigindo-se, portanto, da parte, expressa recusa. A exceção deve ser apresentada por petição escrita. O Juiz pode indeferir liminarmente, se manifesta for a improcedência ou inepta for a peça. Caso contrário, abrirá prazo de 24 horas para resposta, mas usualmente é feita na própria audiência para não acarretar na interrupção do ato. Se necessário, far-se-á dilação probatória (prova oral e pericial, já que a documental deve acompanhar a exceção).
17 AUDIÊNCIA UNA. Exceção de impedimento e suspeição. Ao Juiz cabe declarar-se, ex officio, impedido ou suspeito, cabendo à parte apresentar a exceção quando o Juiz assim não procede. Impedimento: Presunção absoluta de parcialidade do Juiz. Suspeição: Presunção relativa de parcialidade do Juiz; É preciso, entretanto, dizer que na hipótese do Juiz suspeito, se não for recusado via exceção, válida é a sua decisão.
18 AUDIÊNCIA UNA. Exceção de impedimento e suspeição. (Cont.) O motivo da recusa deve estar elencado nos artigos 144 (impedimento), 145 (suspeição) ou 147 (impedimento. Juizes parentes) do CPC/2015. É bom dizer que o impedimento e suspeição aplicam-se ao Ministério Público, ao serventuário, ao perito e ao intérprete. Recebida a exceção o Juiz pode acolhe-la e declarar-se impedido ou suspeito.
19 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Reconvenção Reconvenção é a ação do réu, contra o autor, no mesmo feito e Juízo em que é demandado. A reconvenção representa o meio adequado ao réu que, não se conformando em apenas resistir, passa a um contra-ataque, deduzindo nova pretensão em relação ao autor. Como toda a ação, a reconvenção está sujeita às condições da ação e aos pressupostos processuais.
20 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Reconvenção (Cont.) O art. 343 do CPC/2015 estabelece que a reconvenção é apresentada na contestação, rompendo com a tradicional posição de ser apresentada em peça em apartado. Prosseguirá nos autos da ação principal, e será com esta julgada. Não se confunde com compensação. Na compensação, o excesso do crédito do réu não autoriza a condenação do autor pela diferença. A reconvenção é instituto de direito processual, não importa em reconhecimento do crédito do autor, autoriza a condenação do reconvindo no excesso do crédito. Além disto, a reconvenção pode versar sobre direitos não obrigacionais e seu acolhimento não importa em rejeição da ação principal.
21 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Contestação. Considerações iniciais. Conceito: Contestação é o instrumento processual utilizado pelo réu para opor-se, formal ou materialmente, à pretensão deduzida em Juízo pelo autor. (Humberto Theodoro Júnior). Contestação é a peça de resistência que o réu apresenta ao pedido formulado na ação. É a espécie mais comum de defesa, razão pela qual é, incorretamente, confundida com esta última.
22 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Contestação. Considerações iniciais. (Cont). Vimos que a petição inicial apresenta dois pedidos, o imediato e o mediato. A contestação pode resistir aos dois pedidos e é dividida em várias espécies, que serão examinadas separadamente.
23 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Contestação Ritual ou Processual. É a contestação destinada a resistir ao pedido imediato, ou seja, à pretensão de entrega da tutela jurisdicional. Neste tipo de contestação a reclamada não está discutindo o mérito da causa. Está sustentando que por alguma razão a tutela jurisdicional não pode ser entregue. As matérias que podem ser alegadas neste tipo de contestação estão relacionadas no art. 337 do Código de Processo Civil de 2015 e são chamadas de preliminares. Isto porque a alegação destas matérias deve ser feita antes da discussão do mérito da causa.
24 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Contestação de mérito direta Como o próprio nome diz, a contestação de mérito é aquela que visa resistir ao pedido mediato, ou seja, ao próprio mérito da causa. Não está mais relacionada com vícios processuais, mas sim com a pretensão que o reclamante dirige diretamente à reclamada. Será contestação de mérito direta quando a reclamada negar o fato constitutivo do direito do autor, ou seja, aquele que foi narrado na exordial para sustentar o pedido.
25 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Contestação de mérito indireta Ocorre contestação de mérito indireta quando a reclamada, em sua defesa, admite o fato constitutivo de seu direito e alega outro que seja modificativo, extintivo ou impeditivo deste direito. Extintivo: O direito nasce e morre. Modificativo: O fato gera situação jurídica diversa da pretendida pelo autor. Impeditivo: O fato não permite que o direito nasça.
26 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Contestação de mera interpretação do direito Por vezes a reclamada resiste ao pedido mediato apenas negando a conseqüência jurídica do fato narrado, sem discutir o fato em si. Nestes casos, a reclamada aceita o fato constitutivo e não alega nenhum outro fato, negando apenas a conseqüência jurídica.
27 AUDIÊNCIA UNA. Defesa do réu. Considerações finais Na contestação o réu deve alegar toda a matéria de defesa. Decorre daí o princípio da Concentração ou da Eventualidade. (Art. 306, CPC/2015). Não o fazendo, ocorre a preclusão. Além disto, ao réu cabe o ônus da defesa específica. Ao negar o fato constitutivo do direito do autor, deve atacar especificamente cada fato narrado na exordial, sob pena de se presumir verdadeiros os não impugnados.
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