IPEC-RJ Apresenta. MANUAL DE CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 8ª Edição ATUALIZAÇÃO Lei 12973/14 39 PERGUNTAS RESPONDIDAS



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Transcrição:

IPEC-RJ Apresenta MANUAL DE CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 8ª Edição ATUALIZAÇÃO Lei 12973/14 39 PERGUNTAS RESPONDIDAS Olá, aqui escreve o Prof. Paulo Henrique Pêgas. Ano retrasado, divulgamos um material comentando a MP nº 627/13 ainda no próprio ano de 2013. E, em JUL/14, foi publicada pela Freitas Bastos Editora, a 8ª edição do livro MANUAL DE CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA, já atualizada com base na Lei nº 12.973/14. Todavia, desde a publicação da nova edição, muito se evoluiu no estudo da integração CONTABILIDADE x FISCO, com publicação por parte da Receita Federal do Brasil RFB de normativos e cartilhas específicas, que tem como objetivo ajudar na compreensão e no entendimento para aplicação de tão complexos normativos. Apresento a seguir, um material complementar ao livro, a todos os meus queridos leitores que adquiriram a 8ª edição do livro e a você, profissional ou estudante envolvido no mundo contábil-tributário. Na medida do possível, irei responder outras perguntas e aumentar o material de apoio até o lançamento da 9ª ed. do livro, prevista para o começo do 2º semestre de 2015. Espero que as 33 perguntas respondidas a seguir sejam úteis para alguma situação específica do dia a dia ou para as pessoas que estudam o tema. Grande abraço. Feliz 2015 para você. Prof. Paulo Henrique Pêgas Pergunte ao Pêgas Página 1

1. Quais os desdobramentos para a empresa que NÃO optou pela aplicação da Lei nº 12.973/14 já em 2014? RESP: A empresa que efetuou a opção pela aplicação da Lei nº 12.973/14 já em 2014 poderá distribuir dividendos com isenção para seus sócios/acionistas neste ano de 2014 com base na contabilidade moderna, aplicando a Lei nº 6.404/76 com alterações das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09. Já a empresa que NÃO fizer tal opção, terá isenção SOMENTE em relação ao lucro apurado com base na legislação contábil-societária vigente em DEZ/07. Este é o único ponto que restou para quem não optou pela aplicação da Lei já em 2014. Veja o resumo nos quadros a seguir. FIM DO RTT JÁ EM 2014 Neste caso, a empresa deverá aplicar já no ano de 2014 todas as modificações previstas na Lei nº 12.973/14 (artigos 1º e 2º e 4º a 70 e as revogações previstas no art. 117). Com isso, a distribuição de lucros deste ano (2014) com isenção para sócios ou acionistas poderá ser feita utilizando a DRE com as novas regras contábeis e os ajustes previstos na Lei nº 12.973/14. O mesmo vale para o cálculo do valor máximo para fins de pagamento de juros sobre capital próprio em 2014, assim como valerá para a avaliação dos investimentos avaliados pelo Método de Equivalência Patrimonial, que poderá ser realizada com aplicação dos números da contabilidade aplicando a Lei nº 6.404/76, sem precisar fazer qualquer tipo de ajuste pelo RTT. Em RESUMO: OS DADOS CONTÁBEIS SERÃO UTILIZADOS PARA DIVIDENDOS, EQUIVALÊNCIA, JCP E TODOS OS DEMAIS AJUSTES. FIM DO RTT SÓ EM 2015 Neste caso, a empresa continuará utilizando o RTT no ano de 2014, passando a aplicar todas as modificações previstas na Lei nº 12.973/14 (arts. 1º e 2º e 4º a 70 e as revogações previstas no art. 117) apenas em 2015. Com isso, a distribuição de lucros deste ano (2014) com isenção para sócios ou acionistas poderá ser feita utilizando a DRE com os métodos e critérios contábeis vigentes em DEZ/07, ou seja, com a contabilidade moderna, mas ajustada pelo RTT. Todos os demais ajustes poderão ser realizados considerando a contabilidade moderna, com base na Lei nº 6.404/76 com alterações das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09. Em RESUMO: NO ANO DE 2014 OS DIVIDENDOS COM ISENÇÃO DEVERÃO SER CALCULADOS UTILIZANDO MÉTODOS E CRITÉRIOS CONTÁBEIS VIGENTES EM DEZ/07 (RTT). 2. Então, a empresa que pagou JCP durante a vigência do RTT utilizando o PL pela contabilidade moderna não terá qualquer problema tributário? RESP: NÃO. A empresa poderia ter utilizado como base para pagamento de JCP qualquer dos dois valores (pela Contabilidade Moderna ou pela Contabilidade vigente em DEZ/07) de PL, Reservas de Lucros e Lucros Acumulados apresentados durante a vigência do RTT. A partir do ano que fizer a opção pelo fim do RTT (2014 ou 2015), os valores serão sempre extraídos da contabilidade societária, moderna, com base na Lei nº 6.404/76, com as alterações das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09. O mesmo se aplica a apuração do resultado de participação em controladas e coligadas pelo método de equivalência patrimonial. 3. A empresa que fez a opção pela aplicação da Lei nº 12.973/14 só em 2015 poderá distribuir (com isenção) o LUCRO retido em reservas em 2014 a qualquer momento nos próximos anos, por exemplo, já no início de 2015? RESP: Tal item é polêmico e não tem resposta imediata. Teoricamente, a partir da aplicação da Lei nº 12.973/14, a empresa pode distribuir (com isenção) os lucros Pergunte ao Pêgas Página 2

