APLICAÇÃO DO LODO DE ESGOTO NA CULTURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO. I FITOMASSA AÉREA

Transcrição

1 APLICAÇÃO DO LODO DE ESGOTO NA CULTURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO. I FITOMASSA AÉREA Roselene de Lucen Alcântr (1), Annemrie Konig (2 ), Npoleão Eserrd de Mecêdo Beltrão (3), (1) UFCG. e-mil: roselul@terr.com.r, (2) DEC/CCT/UFCG. e-mil: konig@dec.ufcg.edu.r, (3) Emrp Algodão. e-mil: neltro@cnp.emrp.r RESUMO Estudou-se incorporção de doses de lodo de esgoto (seco o r e cldo - 5% do peso seco), coletdo em um retor neróio de fluxo scendente, sore o desenvolvimento do lgodoeiro heráceo BRS-verde. O experimento foi conduzido em cs de vegetção d EMBRAPA-Algodão, em vsos plásticos de 21L. O delinemento foi em locos csulizdos, utilizndo-se esquem ftoril [(5x2) + 3], representdo por cinco dosgens de lodo (7, 14, 21, 28 e 35kg N/h), dus consistêncis do lodo (seco e pstoso/cldo), mis três testemunhs: solut (solo), com dução minerl (nitrogênio, fósforo e potássio) e com dução orgânic (esterco ovino), com qutro repetições, totlizndo treze trtmentos e cinqüent e dois vsos Os resultdos otidos permitem firmr que, em termos gronômicos, o lodo seco foi melhor, visto que disponiilizou mis nutrientes pr o lgodão, promovendo um mior gnho de fitomss ére em cd dose nlisd. INTRODUÇÃO O lgodoeiro não é um plnt esgotnte do solo, pois quntidde de nutrientes retird pel fir e pels sementes é reltivmente pequen, se comprdo o que é extrído por outrs culturs de importânci econômic. Requer um o disponiilidde de nutrientes no solo ou que s deficiêncis sejm corrigids medinte um dequd fertilizção. O nitrogênio tem sido o elemento mis importnte pr produção do lgodão, já que, em quntiddes ixs ou lts, miori dos solos necessit d dição de fertilizntes nitrogendos pr otenção de rendimentos stisftórios. O fósforo tem importnte função no crescimento inicil d riz e, em conseqüênci, sore o enrizmento, o vigor d plnt e precocidde d cultur; é um dos nutrientes menos sorvidos pelo lgodoeiro, ms qundo está deficiente n plnt produção ci sustncilmente. A ção do potássio é pouco conhecid, porém, se-se que folh ument su tividde ssimiltóri e, prticulrmente, síntese do crono. A sorção de nutrientes é vriável de cordo com idde d plnt (Crvlho et l. 1999). O lodo de esgoto, resultnte do trtmento de esgotos, em gerl, é rico em mtéri orgânic e nutrientes, o que possiilit o seu uso n gricultur como fertiliznte, desde que devidmente vlidos e equciondos os riscos potenciis definidos pelos elementos trço, microrgnismos ptogênicos e pelo nível de estilizção do mteril, que pode ocsionr prolems de odor e consequente trção de vetores. É um dos grndes prolems mientis urnos d tulidde, e de importânci crescente, pois sociedde já se conscientizou do vlor econômico dos nossos recursos hídricos e, portnto, d necessidde de preservá-los, em como do nseio d populção por melhores condições snitáris. Ds diverss lterntivs pr dequd disposição do lodo de esgoto produzido, reciclgem grícol é mis promissor, tnto pel dequção snitári e mientl qunto pel viilidde econômic, desde que o resíduo tend pdrões mínimos de qulidde, pois trnsform um rejeito em um importnte insumo grícol. Pr tnto, necessit d definição de polítics que devem ser seds em cuiddosos estudos que definm critérios gronômicos, mientis, snitários e sócioeconômicos, de modo grntir su utilizção segur (SANEPAR, 1999; Andreoli et l. ). O uso

