NOTAS ECONÔMICAS. Regimes cambiais dos BRICs revelam diferentes graus de intervenção no câmbio



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Transcrição:

NOTAS ECONÔMICAS Informativo da Confederação Nacional da Indústria Ano 11 Número 2 12 de julho de 2010 www.cni.org.br Regimes cambiais dos BRICs revelam diferentes graus de intervenção no câmbio Brasil e Rússia operam regime de flutuação administrada, dadas as freqüentes intervenções no câmbio A China opera regime de câmbio altamente administrado, ficando muito perto de câmbio fixo A Índia é o único país dos BRICs que, mesmo com a crise, operou um regime cambial com flutuação limpa Os BRICs adotam diferentes regimes cambiais. A China administra o câmbio de forma a manter quase fixa sua moeda frente a uma cesta internacional de moedas. Já o Brasil, Rússia e Índia são países caracterizados por operarem regimes de câmbio flutuante. No entanto, o país que mais se encaixa na definição de câmbio flutuante é a Índia. O Brasil e a Rússia operam regimes cambiais com mais intervenção, ou seja, caracterizados como flutuação administrada. A crise internacional é o ambiente ideal para testar os diferentes comportamentos da taxa de câmbio, dado o cenário de maior aversão ao risco. Há diferenças no grau de volatilidade das moedas dos BRICs e também diferentes respostas dos governos quanto ao comportamento dessas taxas de câmbio. Essas ações governamentais caracterizam, portanto, o grau de intervenção desses países na taxa de câmbio. Gráfico 1 - Evolução da taxa de câmbio dos BRICs

Evolução das taxas de câmbio Apesar das diferenças de patamar e de intensidade nas flutuações das taxas de câmbio dos BRICs, dos três países em que há regime de câmbio flutuante, em dois Brasil e Rússia houve valorização da moeda doméstica perante o dólar até meados de 2008, quando um movimento de desvalorização tomou forma e manteve-se até o início de 2009. Após esse período, as taxas de câmbio do Brasil, Rússia e Índia voltaram a registrar valorização. Na China, onde o regime de câmbio é administrado, há tendência de lenta valorização do câmbio até julho de 2008, quando o yuan passou a ficar praticamente inalterado. Cabe mencionar que mesmo com a eclosão da crise internacional, o yuan não sofreu qualquer alteração significativa em sua cotação, dada a política chinesa de forte compra de dólares. Ao comparar a variação da taxa de câmbio entre maio de 2008 (antes da eclosão da crise) e maio de 2010, as diferenças são relevantes de país para país. No Brasil, na Rússia e na Índia, há desvalorização, em diferentes intensidades, da moeda doméstica: a rúpia desvalorizou 8,8%; o real desvalorizou 9,2%; e o rublo desvalorizou 28,7%. Já a moeda chinesa registrou uma valorização de 2,1% no mesmo período, destoando do padrão dos demais BRICs. 643 bilhões nesses 24 meses, o que representa quase três vezes o estoque total das reservas internacionais do Brasil. Na China há mais regulação no mercado de câmbio do que nos demais BRICs. Essa regulação, aliada ao alto fluxo de entrada de dólares na economia via investimento estrangeiro direto e exportações, torna viável a manipulação da taxa de câmbio chinesa. De maneira oposta as reservas internacionais da Rússia caíram de US$ 541 bilhões para US$ 456 bilhões e as reservas da Índia recuaram de US$ 304 bilhões para US$ 249 bilhões no mesmo período. Os níveis de turbulência dos mercados cambiais dos BRICs Para melhor comparar a evolução dos mercados de câmbio dos BRICs e, portanto analisar o comportamento de cada moeda com a crise foi construído um índice de turbulência do mercado de câmbio como função da variação das reservas no tempo, da variação da taxa de câmbio e da base monetária. Quanto maior esse indicador, maior será o nível de turbulência na taxa de câmbio de um país. O índice de turbulência da taxa de câmbio foi calculado pela seguinte equação: Evolução das reservas internacionais As reservas internacionais dos BRICs representam 41% do total das reservas mundiais. O indicador de reservas internacionais de cada país registrou diferentes variações nos últimos dois anos, ou seja, entre maio de 2008 e maio de 2010. Enquanto no Brasil e na China as reservas internacionais aumentaram, na Rússia e na Índia o oposto ocorreu. As reservas do Brasil cresceram de US$ 198 bilhões para US$ 250 bilhões e as reservas da China cresceram de US$ 1,8 trilhão para US$ 2,4 trilhões. Dada a política de câmbio fixo, a China aumentou suas reservas em US$ Onde: = Variação absoluta das reservas internacionais entre o mês t e mês t-1 = Variação percentual da taxa de câmbio entre o mês t e mês t-1 = Nível da base monetária (M1) no mês t-1 2

