E DIREITO FINANCEIRO Paula Freire Ribeirão Preto 2014 Atividade financeira do Estado. Compreende: receitas públicas, despesas públicas, créditos públicos e orçamento. O direito tributário está contido nas receitas públicas. Há duas espécies de receita pública: 1) Receita originária e 2) Receita derivada. RECEITAS 1) Originária: oriunda da atividade atípica do Estado. Serviços não-essenciais. Pode ser patrimonial (administração do próprio patrimônio aluguéis, alienação de bens). Ex: royalties do petróleo, laudêmio. Pode ser também empresarial (atuação no domínio econômico, por meio das Empresas Públicas (EPs) e Sociedades de Economia Mista (SEM), conforme art. 173, CF). Preço público ou tarifa. Art. 173, CF: a administração somente atua no domínio econômico excepcionalmente, em casos de necessidade da segurança nacional ou do interesse coletivo. RECEITAS: 2) Derivada: oriunda da atividade típica de Estado. Serviços de natureza essencial. O Estado exerce o seu poder de império. Ex: taxa de iluminação pública, de lixo. O Estado aufere recursos para os cofres públicos provenientes de fontes externas ao próprio Estado. Espécies de receita derivada: 1) Penalidades pecuniárias (multas) 2) Reparações de Guerra 3) Receitas creditícias ou impróprias 4) Tributos: objeto de estudo do direito tributário. 1
ESTADO E SERVIÇO PÚBLICO Serviços essenciais: tem natureza legal. É obrigatória. Não pode ser rescindida. Serviços de natureza não-essencial: são facultativos. Tem natureza contratual, portanto é rescindível. Qual o critério para determinar qual serviço é essencial ou não-essencial? A lei determina se um determinado serviço é essencial ou não. PORTANTO... O direito administrativo tem por objeto de estudo a administração pública. O direito financeiro estuda a atividade financeira do Estado e sua regulamentação jurídica. Logo, é uma especialidade do direito administrativo. O direito tributário estuda o tributo (espécie de despesa pública) e seus institutos jurídicos. Logo é uma especialidade do direito financeiro. Podemos então concluir que o direito tributário é uma especialidade do direito administrativo. NATUREZA JURÍDICA... Multa: receita derivada. Não é tributo. É derivada porque resulta de atividade típica de Estado. A administração exerce seu poder de império: poder de punição. Multa é penalidade pecuniária, diferentemente do tributo. Não é tributo porque tributo não é sanção de ato ilícito. QUESTÃO CONTROVERTIDA: Pedágio é preço público ou taxa? Depende. Se for criado por lei será taxa (tributo); se tiver natureza contratual, será preço público. Doutrina antiga: se houver várias vias de acesso, será preço público. Se for via única, será taxa. Porém a doutrina moderna não se alinha a essa teoria. Esta considera apenas a natureza (legal ou contratual). A regra é considerá-lo preço público. 2
Conceito: É uma disciplina jurídica, Ramo do direito público que estuda e normatiza uma receita pública derivada, relativa ao conceito de tributo. Estuda principalmente uma espécie de receita pública derivada, que é o tributo. Embora estude também a multa, que é outra espécie de receita derivada. O Direito Tributário é o conjunto de normas que regula o comportamento das pessoas de levar dinheiro aos cofres públicos. Estuda os tributos, em suas espécies, bem como os princípios e institutos jurídicos inerentes a esses tributos. Tributo na concepção atual é todo e qualquer recurso voltado à manutenção do Estado. Art. 3 do CTN: tributo é toda prestação pecuniária, compulsória, em moeda ou em cujo valor nela se possa exprimir, instituída em lei, que não constitua sanção de ato ilícito, cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA Relação jurídica obrigacional Sujeito ativo: credor (Estado, Fazenda Pública) Sujeito passivo: devedor (contribuinte) A relação obrigacional se dá a partir do fato gerador, previsto em lei. Direito obrigacional do direito civil, mais antigo que direito tributário. Obrigação = dever jurídico = prestações (dar, fazer e não fazer). Obrigação tributária: dar quantia certa = pagamento. CONCEITO DE TRIBUTO DO ART. 3 DO CTN Análise dos seus elementos: É toda prestação pecuniária; Compulsória: Em moeda ou em cujo valor nela se possa exprimir; Instituída em lei: art. 150, I, CF; art. 97, CTN. Que não constitua sanção de ato ilícito. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: ato vinculado, não discricionário. 3
FUNÇÕES DOS TRIBUTOS a) Fiscais (função predominantemente arrecadatória para o cumprimento das prerrogativas e incumbências de Estado). Ex: IR, ICMS, IPTU... Função secundária, por ex, distribuição de renda. b) Extrafiscais (além da função fiscal, nestes predomina a função de controle ou intervenção na economia). Ex: II, IE, IPI, IOF, ITR; c) Parafiscais ou especiais: (cobrados, arrecadados e/ou destinados para que o Estado cumpra funções paralelas às funções típicas de Estado). Ex. contribuições da seguridade social art. 195 C.F. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL 1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 2. CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (Lei n.º 5172/66, LC 104/01, LC 105/01 e LC118/05). CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1.1) Art. 24 C.F; art.145 a 167 C.F. (SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL); art. 167 C.F; art. 195; art. 198; art. 212 C.F; 239 C.F. 1.2) EMENDAS CONSTITUCIONAIS N.º 03/93; 12/96; 20/98, 21/99, 29/00, 31/00, 32/01, 33/01, 37/02, 39/02, 41/03, 42/03, 44/04; 45/05; 55/07 1.3) ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (art. 34, art. 40 a 42, art. 70, art. 75, 76, e art. 79 a 94 da ADCT). Há várias correntes sobre quantas são as espécies tributárias: Duas (teoria bipartite) taxas e impostos (Alfredo Augusto Becker e Pontes de Miranda); Três (teoria tripartite) taxas, impostos e contribuições de melhoria (Aliomar Baleeiro, Rubens Gomes de Souza, Roque Carrazza, Geraldo Ataliba, Paulo de Barros Carvalho). São as espécies previstas no art. 5 do CTN. 4
Quatro (teoria quadripartite) taxas, impostos, contribuições especiais e contribuições de melhoria (Arnaldo Borges); ou taxas, impostos, empréstimos compulsórios e contribuições (Fábio Fanuchi); Cinco (teoria quinquipartite) taxas, impostos, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições especiais (Ives Gandra da Silva Martins, Hugo de Brito Machado, José Eduardo Soares de Melo). Alguns autores chamam o gênero contribuições especiais de contribuições sociais. Teoria tripartiteo CTN : as espécies tributárias (tradicionais) se diferenciam pelo seu fato gerador. Art. 4 do CTN Imposto: fato gerador não vinculado a ação do Poder Público. São fatos lícitos, indicativos de riqueza, que não guardam qualquer relação com atividade estatal. Taxa e contribuição de melhoria: seu fato gerador está vinculado à atividade estatal. APÓS A CF/88... Art. 148: Empréstimos compulsórios. Art. 149 e art. 149-A: contribuições especiais (ou sociais). Iluminação pública (149-A) São tributos. Mas não são tradicionais, são novas espécies de tributo. Informativo 540, STF: Taxa de iluminação. Não se caracterizariam pela análise do fato gerador, mas sim pelo destino da receita. São chamados de tributos finalísticos. Para estes, O art. 4, II, CTN está superado. 5