Análise semanal de Mercado. S&P 500: Subida das taxas de juro e valorização do dólar torna acções menos atractivas

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1 S&P 500: Subida das taxas de juro e valorização do dólar torna acções menos atractivas A reacção do mercado accionista nos EUA durante a última semana foi completamente inesperada e contrária aquilo para que muitos analistas e comentadores apontavam. A valorização dos índices accionistas deve-se em parte à mudança de expectativas em relação à política económica e fiscal dos EUA, mas também ao facto de que o índice não estava tão sobrevalorizado quanto se achava, provavelmente porque as taxas de juro continuam a estar demasiado baixas um pouco por todo o mundo. Este racional continua a fazer sentido uma semana depois, mas a valorização do dólar e a subida de mais de 50 pontos básicos das taxas de juro das treasuries a 10 anos fazem com que perca um pouco de força. Do ponto de vista técnico, o índice está perto dos máximos de 2016, e por isso deve encontrar alguma resistência a novas subidas no curto prazo.

2 EURUSD: Diferencial de taxas deve continuar a pressionar o par O EURUSD continuou a cair de forma expressiva ao longo da última semana, estando a ser influenciado pelo sell off que se tem vindo a registar no mercado de obrigações desde a eleição de Trump. Como tínhamos apontado na semana passada, o aumento de spread das taxas de juro entre as obrigações norte-americanas e as europeias é o principal condutor desta depreciação do câmbio, porque torna as obrigações norte-americanas mais atractivas face às europeias e leva a que o fluxo de capital da Europa para os EUA se intensifique. O spread entre as treasuries a 10 anos e as bunds a 10 anos subiu mais de 30 pontos básicos, de cerca de 160 pontos básicos para 190 pontos básicos. Dois factores que podem travar a depreciação do EURUSD nesta altura seriam:1) uma compressão do spread entre as treasuries e as bunds, que ainda não aconteceu, ou 2) um intensificar dos fluxos comerciais. À medida que o EURUSD deprecia, os produtos europeus tornam-se mais baratos face aos norte-americanos e isso leva a que os fluxos comerciais dos EUA para a Europa aumentem, gerando força compradora no EURUSD. Este é no entanto um efeito menos imediato, e isso leva-nos a crer que os fluxos de capital vão continuar a dominar o par no curto-prazo. O alvo de curtoprazo para o EURUSD são mínimos de 2015, um pouco acima dos 1,05.

3 Apple: Trump traz riscos, mas por enquanto é business as usual Existem várias maneiras através das quais a administração Trump pode vir a afectar a Apple, ainda que nenhuma tenha uma probabilidade razoável de acontecer. Desde impostos sobre lucros gerados no estrangeiro, penalizações pela encriptação de mensagens ou proteccionismo que pode causar retaliação por parte de países onde a Apple tem uma presença importante (China), foram várias as referências de Trump à Apple durante a sua campanha. O título tem vindo a ser penalizado pelos novos riscos que a administração Trump trouxe, mas por enquanto, não passam de especulações. Até que haja uma materialização de alguns destes riscos, a Apple vai continuar a operar normalmente e a gerar lucros muito atractivos face à avaliação actual. Do ponto de vista técnico, o título está perto de um retracement de 50% em relação à valorização que registou desde Julho 2016, que deverá funcionar como suporte nas próximas sessões.

4 Facebook: Trump não traz grandes riscos, mas o negócio está a abrandar No caso do Facebook, o impacto Trump não é tão nocivo. A rede social tem recebido algumas criticas pelo sucesso que Donald Trump teve no uso desta para conseguir ser eleito, mas nada que possa ter um impacto relevante para o negócio do grupo. As questões de impostos sobre lucros gerados no estrangeiro, ou de protecção de privacidade também são um risco para a Facebook, mas Trump não apontou o dedo directamente à empresa. Na nossa opinião o risco para o título advém mais do abrandamento das receitas que foi anunciado na última divulgação de resultados trimestrais. Apesar dos resultados do último trimestre terem sido acima do que era esperado, o guidance da empresa desiludiu muito por ter antevisto um abrandamento das receitas já neste trimestre. A questão que se coloca é, quanto vai o crescimento das receitas abrandar? Tecnicamente, o título negoceia junto da base de um canal ascendente de longo prazo, o que deverá conceder algum suporte ao preço do título. Por enquanto parece-nos que não existem catalisadores de curto-prazo que possam fazer o título quebrar este suporte em baixa.

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