O AGRONEGÓCIO DO ALGODÃO NO MUNDO. I - CASO DA GRÉCIA
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- Thomas Sousa Ferreira
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1 O AGRONEGÓCIO DO ALGODÃO NO MUNDO. I - CASO DA GRÉCIA Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 1, Gleibson Dionízio Cardoso 2. (1) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, , Campina Grande, PB. nbeltrao@cnpa.embrapa.br, (2) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, , Campina Grande, PB. gleibson@cnpa.embrapa.br RESUMO No continente europeu poucos países produzem algodão, sendo em geral médios a grandes consumidores de fibra de algodão, como os casos da Itália, da Alemanha e de Portugal, que na safra 2001/2002 consumiram respectivamente t, t e t de pluma. A Grécia é um caso a parte, pois é um grande produtor de algodão, chegando a cifra a t de pluma/ano na safra de 1999/2000 e com estimativa para produzir na safra de 2002/2203 cerca de t de pluma. Quase toda área é irrigada, com elevado rendimento, superior a 900kg de fibra/ha, média dos últimos cinco anos, período de 1998 a Predominando pequenos produtores, com área média inferior a 3,5 hectares, com uso de sistemas de produção de elevado uso de insumos, em especial de fertilizantes. INTRODUÇÃO Na Europa somente dois países produzem algodão, a Grécia e a Espanha, ambos com a maior parte da área em regime de irrigação (International Cotton Advisory Comittee, 1998), e com uso intensivo de insumos modernos, em especial de fertilizantes. A Grécia, que oficialmente é denominada de Republica Helênica (Hellennike Demokratia), está situada no sudoeste da Europa, abrangendo a península montanhosa do Peloponeso e cerca de duas mil ilhas nos mares Egeu e Jônico, das quais a maior é Creta (Almanaque Abril, 2002). A Grécia tem km2, clima tipo mediterrâneo e o PIB total de 125 bilhões de dólares, do qual 7% vem do setor primário, sendo que o algodão é a principal cultura de exportação e grande gerador de emprego e renda, com mais de produtores desta malvaceae (Kalogiros, 1991). O algodão e sua cadeia produtiva, envolvendo todo seu agronegócio, é uma das maiores fontes de renda do mundo atual e dos países produtores que são mais de 70, dos quase 200 que atualmente existem no mundo, a Grécia é um dos principais produtores. Objetivou-se com este trabalho evidenciar a importância da cotonicultura na Republica helênica e sua participação no contexto mundial do algodão, bem como fornecer informações sobre os sistemas de produção desta fibrosa praticados neste pais europeu. MATERIAL E MÉTODOS Para a feitura deste trabalho, trabalhou-se com dados secundários obtidos de diversas fontes de consulta, com destaque para alguns documentos oficiais do ICAC (International Cotton Advisory Committee), traduzido para Comitê Internacional do Algodão, documentos assim identificados (International Cotton Advisory Committee, 1998; International Cotton Advisory Committee, 1999; International Cotton Advisory Committee, 2000 e International Cotton Advisory Committee, 2002). As tabelas que fazem parte do trabalho foram feitas com dados obtidos via quadros gerais de informações sobre o algodão no mundo, retiradas do documento do ICAC retromencionado, do ano de 2002, que tem as projeções para a safra de 2002/2003.
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Grécia o algodão e sua cadeia é de elevada importância, em especial na pauta de exportações, representando mais de 35% do total do comercio externo do pais, com mais de 60% da produção, que na safra de 2001/2002 foi de t de pluma, para um consumo industrial inferior a t de pluma/ano (International Cotton Advisory Committee, 2002), o que representou, respectivamente 1,96% e 4,20% do mundo, que na mesma safra produziu mil toneladas de algodão em pluma e exportou 6.113mil toneladas de pluma de algodão. O algodão na Republica helênica é hoje a mais importante fonte de renda externa para sua economia, de acordo com as informações de Kalogiros (1991). Na Grécia, os níveis de produtividade são elevados (International Cotton Advisory Committee, 1998), nos últimos cinco anos superiores a 900kg de fibra/ha, sendo que existem no pais duas grandes regiões de produção: O Norte, Macedônia, com 40% do total e a região Central, Thessaly, com 43% do produção, ficando o restante em Epiros e Peloponessos. Na Macedônia, onde as produtividades obtidas são as mais baixas do pais, média de 800kg de fibra/ha e na região Central (Espirros e Peloponeso) a produtividade ultrapassa os 1100kg de fibra/ha. Na Tabela 1 podem ser vistos os dados da cadeia do algodão na Grécia em comparação ao mundo, o Brasil e os Estados Unidos da América do Norte, safras de 1999 a 2001 denotando-se a importância relativa do primeiro pais citado. Conforme pode-se verificar a produtividade deste país, está bem acima da media do mundo, que tem aumentado muito pouco nos últimos dez anos, devido a uma serie de problemas verificados nos sistemas de produção