O BRASIL NO MERCADO MUNDIAL DO ALGODÃO
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- Maria da Assunção Branco Clementino
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1 O BRASIL NO MERCADO MUNDIAL DO ALGODÃO Robério F. dos Santos (Embrapa Algodão / chgeral@cnpa.embrapa.br), Joffre Kouri (Embrapa Algodão) RESUMO - Utilizando-se a definição de competitividade no mercado mundial como sendo aquela de o país manter ou expandir sua participação no mercado, além de promover, simultaneamente, a melhoria da qualidade e da produtividade, o objetivo deste trabalho foi o de analisar a posição do Brasil no mercado mundial do algodão. Isto foi feito usando-se séries históricas de dados mundiais disponíveis sobre área colhida, produção, rendimento médio, consumo, importação e exportação de algodão em pluma em quatro anos agrícolas dos últimos 60 anos: 1945/46, 1975/76, 1996/97 e 2005/06. Como conclusões principais verificou-se que, superado um período de crise que assolou a cotonicultura brasileira, o País voltou a figurar entre os 10 principais países produtores e exportadores de algodão e não mais figurar entre os 10 principais países importadores como ocorreu no período de 1993 a 2000 quando as importações atenderam, em média, 47 % do consumo nacional de algodão em pluma. Palavras-chave: cotonicultura brasileira, competitividade. INTRODUÇÃO Como destacam Urban et al. (1995:11) os têxteis, enquanto atividade industrial, constituem-se na mais antiga atividade organizada em termos de indústria, sendo que "(...) foi com o algodão produzido no sul das então colônias inglesas da América do Norte, que a atividade têxtil ganhou grande impulso, a ponto de passar a dominar o mercado mundial a partir da Inglaterra". Eles chamam a atenção, também, para o fato de que ainda (...) não se encontrou fonte de matéria-prima com capacidade de deslocar o algodão da posição de principal fibra utilizada nas confecções". Não restam dúvidas de que a competitividade se acirrou com o processo de globalização da economia mundial. Freire et al. (1996:2) deixam isto claro quando comentam que "(...) a abertura generalizada de diferentes países para o comércio internacional tem facilitado sobremaneira a aquisição tanto da mais moderna tecnologia de produção por parte de indústrias que deles sentem necessidade para melhoria de sua competitividade, como a compra de matéria-prima no mercado internacional a preços inferiores àqueles do produtor/fornecedor do próprio país onde a indústria está sediada" 1. Qualquer análise da cadeia produtiva têxtil, ou de setores particulares que a compõem em uma economia globalizada, leva-nos à necessidade de se considerar a competitividade não apenas no curto prazo, como preço reduzido da matéria-prima no mercado internacional, provocado inclusive por subsídios na produção e exportação impostos por alguns países, mas também "(...) da detecção de tendências a longo prazo no mercado consumidor e fornecedor, determinantes não só da mais competitiva tecnologia (...) a ser utilizada, mas também das estratégias para aquisição da matériaprima" (FREIRE et al.,1996:3). 1 No caso específico da cadeia produtiva têxtil, o processo de globalização se acelera com o desmantelamento gradativo das barreiras estabelecidas pelo Acordo Multifibras (na conclusão da Rodada Uruguaia do Gatt, estabeleceu-se um período de 10 anos para o fim das barreiras).
