MARLON RODRIGO BRUNETTA



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Transcrição:

MARLON RODRIGO BRUNETTA AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA TÉCNICA E DE PRODUTIVIDADE USANDO ANÁLISE POR ENVOLTÓRIA DE DADOS: UM ESTUDO DE CASO APLICADO A PRODUTORES DE LEITE CURITIBA 2004

MARLON RODRIGO BRUNETTA AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA TÉCNICA E DE PRODUTIVIDADE USANDO ANÁLISE POR ENVOLTÓRIA DE DADOS: UM ESTUDO DE CASO APLICADO A PRODUTORES DE LEITE Disseração apresenada como requisio parcial à obenção do grau de Mesre em Ciências, Programa de Pós-Graduação em Méodos Numéricos em Engenharia, Seor de Ciências Exaas e Tecnologia, Universidade Federal do Paraná. Orienador: Prof. Volmir Eugênio Wilhelm, Dr. Eng. CURITIBA 2004

TERMO DE APROVAÇÃO MARLON RODRIGO BRUNETTA AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA TÉCNICA E DE PRODUTIVIDADE USANDO ANÁLISE POR ENVOLTÓRIA DE DADOS: UM ESTUDO DE CASO APLICADO A PRODUTORES DE LEITE Disseração aprovada como requisio parcial para obenção do grau de Mesre em Ciências, no curso de Pós-Graduação em Méodos Numéricos em Engenharia Programação Maemáica da Universidade Federal do Paraná, pela banca examinadora formada pelos professores: Orienador: Prof. Volmir Eugênio Wilhelm, Dr. Eng. Deparameno de Maemáica UFPR. Profª Neida Maria Paias Volpi, Dra. Eng. Deparameno de Maemáica UFPR. Prof. Julio Cesar Damasceno, Dr. Deparameno de Zooecnia UEM. Curiiba, 05 de agoso de 2004. ii

AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Sirlei e Albino, sem os quais esa realidade não seria possível, e a quem agradeço a educação dada e o amor incondicional. Às minhas irmãs, Édina e Morgana, pelo apoio, carinho e compreensão recebidos durane os momenos difíceis. Aos meus familiares, em especial aos meus ios Gersy, Vicene (in memorian), Mari e João, presença consane em odos os momenos da minha vida. Ao professor Volmir, pela suas boas sugesões e críicas durane a realização da disseração. Ao corpo docene do mesrado, por suas inesimáveis ajudas. Aos meus colegas de mesrado pela convivência e amizade durane o período de realização das aulas. Aos funcionários do CESEC, em especial à Marisela pela aenção, dedicação e apoio em odos os momenos do mesrado. A odos os meus amigos, em especial ao Ronaldo, os quais sempre me incenivaram e me apoiaram nos momenos difíceis do curso. A EMATER (Empresa Paranaense de Assisência Técnica e Exensão Rural), pelo espaço cedido a esa pesquisa fornecendo os dados necessários para a realização dese rabalho. À Deus, por er me acompanhado em mais esse desafio. Muio Obrigado! iii

Que os nossos esforços desafiem as impossibilidades. Lembrai-vos de que as grandes proezas da hisória foram conquisadas do que parecia impossível" Charles Chaplin iv

SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS... VII LISTA DE FIGURAS... VIII LISTA DE TABELAS... IX RESUMO... X ABSTRACT... XI 1 INTRODUÇÃO...1 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA...2 1.3 METODOLOGIA DA PESQUISA...3 1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA...4 1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA...5 1.6 DEFINIÇÕES DE TERMOS...5 2 PRODUÇÃO DE LEITE...7 2.1 PRODUÇÃO MUNDIAL...7 2.2 PRODUÇÃO BRASILEIRA...12 2.2.1 Cadeia Produiva...14 2.2.2 Produividade...17 2.3 PRODUÇÃO PARANAENSE...21 2.3.1 Projeo Viória...25 2.3.2 Ouros Projeos de Pecuária de Leie da Emaer Paraná...29 2.4 CONSIDERAÇÕES...34 3 DATA ENVELOPMENT ANALYSIS - DEA...35 3.1 EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE...35 3.2 ASPECTOS GERAIS DE DEA...38 3.3 ETAPAS DE APLICAÇÃO DOS MODELOS DEA...41 3.3.1 Seleção das DMUs...41 3.3.2 Seleção das Variáveis...42 3.3.3 Idenificação e Aplicação dos Modelos...44 3.3.3.1 Orienação dos modelos DEA...44 3.3.3.2 Reorno de escala...45 3.3.3.3 Tipo de descare...47 3.4 MODELOS DEA TRADICIONAIS...48 3.4.1 Modelo CCR Orienação Produção...49 3.4.2 Modelo BCC Orienação Produção...53 3.4.3 Exemplo Numérico dos Modelos CCR e BCC...55 3.5 ÍNDICE DE MALMQUIST...57 3.6 CONSIDERAÇÕES...64 4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA, DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS DA PESQUISA...66 4.1 IDENTIFICAÇÃO DAS DMUS...66 4.2 IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS DO MODELO...67 4.3 IDENTIFICAÇÃO DO MODELO...71 4.4 ANÁLISE DA EFICIÊNCIA TÉCNICA...73 4.5 ANÁLISE DO ÍNDICE DE MALMQUIST...82 4.6 CONSIDERAÇÕES...87 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...88 5.1 CONCLUSÕES FINAIS...88 v

5.2 RECOMENDAÇÕES...90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...91 APÊNDICE...95 APÊNDICE A - TABELAS DE RESULTADOS DO DEA...96 vi

LISTA DE SIGLAS AF Área Forrageira AMCESPAR Projeo de Desenvolvimeno Terriorial Susenável da Agriculura Familiar na Cadeia Produiva do Leie Para a Região Cenro-Sul BCC CCR CRS CT DEA DERAL DMU EMATER FAO IBGE MO NDRS NIRS NVL PF PPF PPL PPNL PROLEG PTF UEL UEM SEAB TAR VRS Modelo DEA criado por Banker, Charnes e Cooper Modelo DEA criado por Charnes Cooper e Rhodes Consan Reurns o Scale Cuso Toal Daa Envelopmen Analisys Deparameno de Economia Rural Decision Making Unis Empresa Paranaense de Assisência Técnica e Exensão Rural Food and Agriculure Organizaion of he Unied Naions Insiuo Brasileiro de Geografia e Esaísica Mão-de-obra Non Decreasing Reurns o Scale Non Increasing Reurns o Scale Número de Vacas em Lacação Programação Fracionária Produividade Parcial dos Faores Problema de Programação Linear Problema de Programação Não-Linear Programa de Leie de Guarapuava Produividade Toal dos Faores Universidade Esadual de Londrina Universidade Esadual de Maringá Secrearia da Agriculura do Esado do Paraná Toal de Animais do Rebanho Variable Reurns o Scale vii