que apurar pela escrituração contábil (moderna). Veja um pequeno exemplo numérico. Admita que a Cia. W optou pelo fim do RTT só a partir de 2015. Comprou um veículo de passageiros por R$ 1.000 em JAN/11. O bem será usado por cinco anos e a empresa faz uma doação ao final do prazo de vida útil. Sua receita líquida durante este período (2012 a 2015) montou R$ 350. Para fins didáticos, suponha que a empresa distribui todo seu lucro a seus acionistas. Lembramos que a IN RFB nº 162/98 define a depreciação de veículos de passageiros em 4 anos, com a taxa anual de 25%. Utilizaremos a alíquota combinada de 34% para IR+CSLL. Veja na tabela conjunta a seguir, as duas apurações, em 2014: pela contabilidade moderna e pela contabilidade antiga (com base na legislação societária vigente em DEZ/07). Cia. W - APURAÇÃO DO RESULTADO EM 2014 CONTABILIDADE A Cia. W poderia CONTABILIDADE em DEZ/07 MODERNA distribuir o valor RECEITA LÍQUIDA 350 de R$ 33 RECEITA LÍQUIDA 350 dividendos c/ (-) DEPRECIAÇÃO (200) (-) DEPRECIAÇÃO (250) isenção. A LAIR 150 diferença teria LAIR 100 (-) IR CORRENTE (34) que ser tributada. (-) IR CORRENTE (34) (-) IR DIFERIDO (17) LUCRO LÍQUIDO 66 LUCRO LÍQUIDO 99 Admita que a Cia. W tenha distribuído, em 2014, o valor de R$ 66. Com isso, deixou a diferença do lucro apurado na contabilidade (R$ 99) para o resultado distribuído, de acordo com a contabilidade antiga (R$ 66) em conta de reservas de lucros. Em 2015, a Cia. W decidiu distribuir o restante do lucro, que ficou em Reservas de Lucros (R$ 33). Esta distribuição será ISENTA? Entendo que sim, pois os normativos em vigor não proíbem tal distribuição. E no caso do exemplo didático citado, temos que lembrar que, em 2015, o resultado pela contabilidade moderna seria menor que o resultado pela contabilidade antiga. Veja o resultado: Cia. W - APURAÇÃO DO RESULTADO EM 2015 CONTABILIDADE A Cia. W poderia CONTABILIDADE em DEZ/07 MODERNA distribuir o RECEITA LÍQUIDA 350 restante do lucro RECEITA LÍQUIDA 350 de 2014 ( R$ 33 (-) DEPRECIAÇÃO (200) (-) DEPRECIAÇÃO - dividendos c/ LAIR 150 isenção. A LAIR 350 (-) IR CORRENTE (119) diferença teria (-) IR CORRENTE (119) (-) IR DIFERIDO 68 que ser tributada. LUCRO LÍQUIDO 231 LUCRO LÍQUIDO 99 Utilizei este caso apenas como uma situação simbólica, para esclarecer melhor a situação. Os ajustes (adições e exclusões) oriundos da diferença de critérios de apropriação de receitas e despesas entre a contabilidade moderna (pela Lei 6.404/76, com alterações das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09) e a Contabilidade antiga (com os critérios vigentes em DEZ/07) são temporários. Então, o valor que foi adicionado HOJE será excluído AMANHÃ ou vice-versa, ou seja, uma exclusão HOJE representará adição POSTERIOR. Então, neste caso, o lucro de 2014 poderá sim ser distribuído integralmente após o fim do RTT, pois se a empresa continuasse fazendo duas contabilidades, apontaria resultado maior pelas regras antigas em 2015, conforme foi confirmado na apuração aqui demonstrada. Pergunte ao Pêgas Página 3

4. Vale a pena optar pelo art.75, ou seja, aplicar a Lei nº 12.973/14 já em 2014 ou tanto faz? RESP: Tal pergunta depende de uma série de fatores. Por exemplo, se a empresa não costuma distribuir dividendos muito elevados, a tendência é não fazer qualquer diferença a opção ou não pela aplicação da lei em 2014 ou 2015. A opção em 2014 se justificaria se algum dispositivo da nova lei fosse benéfico para a empresa ou então se a distribuição de lucros fosse limitada por conta de diferenças de resultados entre a contabilidade moderna e a legislação contábil-societária vigente em dez/07. 5. Empresa tributada pelo lucro presumido terá que fazer a opção (ou não) pelo art.75, mesmo que sua contabilidade não tenha qualquer novidade em relação a nova legislação contábil-societária? RESP: Sim, mas neste caso não faz muita diferença optar ou não pela aplicação da nova lei já em 2014. 6. As despesas pré-operacionais são dedutíveis? RESP: Não. Conforme o art. 11 da Lei nº 12.973/14, as despesas pré-operacionais ou pré-industriais deverão ser adicionadas nas bases de IR e CSLL, quando incorridas. A fase pré-operacional é assim definida pela RFB em sua página eletrônica (Perguntas e Respostas da DIPJ de 2005): O período que anteceder o início das operações sociais ou a implantação do empreendimento inicial. O mesmo se aplicaria a atividade pré-industrial. Quando a fábrica começar a produzir, entende-se que terminou a fase pré e a indústria está em funcionamento. As despesas serão dedutíveis em cinco anos, no mínimo. Os ajustes devem ser feitos na Parte A do LALUR e controlados na Parte B. Por exemplo, suponha que uma empresa industrial monte uma nova unidade fabril, gastando, ao longo de 2015, R$ 120. A nova fábrica começará a funcionar a partir de MAR/16. Bom, neste caso, todo o valor de R$ 120 seria classificado diretamente como despesa. Contudo, para fins de IR e CSLL, esta despesa seria indedutível (conforme art. 11 da Lei nº 12.973/14), sendo adicionada. Posteriormente, todo o valor seria excluído, sendo a exclusão mensal máxima permitida de R$ 2, a partir de MAR/16. A exclusão, neste caso, seria feita até o mês de FEV/21. 7. Recebemos um terreno doado por uma empresa agrícola, para construção de mais uma unidade fabril. Como registrar tal bem e qual o impacto tributário desta aquisição? RESP: O terreno deve ser registrado no ativo, pelo seu valor justo, em contrapartida com receita. E, conforme o parágrafo 5º do art. 13 da Lei nº 12.973/14, a receita deverá compor o resultado para fins de apuração das bases de IR, CSLL, PIS e COFINS. Pergunte ao Pêgas Página 4

8. A empresa que trabalho é um comércio varejista, tributada pelo lucro real e que irá aplicar a Lei nº 12.973/14 só em 2015. A empresa realiza muitas compras e vendas a prazo, reconhecendo apenas as vendas pelo valor presente. Qual o tratamento contábil a partir de 2015 que a empresa deverá ter? RESP: Na mesma linha que já vinha trabalhando durante a aplicação do Regime Tributário de Transição, mas com rastreabilidade nos registros contábeis a partir de agora. Veja um exemplo numérico para contribuir no entendimento. Admita que a Cia. Beta realize uma venda no final de JAN/15 por R$ 700, com recebimento previsto em dez parcelas de R$ 70. Considerando que: O valor presente no momento da venda seja R$ 600; A empresa registra a despesa de juros de R$ 100 durante os dez meses por um critério técnico (o qual não iremos aprofundar aqui); A alíquota de ICMS na operação é de 12%; e Desconsidere outros tributos, como PIS e COFINS. Conforme recomendação da IN RFB nº 1.515/14, os registros contábeis seriam os seguintes: Na VENDA, em JAN/15: DÉB: CONTAS A RECEBER CRÉD: RECEITA BRUTA 700 (Tributável) DÉB: RECEITA BRUTA CRÉD: AVP JUROS A APROPRIAR Registro do ICMS na Venda: DEB: DESPESA DE ICMS CRÉD: ICMS A PAGAR 84 (Dedutível) 100 (Adição) Apropriação dos Juros, entre FEV/15 e NOV/15: DEB: AVP JUROS A APROPRIAR CRÉD: RECEITA FINANCEIRA 100 (Excluída) Perceba que esta é a recomendação da RFB. Se fosse apresentada a DRE somente do mês de JAN/15, ela ficaria assim: RECEITA BRUTA 700 (-) DEDUÇÕES (184) AVP (100) ICMS (84) RECEITA LÍQUIDA 516 Perceba que o ICMS informado na DRE como despesa monta 84, ou 14% da Receita de Vendas (líquida) de 600. Não está correto isso, já que a alíquota do imposto, no exemplo, é de 12%. O argumento da RFB é que não tem ICMS sobre a receita financeira. Isso eu concordo. Contudo, a despesa de ICMS não deveria ser vinculada inteira com a receita bruta, embora não se discuta a obrigação de pagar o imposto total na data determinada pelo fisco estadual. Pergunte ao Pêgas Página 5

