BULLYING NAS ESCOLAS: UM DEBATE COM A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
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- Norma Minho Klettenberg
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1 BULLYING NAS ESCOLAS: UM DEBATE COM A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE PAZIO, ELIZABETE SEED/PR. elizabetepazio@yahoo.com.br epazio@seed.pr.gov.br Eixo Temático: Violências na escola Agência Financiadora: Resumo Esse trabalho é resultado de atividades desenvolvidas por ocasião da realização de estágio supervisionado, exigência do curso de Especialização em, Psicopedagogia Clínica e Institucional, neste caso específico Psicopegagogia Institucional, que foi realizado em uma escola da rede pública estadual de ensino, no Município de Palmital, estado do Paraná, que trata da temática da violência na escola, especificamente entre pares, ou seja, o Bullying, onde através das observações e da queixa apresentada pelo coletivo da escola como sendo um nível elevado de indisciplina na maioria das turmas. Ao aprofundar as observações diagnosticou-se que o quadro ali apresentado era de ocorrência do Bullying, agravado pela falta de diálogo fruto de uma gestão pouco democrática. O quadro identificado apontou a necessidade de identificar, tomar consciência, aprofundar conhecimentos e discussões de forma a conhecer e reconhecer o fenômeno Bullying e sua ocorrência no espaço escolar e assim propor formas de enfrentamento às situações que ali ocorrem e que muitas vezes estava sendo banalizada por ser vista como algo natural, normal daquela fase do desenvolvimento, brincadeiras de adolescentes. Utilizando-se dos conhecimentos da Psicopedagogia e dos estudos de Fante, estabelecemos como objetivo do trabalho mobilizar a comunidade escolar em torno do tema com a finalidade de reconhecer a existência da violência e trabalhar em conjunto no sentido de minimizar o problema. Trata-se de um estudo qualitativo e quantitativo por amostragem, que num primeiro momento se deu através de observações e posteriormente aplicou-se uma pesquisa que envolveu todos os profissionais da escola e alunos (por amostragem). A segunda fase do trabalho buscava mobilizar os profissionais para um olhar diferenciado em torno do tema abordado, sendo proporcionado um momento para estudos e reflexões de textos e pesquisas já realizada onde surgiu a proposta para a continuidade do trabalho no formato de fórum de estudos e discussões com a comunidade em geral atingindo a rede municipal de ensino. Palavras-chave: Violência. Bullying. Escola. Psicopedagogia. Introdução Ao iniciar as atividades relativas ao Estágio Supervisionado em, Psicopedagogia Institucional, observamos a constante reclamação dos professores pelas grosserias,
2 5205 incivilidades e indisciplina de seus alunos em relação aos colegas e professores, a incidência de agressões na hora do intervalo, bem como o elevado índice de alunos encaminhados para a Equipe Pedagógica para registro e orientações por agredirem, outros que reclamavam por sofrerem com as atitudes de maus tratos, o que na maioria das vezes ficava sem uma solução, pois no dia seguinte voltava a acontecer, bem como o aumento na incidência de dificuldades de aprendizagem, queda nos rendimentos acadêmicos, falta de vontade para ir à escola. A elaboração da hipótese inicial foi possível além dos dados acima descritos o acompanhamento, observação e análise dos alunos encaminhados para avaliação de Sala de Recursos, mas também identificada nos comentários na sala dos professores e ao participar do Conselho de Classe nos possibilitou através das observações, questionamentos e reflexões como: Indisciplina ou violência? É normal por ser característica de adolescente? (O que alguns na escola defendiam). O que pode ser feito? Como com esse estágio podemos poderemos auxiliar com os conhecimentos da Psicopedagogia na percepção e enfrentamento de tal situação? Para compreendermos que, o Bullying é um fenômeno, que atinge o ser humano na sua fase de vida em que está estabelecendo relações fora do contexto familiar e durante grande parte da vida escolar, causando danos muitas vezes irreparáveis na formação e na aquisição do conhecimento, tanto para a vítima quanto para o agressor. Uma das dificuldades é que a linha que separa vítima de agressor é muito tênue o que prejudica o trabalho com os envolvidos. Temos ainda a dificuldade de separar o que é Bullying de indisciplina, o que na maioria das vezes os profissionais das escolas confundem. A violência nas escolas vem crescendo muitas vezes pela nossa omissão, pelo silêncio dos envolvidos ou ainda com o aval dos adultos achando que é normal é uma característica própria do desenvolvimento dos adolescentes, isto faz com que muita energia e tempo de profissionais e alunos sejam desperdiçados, pelas incivilidades / grosserias / violência provocadas no ambiente escolar, prejudicando o desenvolvimento das atividades pedagógicas e consequentemente a aprendizagem, interferindo ainda no desenvolvimento emocional das pessoas envolvidas, principalmente das vítimas. Segundo Schilling, devemos considerar que são nas relações sociais estabelecidas no interior das escolas que convergem às disputas pelo poder, as ideologias e a política, assim