O mercado de câmbio que apresentou a maior turbulência com a crise foi o da Rússia. O índice de turbulência da taxa de câmbio russa cresceu a partir de agosto de 2008 e variou em alto patamar até início de 2009, quando registrou recuo. Mesmo com a queda, o indicador se manteve, na maioria do tempo, acima dos demais indicadores dos BRICs. A média do indicador de turbulência do câmbio da Rússia foi de 0,150 ponto entre maio de 2008 e maio de 2010, ficando acima da média dos demais indicadores dos BRICs. A moeda brasileira foi a que registrou o segundo maior impacto da crise. O indicador de turbulência cambial iniciou o crescimento também em agosto de 2008, mas recuou em outubro do mesmo ano, se mantendo em níveis mais baixos. Com isso, o indicador médio de turbulência cambial do Brasil ficou em 0,074 ponto o segundo maior entre os BRICs. No caso da China e da Índia, os respectivos indicadores de turbulência cambial ficaram sensivelmente abaixo dos indicadores do Brasil e da Rússia. O indicador da Índia registrou elevação também a partir de agosto de 2008, como no Brasil e na Rússia. Entretanto, ao contrário do que ocorreu naqueles dois países, o indicador de turbulência do câmbio indiano cresceu pouco e logo voltou a recuar, de forma a evoluir em níveis muito inferiores novamente. A média do indicador de turbulência do mercado de câmbio Indiano foi de 0,020 ponto entre maio de 2008 e maio de 2010. O indicador chinês foi o dos BRICs que menos sofreu elevações ao longo dos dois últimos anos, apesar de registrar média muito próxima a do indicador indiano (0,018 ponto). O fato de o mercado de câmbio chinês registrar a maior estabilidade (menor grau de turbulência) entre os BRICs não surpreende, dada a política de câmbio fixo daquele país. O que chama a atenção é o fato de a Índia conduzir um câmbio flutuante o oposto do câmbio chinês e registrar estabilidade similar ao do mercado de câmbio da China. Os diferentes graus de intervenção no câmbio dos BRICs Para comparar os diferentes graus de intervenção do câmbio entre os BRICs, também foi construído um índice de intervenção utilizando as mesmas variáveis empregadas no índice de turbulência. O índice varia entre 0 (flutuação livre) e 1 (câmbio fixo). O índice de intervenção do câmbio é descrito pela seguinte equação: O yuan registrou valorização gradual nos últimos anos, mas de forma muito lenta. Com uma política de crescimento econômico impulsionado pelas exportações, a China intervém maciçamente no mercado cambial deixando o yuan artificialmente desvalorizado. A forte intervenção da taxa de câmbio chinesa está se dando à custa de expressivas compras de dólares pelo Banco Central chinês. Como resultado dessa política, as reservas internacionais da China são as maiores do mundo e representam, praticamente, 1/3 da reservas mundial. Apesar do índice de intervenção do câmbio da Rússia ser maior do que o da China até setembro de 2008, o índice chinês mantém-se sempre mais elevado no período posterior. Nesse sentido, a China aparece como o país com o maior grau de intervenção no câmbio entre os BRICs. A média do indicador de intervenção no câmbio chinês é de 0,886 ponto nos últimos 24 meses, o que indica que a China opera um regime de câmbio altamente administrado, muito próximo ao câmbio fixo. No período posterior a maio de 2009 o indicador chinês ficou ainda mais próximo de 1. 3

Após sucessivas reivindicações dos Estados Unidos e outros países industrializados sobre a manutenção de um regime de câmbio desvalorizado, a China permitiu um movimento de valorização de sua moeda. No entanto, esse movimento é muito reduzido e ainda causa dúvidas quanto à sua real tendência no médio prazo. Em outros termos, ainda é cedo para acreditar que a China deixou para trás a política de manutenção da taxa de câmbio desvalorizada. A Índia é o país que opera um regime cambial de forma mais livre entre os BRICs. Entre julho e setembro de 2008, o país registrou intervenção no câmbio de forma a destoar do restante do período aqui analisado. Após esse período, a intervenção no câmbio indiano é praticamente nula, com o índice de intervenção ficando muito próximo de zero. Mesmo com a rúpia mantendo a trajetória de desvalorização, a Índia não interveio no câmbio, deixando-o flutuar livremente. Após março de 2009, a rúpia voltou a registrar valorização perante o dólar e o governo indiano manteve sua política de câmbio flutuante. A média do índice de intervenção do câmbio indiano nos últimos 24 meses é de apenas 0,048 ponto. O Brasil e a Rússia são países que promovem flutuação administrada do câmbio, de forma a não deixarem o câmbio flutuar livremente, como na Índia, e não utilizarem câmbio fixo, como na China. Antes da eclosão da crise, a moeda brasileira estava em trajetória de valorização. Nesse período, o Banco Central intervinha mais no câmbio, justamente para amenizar a trajetória de ganho de valor da moeda doméstica. Em maio de 2008 o índice de intervenção no câmbio estava em 0,498 ponto. A intervenção cambial foi sendo reduzida e, paralelamente, o real iniciou uma trajetória de desvalorização com o contágio da crise internacional. