Gisele Chibinski Parabocz BELADONA
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- Bernardo Rijo Estrada
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1 Gisele Chibinski Parabocz Beladona - Atropa belladona Partes usadas: folhas e raiz. Família: Solanáceas Características: Planta vivaz, de caule ramificado de folhas alternas, ovais e moles. Suas flores são campanuladas que se transformam em bagas negras. BELADONA Princípios Ativos: Contêm 1% de alcalóides derivados do tropano (hiosciamina, atropina), ácido atrópico, beladonina e escopolamina. Propriedades: antiasmático, relaxante muscular. Indicações: Relaxa os músculos lisos, reduz as dores das cólicas urinárias e da vesícula biliar, aliviam as crises de asma (antiasmático). São igualmente usados para reduzir os suores noturnos dos tuberculosos. O efeito da atropina (dilatação da pupila ocular) é utilizado nos exames oftalmológicos. Toxicologia: É planta extremamente tóxica. 1 *Histórico O nome beladona que nominavam na Itália à Atropa belladona foi consagrado como epíteto específico a partir de Linné. Atropa, justificado pela toxidade destes vegetais, recorda a uma das parcas da mitologia grega, isto é, à inflexível, de cujas mãos pendia o fio de nossas vidas. O popular beladona alude ao uso desta planta na cosmética da mulher italiana daquele tempo, porque com o sumo de seus frutos, tratariam de embelezar seus olhos, aumentando a pupila, pela virtude midriática da atropina. Porém, também pode ser que a palavra beladona derive de bellonaria, nome antigo desta planta, empregada para envenenar flechas. Também parece relacionar-se com o nome de bel láidor, que dão em Marrocos a esta espécie. 4 Aspectos botânicos A Beladona é uma planta perene, de caule cilíndrico muito ramificado, que atinge uns 40 a 150cm de altura. As folhas são ovais lanceoladas, de ápice acuminado, com um pecíolo curto; as superiores são germinadas (ocorrem aos pares) e muito desiguais no tamanho e formato, inteiras ou sinuadas, verde-escuras, mais ou menos glabras. Cada par de folhas geminadas
2 é constituído por uma folha grande e outra menor, dispostas sempre do mesmo lado, na parte superior. A folha mede de 5 à 25 cm de comprimento por 4 a 12 cm de largura As flores são solitárias, túbulo-campanuladas, com cálice persistente, verde, com 5 lobos pubescentes e corola de até 2,5 cm de comrpimento por 1,2 cm de largura, purpúrea ou castanho amarelada, com 5 pequenos lobos voltados para fora. As flores se formam entre os pecíolos de duas folhas germinadas. A flor é amrarelada no fundo da parte interna. A flor resulta no fruto que é uma baga subglobular de cor verde até castanha, chegando a medir 1,2 cm de diâmetro, suculenta, contendo numerosas sementes comprimidas, reniformes, pequenas, finamente pontuadas, com o albúmen carnoso e o embrião curvo. A ingestão de um único fruto ou baga pode ser fatal. O rizoma subterrâneo é espesso, carnudo, com numerosas raízes. Do rizoma emergem os caules anuais. Os frutos são os órgãos mais ricos em alcalóides, mas como neles as porcentagens são muito variáveis, prefere-se colher, secar, amadurecer e comercializar apenas as folhas e as sumidades floridas onde a porcentagem de alcalóides é relativamente constante. As folhas e sumidades floridas destinadas à comercialização e industrialização não deverão conter frutos já formados, salvo permissão prévia do comprador. As folhas e sumidades floridas dessecadas de Beladona possuem um odor fraco, particular e nauseabundo, lembrando o fumo. Já a folha verde, fresca, quando amassada apresenta um odor desagradável, que diminui com a secagem. 1 *Aspectos agronômicos A Beladona é uma planta encontrada no estado nativo nos lugares sombreados de bosques, matas, localizados em regiões elevadas e clima frio no inverno, na Europa central e do sul, nos Bálcãs, Caucásia, Irã e outras partes da Ásia, norte da África, dentre outros lugares, tendo sido introduzida no Brasil, Estados Unidos, etc. A Beladona é cultivada extensamente como planta medicinal nos Estados Unidos, Itália, Espanha, Hungria, França, Inglaterra, Portugal, Alemanha e Índia.
