ORÇAMENTO DE OBRAS Ângelo Augusto Gomes Carneiro 1 Rogério Santos Teixeira 2 Prof. Ricardo Antonio Pereira da Silva 3 RESUMO Este trabalho de pesquisa busca identificar os principais problemas encontrados na atividade de realizar orçamento e estimativas de obras de engenharia, em especial para o atendimento a requisitos rigorosos estabelecidos por órgãos governamentais, de maneira a permitir a especificação detalhada de software especializado que venha a dar maior grau de segurança para as empresas e benefícios na usabilidade para os operadores que manuseiam estas informações na rotina das empresas de engenharia. Palavras-chave: Estimativa. Orçamento. Obra. Sistema. Usabilidade. Abstract This research paper seeks to identify the main problems found in the activity to perform budgeting and forecasting for engineering works, especially to meet the stringent requirements set by government agencies, in order to allow detailed specification of specialized software that will give greater security benefits for businesses and usability for operators who handle this information in routine engineering firms. Keywords: Budget. Estimate. Works. System. Usability. 1. INTRODUÇÃO Todas as empresas do segmento da construção civil possuem, em seus processos críticos, a necessidade de realizar orçamentos adequados para a execução de obras. Quaisquer erros, cometidos nesta etapa, ou atrasos que 1 Graduando de Engenharia Civil pela Faculdade Kennedy. 2 Graduando de Engenharia Civil pela Faculdade Kennedy. 3 Graduado em Engenharia Metalúrgica. Pós-Graduando em Segurança do trabalho. Professor na Faculdade Kennedy.
ocorram em etapas subsequentes, podem refletir diretamente no resultado financeiro da empresa, tornando-a viável ou não. Alinhados com o desafio de reduzir os riscos inerentes à montagem de orçamentos, o objetivo deste trabalho é apresentar uma proposta que venha a trazer efetivamente maior agilidade e segurança na geração destes orçamentos. 2. REFERENCIAL TEÓRICO Como o objetivo principal desta pesquisa é a especificação dos requisitos para o desenvolvimento de um software com destaque na usabilidade, vamos citar alguns conceitos e princípios que devem ser seguidos para se conseguir o desenvolvimento de um software que atenda melhor as qualidades requeridas para a boa usabilidade. 2.1. Ergonomia O principio da ergonomia é estudar o conforto e adaptação de pessoas aos objetos, com o objetivo de aumentar a produtividade e satisfação destas pessoas, tendo como princípios básicos, para sua relação com a utilização de softwares, os itens abaixo descritos: Esforço mínimo do usuário; Memória mínima do usuário; Frustração mínima do usuário; Maximizar o uso de padrões e hábitos; Máxima tolerância para diferenças humanas; Máxima tolerância para mudanças ambientais (interoperabilidade); Notificação imediata de problemas; Controle máximo de tarefas pelo usuário; Apoio máximo às tarefas do usuário. A ergonomia visa a adequação de um sistema às características de sua utilização, envolvendo fatores humanos relacionados ao desenvolvimento de software, objetivando a otimização da performance humana, onde são considerados o aumento da produtividade e satisfação do usuário, que estarão amparados na diminuição dos erros relacionados à utilização do software. 2.2. Qualidade
Segundo Gerald M. Weinberg, A qualidade é relativa. O que é qualidade para uma pessoa pode ser falta de qualidade para outra. i Desta forma, é necessário que seja feito um detalhamento do que entendemos como qualidade de software a ser atendida neste artigo, uma vez que, segundo Ana R. C. Rocha (2001), qualidade é um conjunto de características que devem ser alcançadas em um determinado grau para que o produto atenda às necessidades de seus usuários. Este trabalho pretende relacionar os requisitos que farão com que o resultado alcançado tenha a qualidade esperada, definida em conjunto com os entrevistados. Para auxiliar a definir os requisitos relacionados às necessidades e padrões básicos para orçamentos utilizaremos como referência, além das entrevistas, a publicação desenvolvida pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Secretaria de Orçamento Federal, Manual técnico de orçamento (MTO). ii Outras fontes de informação poderão vir a ser utilizadas caso venham a se apresentar necessárias. 2.3. Usabilidade Capacidade que um sistema interativo oferece a seu usuário, em um determinado contexto de operação, para realização de tarefas de maneira eficaz, eficiente e agradável (Norma ISO 9241: requisitos ergonômicos para trabalho em escritório). A capacidade do produto de software de ser entendido, usado e atrativo para o usuário, quando utilizado em condições específicas (ISO 9126: Software Engineering product quality). Jacob Nielsen definiu a usabilidade como a medida de qualidade dos objetos e interfaces acrescida à utilidade dos mesmos, e juntamente com Molich (1990), estabeleceram os principais critérios para caracterizar a qualidade dos softwares (heurísticas de usabilidade), descritas a seguir: Visibilidade do status do sistema; Linguagem familiar ao usuário; Controle do usuário; Consistência; Prevenção de erros; Memorização mínima do usuário;