2 Considerando-se Rosa e Melo (1995:277) que conceituam competitividade como "(...) capacidade, real ou potencial, de o setor manter ou expandir sua participação nos mercados nacional e internacional, além de promover, simultaneamente, a melhoria da qualidade e da produtividade" 2 objetiva-se, neste trabalho, analisar a posição do Brasil no mercado mundial do algodão. MATERIAL E MÉTODOS A partir de dados básicos do Cotton World Statistics (1993,1995); Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) buscou-se analisar a posição do Brasil no mercado mundial do algodão. Identificaram-se os dez principais países em área colhida e produção, consumo, rendimento médio, importação e exportação de algodão, além de se destacar a evolução da produção, do consumo, das importações e exportações de algodão em pluma do Brasil. Para analisar a posição do Brasil no mercado mundial do algodão, foram considerados quatro anos agrícolas dos últimos 60 anos: 1945/46, 1975/76, 1996/97 e 2005/06. Situação Mundial RESULTADOS E DISCUSSÃO Utilizando-se dados do Cotton World Statistics (1993,1995) e do Cotton World and Trade (1997 a 2006, 2007) observa-se, na Tabela 1, o que ocorreu no mercado mundial do algodão, nos últimos sessenta anos. Comparando-se os anos agrícolas 2005/06 e 1945/46, verifica-se que o menor crescimento ocorreu na área colhida (54%), enquanto a produção (434%), o rendimento médio (245 %) e o consumo (371 %) tiveram acréscimos bastante significativos. Fica claro que a melhoria no nível tecnológico teve participação significante no equilíbrio que se verifica entre consumo e produção de algodão no período. Observando-se as duas últimas colunas da Tabela 1 pode-se concluir que ocorreu, também, aumento na movimentação da matéria-prima entre países importadores e exportadores. Tabela 1. Área colhida, produção, rendimento médio, consumo, importação e exportação de algodão em pluma; totais mundiais, 1945/46 a 2005/06 Ano Agrícola Área Colhida (1.000ha) Produção (1.000t) Rendimento Médio (Kg/ha) Consumo (1.000t) Importação (1.000t) Exportação (1.000t) 1945/ / / / / / / / / / / / / Fonte: Dados básicos do Cotton World Statistics (1993,1995); Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) 2 Qualidade do produto e produtividade da terra e/ou do trabalho
3 Nas Tabelas 2, 3 e 4 foram analisados em quatro anos agrícolas dos últimos 60 anos os dez principais países em área colhida, produção, consumo, rendimento médio, importação e exportação. No que se refere aos três primeiros itens, verifica-se que, dentro de cada um, ou entre eles, os países são praticamente os mesmos nos quatro anos considerados. Se for considerada a série completa de anos entre 1945/46 e 2005/06, observar-se-á que, no geral, as sete primeiras posições são ocupadas pelos mesmos países, ocorrendo mudanças apenas nas colocações 3. É de fundamental importância a observação de que sete, entre os 10 principais países consumidores, têm sido, também, nos últimos 60 anos, os principais produtores. Acrescente-se que a freqüentemente é importadora 4, que o Uzbequistão, a Turkmenia e o Tadjiquistão exportam prioritariamente para a Rússia e que o comércio mundial de algodão é bastante restrito (o volume negociado tem ficado, nos últimos 60 anos, em torno de 30 % do total produzido). Nas Tabelas 2, 3 e 4, constata-se também que, nos quatro pontos observados nos últimos 60 anos, o Brasil manteve sua participação entre os dez principais países em área colhida e consumo de algodão, perdendo essa participação entre os principais produtores em 1996/97. Mesmo assim, considerando-se a série completa de dados para algodão herbáceo e arbóreo do Cotton World Statistics (1993,1995) e do Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007), no período 1945/46 a 2005/06, pode-se observar que a área colhida, a produção, o rendimento médio e o consumo brasileiros no ano agrícola 1996/97 foram, respectivamente, 34 %, 96 %, 479 % e 472 % superiores àqueles do ano agrícola 1945/46. Destaca-se, também, que a maior área colhida com algodão no Brasil ocorreu no ano agrícola 1984/85. Tabela 2. Os dez principais países em área colhida e produção de algodão, 1945/46, 1975/76, 1996/97 e 2005/06 Área Colhida Produção 1945/ / / / / / / /06 Índia Brasil Índia Índia Índia Índia Índia Índia Paquistão Paquistão Índia Paquistão Paquistão Paquistão Uzbequistão Uzbequistão Brasil Paquistão Uzbequistão Uzbequistão Uganda Brasil Argentina Brasil Egito Turquia Turquia Brasil Egito Turquia Turquia Burkina México Brasil Austrália Turquia México Uganda Brasil Turquia Peru