3 A Beladona alcança um desenvolvimento vegetativo maior e uma riqueza máxima de alcalóides, quando é cultivada em terrenos de aluvião, leves, profundos, permeáveis, arenosos, argilo-magnesianos, bem preparados e melhorados com fertilizantes químicos nitrogenados e fosfatados, principalmente. Não se deve cultivar a Beladona na parte baixa de terrenos inclinados perto de cursos de água, nem em vales ou lugares com elevada umidade atmosférica, pois esta planta diminui o teor de alcalóides em ambientes úmidos. O terreno escolhido deverá ser arado uma primeira vez no inverno a cm de profundidade, para possibilitar um bom desenvolvimento dos rizomas e raízes. A seguir se espalham e se incorporam até 60 toneladas por hectare de esterco curtido, na quantidade requerida para uma textura adequada do solo e finalmente se efetua uma segunda aração mais superficial e passagem da grade para destorroar e pulverizar o solo de tal forma que ele fique inteiramente macio. Caso necessário se incorpora calcário. Na primavera, se plantam as mudas provenientes de sementeiras, ou estacas ou então os pedaços de rizomas ou touceiras divididos, ou de rebentos novos emitidos por plantas adultas. A Beladona é uma planta capaz de viver vários anos (de 15 a 20 anos), porém convém renovar a cultura com intervalos de 3 a 5 anos, pois a partir do quinto ano de vida da planta a porcentagem de alcalóides e a produtividade decrescem. A Beladona prefere os climas amenos durante todo o transcorrer do ano, razão pela qual se dá melhor em planaltos ou regiões montanhosas. Esta planta não tolera o calor intenso de verões muito quentes, e nem o frio rígido de invernos rigorosos. As geadas e a neve geralmente matam a Beladona. O calor ameno e a baixa umidade atmosférica aumentam os teores em alcalóides, e uma elevada umidade atmosférica e a radiação solar excessiva exercem um efeito oposto nas plantas de uma cultura. A Beladona se propaga por semente, divisão das touceiras, divisão dos rizomas, estacas e por rebentos. Os melhores métodos para a implantação de uma cultura desta planta são: por semente ou por rebentos. Quando se usam as sementes, elas deverão ser semeadas em sementeiras para a produção prévia de mudas a ser transplantadas posteriormente para o local definitivo da cultura. Quando se plantam rizomas ou pedaços deles, deve-se tomar o cuidado de enterra-los de tal forma que a parte contendo uma ou mais gemas fique situada a uns 5 cm acima da superfície do solo. No local definitivo as mudas ou outras partes divididas da planta, deverão ser plantadas em linhas separadas por 80 a 100 cm, e entre uma planta e outra na linha conserva-se uma distancia de 60 a 80 cm. A colheita de folhas ou sumidades floridas se efetua pela manhã, mas esperando que a planta seque inteiramente do orvalho da noite. As folhas podem ser colhidas pelo corte dos ramos superiores de cada planta. As sumidades floridas deverão ser colhidas com os botões florais fechados, antes que as flores comecem a desabrochar. A primeira floração da Beladona e conseqüente prévia da colheita já ocorre uma a duas vezes no primeiro ano de vida da planta, em geral uma na primavera e outra no outono. So terceiro ano em
4 diante já poderão ocorrer 3 florações por ano. 5 *Estudos etnofarmacológicos O rizoma e as folhas secas (não mais que 0,05 g/dia) se empregam como antiespasmódicas, sedantes, arritmias cardíacas e para reduzir as secreções das glândulas salivares e sudoríparas. Externamente é usada em afecções reumáticas. Antigamente se empregava em casos de enurese e diarréia. 3 Atropina, escopolamina e alcalóides relacionados da Beladona Fontes e membros Os medicamentos da beladona estão amplamente distribuídos na natureza, especialmente nas plantas solanáceas. A Atropa belladona fornece principalmente o alcalóide atropina (dl-hiosciamina). O mesmo alcalóide é encontrado na Datura stramonium, conhecida como estramônio ou figueira do inferno. O alcalóide escopolamina (hioscina) é encontrado principalmente no arbusto Hyoscynamus niger (meimendro negro) e Scopolia carniolica. 2 *Composição Química Atropina e escopolamina são ésteres orgânicos formados pela combinação de um ácido aromático (ácido trópico) e bases orgânicas complexas, seja tropina (tropanol) ou escopina. 