3 5206 como, as interferências da cultura e a indústria cultural, configurando relações de poder estabelecidas em formas de violência disfarçada ou vista como indisciplina. Fante (2008) nos diz que.... O Bullying escolar é uma das formas de violência que mais cresce no mundo e é causa de grande sofrimento, são meninos e meninas expostos às mais diversas situações repetitivas de humilhações, constrangimentos, apelidos, intimidações, difamações, comprometendo assim a saúde emocional, a qualidade das relações humanas, a construção da cidadania e ainda compromete o bom desempenho do processo educacional provocando aí uma ruptura podendo ainda ser apontado como uma das grandes causas da evasão e repetência escolar. Ainda de acordo com Fante (2008),... o Brasil é o campeão do Bullying..., possivelmente por desconhecimento é tido como brincadeiras de crianças, o que favorece a atuação do agressor que acaba tendo a conivência do adulto, portanto se faz necessário a ampliação dos estudos e discussões sobre o tema, na sociedade e nos espaços da educação para que possamos agir de forma adequada na formação do estudante de forma integral promovendo a emancipação humana. Enfim, de acordo com Nogueira. Ao analisar o fenômeno da violência, vemos-nos diante de uma série de dificuldades, não apenas porque o fenômeno é complexo, mas, principalmente, porque nos faz refletir sobre nós mesmos, nossos pensamentos, sentimentos e atos. Agir pelo silêncio é uma prática que precisa ser abandonada. O assunto é emergente e precisa ser estudado, discutido e também divulgado, mas sem o sensacionalismo dos telejornais em torno de algum desfecho infeliz no interior de alguma escola. Sendo ainda possível uma discussão com outros autores que estudam o fenômeno. Como educadores devemos construir na escola, junto com nossos alunos e comunidade um ambiente favorável à aquisição dos conhecimentos historicamente sistematizados, a formação humana com desenvolvimento cognitivo e a formação do cidadão sujeito de sua própria história que seja atuante no meio em que vive, portanto emocionalmente saudável. Desenvolvimento
4 5207 A primeira etapa do trabalho consistiu de um período de observações no espaço escolar, interno e externo em diferentes horários e situações, com a atenção voltada para os acontecimentos que envolviam as relações humanas que ali se estabeleciam no período compreendido entre agosto e setembro de Essa atividade nos indicou algumas possibilidades de uma primeira hipótese, o que nos levou a aplicar em seguida uma pesquisa qualitativa com profissionais e alunos sobre a percepção que tinham da violência que estava ocorrendo entre os alunos através de conversas e observações. Na segunda etapa foi realizada uma pesquisa quantitativa com os profissionais do estabelecimento através de um questionário, com questões adaptadas de Fante (2008). Foram distribuídos setenta questionários com as questões abaixo, tendo questões de múltipla escolha fechada e aberta e dissertativa com respostas diretas, conforme exemplos abaixo: 1.O que você entende por violência na escola? 2.Quais são os tipos de maus-tratos que você percebe entre os alunos? 3. Com que freqüência você percebe os maus tratos entre seus alunos? 4. Onde frequentemente os alunos maltratam-se? 5. O que você faz ao presenciar uma agressão entre os alunos? 6. Por que você acha que alguns alunos praticam maus-tratos. 7. Como você se sente ao ver os alunos se maltratando? 8. O que significa a palavra Bullying para você? 9. O que você sugere para diminuir a violência na escola? 10. Outras considerações sobre o assunto. Dos setenta questionários distribuídos apenas dez retornaram preenchidos. Como o estabelecimento atende alunos das séries finais do Ensino Fundamental, Ensino médio e Profissionalizante nos turnos matutino, vespertino e noturno, possuindo no total 36 turmas regulares e um universo com mais de mil alunos. A terceira etapa consistiu de uma pesquisa qualitativa com os professores e equipe pedagógica do estabelecimento para identificar quais séries/turmas/turno apresentavam maior índice de ocorrências de agressão e ou indisciplina com o objetivo de identificar possíveis focos. O que se constatou foram índices mais elevados nas sétimas, oitavas e sextas séries como também nos primeiros anos do Ensino Médio, como o universo para aplicação do questionário ainda ficou muito grande, optou-se por trabalhar com três turmas inteiras de sétima série, sendo uma do período vespertino e duas do período matutino com índices mais elevados de agressões e alunos