Uso eficiente e flexível; Projeto simples; Boas mensagens de erro; Ajuda e documentação. Outros conceitos importantes, escolhidos dentre diversos autores, que reforçam a necessidade de desenvolvimento de softwares com estas características. Facilidades que o usuário encontra para aprender as funcionalidades do software, sem ter que recorrer a cursos de atualização. Facilidade para lembrar como realizar uma tarefa após algum tempo de uso. Rapidez no desenvolvimento das tarefas relacionadas ao software. Quantidade de erros na realização das tarefas. Satisfação subjetiva do usuário, que é o grau de satisfação que este sente automaticamente a medida que desenvolve suas tarefas, com maior ou menor dificuldade. 3. JUSTIFICATIVA As empresas do segmento de construção civil possuem um desafio inicial em seu processo produtivo que é a realização de orçamentos adequados para a realização de obras, em especial para a participação em obras públicas, que apresentam requisitos mais rigorosos relacionados ao nível de detalhamento e formalidades necessárias na apresentação do orçamento. As variáveis envolvidas são muitas e, quaisquer erros nos registros das estimativas ou atrasos na entrega dos orçamentos podem refletir diretamente nos resultados da empresa, tornando-a viável ou não. Observamos que muitas vezes ocorre a impossibilidade de envio ou o envio de orçamentos inadequados em função dos prazos reduzidos para realização das estimativas e para a formatação nos padrões e de acordo com especificações presentes em edital ou em normas governamentais. Este desafio acontece também nos casos de necessidade de realização de ajustes nos mesmos devido a mudanças apresentadas no processo de concorrência. Desta maneira, uma solução que venha a tornar mais ágil a estruturação e ajuste de orçamentos, e que facilite aos profissionais envolvidos e operadores sua utilização e manutenção permitirá eliminar os principais problemas decorrentes desta atividade, fundamental para estas empresas.
3.1. Formulação do problema É de conhecimento de todos que, o que diferencia as empresas de engenharia entre si é, na sua maioria, a capacidade de realizar mais, em menos tempo e com melhor qualidade, eliminando erros. Estas qualidades refletem diretamente nos custos de projetos, e é determinante para se vencer ou não uma concorrência. A partir de uma demanda de mercado, confeccionar o orçamento de uma obra civil é o ponto inicial do processo. Como ferramenta para apoiar esta etapa, algumas empresas da construção civil utilizam sistemas especializados, disponíveis no mercado, na montagem de orçamentos. Estes sistemas, na sua maioria atendem à necessidade inicial de registro dos orçamentos, mas carecem de uma interface mais adequada e simplificada para interação com seus usuários. Outras empresas, a grande maioria, com menor capacidade de investimento se utilizam de planilhas eletrônicas, também de grande complexidade e sujeitas a erros. O que observamos em uma análise preliminar é o grande esforço e frequentes erros neste processo de registro de informações. Informações estas, muitas vezes padronizadas e repetitivas; que passam ainda por necessidades frequentes de mudanças e ajustes para entrega em concorrências e tudo isto em prazos exíguos. Pretende-se, neste trabalho, propor uma alternativa que contribua para a redução dos esforços de registro e manutenção dos orçamentos propiciando maior qualidade e segurança finais a esta importante etapa do processo produtivo das empresas da construção civil. 3.2. Hipóteses O desafio é especificar um software que venha a trazer ganhos em termos de agilidade e usabilidade para os profissionais envolvidos no processo e que possa contribuir para reduzir as barreiras de esforço, tempo de montagem e revisão, qualidade e custo desta etapa do processo. Para atender ao requisito de agilidade, observamos que os orçamentos são, com frequência, muito parecidos e a possibilidade de utilizar templates ou reaproveitar informações de orçamentos de mesma natureza permitiriam iniciar o trabalho mais rapidamente.
Com relação ao requisito de usabilidade, a possibilidade de disponibilização de recursos bastante utilizados em plataformas de mercado onde se permite com alguma facilidade copiar informações e colá-las sem a necessidade de redigitações, entre outros recursos contribuiriam fortemente para atender ao requisito. 4. OBJETIVOS 4.1. Objetivo Geral Especificar os requisitos de um sistema informatizado voltado para o atendimento a empresas de construção civil que venha a simplificar o trabalho das equipes responsáveis pelo processo de gestão e montagem de orçamentos, em especial para participação em concorrências públicas, com menor possibilidade de erros e maior agilidade na entrega. 4.2. Objetivos específicos Reduzir os riscos relacionados a erros provenientes da montagem, reaproveitamento e manutenção indevida de orçamentos para obras civis; Tornar mais ágil a criação de novos orçamentos bem como suas revisões subsequentes, simplificando a entrada de informações no sistema; Facilitar a entrada de informações no sistema através da importação de dados diretamente de planilhas eletrônicas; Definir os requisitos de segurança aplicáveis que possibilitem garantir a integridade das informações e o acesso indevido de pessoas, conforme sua origem e objetivo específico dentro do sistema; Proporcionar maior segurança na geração de orçamentos para obras civis; Viabilizar a exportação dos resultados de um orçamento diretamente para planilhas eletrônicas ou arquivos texto, sem necessidade de redigitação.