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Produção de leie e rebanho nas regiões do esado do Paraná...24 Figura 2 - Perfil zooécnico do rebanho no esado do Paraná...24 Figura 3 - Mapa do esado do Paraná...27 Figura 4 - Região de abrangência do Projeo Viória...27 Figura 5 - Orienação dos modelos DEA...45 Figura 6 - Reornos de escala...46 Figura 7 - Tipos de descare...48 Figura 8 - Exemplo de aplicação do modelo CCR orienação produo...52 Figura 9 - Exemplo de aplicação do modelo BCC orienação produo...54 Figura 10 - Exemplo de aplicação dos modelos CCR e BCC...56 Figura 11 - Índice de Malmquis...63 Figura 12 - Inervalos de eficiências dos produores...81 Figura 13 - Decomposição do Índice de Malmquis...86 viii

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Produção mundial de leie de vaca - 1992/2002...8 Tabela 2 - Classificação mundial dos países produores de leie - 2002...9 Tabela 3 - Produção de Leie, Vacas Ordenhadas e Produividade em Países Selecionados - 2002...10 Tabela 4 - Produção de Leie, Vacas Ordenhadas e Produividade Animal no Brasil...18 Tabela 5 - Evolução da Produção de Leie nos Esados 1991 2002... (ordenada segundo a produção de leie em 2002)... 22 Tabela 6 - Insumos e produo do ano de 1999...69 Tabela 7 - Insumos e produo do ano de 2000...70 Tabela 8 - Insumos e produo do ano de 2001...70 Tabela 9 - Insumos e produo do ano de 2002...71 Tabela 10 - Índices de eficiência écnica...75 Tabela 11 - Inervalo de eficiências e os benchmarks em 1999...76 Tabela 12 - Inervalo de eficiências e os benchmarks em 2000...77 Tabela 13 - Inervalo de eficiências e os benchmarks em 2001...77 Tabela 14 - Inervalo de eficiências e os benchmarks em 2002...78 Tabela 15 - Índice de Malmquis...83 Tabela 16 - Variação da eficiência écnica...84 Tabela 17 - Mudança de ecnologia...85 ix

RESUMO Esa disseração em como finalidade principal avaliar a eficiência écnica e a produividade de um conjuno de 18 produores de leie que inegram o Projeo Viória desenvolvido pela EMATER - Empresa Paranaense de Assisência Técnica e Exensão Rural - no nore e nordese do esado do Paraná, a qual visa a disseminação de práicas de produção leieira que levam ao aumeno de produividade. O ouro objeivo desa pesquisa é analisar a influência da variação da eficiência écnica e da mudança de ecnologia na produividade dos produores aravés do índice de Malmquis. O méodo que caraceriza o desenvolvimeno da presene pesquisa é DEA Daa Envelopmen Analysis. DEA é uma abordagem de programação maemáica uilizada para calcular índices de eficiência écnica e de produividade (índice de Malmquis). Os resulados obidos são condizenes com os objeivos do projeo Viória, ou seja, DEA deecou aumenos significaivos de produividade para os 18 produores. Palavras-chave: DEA, Índice de Malmquis, Eficiência Técnica, Produores de Leie. x

ABSTRACT This disseraion has as main purpose o evaluae he echnical efficiency and he produciviy of a se of 18 milk producers, which inegrae he Projec Vicory developed for he EMATER - Company Paranaense de Assisência echnical and Agriculural Exension - in he norh and norheas of he sae of he Paraná and aims a he disseminaion of echniques of milk producion ha lead o he produciviy increase. Anoher objecive of his research is o analyze he influence of he variaion of he echnical efficiency and he change of echnology in he produciviy of he producers hrough he index of Malmquis. The mehod ha characerizes he developmen of he presen research is DEA - Dae Envelopmen Analysis. DEA is an approach of mahemaical programming used o calculae produciviy and efficiency indices echnical (index of Malmquis). The resuls are in keeping wih he objecives of he projec Vicory, ha is, DEA deeced significan increases of produciviy for he 18 producers. Keywords: DEA, Index of Malmquis, Technical Efficiency, Milk Producers. xi

1 INTRODUÇÃO Desde o início da colonização do País aé os dias auais, o seor pecuário leieiro sempre eve um papel de desaque na economia brasileira, sendo de fundamenal imporância para a geração de riquezas, conribuindo para o aumeno do bem-esar social. O leie pode ser considerado um dos primeiros alimenos do homem e um dos mais compleos, pois possui elemenos essenciais, ais como: micronurienes, aminoácidos e ácidos graxos, eses em porções maiores que qualquer ouro produo isolado. Possui, ainda, proeínas de ala qualidade, elevado percenual de cálcio e ouras subsâncias bioaivas, como enzimas, faores de crescimeno, hormônios e ciocinas. Todos esses componenes reforçam a imporância do leie como alimeno diário fundamenal, afirmam Bressan e Marins (2003). Porano, pode-se concluir que o leie é um produo básico de primeira necessidade para a alimenação da população, dado seu alo valor nuriivo. Além de sua imporância direa nos aspecos de ordem social, não se pode esquecer a expressão econômica da cadeia produiva do leie. Segundo Salles e all (2002), para cada R$ 1,00 aplicado na produção de leie, são gerados R$ 5,00 no Produo Inerno Bruo do país e, de acordo com esimaiva da EMATER Paraná 1, para cada produor são gerados 34 empregos nesa mesma cadeia produiva. Conudo, ese seor produivo apresena uma fore endência de concenração de capial, ou seja, produores com maior poder aquisiivo êm maiores chances de se maner no seor. Para eviar esse processo de exclusão, quesões como susenabilidade, compeiividade e qualidade êm sido muio debaidas nos úlimos anos. Além desse processo de exclusão, oura mea desses debaes é dar oporunidades aos pequenos produores para aingir seus objeivos econômicos e/ou sociais, devido a compeiividade imposa às organizações na era da globalização, e as mudanças ecnológicas que ocorrem rapidamene. Susenabilidade e compeiividade são conceios considerados complemenares, pois a susenabilidade refere-se a esraégias de desenvolvimeno 1 Documeno insiucional da EMATER sobre o Projeo Viória.