5 5208 escolhidos aleatoriamente das oitavas, e ensino médio matutino e noturno, sendo noventa e quatro alunos das sétimas séries, vinte e seis alunos de oitava série e primeiro ano do ensino médio matutino e 41 alunos do ensino médio noturno. Ao iniciarmos as conversas com os alunos participantes da pesquisa, constatou-se que não conheciam o termo Bullying fato que nos levou a trabalhar com eles o texto de Fante (2008, pp e as atividades das páginas ) com os alunos das sétimas séries e com os demais colocamos como maus tratos, agressões e violências, após esse trabalho foram aplicados o questionário sugerido por Fante (2008, pp ). Na quarta etapa, após a leitura e tabulação dos dados dos questionários foi realizado um encontro com os profissionais onde foram estudados e discutidos textos sobre: Bullying, disciplina e indisciplina, inclusão e profissão professor, comparando com a nossa realidade. Com a Equipe Pedagógica foi realizado um trabalho onde se avaliou como estavam sendo tratados os casos de violência, nesta avaliação percebeu-se que o tratamento e a atenção aos casos de Bullying não estavam condizentes com a realidade muito se reclamava, solicitava a presença da polícia (Patrulha Escolar), a mesma polícia que há bem pouco tempo se queria tirar dos espaços escolares (período da Ditadura Militar), agora se quer de volta. A mudança que se propôs e após análise se adotou é a de mediação de conflitos, pois não se resolve um conflito ouvindo apenas uma das partes envolvidas e nem tampouco somente ouvindo-as em separado, o que se propôs foi a mediação com conversa frente a frente dos envolvidos, porque na maioria dos casos o professor acompanha a última cena, ficando difícil estabelecer um parâmetro a partir da análise apenas do último acontecimento, mudou-se a estratégia para o atendimento dos casos. Outra proposta efetivada foi uma orientação no sentido de esclarecimento a todos os alunos sobre as situações de violência que estavam sendo percebidas pela equipe da escola e que os alunos vitimados se sentissem mais seguros e fortalecidos para comunicarem os casos de violência, os quais passaram a ter outro enfoque no seu tratamento, com o estabelecimento de diálogos, alguns encaminhamentos para atendimentos psicológicos e conversas com familiares. Logo após levantar a primeira hipótese, tivemos a oportunidade de participar do EDUCERE 2008, o que fortaleceu nossos objetivos com os conhecimentos adquiridos no evento, nos levando a apresentar uma proposta de projeto ao Programa Viva Escola oferecido pela Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná, o qual foi aprovado e encontra-se
6 5209 em aplicação e desenvolvimento na comunidade escolar, abrangendo alunos e profissionais atuantes no estabelecimento de ensino bem como de profissionais da rede municipal de educação, de outros estabelecimentos de ensino da rede estadual do município e o Conselho Tutelar. Análise dos resultados. Os dados coletados foram analisados e tabulados. Em relação aos questionamentos feitos aos profissionais, dos poucos que retornaram respondidos podemos destacar: - Violência na escola: falta de respeito, informação, formação cultural ; qualquer tipo de agressão e intimidação ; todo tipo de agressão física ou verbal ; atitudes, palavras, gestos, etc, tanto por parte dos discentes como dos docentes e funcionários que ofenda, humilhe, machuque, etc, o outro. -O que significa a palavra Bullying para você? Violência física, verbal e emocional ; intimidação, forma de agressão, maus tratos, humilhação ; violência, às vezes me sinto impotente sem respostas. - Por que você acha que alguns alunos praticam maus-tratos? Geralmente os pais são violentos ; pais ausentes que não impõem limites. - Como você se sente ao ver os alunos se maltratando? Triste, chateado, às vezes impotente, indefeso. - O que você faz ao presenciar uma agressão entre os alunos? Conto para a direção ou equipe pedagógica da escola Conto para os colegas ; peço aos agressores que parem. Diante do exposto é necessário ampliar e refletir sobre violência e principalmente Bullying, uma vez que poucos profissionais devolveram seus questionários, ficamos em dúvida se não percebem, se confundem com indisciplina, se a naturalizam não reconhecendo a problemática, de modo que passam o problema para outras pessoas e não assumem sua função de formadores / educadores, culpabilizando as famílias. Questionados sobre o que sugeriam para diminuir a violência na escola, as sugestões foram simplistas como: policiamento, aumentar o número de funcionários capacitados, presença de Psicólogos e Assistentes Sociais na escola, palestras de motivação, desenvolver grupos de estudos com alunos para preparar a mentalidade dos jovens para enfrentarem o problema. Em relação aos profissionais, os resultados nos mostraram que poucos têm consciência ou reconhecem o problema no próprio ambiente escolar onde passam em média quarenta horas semanais.