Egito Egito Austrália Argentina Egito Turkmenia Turkmenia Argentina México Argentina Grécia Zaire Nigéria Grécia Mali Sudão Síria Grécia Síria 84,54 82,62 79,69 79,13 93,51 84,60 83,81 86,92 Fonte: Dados básicos do Cotton World Statistics (1993,1995); Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) Obs.: Os números em destaque referem-se à participação percentual dos dez principais países no total mundial Essa perda de posição do Brasil entre os dez principais países em produção de algodão, que se verifica no ano agrícola 1996/97, foi decorrente de um período de crise ocorrida na cotonicultura brasileira a partir de 1984/85 que provocou uma tendência de declínio na área colhida e, 3 Não se pode esquecer de que, a partir de 1991/92, os países da ex- começam a aparecer isoladamente 4 A aparece como importadora 28 vezes nos últimos 34 anos
4 conseqüentemente, na produção nacional chegando, em 1996/97, a 19 % e 29 %, respectivamente, dos totais obtidos em 1984/85, apesar do rendimento médio ter apresentado tendência de crescimento. Devido essa crise, no ano agrícola 1996/97 o Brasil aparece como o segundo maior importador de algodão do mundo quando, no passado, já havia assumido a posição de segundo maior exportador. Superado esse período de crise, em 2005/06 o Brasil volta a figurar entre os dez principais países produtores e exportadores de algodão. A redução na área colhida com algodão no Brasil nesse período de crise não foi preocupante por si só. O que preocupou foi o fato de que, apesar do rendimento médio ter apresentado tendência de crescimento, tanto para o algodão herbáceo e arbóreo, tal rendimento não foi suficiente para compensar a redução da produção oriunda do efeito declinante da área colhida. Usando-se dados do Cotton World Statistics (1971 a 1996) e do Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) pode-se comparar para alguns cortes seccionais nos últimos 36 anos, a produção e o consumo de algodão em pluma no Brasil (Figura 1). Foi a partir de 1988/89 que o consumo se efetivou como superior à produção nacional. Com a recuperação da produção, essa relação se inverte novamente a partir do início dos anos Segundo dados do Cotton World Markets and Trade (2007) o Brasil volta a integrar a lista dos dez principais países produtores, ocupando a 7ª posição em 2002/03, a 5ª em 2003/04 e 2004/05 e a 6ª em 2005/06. Tabela 3. Os dez principais países em consumo e rendimento médio de algodão, 1945/46, 1975/76, 1996/97 e 2005/06 Consumo Rendimento médio 1945/ / / / / / / /06 Egito Israel Israel Austrália Índia Índia Índia Peru Guatemala Austrália Síria Paquistão Grécia Espanha Espanha Índia Paquistão Turquia Sudão México Síria Turquia Brasil Japão Turquia Guatemala Turquia Grécia França Paquistão Brasil Brasil Síria México Brasil Espanha Brasil Indonésia Bangladesh México Turquia México Turquia Itália Indonésia Síria Espanha Egito México Argentina Egito México México Grécia Egito Índia Alemanha Taiwan Tailândia Irã Peru Grécia Colômbia 80,71 71,35 75,57 85,14 159,0 220,0 192,0 170,17 Fonte: Dados básicos do Cotton World Statistics (1993,1995); Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) Obs.: Os números em destaque referem-se à participação percentual dos dez principais países no total mundial, sendo que no caso do rendimento médio a relação é a média dos dez principais países com a média mundial Segundo Ferreira et al. (2005:17) há previsões de cenários futuros no mercado de que o Brasil possa cultivar 5,0 milhões de hectares de algodão, tornando-se o maior produtor e exportador de fibras do mundo nos próximos 10 anos. Esses cenários se baseiam na crescente necessidade de fibras pela, na exaustão da água dos lençóis freáticos usados na irrigação nos principais países produtores, na redução dos subsídios agrícolas nos EUA, no crescimento da economia mundial e na falta de terras para expansão dos cultivos fora do Brasil. Isto implicaria a manutenção de um crescimento anual da produção nacional superior a 17,56 % a.a. e o incremento de 4,33 milhões de hectares de terra