2 ecnológico que reforçam a capacidade aual e fuura de produção, envolvendo a uilização adequada dos recursos naurais e o emprego racional de insumos, máquinas e equipamenos. Por sua vez, compeiividade pode ser compreendida como a capacidade de maner, conquisar e ampliar a paricipação no mercado, de forma susenável. Segundo Bressan e Marins (2003), a susenabilidade, sob a óica da melhor uilização dos recursos naurais, considerando-se, paricularmene, o rinômio solo, água e plana, associada à compeiividade, consiui-se em um imporane desafio que se coloca para os produores, pesquisadores e écnicos que auam no seor. Visando a promoção do desenvolvimeno da pecuária leieira no Paraná, a parir das observações de quesões como susenabilidade e compeiividade, a EMATER vem implanando uma série de projeos, denre eles, se desacando o Projeo Viória, o qual esá localizado no nore e nordese do esado e em como idéia cenral a consrução de um modelo de exploração leieira susenável, compeiivo e lucraivo para esa região. Além de promover essas mudanças em busca da melhoria da qualidade, da produividade e da eficiência, exise, ambém, a necessidade de se avaliar o desempenho nos processos produivos para se maner compeiivo denro dese novo conexo social. Desa necessidade em avaliar o desempenho nos processos produivos surgem novas preocupações, enre elas, aplicar a meodologia adequada de análise para auxiliar écnicos e produores nos processos de omadas de decisão. Uma meodologia de programação maemáica que em por finalidade medir a eficiência écnica relaiva e a produividade, permiindo classificar as organizações em eficienes e ineficienes com um único indicador de desempenho para cada unidade avaliada, é DEA. 1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA Esa pesquisa em por objeivo geral uilizar Daa Envelopmen Analysis DEA na avaliação da eficiência écnica de produores paricipanes do Projeo

3 Viória, bem como avaliar a produividade aravés do índice de Malmquis. A pesquisa em quesão em os seguines objeivos específicos: Idenificar as variáveis a serem uilizadas no modelo; Idenificar o modelo DEA a ser aplicado; Aplicar o modelo; Idenificar os benchmarks de um conjuno de produores de leie e calcular, com um único índice de eficiência écnica, o aumeno necessário nos níveis de produção para que os produores não benchmarks sejam eficienes ecnicamene; Avaliar a produividade, em quaro anos consecuivos, de 18 produores paricipanes do Projeo Viória uilizando o índice de Malmquis. 1.3 METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa em quesão é de naureza aplicada, com abordagem qualiaiva, endo em visa sua eficácia no cálculo da eficiência écnica dos produores de leie do Projeo Viória. Do pono de visa dos procedimenos, a pesquisa foi do ipo bibliográfica. Os dados uilizados na pesquisa foram obidos juno à EMATER no Paraná, cujo conao inicial foi feio por meio de uma cara de soliciação. A pesquisa foi desenvolvida em cinco eapas, cada qual aendendo a um objeivo específico. A primeira eapa da pesquisa eve por objeivo idenificar as principais variáveis para efeuar o cálculo da eficiência écnica e a produividade dos produores de leie. A segunda eapa da pesquisa idenificou o modelo DEA que melhor se adapa à siuação e os objeos da pesquisa. Na erceira eapa da pesquisa foi aplicado o modelo DEA. Na quara eapa idenificou-se os produores de leie benchmarks e os índices de eficiência écnica, ou seja, o aumeno necessário de produção para que os produores ineficienes operem eficienemene. Por fim, na quina eapa avaliou-se as alerações percebidas na produividade, em quaro anos consecuivos a parir de 1999, dos produores paricipanes do Projeo Viória.

4 1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA Com o inuio de aingir os objeivos proposos nese esudo, a pesquisa esá esruurada em cinco capíulos disribuídos em uma seqüência, a fim de sisemaizar seu desenvolvimeno, faciliando, assim, sua compreensão pelo leior. No capíulo 1 é apresenada uma inrodução ao ema pesquisado. Descreveu-se a imporância da pecuária leieira no conexo aual e ciou-se uma endência de concenração de renda nese seor e os faores invesigados quando se busca avaliar a produção do leie. Nese capíulo são apresenados os objeivos da pesquisa, as eapas da meodologia que dão susenação ao ema pesquisado e a esruura da disseração, bem como suas limiações e definições. Os capíulos 2 e 3 apresenam o referencial eórico, o qual aborda ópicos relevanes relacionados ao ema da pesquisa, ou seja, produção de leie, bem como o embasameno eórico acerca da ferramena DEA uilizada no esudo para efeuar o cálculo da eficiência écnica e da produividade aravés do índice de Malmquis. No capíulo 2 é feia uma análise da produção aual da pecuária leieira, iniciando-se com a produção mundial, a brasileira e a paranaense, sendo ainda, descria a esruura de acompanhameno desenvolvida pela EMATER - PR com produores de leie do Projeo Viória e realizado um levanameno dos ouros projeos acompanhados pela EMATER no esado do Paraná. No capíulo 3, no qual se apresenam as fundamenações eóricas da meodologia DEA, a exposição compreende algumas definições, aspecos gerais, as eapas necessárias para a aplicação, os modelos considerados radicionais e o Índice de Malmquis. O capíulo 4 consise no desenvolvimeno pleno da pesquisa, abordando-se as eapas da meodologia e conexualizando-a em suas dimensões. São dealhadas as meodologias uilizadas em cada eapa da pesquisa. Também são apresenados os dados colhidos das pesquisas, as análises realizadas, bem como a apresenação dos resulados. No capíulo 5 são apresenadas as conclusões sobre o desenvolvimeno da pesquisa, desacando-se suas conribuições, seguidas de sugesões e

5 recomendações para coninuidade da mesma e para o desenvolvimeno de pesquisas fuuras. 1.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA A pesquisa em quesão apresenou algumas limiações relevanes, denre elas, o reduzido número de produores acompanhados durane os quaro anos do Projeo, num oal de 18, o que fez com que os faores de produção uilizados na meodologia ficassem limiados em apenas 6. Tendo em visa que a meodologia aplicada fornece melhores resulados quando o número de produores a serem avaliados é de, no mínimo, rês vezes a soma dos produos e insumos incluídos na especificação (Nunamaker apud ABEL, 2000, p.37), a ampliação do número de produores avaliados daria a oporunidade de rabalhar com um número maior de faores de produção, o que poderia razer maiores benefícios à aplicação da meodologia. A segunda limiação ocorreu em função da disância geográfica exisene enre o pesquisador e os pesquisados, ou seja, os produores do Projeo Viória esão localizados no nore e nordese do esado do Paraná e a pesquisa foi realizada na capial do esado, o que dificulou o conhecimeno in loco do projeo. Considerando-se que a meodologia eve como produo final a mensuração da eficiência écnica e da produividade desses produores, as dúvidas surgidas no confrono de resulados obidos pela meodologia e pelo programa da EMATER foram odas sanadas por meio de conaos via e-mail ou por elefone. A erceira limiação imposa à pesquisa foi a dificuldade em relação a bibliografia sobre o assuno. 1.6 DEFINIÇÕES DE TERMOS Benchmarking é um méodo que subsiui a écnica da enaiva e erro pela qual o sujeio do benchmarking seja ele um indivíduo, uma

6 empresa, uma agência ou uma enidade procede à idenificação do indivíduo que se desaca e ocupa a posição de liderança em deerminado seor de aividade, ao esudo de suas ações e práicas. Daí deriva a adoção de faceas de seu modus operandi que sejam mais adequados à melhoria do desempenho do próprio sujeio no referido seor de aividade. DMU (Decision Making Unis) é uma enidade responsável pela conversão de insumos em produos e cujas performances são avaliadas. Eficiência écnica é obida por meio de uma comparação enre os níveis de insumos e produos observados com os níveis de insumos e produos óimos, ou seja, a razão enre a produção observada e o poencial máximo aingível para um dado consumo; ou a razão enre a quanidade de insumos observados e o poencial mínimo exigido para produzir uma quanidade fixa de produos. Eficiência alocaiva indica se o produor emprega os insumos a luz dos preços numa proporção óima que minimiza os cusos de produção. Eficiência Pareo-Koopmans: uma organização é compleamene eficiene se, e somene se, não for possível aumenar nenhum insumo ou produo sem diminuir algum ouro insumo ou produo. Froneira de produção ou isoquana é a curva que represena a quanidade de insumos necessários para produzir um nível fixo de produos. Função de produção é a relação que indica quano se pode ober de um ou mais produos a parir de uma dada quanidade de faores. Organizações homogêneas são organizações que devem realizar as mesmas arefas e procurar aingir os mesmos objeivos, diferenciando apenas em relação à inensidade ou magniude. Tecnologia é a maneira como uma empresa ransforma os recursos uilizados em produos. Tecnologia de produção é o conjuno de odos os ponos (planos) viáveis de produção de uma organização.