2 *Mecanismo de ação A atropina e compostos semelhantes são antagonistas competitivos das ações da Ach e outros agonistas muscarínicos; eles competem com estes agonistas por um local de ligação comum no receptor muscarínico. O local de ligação dos antagonistas competitivos e da acetilcolina está numa reentrância provavelmente formada por várias hélices transmembrana do receptor. Como o antagonismo da atropina é competitivo, ele pode ser anulado se a concentração de ACh nos locais receptores do órgão efetor for aumentada suficientemente. Todos os receptores muscarínicos são bloqueados pela atropina: os ecistentes nas glândulas exócrinas, músculos liso e cardíaco, gânglios autônomos e neurônios intramurais. Os antagonistas dos receptores muscarínicos inibem as respostas à estimulação dos nervos colinérgicos pós ganglionares com menos facilidade do que as respostas aos ésteres injetados da colina. Essa diferença pode ser devida à liberação da ACh pelas terminações nervosas colinérgicas tão próxima dos receptores, que concentrações muito altas do transmissor têm acesso aos receptores da
5 junção neuroefetora. Além disso, a difusão e outros fatores limitam a concentração do antagonista que pode ser conseguida nesses locais receptores. 2 *Propriedades farmacológicas Atropina e escopolamina diferem quantitativamente em suas ações antimuscarínicas, em particular no que se refere à capacidade de afetar o SNC. A primeira quase não produz efeitos detectáveis no SNC nas doses usadas nas práticas clínicas. Por outro lado, a escopolamina produz efeitos centrais potentes em doses terapêuticas pequenas. A explicação para essa diferença provavelmente é a penetração mais ampla da escopolamina pela barreira hematoliquórica. Como a atropina tempoucos efeitos no SNC, na maioria das situações ela é preferível à escopolamina. Sistema nervoso central Em doses terapêuticas (0,5 a 1,0 mg), a atropina causa apenas excitação vagal suave. Com doses tóxicas da atropina, a excitação central se torna mais acentuada, produzindo agitação, irritabilidade, desorientação, alucinações ou delírio. Com doses ainda maiores, a estimulação é seguida de depressão resultando em colapso circulatório e insuficiência respiratória depois de um período de paralisia e coma. Em doses terapêuticas, a escopolamina normalmente causa depressão do SNC evidenciada por sonolência, amnésia, fadiga e sono sem sonhos. Esse medicamento também produz euforia, portanto é susceptível a certo uso abusivo. Esses efeitos excitatóios, que se assemelham aos efeitos tóxicos da atropina ocorrem regularmente depois da administração de doses elevadas da escopolamina. Olho Os antagonistas dos receptores muscarínicos bloqueiam as respostas do músculo esfinctérico da íris e do músculo ciliar do cristalino à estimulação colinérgica. Dessa forma, eles dilatam a pupila (midríase) e paralisam a acomodação (ciclopegia). A dilatação pupilar ampla provoca fotofobia: o cristalino é fixado para a visão de longe, os objetos próximos ficam embaçados e podem parecer menores do que realmente são. O reflexo de constrição pupilar normal à luz é suprimido. Sistema cardiovascular O efeito principal da atropina no coração é alterar a freqüência. Embora a resposta predominante seja taquicardia, a freqüência cardíaca muitas vezes diminui transitoriamente. Não há alterações concomitantes de pressão sanguínea ou débito cardíaco. Com doses pequenas de escopolamina (0,1 ou 0,2 mg), a redução da freqüência cardíaca é maior do que com a atropina. Com doses maiores, de início há aceleração cardíaca, porém este efeito tem curta duração e é seguido dentro de 30 minutos do retorno à freqüência normal ou bradicardia. Em doses clínicas, a atropina reverte totalmente a vasodilatação periférica e redução súbita da pressão sanguínea causadas pelos ésteres da colina. As doses tóxicas da atropina e, em alguns casos, mesmo os níveis terapêuticos, dilatam os vasos sanguíneos cutâneos, especialmente na área maxilar (rubor atropínico). Isto pode ser uma reação compensatória, que possibilita a dissipação do calor para compensar a elevação da temperatura pela atropina, que pode acompanhar a inibição da transpiração.