9. Então, na sua opinião, qual seria a alternativa? RESP: O correto, tecnicamente falando, seria considerar a despesa de ICMS somente pelo valor de R$ 72 (12% s/ 600), deixando o valor de R$ 12 no Ativo, em uma conta de ICMS Diferido, representando um adiantamento de imposto, cuja receita associada (no caso, a receita financeira) será registrada nos meses seguintes. O problema é que a RFB não aceitaria a exclusão de R$ 12 que deixaria de ser reconhecida em despesa. Mesmo que a empresa fizesse o processo de rastreabilidade, da mesma forma que foi feito com a receita. Veja a proposta: Registro do ICMS na Venda: DEB: DESPESA DE ICMS CRÉD: ICMS A PAGAR 84 DÉB: ICMS DIFERIDO (ATIVO) CRÉD: DESPESA DE ICMS Apropriação dos Juros, entre FEV/15 e NOV/15: DEB: AVP JUROS A APROPRIAR CRÉD: RECEITA FINANCEIRA 100 12 (Exclusão...Não permitida pela RFB) DÉB: DESPESA DE ICMS CRÉD: ICMS DIFERIDO (ATIVO) feita) 12 (Adição...Caso a exclusão anterior fosse O mesmo seria feito para as contribuições para PIS e COFINS. 10. Minha empresa é um comércio varejista e realiza vendas a prazo apenas no cartão de crédito, parcelando no máximo em seis vezes sem juros. Devo trazer tais vendas a valor presente e mudar o tratamento contábil atual. Qual o impacto tributário se eu mudar o tratamento contábil? RESP: A Lei nº 6.404/76, em seu art. 183, Inciso VIII, diz que os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. Como operações de longo prazo, entende-se o período de doze meses (um exercício social). Então, não há obrigatoriedade de trazer as vendas a prazo no cartão de crédito em prazos de até 6 meses a valor presente, a não ser que tal ajuste se justifique pela relevância. Portanto, a empresa não é obrigada a mudar a forma como sempre registrou suas vendas. Contudo, se fizer o reconhecimento do efeito dos juros na receita bruta, deverá elaborar todo um processo contábil específico, já regulamentado na Lei nº 12.973/14 e pela IN RFB nº 1.515/14. E se assim o fizer, terá que realizar todas as adições e exclusões específicas, conforme será explicado mais adiante. 11. E nas compras a prazo para empresas comerciais, como registrar o ajuste a valor presente? RESP: Aí é um pouco diferente. Tanto o estoque como a conta de fornecedores devem ser trazidos a valor presente, com a apropriação da receita financeira conforme a realização do ativo (estoque) ou do passivo (fornecedor). Veja um exemplo numérico, a seguir. A Cia. Alfa compra a prazo, em 31/JAN/15, 2 unidades por R$ 500 cada, com vencimento em 30/ABR/15. Veja alguns detalhes: O valor presente monta R$ 940. Pergunte ao Pêgas Página 6

O estoque foi vendido em FEV e MAR/15, por R$ 600 cada, à vista. O pagamento ao fornecedor foi em ABR/15. O registro contábil, em 31/JAN/15, será o seguinte: DEB: ESTOQUE CRÉD: FORNECEDORES 1.000 DÉB: AVP FORNECEDORES CRÉD: AVP ESTOQUE 60 O registro das vendas, nos meses de FEV/15 e MAR/15: DÉB: CAIXA CRÉD: RECEITA BRUTA 600 DÉB: CMV CRÉD: ESTOQUE 500 DÉB: AVP - ESTOQUE CRÉD: CMV 30 (Exclusão) O registro da apropriação dos juros nos meses de FEV, MAR e ABR/15: DEB: DESPESA FINANCEIRA (Adição) CRED: AVP FORNECEDORES 20 O registro do pagamento do fornecedor em ABR/15: DEB: FORNECEDORES CRED: CAIXA 1.000 Veja como ficaria a DRE no trimestre FEV-MAR-ABR: RESULTADO 2015 FEV MAR ABR TRIMESTRE (+) RECEITA BRUTA 600 600-1.200 (-) CMV (470) (470) - (940) (-) DESPESA FINANCEIRA (20) (20) (20) (60) LUCRO ANTES DO IR 110 110 (20) 200 12. Minha empresa tem bens para uso em sua atividade empresarial com prazos de vida útil diferentes dos permitidos pela legislação fiscal. Até DEZ/14, apesar de ressalvas nos relatórios de auditoria, a empresa manteve seus bens depreciados pelos prazos fiscais, previstos na IN RFB nº 162/98. A partir de 2015, passará a utilizar os prazos efetivos. Qual a sugestão, tanto contábil quanto fiscal? RESP: A Lei nº 12.973/14 em seu art. 40 alterou o art. 57 da Lei nº 4.506/64, permitindo exclusão da diferença entre a depreciação permitida pelo Fisco e aquela reconhecida pela contabilidade moderna. É possível fazer isso atualmente, por conta dos modernos sistemas de informática vigentes. Veja dois exemplos: um utilizando um bem novo e outro considerando um bem adquirido antes e cuja depreciação passará a ser ajustada a partir de 2015. EXEMPLO 1: Veículo adquirido em JAN/15 por R$ 350. O prazo de vida útil estimado é de 7 anos e o valor residual é zero, pois o bem é doado ao final do seu uso. Veja a recomendação dos registros contábeis integrados com a parte fiscal. COMPRA em JAN/15: DEB: IMOBILIZADO - VEÍCULOS CRED: CAIXA 350 Pergunte ao Pêgas Página 7

DEPRECIAÇÃO ANUAL entre 2015 a 2019: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (1) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 70 (Despesa Dedutível) DEB: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA CRED: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) 20 (Exclusão) DEPRECIAÇÃO ANUAL em 2020 e 2021: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 50 (Adição) A despesa de depreciação 1 seria sempre dedutível ou tributável, enquanto a nº 2 seria sempre ajustada, ou seja, adicionada ou excluída. Assim, os ajustes no LALUR seriam sempre rastreados para serem realizados automaticamente. Então, nos cinco primeiros anos, seriam realizadas cinco exclusões de R$ 20, totalizando R$ 100 ao final do quinto ano. Já nos últimos dois anos de uso, 2020 e 2021, a despesa de depreciação seria registrada na contabilidade já pelo valor líquido de R$ 50, mas adicionada para fins de IR e CSLL. Com isso, teríamos exclusões de 100 nos cinco primeiros anos e, depois, adições de 100 nos dois últimos anos. EXEMPLO 2: Admitindo o mesmo exemplo, mas com a aquisição tendo sido realizada em JAN/13, a situação seria a seguinte: COMPRA em JAN/13: DEB: IMOBILIZADO - VEÍCULOS CRED: CAIXA 350 DEPRECIAÇÃO ANUAL em 2013 e 2014: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (1) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 70 (Despesa Dedutível) DEPRECIAÇÃO ANUAL entre 2015 e 2017: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (1) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 70 (Despesa Dedutível) DEB: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA CRED: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) 28 (Exclusão) DEPRECIAÇÃO ANUAL em 2018 e 2019: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 42 (Adição) Nos dois primeiros anos (2013 e 2014), o registro atendeu a parte fiscal, sendo a depreciação registrada por R$ 70. O saldo líquido em JAN/15, na adoção inicial da Lei nº 12.973/14, era R$ 210. Como ainda restavam cinco anos de uso, a depreciação anual seria registrada por R$ 42 (210/5). Como o Fisco aceitava R$ 70, fizemos 3 exclusões de R$ 28, totalizando exclusão total de R$ 84 ao final de 2017. Em 2018 e 2019, a despesa de depreciação de R$ 42 seria adicionada, totalizando adição total de R$ 84, zerando a exclusão anterior. Pergunte ao Pêgas Página 8