7 5210 Com os alunos das três turmas da sétima série foram realizadas algumas atividades diferentes dos demais, pois foi distribuído o texto: Bullying na Escola: o que é isso? E as atividades sobre ele, proposta por Fante (2008), sendo que foi realizada em sala de aula a leitura e as atividades para verificar a compreensão do texto e da temática, essa atividade possibilita identificar algumas situações que vem ocorrendo, pois se trata de uma atividade de: brincar de faz de conta, onde pede ao aluno para identificar as situações e comparar a situação apresentada pelo texto com a sua vida escolar. Ao analisar as produções dos referidos alunos novamente confirmamos a hipótese inicial de ocorrência de Bullying, muitas colocações dos alunos nos chamaram a atenção, porém destacamos algumas, como: Por que você escolheu esse animal? Quais são as semelhanças entre a sua vida escolar e a do animal que você escolheu? - Abelha. O tamanho dela e o meu. O passarinho, sofreu com a girafa, reclamou na direção e foi mais perseguido. Cavalo, sofreu muita zoação, um dia querendo dar um basta levou uma arma e foi expulso, eu tenho tanta raiva de uma pessoa que dá vontade de matar, todo dia rouba lanche, bate, é racista. Quais sentimentos você acha que esse animal experimentou na escola? - Vergonha, tristeza, solidão ; sentimento de ÓDIO, MEDO ; raiva e sofrimento ; teria medo e sairia da escola ; Assim como na história, você percebe maus-tratos em sua escola? Como? Sim, brigas, xingamentos, chutes, zoação, apelidos ; tiram as calças dos outros, batem ; roubam lanche e material, batem, xingam. Ofensas, desprezo ; fofocas ; zoação pelo aspecto físico, jeito de andar, de falar, agressão física e verbal ; brincadeiras de mau gosto ; piadinhas. Como se sentiria se estivesse no lugar desse animal? - Mal, com vontade de bater muito ; muito triste ; muito humilhada ; rejeitada ; constrangido ; indignado, com medo como sofro na escola muitas coisas que o animal do texto ; desamparo ; vergonha ; sozinho, fraco, sem forças para lutar. Podemos perceber que após a leitura os alunos identificaram as situações e em nenhum momento colocaram com indisciplina e sim como situações de violência, no entanto nos chama a atenção o fato de nenhum aluno ou professor fazer referência aos episódios do
8 5211 uso de pedaços de giz como forma de agredir o colega, as bolinhas de papel que era muito utilizada com a desculpa da brincadeira ou ainda o passar a mão nas meninas. Em relação à pesquisa quantitativa, a tabulação dos dados dos questionários dos alunos, cujo resultado apresentado surpreendeu a todos, porém, para nosso trabalho só confirmou a hipótese levantada com as observações, pois os índices foram acima do esperado. De acordo com as questões e suas respostas é possível identificar os agressores, os espectadores e as vítimas conforme os dados da pesquisa: Pesquisa quantitativa por amostragem, realizado com alunos, da manhã, tarde e noite sobre violência na escola, organizada por turnos e séries. Pesquisa com alunos do Ensino Médio 3 e 2 anos e 8ª Série noturno Questão 01-De 41 alunos, 16 alunos são agressores. Questão 02-De 41 alunos, 09 alunos são espectadores, os que assistem os maus-tratos. Questão 03-De 41 alunos, 03 alunos são vítimas dos maus-tratos. Questão 04-De 41 alunos, 04 alunos são agressores porque já sofreram algum tipo de violência. Questão 05-De 41 alunos, 09 alunos que vítimas, mas que tem medo de contar. Pesquisa com alunos da 8 série e 1 ano Ensino Médio, turno matutino. Questão 01-De 26 alunos, 10 alunos são agressores. Questão 02-De 26alunos, 05 alunos são espectadores, os que assistem os maus-tratos. Questão 03-De 26alunos, 05 alunos são vítimas dos maus-tratos. Questão 04-De 26 alunos, 05 alunos são agressores porque já sofreram algum tipo de violência. Questão 05-De 26 alunos, 01 alunos que vítimas, mas que tem medo de contar. Pesquisa com alunos da 7ª série, turnos matutino e vespertino. Questão 01-De 94 alunos, 22 alunos são agressores. Questão 02-De 94 alunos, 20 alunos são espectadores, os que assistem os maus-tratos. Questão 03-De 94 alunos, 25 alunos são vítimas dos maus-tratos. Questão 04-De 94 alunos, 06 alunos são agressores porque já sofreram algum tipo de violência.