2 PRODUÇÃO DE LEITE Nese capíulo é apresenada a siuação aual da produção leieira mundial, iniciando-se com uma breve rerospeciva acerca da produção nos países que se desacam nesa aividade, seja pela quanidade de leie produzido, pela produividade ou pelo número de vacas ordenhadas. Ouro aspeco ainda considerado são as paricularidades das políicas públicas mundiais que incidem e regulam ese seor da economia. Poseriormene, descreve-se a siuação aual da produção leieira nacional, desacando-se sua imporância denro da economia, sua diversidade, devido à dimensão erriorial, e dados esaísicos que demonsram o crescimeno da produção nos úlimos anos. Foi realizado ainda um levanameno da cadeia produiva, idenificando-se uma endência da concenração de capial e as ransformações que vêm ocorrendo nese seor. Enfoca-se, ambém, a melhoria da produividade nacional ao longo dos úlimos anos. Finalizando ese capíulo, buscou-se analisar os aspecos gerais da produção leieira no Paraná e, em paricular, na região do nore e nordese do esado, especificamene os municípios que paricipam do Projeo Viória, foco principal de esudo nesa pesquisa. Por fim, é realizado, ambém, um levanameno dos ouros projeos acompanhados pela EMATER, no esado, e seus respecivos objeivos. 2.1 PRODUÇÃO MUNDIAL A produção de leie de vaca vem crescendo nos principais coninenes, aingindo, no ano de 2002, uma produção anual de 499.142 milhões de oneladas, o que represena um aumeno de 6,3% em apenas uma década (1992 2002), sendo a Oceania e a Ásia os coninenes que mais conribuíram para a elevação desse índice. A Oceania apresenou uma variação de 34,2% na produção de leie nos anos de 1996 a 2002, enquano a Ásia ampliou sua produção em 18,3% nese mesmo

8 período. A exceção é percebida no coninene europeu, onde os índices de produividade vêm diminuindo a cada amosra coleada, apresenando uma redução de 2,8% no período de 1996 a 2002. Mesmo assim, maném-se como o maior coninene produor, com 210.802 milhões de oneladas, o que represena um oal de 42,2% da produção mundial, conforme dados observados na abela 1. Tabela 1 - Produção mundial de leie de vaca - 1992/2002 Coninene Produção de Leie (mil ) 1992 1996 2002 Variação (%) 1996/02 % oal 2002 Europa 235.711 216.800 210.802-2,8 42,2 América 120.999 130.831 142.808 9,2 28,6 Ásia 73.878 85.600 101.239 18,3 20,3 Oceania 15.064 19.067 25.591 34,2 5,1 África 15.278 17.237 18.701 8,5 3,7 T O T A L 460.931 469.536 499.142 6,3 100,0 Fone: FAO (Food and Agriculure Organizaion of he Unied Naions). Dados disponíveis aravés da página www.cnpgl.embrapa.br. Elaboração: R.ZOCCAL - Embrapa Gado de Leie. O coninene americano, em 2002, ocupou o segundo lugar na produção mundial, com 142.808 milhões de oneladas, o que perfaz do oal produzido 28,6% e reflee um aumeno de 18% no período de 1992 a 2002. Os países com maior produção, no coninene americano, são os Esados Unidos e o Brasil, com uma produção de 75.025 milhões de oneladas e 23.260 milhões de oneladas, respecivamene, dados que podem ser observados na abela 2, a seguir:

9 Tabela 2 - Classificação mundial dos países produores de leie - 2002 2 Países Produção de Leie (mil ) 2002 Toal Percenual do Acumulado 1º Esados Unidos 75.025 15,1 15,1 2º Índia (1) 35.000 7,0 22,1 3º Rússia 31.980 6,4 28,5 4º Alemanha 28.100 5,6 34,1 5º França 25.100 5,0 39,1 6º Brasil 23.260 4,7 43,8 7º Reino Unido 14.980 3,0 46,8 8º Ucrânia 13.959 2,8 49,5 9º Nova Zelândia 13.908 2,8 52,3 10º Polônia 12.000 2,4 54,7 11º Iália 11.848 2,4 57,1 12º Ausrália 11.620 2,3 59,4 13º Holanda 10.450 2,1 61,5 14º México 9.560 1,9 63,4 15º Argenina 8.200 1,6 65,0 Ouros Países 174.152 35,0 100,0 T O T A L 499.142 100,0 (1) A Índia produziu ambém, 48.000 mil oneladas de leie de Búfala. Fone: FAO (Food and Agriculure Organizaion of he Unied Naions). Dados disponíveis aravés da página www.cnpgl.embrapa.br. Elaboração: R. ZOCCAL - Embrapa Gado de Leie. Relaivamene ao ano de 2002, o maior produor de leie de vaca foi os Esados Unidos da América, com uma produção esimada em 75.025 milhões de oneladas, o que represenou 15,1% da produção mundial; o segundo lugar no ranking dos maiores produores foi ocupado pela Índia, com 35 milhões de oneladas, aingindo um percenual de 7%. O Brasil ocupava a sexa posição, com uma produção de cerca de 23 milhões de oneladas, ou 4,7% da produção mundial. Eses números represenam uma produção 67,2% maior que a da Nova Zelândia e quase o riplo da produção da Argenina, dois produores considerados como 2 As abelas 2, 3 e 4 apresenam diferenças nos dados devido ao fao das fones não serem as mesmas.

