Epilepsia e atividades físicas

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Transcrição:

Epilepsia e atividades físicas Profa. Claudia Forjaz adaptado de Prof.ª Carolina K. Moriyama EPILEPSIA Diferentes formas de definição, diagnóstico e tratamento ao longo da história Dificuldade de aceitação da doença Altamente estigmatizada Associada a possessão demoníaca, doenças contagiosas e loucura 1

DEFINIÇÃO Uma afecção crônica de etiologia diversa caracterizada por crises espontâneas e recorrentes originadas por descargas excessivas de um grupo neuronal hiperexcitável e que se associa com diferentes manifestações clínicas. PREVALÊNCIA Cerca de 1% da população Países desenvolvidos: 0,5% da população Brasil: 3.000.000 São Paulo: 13,3/1.000 habitantes América Latina: 1,5 a 2% da população 2

FISIOPATOLOGIA Descargas neuronais excessivas e síncronas Excesso de excitação (Glutamato) Falta de inibição (GABA) 3

CLASSIFICAÇÃO Parciais: apenas uma parte de um hemisfério cerebral (corticais) Generalizadas: envolve uma área mais extensa dos dois hemisférios (talâmicas) CLASSIFICAÇÃO I. Crises Parciais: apenas uma área do cérebro a. Parciais Simples b. Parciais Complexas c. Secundariamente Generalizada International League Against Epilepsy 4

Não altera consciência Efeito do local hiperestimulado PARCIAL SIMPLES CRISES PARCIAIS COMPLEXAS Comprometimento transitório da consciência Normalmente tem aura 5

CRISES PARCIAIS SECUNDARIAMENTE GENERALIZADAS CLASSIFICAÇÃO II. Crises Generalizadas: área mais extensa dos 2 hemisférios a. Ausência (pequeno mal) b. Tônico-clônicas (grande mal) c. Tônicas d. Mioclônicas e. Atônicas International League Against Epilepsy 6

GENERALIZADAS a. Crises de ausência: Desligamento Interrupção atividade sem resposta a estímulos 5 a 15 segundos Remissão espontânea em 60 a 70 % dos casos tipos de contração Evento: tônico: contração mantida. clônico: contração seguida de relaxamento, originando abalos sucessivos. mioclônico: contrações musculares muito breves, semelhantes a choques. 7

GENERALIZADAS Pré Sem aura, sem aviso Durante Perda da consciência Queda ao solo Rigidez ou movimentos 1 a 7 minutos Salivação e respiração ruidosa Após Responsividade e flacidez Incontinência visceral Confusão mental Cefaléia, fadiga DIAGNÓSTICO Clinico: história e gênese das crises EEG: registro e análise da atividade elétrica cerebral 8

COMPLICAÇÕES Estado de Mal Epilético: convulsão única > 30 minutos crises sucessivas no intervalo de 30 min sem recuperação da consciência Traumatismos Morte súbita Comorbidades psiquiátricas TRATAMENTO CIRURGIA MEDICAMENTOS Ataxia Diplopia, borramento visual Sedação Náuseas e vômitos Tremor Ganho de peso Queda de cabelo Hiperplasia gengival Irritabilidade Hiperatividade Hepatotoxidade 9

PESSOA COM EPLEPSIA É ATIVA? Crianças com epilepsia são menos ativas que seus irmãos, com maior tendência para a obesidade. Motivos: Recomendações médicas Restrição imposta pela família Medo de deflagrar crises ou piorar o estado da doença Wong & Wirrell.. Epilepsia, 47(3):631 639, 2006. EXERCÍCIO AUMENTA AS CRISES? Apenas 2% dos epilépticos têm crises induzidas pelo exercício. Neles, exercício induz crise durante ou após 10

EXERCÍCIO MELHORA CONTROLE DAS CRISES? Exercício crônico diminui a probabilidade de ocorrência de crises anticonvulsivante natural (Gotze et al, 1967; Horyd et al, 1981). Reduz descargas epileptiformes no EEG durante o exercício (Nakken et al, 1997). Aumenta GABA e endorfinas no cérebro. EVITADO Mergulho Paraquedismo Escaladas Aviação Motociclismo Boxe SUPERVISIONADAS: Ski aquático Natação Canoagem (Wind) Surf Vela CONHECER TIPO DE CRISE Ciclismo de velocidade Skate Equitação Ginástica 11

EXERCÍCIO E EPILEPSIA? Evidências atuais demonstram que pacientes controlados podem participar de atividades físicas sem que haja aumento do número de crises e obtendo benefícios desde que cuidados sejam devidamente tomados. 12