Ficha de Divulgação n.º 15 /2013. ENSAIO DE PRODUÇÃO DE Sterlitzia reginae PARA FLOR DE CORTE AO AR LIVRE NO ALGARVE
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- Octavio Cabral Canário
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1 Ficha de Divulgação n.º /0 ENSAIO DE PRODUÇÃO DE Sterlitzia reginae PARA FLOR DE CORTE AO AR LIVRE NO ALGARVE Divisão de Sanidade Isabel Monteiro Estrelícia ou Ave do paraíso Sterlitzia reginae A Sterlitzia reginae é um espécie vegetal originária da Africa do sul, cujo nome foi escolhido em homenagem à rainha Charlotte Sophia, duquesa de Mecklenburg Strelitz e esposa do rei George III de Inglaterra. Vulgarmente conhecida por Estrelícia ou Ave do paraíso, foi introduzida na Europa há cerca de duzentos anos pelo seu elevado interesse quer para jardim quer como produtora de flor de corte. Esta planta tem tendência para o polimorfismo, apresentando diversidade na altura, dimensão e forma das folhas, comprimento da haste floral e tamanho da flor. Morfologia A estrelícia é uma planta herbácea, vivaz, que pertence à família das Musaceae (tb. Sterlitziaceae). As raízes são, fasciculadas e grossas por acumulação de reservas. É uma planta acaule, as folhas de um verde glauco saem diretamente do rizoma, com um pecíolo longo, limbo oval/lanceolado com um ápice geralmente côncavo. As flores apresentam-se reunidas em inflorescências que estão protegidas por uma espata carnuda em forma de bico, em cujo interior estão as flores que se vão abrindo. A toda a inflorescência chama-se geralmente flor pois esta assenta numa vara ou pedúnculo floral. Cada flor é formada por um cálice constituído por duas sépalas petaloides lanceoladas de um amarelo alaranjado, uma corola de cor azul, que pode variar entre o azul índigo e o azul claro, formada por três pétalas soldadas em forma de alabarda, que se abre na parte superior deixando ver no seu interior os estames e o pistilo (Fig.). Fig. Aspeto da inflorescência de estrelícia. Exigências Edafo-climáticas Como espécie originária da África austral, a estrelícia tem a sua temperatura ótima de cultivo compreendida entre º e 0º C. É exigente em luz e temperatura e necessita de alguma humidade. O ensombramento forte e contínuo e temperaturas inferiores a ºC inibem a formação de flores, assim como o excesso de luminosidade e temperaturas superiores a ºC podem depreciar a qualidade da flor. A estrelícia, por ser uma planta perene que permanecerá muitos anos no terreno e devido ao tamanho das suas raízes principais, prefere solos profundos, ligeiros e bem estruturados (arejados e bem drenados), ricos em matéria orgânica e com um ph,-,.
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3 Objetivo As flores, extremamente decorativas e de longa duração, aparecem numa época em que a produção de flores de corte é escassa e bastante valorizada. O objectivo deste trabalho, centrou-se no estudo do comportamento de diversos fenótipos de Sterlitzia reginae nas condições edafo-climáticas do Algarve. Material e Método As plantas utilizadas no atual ensaio resultaram da divisão de pés de um anterior, cujas plantas tinham sido gentilmente oferecidas pelos Serviços Agrícolas da Região Autónoma da Madeira, aquando de uma visita de trabalho efetuada àquela região. Localização e condições do ensaio O ensaio decorreu no Centro de Experimentação Hortofrutícola do Patacão (CEHFP) da DRAP Algarve, numa parcela de ar livre com uma área aproximada de 900m² (mx8m). O terreno foi armado em camalhões com m de largura e separados por 0,m. As plantas distam entre si na linha de m (Fig. ). Fig. -Linha de plantas do ensaio. Desenho experimental A plantação do ensaio ocorreu em Março de 00, sendo o mesmo caracterizado da seguinte forma: 8 fenótipos X 8 plantas X repetições e fenótipos X 8 plantas X repetição Observações e Registos MOMENTO DA COLHEITA Quando as inflorescências apresentam a ª flor aberta. Avaliação da Colheita (Fig. ) Nº de hastes florais por repetição. Classificadas segundo as categorias seguintes: Extra Pedúnculo 0 0 cm, Espáta cm Categoria I Pedúnculo 00-0 cm, Espáta 0cm Categoria II Pedúnculo cm, Espáta cm Categoria III Pedúnculo 80 cm, Espáta cm A colheita, classificação e registo é efetuada semanalmente. Fig - Classificação segundo as categorias.
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5 Avaliação das Colheitas Apresenta se os dados referentes ao número de hastes florais colhidas por clone, classificadas por categorias nas diferentes épocas do ano (Quadro ). Quadro Produções médias acumuladas ao longo do ano Inverno(Jan-Mar) Clones Primavera(Abr-Jun) Inc III II I Extra Inc. III II Verão(Jul-Set) I Extra Inc. III 0 II I Outono(Out-Dez) Extr Inc III II I Extra Para a generalidade dos fenótipos, a produção foi melhor na época de outono /inverno, quer quanto à quantidade quer quanto à qualidade da flor. Os valores das flores incomercializáveis. na época de outono/inverno (Quadro ), podem ser justificadas pela ocorrência de temperaturas iguais ou inferiores a 0º C quando as hastes florais já estão formadas (Fig.), provocando elevados prejuízo. Caso os danos nas plantas sejam irreversíveis podem até comprometer as produções futuras. Fig.- Imagens dos danos provocados pela geada, originando hastes florais incomercializáveis.
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7 Análise dos Resultados / Considerações finais Da análise dos resultados obtidos podemos afirmar que a produção de estrelícia, como flor de corte, ao ar livre é viável no Algarve, desde que sejam acauteladas algumas limitações em relação ao tipo de solo, à exposição e localização das parcelas de produção. Os resultados obtidos mostram que a ocorrência de temperaturas baixas (abaixo de ºC) ou de geadas, afeta a produção de flores assim como a sua qualidade. Na seleção dos locais de produção, deverá atender-se a esse fator, elegendo locais onde a probabilidade de ocorrência de temperaturas desfavoráveis possa acontecer, seja reduzida no período de outubro/março (época de maior produção). A escolha dos locais de produção na Região do Algarve deverá ser bem avaliada, de modo a garantir que sejam selecionados os locais com condições edafo-climáticas adequadas, para que se possa tirar o maior partido possível das potencialidades desta cultura. O campo existente no CEHF do Patacão (Fig.) parece-nos ter muito interesse para a preservação dos recursos genéticos desta espécie, dada a sua diversidade ( fenótipos). Embora alguns dos fenótipos não se tenham mostrado interessantes em termos de produção, que têm podem características ter valor em melhoramento (tamanho e cor da flor e da planta). Fig. Aspeto do campo de Estrelícias no (CEHFP) da DRAP-Algarve
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