10 referências na produção mundial, dados observados da abela 2. Ainda no mesmo ano, o Brasil ficou em segundo lugar em número de vacas ordenhadas, com um oal de 20.580 milhões, ficando somene arás da Índia, que apresenou um oal de 94.100 milhões de animais onde, porém, por quesões religiosas, o animal é considerado sagrado. Para fins comerciais o rebanho brasileiro é o maior do mundo, uma vez que o rebanho da Índia não possui finalidade econômica, e sua produção de leie serve basicamene para o auo consumo, dados observados da abela 3. Em conraparida, ao considerar-se a produividade medida em liros/vaca/ano, o Brasil ocupou o décimo quino lugar, com uma média de 1.137. Esa é considerada uma das médias mundiais mais baixas, ficando praicamene empaado com o Chile, que apresenou uma média de 1.134, e na frene da Índia, com média de 917 liros/vaca/ano. No quesio produividade, os Esados Unidos se desacam por apresenar a melhor média mundial, com 8.226 liros/vaca/ano, seguido pelo Canadá, com média de 7.472, e em erceiro lugar a Holanda, com média de 6.786. Eses dados podem ser visualizados na abela 3, a seguir. Tabela 3 Produção de Leie, Vacas Ordenhadas e Produividade em Países Selecionados - 2002 (1) País Produção de Leie (mil on.) Vacas Ordenhadas (mil cabeças) Produividade (liros/vaca/ano) 1º Esados Unidos 75.025 9.120 8.226 2º Canadá 8.100 1.084 7.472 3º Holanda 10.450 1.540 6.786 4º Reino Unido 14.980 2.228 6.724 5º Alemanha 28.122 4.545 6.187 6º Ausrália 11.620 2.206 5.267 7º Polônia 12.001 2.769 4.334 8º França 25.871 6.705 3.858 9º Nova Zelândia 13.908 3.756 3.703 10º Argenina 8.200 2.300 3.565

11 (coninuação Tabela 3) (1) País Produção de Leie (mil on.) Vacas Ordenhadas (mil cabeças) Produividade (liros/vaca/ano) 11º Ucrânia 14.249 5.550 2.567 12º Federação Russa 33.029 13.300 2.483 13º México 9.700 7.600 1.276 14º Iália 11.848 10.058 1.178 15º Brasil 23.398 20.580 1.137 16º Chile 2.211 1950 1.134 17º Índia 86.320 94.100 917 (1) Ordenação dos países pela produividade. Fone: USDA (Unied Saes Deparmen of Agriculure) Anualpec (Anuário da Pecuária Brasileira) 2002. Dados disponíveis aravés da página www.cnpgl.embrapa.br. Elaboração: R. ZOCCAL Embrapa Gado de Leie. Para Marins 3 e al (2001, p.19) a produção e comercialização de leie e derivados se caracerizam, em odas as nações do mundo, pela exisência de políicas públicas específicas que inerferem nos preços praicados no mercado inerno e, em alguns casos, aé mesmo no mercado inernacional. Esas políicas públicas visam garanir que cuidados higiênicos sejam adoados na produção, indusrialização e comercialização, já que o leie pode se caracerizar como imporane veor de doenças ao homem. O objeivo primordial dessas ações é, porano, a preservação da saúde do consumidor. Ainda segundo os mesmos auores (op ci), essas políicas públicas visam ambém a preservação dos ineresses do consumidor, do produor ou de algum agene específico da cadeia produiva, conrolando direa ou indireamene os preços dos insumos e dos produos láceos praicados no mercado. Além disso, envolvem ambém o esímulo à produção, visando gerar excedenes exporáveis ou por meio de mecanismos impediivos à imporação e assim priorizando ganhos ou perdas de produores ou de consumidores nacionais. Os EUA, o Canadá, o Japão e os países europeus desenvolveram políicas públicas que permiem imporações, mas conroladas, não inerferindo na renda dos 3 Os auores do livro são: Carlos Eugênio Marins, Douor em Agronomia; Carlos Auguso Brasileiro de Alencar, Mesre em Engenharia Agrícola; e Maheus Bressan, Mesre em Sociologia com graduação em Agronomia.

12 produores. Todavia, esse não é o caso dos países perencenes ao Mercosul enre eles, o Brasil, onde os preços praicados são próximos àqueles enconrados no comércio inernacional. Considerando-se que o produo exporado é subsidiado, os produores laino-americanos são levados a compeir com esses preços arificiais, afirmam Marins e al (2001, p.27). 2.2 PRODUÇÃO BRASILEIRA Produzimos o leie mais barao do mundo (0,10 de dólar por liro), emos o segundo maior rebanho leieiro mundial (20 milhões de vacas ordenhadas), somos os maiores empregadores do país (5 milhões de posos de rabalho), o sexo maior produor do planea (21 bilhões de liros), afirma Jorge Rubez (2003). Esas afirmações mosram que a aividade leieira em grande imporância econômica e social na geração de empregos e na ofera de um alimeno essencial a algumas faixas da população brasileira. Considerando-se a agropecuária brasileira como um odo, o leie esá enre os cinco produos mais imporanes, seja pelo seu elevado valor de produção, esimado em 6,6 bilhões no ano de 2000, por seu papel relevane no suprimeno de alimenos ou na geração de emprego e renda para a população. Esima-se que cerca de 18 bilhões são gerados pelos diferenes segmenos que compõe esa cadeia agroindusrial no Brasil (Marins e al, 2001, p.7). Segundo Vilela 4 e al (2001), uma caracerísica marcane na produção leieira no Brasil é a grande diversidade exisene, associada a faores regionais devido à grande dimensão erriorial. Oura caracerísica é a disribuição assimérica dos produores na cadeia produiva, onde um número elevado de pequenos produores êm baixa paricipação na produção oal nacional e alguns poucos grandes produores paricipam em grande escala dessa produção, com a endência dessa siuação se agravar ainda mais. Esa siuação é confirmada por Marins e al (2001, p.14), ao assinalar que 80% dos produores são responsáveis por somene 20% da produção nacional, enquano que 20% dos maiores produores respondem 4 Os auores do livro são: Duare Vilela, Douor em Zooecnia; Maheus Bressan, Mesre em Sociologia com graduação em Agronomia; e Aércio Sanos da Cunha da Universidade de Brasília.

13 por 80% da produção nacional. O que se percebe é a endência do seor em aumenar a escala, melhorar a produividade e a qualidade do produo. Segundo Jorge Rubez (2003), a pecuária leieira do Brasil enfrenou grandes adversidades aé chegar ao nível em que se enconra aualmene, ou seja, não figura ainda enre os países de maior produividade, porém, já realizou grandes avanços. O leie é o produo mais subsidiado no mundo. De cada 1 dólar que o produor esrangeiro recebe, US$ 0,40 são de subsídios. Isso significa que US$ 40 bilhões são lieralmene doados pelos países indusrializados aos produores. Se não fossem essas barreiras, ceramene o leie figuraria numa posição de desaque na paua das maiores exporações brasileiras. A produção de leie é subsidiada em vários países do mundo, sendo a Ausrália, a Nova Zelândia e o Brasil as únicas exceções. De acordo com Sanos e al (2002, p.3), o crescimeno da produção de leie no Brasil em sido significaivo nos úlimos vine e see anos, com uma média de 3,62% de crescimeno anual. São percenuais superiores ao crescimeno populacional que, além do mais, apresenou renda (medida pelo salário mínimo) decrescene durane ese período. Esas evidências indicam que a produção de leie no Brasil cresceu acima da demanda (medido pelo crescimeno populacional e pelo nível de renda). Eses dados são reforçados por Marins e al (2001, p.9), quando afirmam que após o Plano Real, com uma maior esabilidade da economia, a produção de leie aingiu um recorde de crescimeno no ano de 1996, aingindo um índice de 12% naquele ano. Já o consumo aparene (produção mais imporações) cresceu em orno de 4,3% ao ano, e a demanda por produos láceos obeve um crescimeno de 2,7% ao ano para a década de 90. No Brasil, segundo Vilela e al (2001, p.29), exisem dois ipos disinos de mercado de láceos, conhecidos como formal e informal. O que os disingue enre si é a obrigaoriedade de inspeção saniária e higiênica governamenal, uma práica comum no mercado formal, o que não ocorre no mercado informal. A comercialização no mercado formal é realizada por meio de cooperaivas ou indúsrias pariculares que, em geral, são fiscalizadas no que diz respeio ao