13. E se tivesse valor residual, como seria o registro contábil e a integração fiscal? RESP: A Lei nº 12.973/14 não fez menção ao valor residual em seu art. 40. Contudo, não acredito que tal situação possa trazer problemas em relação a dedutibilidade dos bens adquiridos para o imobilizado e as respectivas adições e exclusões. Vamos a um exemplo numérico. Uma empresa adquire em JAN/15 um trator por R$ 120, com prazo de vida útil de cinco anos e valor residual estimado de R$ 15. A IN RFB nº 162/98 diz que tratores são dedutíveis em quatro anos (25% ao ano). O bem será vendido exatamente pelo valor projetado ao final do prazo de via útil. Vamos aos registros contábeis e o tratamento fiscal de cada conta de resultado, já aplicando o critério da rastreabilidade. AQUISIÇÃO em JAN/15: DEB: IMOBILIZADO - TRATOR CRED: CAIXA 120 DEPRECIAÇÃO ANUAL entre 2015 e 2018: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (1) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 30 (Despesa Dedutível) DEB: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA CRED: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) 9 (Exclusão) A dedução de R$ 30 se justifica pelos 4 anos permitidos pelo Fisco (120/4 anos). O ajuste de R$ 9 se explica pela diferença entre a dedução fiscal de R$ 30 e a parcela depreciada para fins contábeis (105/5 anos). O valor depreciado na contabilidade seria apenas R$ 105, pois R$ 15 a empresa espera recuperar por ocasião da venda do trator. A conta de despesa nº 1 será dedutível/tributável sempre, dependendo de sua posição (devedora ou credora). Já a conta nº 2 será sempre ajustada (adição ou exclusão). O total de exclusão, ao final de 2018, monta R$ 36 e será controlado na Parte B do LALUR. DEPRECIAÇÃO ANUAL em 2019: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 21 (Adição) VENDA DO BEM, APÓS O USO: DEB: CAIXA CRED: RECEITA NA VENDA DE BENS DO ANC 15 (Tributável) DEB: DESPESA c/ BAIXA DE BENS DO ANC CRED: IMOBILIZADO 15 (Adição) Portanto, as duas adições de 21 + 15 totalizam R$ 36, baixando a exclusão anterior. O registro da venda e baixa do bem deve sempre ser realizado desta forma, com dois registros integrados: a venda em si e a baixa do ativo. A baixa, nestes casos, será sempre adicionada nas bases de IR e CSLL. Por outro lado, a receita deve sempre ser tributada, garantindo assim a automatização do processo, pois neste exemplo didático consideramos o valor da venda igual ao estimado no passado. Mas, ainda que a venda tivesse se realizado por um valor maior ou menor que R$ 15, o registro seria o mesmo. Pergunte ao Pêgas Página 9

14. Minha empresa é industrial e trabalha em dois turnos de produção. A despesa de depreciação (fiscal) de uma máquina utilizada na produção seria acrescida de 50%, com taxa anual de 15%? RESP: A Lei nº 12.973/14 não fez qualquer menção a depreciação acelerada pelo uso. Tal item foi criado na Lei nº 3.470/58 e consta no Decreto nº 3.000/99 (art. 312), que diz o seguinte: Art. 312. Em relação aos bens móveis, poderão ser adotados, em função do número de horas diárias de operação, os seguintes coeficientes de depreciação acelerada (Lei nº 3.470/58, art. 69): I - um turno de oito horas - 1,0; II - dois turnos de oito horas - 1,5; III - três turnos de oito horas - 2,0. Parágrafo único. O encargo de que trata este artigo será registrado na escrituração comercial. Portanto, tal registro só se justificaria se fosse reconhecido na escrituração contábil, conforme consta no parágrafo único citado. E o reconhecimento contábil da depreciação acelerada não foi contemplado pelo Pronunciamento CPC nº 27, que foi reconhecido pela CVM na Deliberação nº 583/09 e tornado obrigatório pela Resolução nº 1.177/09 para os profissionais de contabilidade das entidades não sujeitas a alguma regulação contábil. Então, tal situação não cabe mais na contabilidade a partir de 2015. Veja um exemplo numérico a seguir. A Indústria Gama comprou uma Máquina em JAN/15 por R$ 200. Seu prazo de vida útil foi estimado em 8 anos, sem valor residual. A depreciação no ano foi R$ 25. A empresa utiliza o bem em 3 turnos. Neste caso, a dúvida seria qual das três respostas seria aplicada para analisar o que aconteceria no ano de 2015: (A) Despesa será dedutível integralmente? (B) Será feita uma Adição de R$ 5? (C) Poderá ser feita Exclusão de R$ 15? A resposta certa seria B. Mesmo utilizando o bem em três turnos, a depreciação não foi reconhecida por R$ 40 (depreciação anual de 20%). Então, a dedução seria somente em 10 anos (R$ 20, com depreciação anual de 10%). Veja os registros contábeis, seguindo a orientação de aplicar o critério da rastreabilidade: COMPRA em JAN/15: DEB: IMOBILIZADO - MÁQUINAS CRED: CAIXA 200 DEPRECIAÇÃO ANUAL entre 2015 e 2022: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (1) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 20 (Despesa Dedutível) DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 5 (Adição) DEPRECIAÇÃO ANUAL entre 2023 e 2024: DEB: DESPESA DEPRECIAÇÃO (1) (Despesa Dedutível) CRED: DESPESA DEPRECIAÇÃO (2) 20 (Exclusão) Importante registrar, contudo, que o parágrafo único do art. 312 do RIR/99 não consta na Lei original (nº 3.470/58). Teoricamente, o decreto que consolida a legislação no regulamento do imposto não deveria criar a exigência do registro contábil para dedução da depreciação acelerada pelo uso. Então, abre-se uma Pergunte ao Pêgas Página 10