em uso (ICAC, 1997), em especial novas doenças, pragas e manejo cultural inadequado, além de reduzidos ganhos genéticos nas cultivares mais recentes, embora com ganhos significativos da percentagem de fibra e outras variáveis. O Brasil é na verdade o único pais que vem incrementando ano a ano a sua produtividade, que é uma das maiores do mundo, mesmo sem o uso da irrigação, e com custo de produção menor do que os países que utilizam esta pratica agrícola. Na Tabela 2, safras mais recentes de 2001/2002 e projeção para a safra de 2002/2003, verifica-se que a produtividade do algodão na Grécia aumentou, ultrapassando os 1000kg de fibra/ha, bem acima da média do mundo e dos USA, e próximo da produtividade do Brasil No tocante ao principal sistema de produção usado na Grécia, o ICAC (International Cotton Advisory Committee, 1998) assim descreve: Cerca de 120 cultivares são recomendadas, sendo que 25% são sintetizadas no próprio pais; usa-se cerca de 20kg de sementes deslintadas por hectare e a profundidade de plantio é de 4,0cm. A irrigação é usada em 95% da área e a maioria é com aspersão auto-propelido, variando o numero de regas entre duas a seis. O uso de fertilizantes é elevado, com media de 500 a 800kg de adubos por hectare por ano, sendo de 60 a 70kg de fósforo (P 2 O 5 ), nitrogênio via foliar e quase sempre não se usa potássio, pois os solos são bastante ricos deste macronutriente. Quanto as doenças, destacam-se a murcha de Verticillum, que é uma enfermidade vascular, sendo causada pela raça A de Verticillum dahliaee a outra também importante é a bacteriose, causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv. Malvacearum. No tocante as pragas, destacam-se como as mais importantes a lagarta rosada (Pectinophora gossypiella) e o pulgão (Aphis gossypii), além de vários outros que podem dependendo do ano e da região causar elevados problemas para os produtores. Com relação a colheita cerca de 95% do total é colhido a maquina, tipo Picked (Existem cerca de 3000 colheitadeiras na Grécia), tendo 84 industrias de descaroçamento e toda fibra produzida é classificada via instrumento de levado volume, o HVI, com classificação por fardo internacional de 217,7kg de fibra e densidade usada para exportação. Metade do algodão produzido é do tipo de cor branca, como evidenciado pelo HVI. CONCLUSÕES Apesar da Grécia, apresentar clima do tipo mediterrâneo e ter limitações de solos, em especial no tocante a topografia, tem uma das maiores produtividades de algodão em pluma do mundo, superior
3 a media mundial e próximo dos 900kg de fibra/ha; Neste pais, um dos maiores produtores de algodão do mundo, predomina pequenos produtores, com área media inferior a 4,0 hectares, sendo o produto obtido de boa qualidade global, metade de cor branca e fibra média; A Grécia é um dos grandes exportadores de algodão do mundo, sendo o principal produto de exportação deste pais.
4 Tabela 1. Área plantada, rendimento, produção, estoque inicial, importação, exportação e estoque final de algodão em pluma no Mundo, Grécia, USA e no Brasil, nas safras de 1998/1999, 1999/2000 e 2000/2001. Safras Indicadores Mundo Grécia USA Brasil 1998/ / / / / / / / / / / /2001 Área plantada (10 3 ha) Rendimento (kg fibra/ha) Produção (10 3 t) Estoque inicial (10 3 t) Importação (10 3 t) Consumo (10 3 t) Exportação (10 3 t) Estoque final (10 3 t) Fonte: Cotton. May-june (1999) & Cotton. Sep-oct. (2000). Tabela 2. Área plantada, rendimento, produção, estoque inicial, importação, exportação e estoque final de algodão em pluma no Mundo, Grécia, USA e no Brasil, nas safras de 2001/2002 e 2002/2003. Indicadores Mundo Grécia USA Brasil 2001/ / / / / / / /2003 Área plantada (10 3 ha) Rendimento (kg fibra/ha) Produção (10 3 t) Estoque inicial (10 3 t) Importação (10 3 t) Consumo (10 3 t) Exportação (10 3 t) Estoque final (10 3 t) Safras Fonte: Cotton. May-june (1999) & Cotton. Sep-oct. (2000).
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMANAQUE ABRIL. MUNDO São Paulo, SP. Editora Abril p. INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE. Cotton Review of the world situation. Washington, USA. ICAC. v.52, n.5, may/jun, p. INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE. Cotton Review of the world situation. Washington, USA. ICAC. v.54, n.1, sep-oct, p. INTERNATIONAL COTTON ADVISORY COMMITTEE. Cotton: Review of the world situation. Washington, USA. ICAC. v.55, n.3, jan/feb, 2002, 19 p. KALOGIROS, KONSTANTINOS. Environmental manegement strategies for cotton growing in Greece with particular reference to integrated pest management (IPM) on cotton pests.in: Growing Cotton in a safe enviroment. Antalya, Turkey. International Cotton Advisory Committee. sep p THE ICAC RECORDER. International Cotton Advisory Committee. Washington, USA. ICAC, v.16, n.2, p.3-7, jun, THE ICAC RECORDER. International Cotton Advisory Committee. Washington, USA. ICAC. v.15, n.1, p.3-7, march,1997.
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