5. METODOLOGIA Para realização deste trabalho utilizaremos a seguintes metodologias para levantamento dos insumos e requisitos necessários á especificação do programa: Pesquisa de literaturas correlatas Visita a empresas que utilizam sistemas informatizados ou não de orçamento Entrevista com profissionais da área Pesquisas na Internet Proposição de solução prática 5.1. Métodos de abordagem Através de levantamento de informações pertinentes junto a profissionais envolvidos com a realização de orçamentos de obras civis de engenharia serão identificados os requisitos necessários à especificação de um programa que venha a atender mais adequadamente às necessidades dos profissionais envolvidos. A partir do entendimento destas necessidades e face ao conhecimento de tecnologias disponíveis serão propostas alternativas que venham a contribuir com uma maior qualidade no produto final a ser apresentado. 5.2. Métodos de procedimentos Para a pesquisa de literaturas correlatas será realizada uma pesquisa bibliográfica de documentos publicados relacionados ao assunto; Serão avaliadas as soluções adotadas por um conjunto reduzido de empresas para montagem de orçamentos; Serão entrevistados os profissionais alocados na área de orçamento e responsáveis por sua execução procurando identificar as principais dificuldades encontradas na lida com os processos no dia-a-dia do trabalho; Serão realizadas pesquisas na internet com o objetivo de colher insumos e alternativas existentes em outras aplicações e que possam ser adequadas às necessidades específicas de orçamento de obras civis;
Classificação quantitativa e/ou qualitativa das respostas obtidas de forma a permitir a formulação de proposta conclusiva. 5.3. Técnicas A pesquisa bibliográfica será realizada em bibliotecas públicas e/ou privadas além de publicações técnicas especializadas da área de tecnologia da informação e orçamento de obras de engenharia civil. Para as entrevistas, serão registradas as informações e, se necessário, transcritas para registro no trabalho. A avaliação das soluções adotadas pelas empresas será feita em conjunto com a entrevista aos profissionais envolvidos no processo de montagem de orçamentos. Para modelagem das informações, utilizaremos de software especializado em modelagem de dados ou de planilhas. Caso seja necessário registro visual de telas e imagens, estas serão geradas com recursos públicos disponíveis na Internet. 5.4. Delimitação da pesquisa A pesquisa e os objetivos que esperamos atender encontram-se focados em orçamentos para obras de engenharia civil e, devido a sua maior estruturação, também nos limitaremos a estruturas ligadas a licitações públicas. Independente desta delimitação, o produto final tende a ser adequado também para obras civis de empresas privadas, visto que os requisitos tendem a ser mais flexíveis em empresas com obras desta natureza. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O domínio dos conceitos de orçamentos para obras civis aliado aos conceitos de qualidade e usabilidade de software compõem dois dos pilares para a formação de uma base importante para o desenvolvimento de um software para atender de forma mais satisfatória e eficiente ao crescente mercado da engenharia civil. O terceiro pilar é o forte envolvimento de usuários e profissionais que atuam no processo, que será obtido através da realização de pesquisas de campo com o objetivo de entender as suas necessidades específicas. Desta forma, teremos insumos e material fundamentais para a definição das melhores soluções e para o
desenvolvimento de funcionalidades mais comumente demandadas por estes usuários. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual técnico de orçamento (MTO). Brasília, 2012. KOSCIANSKI, A.; Soares, Michel dos S. Qualidade de Software. 2. ed. São Paulo: Novatec, 2007. LOPES, Alan de Oliveira, et. al. Novos Modelos de Orçamento de Obras Públicas. Brasília: Polícia Federal, 2011. PEREIRA, D. M et. al. Composição de Custos Rodoviários. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2002. RDC Eletrônico: manual do usuário fornecedor. Disponível em: <http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/compras-eletronicas/regimediferenciado-de-contratacoes-2013-rdc>. Acesso em: 10 out. 2013. TISAKA, Maçahico. Metodologia de Calculo da Taxa do BDI e Custos Diretos para e Elaboração do Orçamento na Construção Civil. São Paulo: Instituto de Engenharia, 2009. TISAKA, Maçahiko. Orçamento na Construção Civil: Consultoria, Projeto e Execução. São Paulo: Editora PINI, 2006. i Apud. KOSCIANSKI, A.; SOARES, M. S. Qualidade de Software. São Paulo: Novatec, 2007.