brecha ai para uma possível dedução apenas via e-lalur. Mas, é possível que a RFB regulamente o tema nos próximos normativos. 15. Minha empresa tem bens em construção, com financiamentos obtidos para tal. Qual o tratamento contábil das despesas de juros e há alguma diferença para a legislação anterior? RESP: A Lei nº 12.973/14 incluiu alguns parágrafos no art. 17 do Decreto-Lei nº 1.598/77, permitindo a dedução imediata nas bases de IR e CSLL dos juros decorrentes de ativos em construção. Veja a transcrição do art. 17 com as alterações: Art 17 - Os juros, o desconto, a correção monetária prefixada, o lucro na operação de reporte e o prêmio de resgate de títulos ou debêntures, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do exercício social, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem 1º sem prejuízo do disposto no art. 13 da Lei no 9.249/95, os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas: a) Os juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito, a correção monetária prefixada e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito deverão ser apropriados, pro rata tempore, nos exercícios sociais a que competirem; e b) Os juros e outros encargos, associados a empréstimos contraídos, especificamente ou não, para financiar a aquisição, construção ou produção de bens classificados como estoques de longa maturação, propriedade para investimentos, ativo imobilizado ou ativo intangível, podem ser registrados como custo do ativo, desde que incorridos até o momento em que os referidos bens estejam prontos para seu uso ou venda. 2º Considera-se como encargo associado a empréstimo aquele em que o tomador deve necessariamente incorrer para fins de obtenção dos recursos. 3º Alternativamente, nas hipóteses a que se refere a alínea b do 1o, os juros e outros encargos poderão ser excluídos na apuração do lucro real quando incorridos, devendo ser adicionados quando o respectivo ativo for realizado, inclusive mediante depreciação, amortização, exaustão, alienação ou baixa. Tal dispositivo está de acordo com a legislação contábil-societária até o parágrafo 2º. Os juros devem ser registrados sempre no ativo associado ao passivo oneroso, sem transitar pelo resultado. E isso deverá ser feito na contabilidade da empresa durante o ano de 2014, independentemente de adoção da Lei nº 12.973/14 em 2014 ou não. Contudo, a exclusão prevista no parágrafo 3º somente poderá ser feita em 2014 caso a empresa faça a opção prevista no art. 75 e aplique a nova lei já em 2014. Para você compreender bem o tema, veja o exemplo numérico a seguir. Considere a Cia. Q, empresa comercial e que compre um terreno por R$ 600 em JAN/14 e contrate uma empresa especializada para construir uma filial, pagando R$ 1.000, obtido mediante financiamento bancário, com carência no pagamento de principal e cobrança de juros de 10% ao ano. A filial será concluída na metade de DEZ/14 e a inauguração prevista para JAN/15. O prazo de vida útil estimado da parte construída será 25 anos, sem valor residual. Vamos aos registros contábeis e respectivos ajustes fiscais. AQUISIÇÃO, em JAN/14: DEB: Terrenos CRED: Caixa 600 CONSTRUÇÃO, DURANTE O ANO DE 2014: DEB: Edificações (1) CRED: Financiamento a Pagar 1.000 Pergunte ao Pêgas Página 11

PAGAMENTO OU APROPRIAÇÃO DE JUROS DURANTE O ANO 2014: DEB: Edificações (2) CRED: Caixa (pg.) ou Financiamento a Pagar (se apropriado) 100 Exclusão REGISTRO CONTÁBIL ANUAL, DE 2015 a 2016: DEB: DESPESA DE DEPRECIAÇÃO (1) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 40 (Despesa Dedutível) --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DEB: DESPESA DE DEPRECIAÇÃO (2) CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 4 (Adição) Quando registrado no ativo, o valor dos juros (R$ 100) poderia ser excluído das bases de IR e CSLL, o que não acontecia antes. Com isso, vale muito a pena, neste caso, aplicar imediatamente a utilização da Lei nº 12.973/14. Se isso não for feito, a empresa só poderia deduzir o valor de R$ 100 referente as despesas de juros por ocasião da apropriação da despesa de juros, ou seja, durante os 25 anos de reconhecimento da depreciação. Observe que a despesa de depreciação anual seria R$ 44, pois a parte edificada seria depreciada em 25 anos, ou seja, aplicando-se 4% sobre o saldo da conta do imobilizado de R$ 1.100. A depreciação sobre 1.000 (40) seria dedutível, enquanto a parte calculada sobre os juros apropriados no imobilizado de R$ 100 (4) deve ser adicionada nas bases de IR e CSLL. Importante não esquecer, contudo, de observar toda a Lei nº 12.973/14. É possível que outros dispositivos possam influenciar negativamente a empresa já em 2014. Por exemplo, se a empresa continuar com saldo de lucros acumulados, não poderia utilizar esta conta para fins de pagamento de juros sobre capital próprio (JCP), já que a lei retirou esta conta da composição do PL base para fins de pagamento de JCP. 16. Como fica a dedução da depreciação na compra de bens usados? RESP: A Lei nº 12.973/14 não faz qualquer menção a bens usados. Contudo, para fins fiscais, entende-se que permanece em vigor o previsto no art. 311 do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do IR), que diz o seguinte: Art. 311. A taxa anual de depreciação de bens adquiridos usados será fixada tendo em vista o maior dos seguintes prazos: I - metade da vida útil admissível para o bem adquirido novo; II - restante da vida útil, considerada esta em relação à primeira instalação para utilização do bem. Todavia, o art. 40 da Lei nº 12.973/14, que altera o art. 57 da Lei nº 4.506/64, diz que a administração do IR publicará periodicamente o prazo de vida útil admissível para cada espécie de bem. Fica a interpretação se a forma como foi incluída a regra da depreciação dos bens usados (no Regulamento do IR) é considerada neste art. 3º. Entendo que sim, sendo permitidas as exclusões como acontecem com os bens novos. 17. Minha empresa atua no setor de transportes de cargas e decidiu fazer a opção pela aplicação da Lei nº 12.973/14 somente a partir de JAN/15. Estamos fazendo a contabilidade aplicando os dispositivos da Lei nº 11.638/07 e o único item relevante que temos é a depreciação dos veículos, que fazemos em 8 anos, enquanto os dispositivos fiscais (IN RFB nº 162/98) permitem a dedução em 5 anos. Não estamos fazendo ajustes, ou seja, não fizemos qualquer exclusão ref. a depreciação citada. Os veículos estão sendo depreciados em 8 anos e esse é o Pergunte ao Pêgas Página 12

prazo que estamos utilizando para dedução fiscal. Há algum problema na aplicação da Lei somente a partir de 2015? RESP: Na verdade não há qualquer problema. Neste caso, tanto faz a empresa aplicar a lei já em 2014 ou em 2015 que não terá ajustes a fazer em subcontas, já que o único item que tem de diferente em relação a contabilidade aplicada em dez/07 era a depreciação, que era a mesma utilizada para fins contábeis e para fins fiscais. E não há qualquer preocupação em relação a distribuição de dividendos, já que só havia um resultado apurado. Recomendo, neste caso, aplicar a lei só em 2015, por precaução. 18. Ainda na linha da pergunta anterior, posso passar a fazer as exclusões em relação a depreciação dos veículos a partir de 2015? RESP: Veja um exemplo. Um veículo que custou R$ 1.000 em JAN/13 e tenha sido depreciado por R$ 125 (1.000 / 8 anos) durante os dois primeiros anos (2013 e 2014), sem ajuste nas bases de IR e CSLL e seu uso de F-Cont. Em 2015, a empresa continuará depreciando o veículo por R$ 125, mas poderá excluir a diferença de R$ 75 (200 menos 125). A recomendação do registro contábil, a partir de 2015, seria a seguinte: DEB: Despesa de Depreciação (1) CRED: Depreciação Acumulada 200 Despesa Dedutível DEB: Depreciação Acumulada CRED: Despesa de Depreciação (2) 75 Valor Excluído p fins de IR+CSLL O mesmo registro seria feito nos anos de 2016 e 2017. Assim, a empresa acumularia uma exclusão total de R$ 225 (75 por três anos). Lembre-se que o bem, até 2017, teria sido depreciado em R$ 625, referente os cinco anos de uso (2013 a 2017), com o valor de R$ 125 por ano. A separação da conta de despesa de depreciação em 1 e 2 tem objetivo somente de simplificar o processo e facilitar a aplicação do critério da rastreabilidade. A conta nº 1 será sempre dedutível, enquanto a conta nº 2 será sempre ajustada (adição ou exclusão). Em 2018, a empresa deveria fazer o seguinte registro: DEB: Despesa de Depreciação (2) CRED: Depreciação Acumulada 125 Valor Adicionado para fins de IR+CSLL Já em 2019, o registro seria realizado da seguinte forma: DEB: Despesa de Depreciação (1) 25 Valor Dedutível DEB: Despesa de Depreciação (2) 100 Valor Adicionado p/fins de IR+CSLL CRED: Depreciação Acumulada 125 Finalmente, no último ano de uso, em 2020, o registro seria assim: DEB: Despesa de Depreciação (1) CRED: Depreciação Acumulada 125 Valor Dedutível 19. A empresa que trabalho, a partir de 2015, passará a adquirir bens de informática por meio de contratos de arrendamento mercantil, na modalidade financeira. Como reconhecer as aquisições e quais o fundamento legal para os ajustes nas bases de IR e CSLL? Pergunte ao Pêgas Página 13