2 grícol constitui um ds forms mis utilizds pr disposição finl de iossólidos; cerc de 25% de todo o iossólido produzido nos Estdos Unidos são utilizdos n gricultur; n Europ e no Cndá, utilizção é de proximdmente 37%. Pel su composição químic, o iossólido se present como um possível fertiliznte pr o uso grícol, um vez que é composto por cerc de 4% de mtéri orgânic e mcronutrientes como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio (Melo et l. 1). Este trlho ojetivou nlisr influênci do lodo de esgoto (seco e cldo), coletdo em um retor neróio de fluxo scendente, sore fitomss ére do lgodoeiro heráceo BRS verde. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em cs de vegetção d Emrp Algodão, em Cmpin Grnde, PB. Form utilizds sementes de lgodão heráceo (Gossypium hirsutum L.r. ltifolium Hutch.), BRS verde e um solo com textur frnco-renos. O delinemento foi em locos csulizdos, utilizndo-se esquem ftoril [(5x2) + 3], representdo por cinco dosgens de lodo (7, 14, 21, 28 e 35kg N/h) 1, dus consistêncis do lodo (seco e pstoso/cldo 5%), mis três testemunhs: solut (solo), com dução minerl 2 (nitrogênio, fósforo e potássio) e com dução orgânic 3 (esterco ovino), com qutro repetições. A unidde experimentl foi representd por vsos plásticos com cpcidde de proximdmente 21L, totlizndo treze trtmentos e cinqüent e dois vsos. A semedur foi relizd um profundidde de 2cm, utilizndo-se cinco sementes por vso. Form relizds irrigções diáris nos vsos, de form repor águ consumid n evpotrnspirção e mnter o solo com umidde próxim à cpcidde de cmpo. A germinção ocorreu cinco dis pós semedur, com o surgimento de cinco plântuls por vso. O primeiro desste foi relizdo onze dis pós emergênci, deixndo-se dus plântuls por vso. Aos vinte e qutro dis pós emergênci relizou-se o segundo desste, ficndo um plnt por vso. A durção do experimento foi de cinco meses. No finl do experimento houve colet ds plnts, com seprção d prte ére, riz e plum. As rízes form lvds e secs à somr e, juntmente com prte ére, colocds em estuf (65 ºC), durnte 72 hors té peso constnte, pr otenção do peso d mtéri sec. Os ddos otidos form sumetidos à nálise de vriânci, com plicção do Teste F. Efetuou-se o desdormento dos qutro grus de lierdde, referentes às cinco doses de lodo utilizds, procedendo-se à nálise de regressão, sendo escolhido o modelo de mior gru significtivo qundo o desvio d regressão foi não significtivo; do contrário, optou-se por presentr os resultdos d tendênci seguid pelos pontos oservdos. Os ddos form comprdos pelo teste de Tukey 5% de proilidde. RESULTADOS E DISCUSSÃO A interção dose x consistênci de lodo (p,5) mostr que s plnts cultivds n presenç do lodo seco produzirm mss sec ére superior àquels que receerm o lodo cldo (pstoso), em cd dose estudd (Figur 1B). Qunto às doses plicds pr cd consistênci de lodo (Figur 1A), o emprego de lodo seco se justou o modelo qudrático, otendo-se o máximo de fitomss ére (18g), correspondente à dose 316kgN/h de lodo seco. Qunto às doses de lodo cldo (pstoso), produção de fitomss ére cresceu linermente com o umento ds doses empregds; pesr destes resultdos serem em inferiores os otidos com o lodo seco, ou sej, 52g pr dose de 35kgN/h. Com relção o contrste do ftoril versus testemunh (Figur 1C, D e E), mis um vez denot-se superioridde do ftoril em relção cd testemunh estudd. Outros utores reportrm umentos em mtéri sec (d prte ére, do sistem rdiculr e totl) pr diferentes culturs qundo d incorporção do lodo de esgoto: Solo ev & Khomykov (1989) otiverm lt 1 Equivlentes 12,6; 25,2; 37,8; 5,4 e 63,1 t lodo/h, respectivmente. 2 Incorpordo n dose de 9kg/h. 3 Incorpordo n dose de t/h.

3 produção de iomss em árvores jovens de mçã qundo d plicção de 3t/h de lodo; Mrques et l. (2) reportm que Berton et l. (1997) oservrm umento n produção de mtéri sec em plnts de milho qundo d plicção de iossólidos, ssocidos ou não à clgem, porém o efeito foi mior n usênci de clgem. CONCLUSÕES A higienizção mis fvorável em termos gronômicos foi secgem, visto que disponiilizou mis nutrientes pr o lgodoeiro. E, conseqüentemente, promoveu em cd dose estudd, mior gnho de fitomss ére, lcnçndo um produção máxim de 18g pr dose de 316kgN/h.

4 Fitomss ére (g) lodo pstoso lodo seco y LODO SECO = 18,427 +,5684x -,9x 2 R 2 =,99 4 y LODO PASTOSO = 1,896 +,1218x R 2, DOSES (kg.h -1 N) A Fitomss ére (g) lodo pstoso lodo seco DOSES (kg.h -1 N) B 1 C 1 D Fitomss ére (g) Fitomss ére (g) Solo Ftoril Aduo minerl Ftoril 1 E 8 Fitomss ére (g) 6 4 Esterco Ftoril Figur 1 Fitomss ére em plnts do lgodoeiro heráceo BRS-verde sumetids diferentes doses (A) e consistêncis (B) de lodo, em condições de cs de vegetção. B, em cd dose, letrs comprm s consistên cis de lodo, pelo teste de Tukey (p,5). C-E, comprção entre ftoril vs testemunh. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREOLI, C.V.; PEGORINI, E.S.; FREGADOLLI, P.; CASTRO, L.AR. de.; Dignóstico do potencil dos solos d região de Mringá pr disposição finl do lodo gerdo pelos sistems de trtmento de esgoto do município. Revist Técnic d Snepr, Curiti, v. 13, n. 13, p. 4 5, jn./jun.,. BERTON, R.S.; CAMARGO, O.A.; VALADARES, J.M.A.S. Asorção de nutrientes pelo milho em respost à dição de lodo de esgoto cinco solos pulists. Revist Brsileir de Ciênci do Solo, Cmpins, v.13, n.2, p , 1989.

5 CARVALHO, O.S.; SILVA, O.R.R.F.; MEDEIROS, J.C. Adução e clgem, In: BELTRÃO, N.E. de M. org. O gronegócio do lgodão no Brsil. Brsíli: Emrp Comunicção pr Trnsferênci de Tecnologi, v.1, cp. 6, p MARQUES, M.O.; MELO, W.J.; MARQUES, T.A. Metis e o uso de iossólidos n gricultur, In: Biossólidos n gricultur. São Pulo: ABES, 2. cp. 12, p MELO, W.J. de.; MARQUES, M.O.; MELO, V.P. de. Lodo de esgoto: trtmento e disposição finl, Belo Horizonte: UFMG, 1. cp. 11, p SANEPAR. Compnhi de Snemento do Prná. Reciclgem grícol do lodo de esgoto: estudo preliminr pr definição de critérios pr uso gronômico e de prâmetros pr normtizção mientl e snitári, 2. ed. Curiti, p. SOLOV EV, I. S.; KHOMYAKOV, D. M. Ecologicl spects of using sewge sludge s fertilizer in pple orchrds. Soviet Agriculturl Sciences, n. 6, p. 3 33, 1989.