9 5212 Questão 05-De 94 alunos, 21 alunos que são vítimas, mas que tem medo de contar. E de 41 alunos, 24 responderam que os maus-tratos acontecem em sala de aula com o professor. Questão 01-De 41 alunos, 17 responderam que os maus-tratos acontecem em sala sem o professor. Por meio da análise dos dados e informações verificamos que o estabelecimento pesquisado, apresentava um índice elevado na incidência de Bullying em seus espaços, sendo que essa situação era pouco percebida e não reconhecida por grande parte da comunidade escolar, ou seja, o nível de consciência sobre o problema era baixo aliado ao pouco conhecimento sobre o Bullying e seus efeitos para a vida de crianças, adolescentes bem como para seu desempenho profissional, pois também afeta a saúde do professor, demonstrado no questionário bem como pela pouca participação na coleta de dados por parte dos profissionais, uma vez que foi entregue um questionário para cada profissional, porém poucos retornaram com as informações, onde também foi constatada a falta de diálogo entre os integrantes dessa comunidade escolar, numa relação vertical e técnica. Na atualidade a situação acima descrita já apresenta resultados positivos, com a mudança no comportamento e atuação dos profissionais, na redução dos índices de incidência de agressões e de casos encaminhados à Equipe Pedagógica. Os alunos estão mais informados e conscientes das situações de violência e suas conseqüências para seu desenvolvimento e aprendizagem. Considerações finais Os resultados mostraram a naturalização da violência como algo cultural ou do desenvolvimento do adolescente, bem como o desconhecimento da forma da escola agir e qual o papel dela diante das situações de violência em seu próprio espaço físico. Algumas respostas denotam a culpabilização das famílias pela falta de limites dos adolescentes. O desconhecimento sobre o Bullying, que marca profundamente a vida dos envolvidos tanto a vítima, quanto agressores e expectadores violando o direito de permanecer com sucesso na escola, praticado muitas vezes com a presença de profissionais que atuam nesse espaço, conforme a pesquisa nos aponta, torna-nos cúmplices e coniventes com a violência
10 5213 que não permite aos envolvidos serem sujeitos da sua história de sucesso e cidadãos participativos, mas de pessoas marcadas com rótulos e destinadas ao fracasso. Finalizamos com o depoimento de uma professora que atua no estabelecimento, certo dia nos encontramos no supermercado e presenciamos uma situação de desconforto em que ela se encontrava naquele momento, questionando-a sobre o que estava acontecendo ela não conseguiu explicar, outro dia, depois do encontro onde foram realizados estudos e discussões sobre o Bullying ela conseguiu identificar a situação vivenciada anteriormente e contou que:... só agora entendo que fui vítima de Bullying quando estudava nas séries finais do Ensino Fundamental, onde diariamente sofria com apelidos, rejeição, mas tinha medo de contar aos seus pais e professores e não ser compreendida, ser repreendida ou rotulada de fresca, ficava ansiosa, magoada, vivia apreensiva e isso atrapalhava meus estudos e minha aprendizagem e hoje mesmo na fase adulta ainda sofro com os traumas daquela época, pois a cada vez que encontro a pessoa que me maltratava na escola me sinto mal, desconfortável o qual não consigo sequer disfarçar... Assim como essa professora alguns alunos pedem para que o trabalho não pare, pois só assim se sentirão mais fortes e amparados para lidarem com a situação e para buscarem auxílio, comunicar o que está acontecendo para identificar os envolvidos e assim poder auxiliar e minimizar tanto a ocorrência quanto os efeitos nocivos para a vida das pessoas e da sociedade. REFERÊNCIAS FANTE, C. e PEDRA, J.A. Bullying escolar: perguntas e respostas. Porto Alegre: Artmed, NOGUEIRA, R.M.C.P.A. A prática de Violência entre pares: O Bullying nas escolas. Revista Iberoamericana de Educacion, nº.37 / 2005, pp MACARINI, S. M. e VIEIRA, M. L. Bullying: o que é e como preveni-lo. Revista Direcional Educador, nº.51 / 2005, pp OLIVEIRA, M. A. C. Psicopedagogia: a instituição educacional em foco. Curitiba: Ibpex, ZAGURY, T. Agressividade e Bullying. Revista Profissão Mestre, nº.111/2008, pp.25.
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