RESP: Veja um exemplo, para responder adequadamente sua pergunta. Uma empresa adquire, em JAN/15, uma impressora via arrendamento mercantil financeiro, com os seguintes detalhes: A impressora tem valor total de R$ 5.040, sendo 48 parcelas mensais de R$ 100 (primeira parcela em JAN/15 e última vencendo em DEZ/18. A empresa, para ficar definitivamente com o bem, deverá exercer a opção de compra ao final, pagando mais R$ 240, até o final de JAN/19. O valor presente da impressora, em JAN/15, monta R$ 4.560. O prazo estimado de vida útil é de cinco anos e o bem será doado ao final do seu uso. Os juros (R$ 480) serão apropriados de forma linear. Vamos aos registros contábeis e o fundamento legal para cada um dos ajustes nas bases de IR+CSLL. NA AQUISIÇÃO, EM JAN/15: DEB: Imobilizado 4.560 CRED: Juros a Apropriar (AVP) 480 CRED: Financiamento a Pagar 5.040 REGISTROS MENSAIS, ENTRE JAN/15 a DEZ/18: DEB: Despesa de Depreciação Adição(Inciso VIII do art.13 da Lei nº 9.249/95). CRED: Depreciação Acumulada 76 DEB: Despesa de Juros Adição (Art.48 da Lei nº 12.973/14). CRED: Juros a Apropriar (AVP) 10 DEB: Financiamento a Pagar Exclusão (Art.47 da Lei nº 12.973/14). CRED: Caixa 100 Os ajustes citados devem ser tratados separadamente na Parte A do LALUR, mas devem ser integrados na mesma ficha de controle na Parte B. Com isso, a posição desta ficha, ao final dos 4 anos de uso, seria a seguinte: 48 exclusões de 100, totalizando R$ 4.800. 48 adições de 76, totalizando R$ 3.648. 48 adições de 10, totalizando R$ 480. TOTAL LÍQUIDO de 48 exclusões de 14 (100 76 10) 672 REGISTRO do Pagtº DA OPÇÃO DE COMPRA, EM JAN/19: DEB: Financiamento a Pagar CRED: Caixa 240 Exclusão(Art.47 da Lei nº 12.973/14). Assim, o SALDO da PARTE B do LALUR passou a ser de R$ 912 (672 + 240). REGISTRO DA DESPESA DE DEPRECIAÇÃO DE JAN/19 a DEZ/19: DEB: Despesa de Depreciação Adição (Inciso VIII do art.13 da Lei nº 9.249/95). CRED: Depreciação Acumulada 76 Portanto, fazendo as doze adições de R$ 76, baixamos o saldo de R$ 912 (76 x 12). 20. Tenho um cliente que possui contratos de arrendamento mercantil e irá aplicar a nova Lei (12.973/14) apenas a partir de 2015. Desde 2008, por conta da Lei nº 11.638/07, os bens adquiridos via arrendamento mercantil financeiro são reconhecidos no ativo imobilizado pelo seu valor presente e depreciados pelo prazo efetivo de vida útil. Por outro lado, as despesas de juros referente a Pergunte ao Pêgas Página 14

diferença entre o valor de compra e o valor presente são apropriadas durante o período do contato. Por simplificação, a empresa não fez qualquer ajuste nas bases de IR+CSLL. A partir de 2015, com a nova lei, a empresa poderá continuar considerando as despesas de depreciação e juros dedutíveis nas bases de IR+CSLL? RESP: Não. Conforme informado na pergunta anterior, a Lei nº 12.973/14 criou o Inciso VIII no art.13 da Lei nº 9.249/95, proibindo a dedutibilidade da depreciação de bens objeto de contratos de arrendamento mercantil. Além disso, o artigo 48 da nova lei impede a dedutibilidade da despesa de juros. Portanto, não há como continuar fazendo em 2015 o que a empresa fazia durante o período do RTT. Então, o caminho deve ser passar a fazer os ajustes a partir de JAN/15, da forma que for possível. Vamos fazer uma adaptação do exemplo da pergunta anterior, para tentar buscar uma solução. Uma empresa adquire, em JAN/12, uma impressora via arrendamento mercantil financeiro, com os seguintes detalhes: A impressora tem valor total de R$ 5.040, sendo 48 parcelas mensais de R$ 100 (primeira parcela em JAN/12 e última vencendo em DEZ/15. A empresa, para ficar definitivamente com o bem, deverá exercer a opção de compra ao final, pagando mais R$ 240, até o final de JAN/16. O valor presente da impressora, em JAN/12, monta R$ 4.560. O prazo estimado de vida útil é de cinco anos e o bem será doado ao final do seu uso. Os juros (R$ 480) serão apropriados de forma linear. Neste caso, os registros contábeis, seriam os seguintes, durante o período do RTT. NA AQUISIÇÃO, EM JAN/12: DEB: Imobilizado 4.560 CRED: Juros a Apropriar (AVP) 480 CRED: Financiamento a Pagar 5.040 REGISTROS MENSAIS, ENTRE JAN/12 a DEZ/14: DEB: Despesa de Depreciação (Despesa Dedutível) CRED: Depreciação Acumulada 76 DEB: Despesa de Juros (Despesa Dedutível) CRED: Juros a Apropriar (AVP) 10 DEB: Financiamento a Pagar CRED: Caixa 100 REGISTROS MENSAIS, ENTRE JAN/15 a DEZ/15: DEB: Despesa de Depreciação Adição(Inciso VIII do art.13 da Lei nº 9.249/95). CRED: Depreciação Acumulada 76 DEB: Despesa de Juros Adição (Art.48 da Lei nº 12.973/14). CRED: Juros a Apropriar (AVP) 10 DEB: Financiamento a Pagar Exclusão (Art.47 da Lei nº 12.973/14). CRED: Caixa 100 REGISTRO do Pagtº DA OPÇÃO DE COMPRA, EM JAN/16: DEB: Financiamento a Pagar CRED: Caixa 240 Exclusão(Art.47 da Lei nº 12.973/14). Pergunte ao Pêgas Página 15