14 conrole de qualidade e ao recolhimeno de imposos. Em 1987, o Brasil apresenava um percenual de 77% do leie produzido pelo mercado formal; dez anos depois, em 1997, apenas 54% do leie foi fiscalizado quano às condições saniárias e higiênicas. Esa é, sem dúvida, uma realidade que coloca em risco a saúde do consumidor, haja viso que as condições em que o leie é produzido e comercializado deixam muio a desejar, na grande maioria dos casos. Com relação ao mercado informal de leie, em anos mais recenes, ese em mosrado cera insabilidade. Segundo dados do IBGE, em 2000 represenava 40,3% da produção; em 2001 ese índice caiu para 35,6% e, no ano de 2002, volou a subir, aingindo um percenual de 39%. Segundo Sebasião Teixeira Gomes (2003), esses índices devem ser observados levando-se em consideração que uma boa pare do leie produzido, principalmene pelo pequeno produor, é desinado para o auoconsumo. A disribuição apresena-se, porano, assim consiuída: 64% desinam-se ao mercado formal, 21% ao auoconsumo e 15% ao mercado informal. A comercialização do leie in naura, no Brasil, caraceriza-se por essa informalidade. Não há definições e compromissos previamene discuidos e/ou esabelecidos para médio e longo prazo. Iso gera riscos e incerezas para o produor que, muias vezes, não sabe quano e quando irá receber pelo produo que vendeu (GOMES, 2003). 2.2.1 Cadeia Produiva O governo, durane mais de 40 anos, fixou o preço (nominal) do leie ao produor, ao consumidor e deerminou as margens de renabilidade de cada um dos elos da cadeia produiva. Com isso, odos os segmenos da cadeia produiva, praicamene, se esagnaram. Os avanços ecnológicos foram episódios isolados, e a gama de produos oferecidos aos consumidores permaneceu quase inalerada durane quaro décadas (VILELA e al, 2001, p.11). A inflação elevada foi a ônica de quase odo o período de abelameno de preços do leie e, como conseqüência, os preços recebidos pelos produores foram

15 excessivamene insáveis, conforme referem Vilela e al (2001). Cabe salienar que o leie abelado nunca significou remuneração adequada ao produor e nem esabilidade de preços reais. Ainda hoje, produzir leie envolve considerável risco financeiro. A indúsria de laicínios, a qual adquire a maéria-prima, processa, produz e vende diversos derivados láceos, preferiu adapar-se às condições precárias da produção leieira com seu suprimeno insável de maéria prima, baixa qualidade e alo cuso de colea do que incenivar ou invesir no aumeno de produividade (VILELA e al, 2001, p.13). No Brasil, ese seor é consiuído por empresas com caracerísicas basane diferenes. Compõem o seor um pequeno número de unidades indusriais modernas, e um número enorme de pequenas empresas, milhares delas do ipo cooperaivas, com baixo padrão ecnológico, pouca sofisicação gerencial e produção de qualidade inferior. Com o acirrameno da concorrência exerna e com a perda do poder de imposição de preços pelas grandes redes varejisas, as pequenas empresas, na maioria das vezes, erminaram pagando o preço da imprevidência, afirmam Vilela e al (2001, p.14). Sem er acompanhado as endências do mercado, grande pare das unidades produivas esão sob ameaça de insolvência e, junamene com cenenas de pequenas empresas, sofrem o inenso processo de concenração, al como ocorre com a produção leieira. Unidades indusriais de menor pore vão sendo fechadas ou adquiridas pelos grandes grupos nacionais e mulinacionais, eses úlimos com maior poder econômico e uma posura mais agressiva na conquisa de novos mercados e na consolidação dos já exisenes. Os obsáculos em realizar pesquisas, lançar novos produos e realizar campanhas de markeing, compleam as dificuldades de sobrevivência de empresas menores, ou de auação regional. No seor leieiro e de laicínios as endências nacionais e inernacionais aponam para uma grande concenração de capial, elevado giro de negócios, grande volailidade de produos e comercialização em ala escala, e um elevado poder de barganha de grandes redes de varejo, devendo, por isso, permanecer um número cada vez menor de indúsrias em um mercado dominado por sisemas de disribuição alamene informaizados e cada vez menos informal. Nese senido,

16 cabe ao governo elaborar uma políica de curo prazo para ese segmeno indusrial que venha a permiir que um número maior de empresas sobreviva às auais dificuldades, priorizando a modernização ecnológica e o aumeno da eficiência da indúsria de pequeno e médio pore (VILELA e al, 2001, p.127). Reafirmando esa perspeciva, Vicene Nogueira Neo e Paulo Sérgio Musefaga, em arigo publicado no informaivo écnico da Revisa Gleba, em sua edição de novembro e dezembro de 2001, página 21, afirmam que: [...] não se pode omiir a ação deleéria do varejo. Cada vez mais concenrados, os supermercados pressionam os preços no aacado, reduzindo a margem da indúsria, especialmene das pequenas e médias, que para maner ou minimizar a compressão de sua margem de comercialização, reduzem os preços aos produores. O mais recriminável da ação dos supermercados é que os ganhos auferidos com a redução dos preços às indúsrias raramene beneficiam o consumidor. Essa endência de concenração de capial, que privilegia as indúsrias de maior poder econômico, ambém aconece com os produores, pois com um número grande de pequenos produores, a especialização dese seor orna-se difícil, a disseminação de informações fica mais lena e deficiária, a colea e o conrole da qualidade do leie por pare das indúsrias e do governo ficam mais dispendiosos. Ainda sobre a endência de concenração do mercado leieiro, Vicene Nogueira Neo e Paulo Sérgio Musefaga, no mesmo arigo, consideram que o que esá aconecendo é resulado de uma esruura imperfeia de mercado, pois as 20 maiores empresas de laicínios do Brasil são responsáveis por mais de 50% das compras no mercado formal; de ouro, há milhares de produores dispersos por odo o País. Embora os produores venham se organizando, a relação ainda é muio desigual. A grande maioria dos produores ainda é omadora de preços. A produção nacional de leie, principalmene a parir da década de 1990, vêm passando por ransformações de ordem políica, econômica e ecnológica que afeam oda a cadeia de láceos. Segundo Vilela e al (2001, p.22-23) os faores que deerminaram essas ransformações foram os seguines: - Liberação do preço de leie, em 1991. O abelameno expulsou capiais e empresários da aividade, além de impedir o desenvolvimeno da culura da negociação; - Maior aberura da economia brasileira ao mercado inernacional, em