5 cultivada no País, especialmente no cerrado. No entanto, em termos de economia mundial, o crescimento da demanda de 2,49 % a.a. abaixo do crescimento da produção de 4,98 % a.a observado nos últimos cinco anos e a capacidade de resposta em produção ainda existente nos principais países produtores (...) tornam aqueles cenários de difícil realização. Entretanto, o Brasil conseguirá se manter entre os cinco maiores produtores do mundo, dado os investimentos já feitos na cultura e somente não atingirá as melhores expectativas pela incapacidade do mercado mundial de absorver a produção potencial. Tabela 4. Os dez principais países em importação e exportação de algodão, 1945/46,1975/76, 1996/97 e 2005/06 Importação Exportação 1945/ / / / / / / /06 França Japão França Brasil Turquia Brasil Uzbequistão Uzbequistão Itália Alemanha Indonésia Bangladesh Egito Turquia Austrália Índia Taiwan Itália Indonésia Índia Sudão Argentina Austrália Índia Coréia Taiwan Tailândia Peru Egito Índia Brasil Espanha Coréia do Paquistão Sul Irã Grécia Grécia Bélgica Itália Japão México Sudão México Mali Burkina Japão Tailândia Russia México Síria Síria Mali Suíça Portugal Turquia Taiwan Uganda Guatemala Benin Kazakhstan Portugal Checoslov Coréia do México áquia Sul Zaire Paquistão México Turkmenia 55,00 55,66 59,85 81,86 93,42 71,24 75,34 80,65 Fonte: Dados básicos do Cotton World Statistics (1993,1995); Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) Obs.: Os números em destaque referem-se à participação percentual dos dez principais países no total mundial 1400,00 Produção em Pluma (1000t) Consumo médio (1000t) 1200, ,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0, Figura 1. Produção e consumo de algodão em pluma no Brasil. Fonte: Dados básicos do Cotton World Statistics (1971 a 1996); Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) Na Figura 2 pode ser observada claramente a trajetória das importações e exportações de algodão em pluma no Brasil. As importações começam a assumir cifras importantes no ano de 1986 (8
6 % do consumo nacional), a se acelerar a partir de 1989 (12 % do consumo nacional), atingindo os maiores picos no período de 1993 a 2000 quando as importações atenderam, em média, 47 % do consumo nacional de algodão em pluma. Com a recuperação da produção nacional a partir do início dos anos 2000, o Brasil reduz significativamente suas importações e aumenta suas exportações. Em 2001 as exportações já são maiores que as importações e o país volta a figurar entre os dez principais países exportadores do mundo, ocupando as 8º, 6º, 4º e 5º posições, em 2003, 2004, 2005 e 2006, respectivamente (Cotton World Markets and Trade, 2007). 600,00 Importação (1000t) Exportação (1000t) 500,00 400,00 300,00 200,00 100,00 0, Figura 2. Evolução das importações e exportações de algodão em pluma do Brasil. Fonte: Dados básicos do Cotton World Statistics (1971 a 1996); Cotton World Markets and Trade (1997 a 2006, 2007) Em termos de cenário internacional, a dependência do Brasil em relação às importações de algodão em pluma era preocupante. Primeiro, como já mencionado, devido ao baixo intercâmbio do comércio entre países, principalmente por serem os maiores produtores também os maiores consumidores. Segundo, devido à ocorrência de certa regionalização deste comércio como, por exemplo, a existente entre os países da ex-. Terceiro e não menos importante, a natural tendência dos países exportadores de priorizarem a exportação de produtos com maior valor agregado, o que leva, sem dúvida, ao estabelecimento de prioridades para exportação de fios e tecidos, como já ocorre com os países do bloco asiático. Em reunião ocorrida em outubro de 1997 no Paraguai, patrocinada pelo International Cotton Advisory Committee, diversos países, entre eles a Argentina, manifestaram a intenção de incrementar a industrialização da pluma do algodão, visando exportar produtos com maior valor agregado. Isto influenciou a oferta de pluma no mercado internacional, afetando países, como o Brasil que estava, então, optando pela grande dependência deste mercado. Os três pontos mencionados deixam claro o risco que a dependência de importação de algodão em pluma impôs à cadeia agroindustrial brasileira do algodão. O fato de a indústria têxtil ter conseguido matéria-prima no mercado internacional em quantidade suficiente para fazer face à redução da produção nacional, principalmente no período de 1992/93 a 1999/00, não é garantia de que isso ocorra novamente. A entrada de importações que ocorreram nesse período, foi (...) facilitada pela abertura comercial que o governo brasileiro conferiu ao setor e pelos preços artificialmente baixos, conseguidos mediante conhecidos subsídios na origem. Em 1993, o súbito aumento das importações registrado (...) foi devido basicamente à entrada de um grande volume de algodão em pluma, subsidiado principalmente dos EUA. Segundo, registra o próprio Departamento de Agricultura norteamericano, as exportações para o Brasil passaram de 182 mil fardos em 1992, para 337 mil em 1993" (BASTOS FILHO,1995:29-30).