6 Aparelho respiratório Os alcalóides da beladona inibem as secreções do nariz, boca, faringe e brônquios e, dessa forma, ressecam as mucosas das vias respiratórias. Essa ação é especialmente pronunciada se as secreções forem excessivas e constituírem a base para utilização da atropina e escopolamina como medicamentos pré-anestésicos. Os antagonistas muscarínicos são particularmente eficazes contra o broncoespasmo produzido pelos medicamentos parassimpaticomiméticos, como metacolina e agentes anticolinesterásicos. Eles também antagonizam parcialmente a broncoconstrição produzida pela histamina, bradicinina ou prostaglandina, que provavelmente reflete a participação dos eferentes parassimpáticos nos reflexos brônquicos produzidos por esses agentes. A capacidade de bloquear os efeitos broncoconstritores indiretos por mediadores inflamatórios liberados durante as crises de asma constitui a base para o uso dos agentes anticolinérgicos junto com agonistas β- adrenérgicos no tratamento desta doença. Trato gastrintestinal Utilização dos antagonistas muscarínicos como agentes antiespasmódicos para os distúrbios gastrintestinais e tratamento da úlcera péptica. Os antagonistas seletivos do receptor H 2 da histamina e os antagonistas seletivos dos receptores muscarínicos M 1 substituíram a atropina e outros antagonistas inespecíficos como inibidores da secreção ácida. A secreção salivar é particularmente sensível à inibição pelos antagonistas muscarínicos. A boca fica seca, e a deglutição e a fala podem ser dificultadas. Tanto nos indivíduos normais quanto nos pacientes com doença gastrintestinal, as doses terapêuticas da atropina produzem efeitos inibitórios nítidos e prolongados sobre as atividades motoras do estômago, duodeno, jejuno, íleo, cólon, caracterizados pelas reduções do tono, amplitude e freqüência das contrações peristálticas. São necessárias doses relativamente grandes para produzir essa inibição. Glândulas sudoríparas Doses pequenas da atropina ou escopolamina inibem a atividade das glândulas sudoríparas e a pele torna-se quente e seca. A transpiração pode ser inibida a ponto de aumentar a temperatura corpórea. Absorção, destino e excreção Os alcalóides da beladona são absorvidos rapidamente pelo trato gastrintestinal. Eles também chegam à circulação quando forem aplicados topicamente nas mucosas do corpo. A absorção pela pele íntegra é pequena. A absorção sistêmica dos antagonistas muscarínicos inalatórios é mínima. A atropina tem meia-vida de cerca de 4 horas; e o metabolismo hepático é responsável pela eliminação de aproximadamente a metade da dose, enquanto o restante é excretado sem alterações na urina. Traços de atropina são encontrados em várias secreções, inclusive no leite humano. Intoxicação A ingestão intencional ou acidental dos alcalóides da beladona é uma causa significativa de envenenamento. Os lactentes e as crianças são particularmente susceptívei aos efeitos tóxicos dos medicamentos atropínicos. Na verdade, muitos casos de intoxicação infantil são resultado da instilação conjuntival dos medicamentos atropínicos para se fazer exame da refração visual e para se obterem outros efeitos
7 oculares. A absorção sistêmica ocorre pela mucosa nasal. Delírio ou psicoses tóxicas sem manifestações periféricas indesejáveis tem sido descritas nos adultos depois da instilação dos colírios de atropina. A intoxicação grave ocorre nas crianças que comem frutinhas ou sementes contendo alcalóides da beladona. Os casos fatais de intoxicação com atropina e escopolamina são raros, porém ocorrem algumas vezes nas crianças, nas quais 10 mg ou menos podem ser fatais. O diagnóstico da intoxicação atropínica é sugerido pela paralisia generalizada dos órgãos inervados pelos nervos parassimpáticos. Para o tratamento sintomático, a fisostigmina é o medicamento indicado. A injeção intravenosa lenta de 1 a 4 mg de fisostigmina (0,5 mg nas crianças) controla rapidamente o delírio e o coma causados pelas doses maciças de atropina. Se estiver presente excitação acentuada e não houver um tratamento mais específico, o diazepam é o agente mais adequado para a sedação e controle das convulsões. 2 *Especialidades farmacêuticas Atropina - Atropina 0,5%-1% (colírio): midriático e ciclopégico. - Solução injetável de sulfato de atropina: parassimpaticolítico, anti-espasmódico, anti-secretor. Doenças espásticas do trato biliar, cólica uretral ou renal. Bexiga neurogênica hipertônica. Profilaxia de arritmias induzidas por intervenções cirúrgicas. Bradicardia sinusal grave. Bloqueio átrio-ventricular tipo I. Intoxicação por inseticidas (carbomatos e organofosforados). Escopolamina - Buscopan e Hioscina (butilbrometo de hioscina): espasmo gastrointestinal, espasmo e discinesia biliar, espasmo do trato geniturinário. Referências bibliográficas 1 - Atropa belladona. Disponível em: GOODMAN & GILMAN As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 9ª ed. McGraw-Hill: Rio de Janeiro, ALONSO, J.R. Tratado de Fitomedicina Bases Clínicas y Farmacológicas. Argentina: Indugraf, QUER, P. F. Plantas medicinales. 1ª ed. Espanha: Editorial Labor, 1962.
8 5 - HERTWIG, I. F. V. Plantas aromáticas e medicinais. 1ª ed. São Paulo: Editora Ícone, 1986.
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