17 especial a insalação do Mercosul. Como pono posiivo pode-se ciar o desperar para a compeição inernacional. Por ouro lado, esa aberura rouxe os produos láceos imporados, muias vezes em condições subsidiadas no país de origem; - A esabilidade da economia, com o plano Real, gerou um aumenou na demanda, como conseqüência do aumeno da renda da população. Em relação à produção, a esabilidade conseguida com a aberura comercial reduziu as margens de lucro pela queda do preço do leie, colocando em dificuldades odo o segmeno da produção; - Melhora na qualidade do leie, ainda em conseqüência da concorrência nacional e inernacional, o que levou à exclusão do mercado formal aqueles produores que não conseguiram se adequar às novas exigências ecnológicas; - Grande crescimeno do leie longa vida (UHT), que mudou o pono de referência do preço do leie, causando impacos nas margens de lucro de oda a cadeia, uma vez que o principal pono de venda desse ipo de leie são os supermercados, que possuem ala influência no preço do leie, em razão de sua esruura oligopolizada. Esas afirmações vão de enconro com as de Marins e al (2001, p.39), para quem o fim do abelameno de preços, a aberura comercial, a enrada em vigor do Mercosul e principalmene o Plano de Esabilização Moneária Plano Real são faores que explicam o dinamismo que se insalou em oda cadeia produiva, com reflexos nas propriedades leieiras na década de 90. 2.2.2 Produividade Quesões como susenabilidade, compeiividade e qualidade êm sido inensamene debaidas nos úlimos anos. No seor do leie, não é diferene, viso que para orná-lo susenável e lucraivo será necessário rever alguns paradigmas preconizados pelo aual modelo de produção e organização adoadas pelo seor. Para Sidnei Aparecido Baroni, Especialisa em Adminisração Rural, ciado

18 por Sanos e al (2002), a sociedade precisa deixar de ver o seor produivo como simples fornecedor de maéria prima baraa, e passar a discui-lo como um segmeno imporane da cadeia produiva. Profissionais de Ciências Agrárias precisam aprimorar seu nível de conhecimenos, dominando informações e ecnologias que conribuam para a solução dos problemas de produção e produividade, passando ambém a desempenhar o papel de consulores gerenciais. Esas necessidades se ornam urgenes, uma vez que o produor não pode mais adminisrar seu negócio agrícola como há 20 ou 30 anos arás, como conseqüência das mudanças ocorridas na economia mundial, que passaram a exigir agilidade, rapidez e precisão nas decisões. Enre os anos de 1980 e 2003 houve um aumeno de produção de 102,4%, e os dados apresenados na abela 4 demonsram que a produividade em maior imporância nese crescimeno do que o aumeno do rebanho. Na média, a produividade das propriedades leieiras é ainda muio baixa quando comparada as de ouros países produores, incluindo os países perencenes ao Mercosul. Esa baixa produividade pode ser decorrene de combinações inadequadas no uso de faores produivos, o que causaria elevação de cusos e, conseqüenemene, redução da compeiividade seja relaivamene aos cusos de oporunidade em relação a ouras aividades, ou quano à capacidade de compeir com produos láceos de ouras regiões ou países. Tabela 4 Produção de Leie, Vacas Ordenhadas e Produividade Animal no Brasil Ano Produção de Leie (milhões liros/ano) Vacas Ordenhadas (mil cabeças) Produividade (liros/vaca/ano) 1980 11.162 16.513 676 1981 11.324 16.492 687 1982 11.461 16.387 700 1983 11.463 16.276 704 1984 11.933 16.743 713 1985 12.078 16.890 715 1986 12.492 17.330 721 1987 12.996 17.774 731

19 (coninuação abela 4) Ano Produção de Leie (milhões liros/ano) Vacas Ordenhadas (mil cabeças) Produividade (liros/vaca/ano) 1988 13.522 18.054 749 1989 14.095 18.673 755 1990 14.484 19.072 760 1991 15.079 19.964 755 1992 15.784 20.476 771 1993 15.591 20.023 779 1994 15.784 20.068 787 1995 16.474 20.579 800 1996 18.515 16.273 1.138 1997 18.666 17.048 1.095 1998 18.694 17.280 1.082 1999 19.070 17.395 1.096 2000 19.767 17.885 1.105 2001 20.510 18.194 1.127 2002 21.642 19.005 1.139 2003 (1) 22.595 19.195 1.177 (1) Projeção realizada pela Embrapa Gado de Leie Fone: IBGE (Censo Agropecuário e Pesquisa da Pecuária Municipal). Dados disponíveis aravés da página www.cnpgl.embrapa.br. Elaboração: R. ZOCCAL - Embrapa Gado de Leie. Porém, segundo Marins e al (2001, p.8), as esaísicas de leie no Brasil englobam unidades produoras dos mais diversos ipos, desde a pecuária mais rudimenar, exensiva, uilizando rebanhos não-especializados, aé a mais inensiva, doada de ecnologia moderna e manejando rebanhos alamene especializados em ermos de poencial genéico para leie o que faz com que a produividade da pecuária leieira medida em liros/vaca/ano pouco explique sobre a pecuária nacional, que se caraceriza por realidades muio disinas. O que parece conradiório é que, nesse mesmo período, o aumeno da produividade veio acompanhado de uma redução de preços recebidos pelos produores. A explicação mais plausível para esa aparene conradição, segundo Sanos e al (2002, p.5), é a redução no número de produores fornecedores das principais indúsrias compradoras, com média de fornecimeno cada vez maior por

20 produor remanescene, conseguindo, por meio da expansão na escala, maner ou aumenar a renda a despeio de menores reornos por liro produzido. A endência nese seor é aumenar a escala, melhorar a produividade e a qualidade do produo. Aos produores que não se adequarem aos novos proocolos de produção e às novas regras de mercado, a exclusão parece ser ineviável. A modernização deverá acarrear num aumeno da produividade, fazendo o Brasil aproximar-se ao padrão mundial e, como conseqüência, deverá haver uma redução do número de produores. A reesruuração da produção leieira não se dará sem grave cuso social, pressupondo-se, assim, que o desafio será o de desenvolver programas oficiais de reconversão deses produores buscando sua permanência na aividade, ou pelo menos, no campo (VILELA e al, 2001, p.11). Ainda de acordo com Vilela e al (2001, p.12), para que o cuso social seja o menor possível a economia brasileira deve esar em crescimeno (o que abre o leque de possibilidades de ouras aividades agrícolas ou mesmo urbanas) e a ofera de crédio deve esar esruurada de forma a suporar axas de juros não superiores às inernacionais. Uma condição indispensável à sobrevivência da produção leieira especializada é, sem dúvida, a adoção de medidas que proporcionem maior esabilidade e previsibilidade aos preços recebidos pelos produores. A ausência da pressão dos preços inernacionais é insuficiene para eviar a queda dos preços aos produores quando há excedene de ofera, mesmo que seja pequeno, como ocorreu em plena enressafra de 2001, afirmam Vicene Nogueira Neo e Paulo Sérgio Musefaga. O elevado cuso de produção é, assim, um dos grandes enraves ao progresso do seor, paricularmene quando aliado aos pequenos preços pagos aos produores, consiuindo-se em uma das razões para a baixa renabilidade alcançada por liro produzido no Brasil. Mesmo com algumas adversidades, a produividade vem crescendo consideravelmene. Em edição especial sobre o agronegócio, a revisa Veja, edição de abril de 2004, com o íulo Agronegócio Reraos de um Brasil que dá lucros, publica um arigo que evidencia esa evolução na produividade da pecuária leieira.