Assim como aconteceu na pergunta anterior, os três ajustes devem compor uma única ficha na PARTE B do LALUR. E esta ficha teria um saldo líquido de R$ 408 (14 x 12 + 240), que teria que ser baixado na medida do registro da despesa de depreciação. Durante o ano de 2016, seria registrada a despesa de depreciação. REGISTRO DA DESPESA DE DEPRECIAÇÃO DE JAN/16 a DEZ/16: DEB: Despesa de Depreciação CRED: Depreciação Acumulada 76 Adição (Inciso VIII do art.13 da Lei nº 9.249/95) nos meses de JAN, FEV, MAR, ABR e MAI. Em JUN, parte da despesa (R$ 48) seria dedutível e parte (R$ 28) seria ADICIONADA. A Despesa será Dedutível nos meses de JUL, AGO, SET, OUT, NOV e DEZ. Aqui está o problema para ser resolvido. A despesa dedutível em 2016 seria de R$ 504, composta pelos seguintes valores: R$ 456 ref. a despesa dos meses de JUL/16 a DEZ/16. R$ 48 ref. a (parte da) despesa dedutível de JUN/16. Apesar da proibição da dedutibilidade da despesa de depreciação de bens objeto de arrendamento mercantil, não há motivos para que o Fisco impeça a dedução do valor de R$ 504. A empresa teria, também, a alternativa de retornar ao início do processo (JAN/12) e fazer as exclusões permitidas. Ela deixou de fazer exclusão mensal de R$ 14 (100 76 10) durante 36 meses, totalizando o mesmo valor de R$ 504 que deixaria de ser adicionado depois. Não vejo outra alternativa para este caso. 21. O pagamento da opção de compra não deve ser registrado no imobilizado? RESP: A princípio NÃO. Isso era assim até DEZ/07, pelas regras antigas, que seguiam a Lei nº 6.099/74. Os pagamentos mensais eram registrados em despesa, enquanto a opção de compra, quando exercida, era reconhecida no ativo imobilizado (art. 16 da Lei nº 6.099/74). Como o art. 16 foi revogado, entende-se que tal opção deve ser baixada do passivo reconhecido quando da aquisição de bens mediante a modalidade de arrendamento mercantil financeiro. 22. As despesas com provisão para perdas por impairment são dedutíveis? RESP: Não e Sim. Elas não são dedutíveis quando constituídas, sendo permitida a dedução apenas quando ocorrer a Alienação ou Baixa do bem. Tal fato é semelhante ao que acontecia nas provisões para perdas que já existiam antes da nova lei. Vamos a um exemplo numérico. A Cia Z compra um TERRENO (R$ 200) em JAN/15. No final de 2015, o valor recuperável do bem passa para 170. Em 2016, o terreno foi vendido por R$ 180. AQUISIÇÃO, EM JAN/15: DEB: Terreno CRED: Caixa 200 PROVISÃO PARA PERDAS, EM DEZ/15: DEB: Despesa c/ Impairment (ADIÇÃO) CRED: Provisão 30 Pergunte ao Pêgas Página 16

VENDA DO TERRENO, EM 2016: DEB: Caixa 180 DEB: Ganho de Capital 1 20 (DEDUTÍVEL) CRED: Terreno 200 DEB: Provisão CRED: Ganho de Capital 2 30 (EXCLUSÃO) O ideal é separar o ganho de capital em duas contas (1 e 2), com objetivo de facilitar o controle e a rastreabilidade dos ajustes nas bases de IR e CSLL. 23. Como serão calculados os limites para pagamento de juros sobre capital próprio a partir de 2015? Há alguma mudança relevante? RESP: Sim, algumas mudanças interessantes. Vamos a elas. A principal é que a lei original, que criou a regra do JCP (Lei nº 9.249/95) definia como base o PL, permitindo exclusão de contas como Reserva de Reavaliação e Ajuste de Avaliação Patrimonial. Com a alteração prevista no art. 9º da Lei nº 12.973/14, as contas são descritas, deixando de fora a conta de LUCROS ACUMULADOS. Como muitas empresas limitadas insistem em manter saldo nesta conta, ela não mais integrará o PL para fins de base de cálculo do JCP. É preciso ter atenção para aqueles que fizeram a opção pela aplicação da lei já em 2014. Outro dispositivo importante, que já constava na IN RFB nº 93/97 e foi ratificado na IN RFB nº 1.515/14, diz que o LAIR utilizado como limite para fins de dedução será o lucro apurado pela contabilidade depois de deduzida a despesa de CSLL e antes APENAS da despesa de IR. Foi mantida a possibilidade de utilização do valor líquido de JCP para aumento de capital, conforme já autorizado pela IN RFB nº 41/98. E um item muito importante, a possibilidade, a partir da aplicação da Lei, da exclusão do valor pago ou creditado, a título de juros sobre capital próprio, nas bases de IR e CSLL, sem necessidade do reconhecimento em despesa. Tal registro em resultado ficava sem sentido sob o ponto de vista contábil, pois o JCP tem a mesma característica dos dividendos. 24. É possível mostrar um exemplo numérico? RESP: Sim. Uma empresa que aplicará a Lei nº 12.973/14 possuía um PL de R$ 17 mil no final de DEZ/14 composto das seguintes contas e valores: Capital e Reservas de Capital 12.800 Reservas de Lucros 1.200 Ajustes de Avaliação Patrimonial 2.000 Lucros Acumulados 1.000 O Lucro Antes de IR+CSLL em 2015 montou R$ 2.400 e a TJLP divulgada foi 8%. Veja o cálculo do máximo passível de distribuição de lucros mediante JCP. LIMITE A (CAPITAL + RESERVAS DE CAPITAL + RESERVAS DE LUCROS) x TJLP 14.000 x 8% = 1.120 LIMITE B1 50% DO SALDO DE RESERVAS DE LUCROS + LUCROS ACUMULADOS (1.200 + 1.000) x 50%) = 1.100 LIMITE B2 50% DO LAIR (LUCRO ANTES DO IR, DEPOIS DA DEDUÇÃO DA CSLL) (2.400 (2.400 x 9%)) x 50%) = 1.092 Pergunte ao Pêgas Página 17