7 Além desses aspectos, precisa-se mencionar, ainda, que as facilidades de financiamento dos produtos importados (prazo de até 400 dias e taxas de juros de 6 a 8 % ao ano) tornaram o produto nacional menos atraente para a indústria têxtil brasileira (BASTOS FILHO, 1995:30). Pelos cenários apresentados fica claro, no entanto, que as vantagens que beneficiaram o algodão em pluma importado poderão não ocorrer novamente. Não se pode exigir da indústria têxtil brasileira que renuncie às vantagens de custos menores disponíveis no curto prazo, quando isto significa não só lucros maiores, mas também matéria-prima com qualidade extrínseca melhor; entretanto, a redução de tarifas aduaneiras também afeta os fios e tecidos de algodão, aumentando a competitividade do produto estrangeiro. A indústria têxtil se conscientizou de todos estes problemas e se dispôs a participar de uma parceria público-privada na cotonicultura brasileira, incentivando e financiando a atuação da pesquisa com algodão no Brasil, o que possibilitou a volta do país à condição de se posicionar entre os 10 principais países produtores e exportadores de pluma de algodão a partir de 2003, quando na década de 90 chegou a se posicionar (em 1994 e 1996) como segundo maior importador. CONCLUSÕES Neste trabalho foram analisados em quatro anos agrícolas dos últimos 60 anos os dez principais países em área colhida, produção, consumo, rendimento médio, importação e exportação e constatou-se que, nos quatro pontos observados, o Brasil manteve sua participação entre os dez principais países em área colhida e consumo de algodão, perdendo essa participação entre os principais produtores em 1996/97. Destacou-se que essa perda de posição do Brasil entre os dez principais países em produção de algodão, que se verificou no ano agrícola 1996/97, foi decorrente de um período de crise ocorrida na cotonicultura brasileira a partir de 1984/85 que provocou uma tendência de declínio na área colhida e, conseqüentemente, na produção nacional chegando, em 1996/97, a 19 % e 29 %, respectivamente, dos totais obtidos em 1984/85, apesar do rendimento médio ter apresentado tendência de crescimento. Devido essa crise, constatou-se que no ano agrícola 1996/97 o Brasil já assumia a posição de segundo maior importador de algodão do mundo quando, no passado, já havia ocupado a posição de segundo maior exportador. Constatou-se também que, superado esse período de crise, em 2005/06, o Brasil voltou a figurar entre os dez principais países produtores e exportadores de algodão do mundo e não mais figurar entre os 10 principais países importadores como ocorreu no período de 1993 a 2000 quando as importações atenderam, em média, 47 % do consumo nacional de algodão em pluma. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Alertar para os riscos que a dependência de importações pode provocar à cadeia agroindustrial brasileira do algodão e mostrar a capacidade, real ou potencial, de o setor manter ou expandir sua participação nos mercados nacional e internacional, além de promover, simultaneamente, a melhoria da qualidade e da produtividade. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS FILHO, G.S. Algodão: qualidade e fibra. Agroanalysis, v.15, n.8, p.25-30, ago COTTON WORLD MARKETS AND TRADE. Washington, D.C.: USDA, 1997/2006. COTTON WORLD MARKETS AND TRADE. Washington, D.C.: USDA, Disponível em: Acesso em jan COTTON WORLD STATISTICS. Washington, D.C.: ICAC, 1993.
8 COTTON WORLD STATISTICS. Washington, D.C.: ICAC, COTTON WORLD STATISTICS. Washington, D.C.: ICAC, 1971/1996. FERREIRA, G.B.; KOURI, J.; FERREIRA, M.M.M. O estado atual do agronegócio do algodão no Brasil: histórico, situação atual e perspectiva de expansão, especialmente no Nordeste. Campina Grande, PB: Embrapa Algodão, p (Embrapa Algodão. Documentos, 143). FREIRE, F.de S.; MELO, M.C.P. de; ALCOUFFE, A. Novos aspectos da influência da cotonicultura no setor têxtil brasileiro. [S.l.: s.n.] ROSA, A.L.T. da; MELO, M.C.P. de. O poder competitivo da indústria têxtil cearense no contexto nordestino e brasileiro. Revista Econômica do Nordeste, v.26, n.3, p , jul./set URBAN, M.L. de P.; BESEN, G.M.V.; GONÇALVES, J.S.; SOUZA, S.A.M. Desenvolvimento da produção de têxteis de algodão no Brasil. Informações Econômicas, v.25, n.12, p.11-28, dez
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