21 Fala pouco para o Brasil aingir a auo-suficiência na produção de leie, e isso em pouco a ver com o crescimeno do rebanho. Nas úlimas rês décadas, a produção aumenou 8 bilhões para 22 bilhões de liros sobreudo porque as vacas passaram a ser mais bem raadas. No período, a média de produção salou de 700 para 1.500 liros por animal no ano. Sexo maior produor do mundo, com 20 milhões de vacas nas ordenhas, o país produz o equivalene a 1 real em leie para cada 9 reais irados do campo. A ecnologia nos currais, com ordenhadeiras, anques de resfriameno, inseminação arificial, seleção genéica, enre ouros faores, permiiu reduzir o défici resulane da imporação de leie de 500 milhões para 60 milhões de dólares em cinco anos. Ao mesmo empo, aumena a exporação de leie em pó, que rende mais. Os ganhos na exporação devem se muliplicar por cinco a curo prazo, prevêem especialisas. Não é pouco para quem inha, aé a enrada do milênio, uma regulação saniária daada de 1952, pela qual as fazendas produoras não esavam nem mesmo obrigadas a resfriar o produo logo depois da ordenha (EDWARDS, 2004, p. 17). 2.3 PRODUÇÃO PARANAENSE Para Marins e al, (2001, p.10) a produção brasileira de leie não é disribuída uniformemene enre os diversos esados, pois cerca de 70% da produção esá concenrada em cinco esados: Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná. Pode-se, porano, considerar que o Esado do Paraná se caraceriza por ser um esado de radição agropecuária, conforme se pode consaar observando os dados apresenados na abela 5. O Paraná, no ano de 2002, ocupava a quara posição enre os esados produores de leie do Brasil, com uma produção anual de 1.985 milhões de liros, paricipando com 9,2% da produção oal nacional, e arás dos Esados de Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul, que produziram 6.177, 2.483 e 2.330 milhões de liros, respecivamene. Ao se considerar o iem produividade, o Paraná sobe para a erceira posição, com uma produividade de 1.672 medidos em liros por vaca; a primeira posição era ocupada pelo Rio Grande do Sul, com 1.964, seguido do Esado de Sana Caarina com 1.950, conforme demonsram os dados consanes da abela 5.

22 Tabela 5 - Evolução da Produção de Leie nos Esados 1991 2002 (Ordenada Segundo a produção de leie em 2002) Esado Produção de Leie (milhões de liros) 1991 1996 2001 2002 Produividade (Liros/vaca) *Produividade (liros/hab.) 1º Minas Gerais 4.319 5.601 5.981 6.177 1.351 328 2º Goiás 1.166 1.999 2.322 2.483 1.120 439 3º Rio Grande do Sul 1.488 1.861 2.222 2.330 1.964 206 4º Paraná 1.240 1.514 1.890 1.985 1.672 188 5º São Paulo 1.980 1.985 1.783 1.748 1.018 50 6º Sana Caarina 661 866 1.076 1.193 1.950 187 7º Bahia 795 660 739 752 496 55 8º Rondônia 252 317 476 644 978 306 9º Pará 245 238 459 577 582 61 10º Mao Grosso do Sul 421 407 445 472 987 33 11º Mao Grosso 239 375 443 467 1.072 206 12º Rio de Janeiro 391 432 447 447 1.150 169 13º Pernambuco 317 422 360 392 1.036 122 14º Espírio Sano 300 320 362 375 1.108 45 15º Ceará 299 390 328 341 768 45 16º Alagoas 208 223 244 224 1.376 77 17º Maranhão 134 139 155 195 528 135 18º Tocanins 112 144 166 186 463 27 19º Rio Grande do Nore 109 160 143 158 829 52 20º Paraíba 156 150 106 117 659 65 21º Sergipe 98 135 113 112 856 31 22º Acre 22 31 86 104 824 73 23º Piauí 59 75 78 75 381 27 24º Amazonas 39 27 38 40 550 13 25º Disrio Federal 14 28 37 37 1.355 18 26º Roraima 13 11 9 8 409 31

23 Coninuação da abela 5... Esado Produção de Leie (milhões de liros) Produividade (Liros/vaca) *Produividade (liros/hab.) 27º Amapá 2 2 3 3 556 8 T O T A L 15.079 18.512 20.511 21.642 1.139 111 *Obs.: Os dados de produividade de liros/habianes são do ano de 2000. Fone: IBGE Pesquisa da Pecuária Municipal. Dados disponíveis aravés da página www.cnpgl.embrapa.br. Elaboração: R.ZOCCAL - Embrapa Gado de Leie Adapado A comparação enre os resulados obidos nos anos de 1991 e 2002 mosra que o esado do Paraná vem aumenando sua produção. Em 1991 a produção era de 1.240 milhões de liros; no ano de 2002 a produção aingiu 1.985 milhões de liros, com um crescimeno de 60,1% nese período, o que corresponde a um crescimeno de, aproximadamene, 5,5% ao ano. Enre os maiores produores ambém merecem desaque os esados de Goiás, com um crescimeno da ordem de 113%, Rio Grande do Sul com crescimeno de 56,6% e Minas Gerais com crescimeno de 43%. O desaque negaivo fica por cona do Esado de São Paulo, que obeve uma queda de produção de 11,7% no período de 1991 a 2002, dados observados da abela 5. De acordo com Vilela e al (2001, p.231) esse crescimeno não se deu em virude apenas da expansão do rebanho bovino e, conseqüenemene, do número de vacas ordenhadas; houve avanços ecnológicos significaivos, que permiiram ganhos na produção por animal, por área e por esabelecimeno ocupado com a pecuária leieira. Segundo os dados do IBGE, em 1997 a região sul do esado era a que possuía os rebanhos leieiros mais produivos do Paraná, com produividades médias de 3.507 liros/vaca/ano, apresenando percenuais de 28,6% da produção com 20,5% do rebanho. A segunda maior região era a oese, com 22,4% da produção e 16,5% do rebanho, com uma produividade média de 2.087 liros/vaca/ano. A região nore era a erceira maior produora, com 22% da produção oal e possuía o maior rebanho mesiço, aingindo 26% do rebanho esadual e produividade média de 1.280 liros/vaca/ano. As regiões sul, oese e nore