Dos dois limites B, pegamos o maior, no caso 1.100. Depois, comparamos 1.100 com 1.120 e consideramos o menor, sendo o limite máximo permitido, portanto, de R$ 1.100. Apenas para completar, caso a empresa decidisse creditar o valor máximo permitido a título de juros sobre capital próprio, o registro contábil seria o seguinte: DEB: LUCROS ACUMULADOS 1.100 CRED: JCP A PAGAR 935 CRED: IRRF A RECOLHER 165 Se os sócios/acionistas resolvessem aumentar o capital da empresa utilizando o valor creditado como JCP, os registros seriam os seguintes: DEB: JCP A PAGAR CRED: CAPITAL 935 DEB: IRRF A RECOLHER CRED: CAIXA 165 A dedutibilidade do pagamento de JCP não é perdida por causa da capitalização do valor, conforme registro contábil. A única exigência é o recolhimento do imposto de renda retido na fonte, com o aumento de capital sendo feito pelo valor líquido. 25. Como será feita a adoção inicial da Lei nº 12.973/14 para aqueles que aplicarem a nova lei apenas a partir de 2015? RESP: A empresa deverá comparar seus dois balanços: o oficial, com base na contabilidade moderna (aplicação da Lei nº 6.404/76, com alterações das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09); e o paralelo, com base no F-CONT, com as regras contábeis vigentes em DEZ/07 (contabilidade tributária). As diferenças entre os dois balanços devem ser registradas em subcontas no ativo e no passivo para que sejam consideradas dedutíveis, quando reconhecidas como despesa e para que não sejam tributadas imediatamente e possam ser excluídas normalmente, quando reconhecidas em receita. 26. Entendi a estrutura, contudo preciso de mais detalhes. Como seria essa tributação imediata? RESP: Vamos começar pelo imobilizado. Suponha um veículo de passageiros, adquirido em JAN/13 por R$ 900, cuja depreciação contábil seria feita em seis anos, enquanto a permissão para dedução fiscal se dá em 4 anos (IN RFB nº 162/98). Para fins didáticos, suponha que não há valor estimado de venda. A depreciação registrada na contabilidade foi R$ 150 nos dois primeiros anos (900/6 anos), enquanto a dedução fiscal permitida, conforme art. 40 da Lei nº 12.973/14, monta R$ 225 (900/4 anos). Com isso, pela aplicação do RTT, a empresa realizou duas exclusões de R$ 75 (225 100). Portanto, no momento da migração para a nova lei, em JAN/15, os saldos das duas contabilidades seriam os seguintes: CONTAS CONTABILIDADE CONTABILIDADE MODERNA DEZ/07 F-CONT Veículos de Passageiros 900 900 (-) Depreciação Acumulada (300) (450) SALDO LÍQUIDO DO ATIVO 600 450 Pergunte ao Pêgas Página 18

Neste caso, a empresa teria que fazer o seguinte registro contábil no dia 1º/JAN/15: DEB: Depreciação Acumulada CRED: Depreciação Acumulada Subconta 150 Se o registro não fosse realizado, a empresa teria que adicionar este valor (R$ 150) imediatamente. Assim, o Ativo Líquido continuaria com o mesmo saldo de R$ 600, mas composto da seguinte forma: Veículos de Passageiros 900 (-) Depreciação Acumulada (450) (+) Depreciação Acumulada Subconta 150 Aí, nos dois primeiros anos de aplicação da nova lei (2015 e 2016), o registro contábil seria o seguinte: DEB: Despesa de Depreciação (1) (Despesa Dedutível) CRED: Depreciação Acumulada 225 DEB: Depreciação Acumulada Subconta CRED: Despesa de Depreciação (2) 75 (Exclusão nas bases de IR+CSLL) Veja agora os novos saldos do ativo, ao final de 2016: Veículos de Passageiros 900 (-) Depreciação Acumulada (900) (+) Depreciação Acumulada Subconta 300 Perceba que a conta de veículos na contabilidade moderna (e agora, também, contabilidade única) possui um saldo líquido de R$ 300, pois o bem já foi depreciado em 4 anos, restando ainda dois anos de uso, o qual será depreciado em R$ 150 por ano. Vamos agora ver os registros contábeis realizados em 2017 e 2018, dois últimos anos de uso do bem. DEB: Despesa de Depreciação (2) (Adição nas bases de IR+CSLL) CRED: Depreciação Acumulada Subconta 150 Importante lembrar, sempre, que a conta de despesa nº 1 será parametrizada como dedutível ou tributável, dependendo da posição (débito ou crédito), enquanto a conta nº 2 será parametrizada sempre como conta a ser ajustada nas bases fiscais, sendo adicionada ou excluída, dependendo da sua posição no registro contábil. Finalizando o exemplo, excluímos R$ 75 durante cada um dos dois anos de uso do RTT. Depois, excluímos mais R$ 75 por ano nos dois primeiros anos de aplicação da Leinº 12.973/14, totalizando exclusões de 300 nos 4 anos. Depois, nos dois últimos anos, adicionamos o mesmo saldo de R$ 300, sendo R$ 150 por ano. 27. Minha empresa tem bens para uso em sua atividade com prazo de vida útil aproximado de dez meses. Qual o procedimento contábil adequado e qual o tratamento fiscal? Pergunte ao Pêgas Página 19

RESP: A Lei nº 12.973/14 mexeu no art. 15 do Decreto-Lei nº 1.598/77, elevando a permissão para registro em despesa dos bens adquiridos para uso no ativo não circulante de valor até R$ 1.200,00. Além disso, os bens de uso até um ano devem ser registrados diretamente em despesa. Se por acaso, a empresa optar por reconhecer tais valores no imobilizado, para apropriar a despesa de depreciação durante os dez meses de uso, NÃO poderá deduzir o pagamento de forma imediata, podendo deduzir apenas no momento do registro da despesa. A Exclusão, que foi feita durante o período do RTT, NÃO poderá ser feita mais a partir da nova lei. 28. Em relação a depreciação, a empresa pode fazer o registro pelo prazo efetivo e deixar de ajustar a parte B do LALUR, ou seja, pode reconhecer as despesas exatamente pelo registro contábil? RESP: Teoricamente sim, pois a exclusão definida pelo art. 40 da Lei nº 12.973/14 não é impositiva e sim permissiva. Aliás, as exclusões, em tese, são todas permissivas, não obrigatórias. Mas é preciso tomar alguns cuidados. O valor residual não será reconhecido como depreciação. Vamos a um exemplo numérico. Uma empresa compra um veículo por R$ 1.000 em JAN/15, com valor residual de R$ 100 e prazo de vida útil estimado de 6 anos. Os registros contábeis seriam as seguintes: NA AQUISIÇÃO, EM JAN/15: DEB: IMOBILIZADO CRED: CAIXA 1.000 DEPRECIAÇÃO ANUAL, ENTRE 2015 E 2020: DEB: DESPESA DE DEPRECIAÇÃO Despesa Dedutível CRED: DEPRECIAÇÃO ACUMULADA 150 VENDA DO BEM, AO FINAL DO USO: DEB: CAIXA CRED: IMOBILIZADO 100 O art. 40 da Lei nº 12.973/14 permite exclusão de R$ 50 nos cinco primeiros anos de uso (2015 a 2019). A exclusão de R$ 50 se justifica pois o Fisco permite a dedução de R$ 200 (20% ao ano, conforme IN RFB nº 162/98), enquanto a empresa registrou R$ 150 na sua contabilidade. Mas, a empresa PODE fazer a exclusão e não DEVE. Contudo, é sempre bom alertar para o disposto no art. 26 da IN RFB nº 51/95, em relação as exclusões que deixarem de ser feitas em períodos de apuração em que ocorrer apuração de prejuízos fiscais. Tal dispositivo se aplicaria, teoricamente, a todas as exclusões previstas na mesma Lei nº 12.973/14 e nas demais leis. 29. Pode explicar melhor a aplicação do dispositivo citado na IN RFB nº 51/95? RESP: Suponha que a empresa citada na pergunta anterior tenha apresentado prejuízo contábil de R$ 50 durante os cinco primeiros anos (2015 a 2019). Em 2020, a empresa apresentou um lucro de R$ 500, repetindo o resultado em 2021 e 2022. Tudo sem considerar os ajustes da depreciação, admitindo que a empresa optou por não fazer as exclusões permitidas em lei. Veja a apuração do IR oficial inicialmente. Pergunte ao Pêgas Página 20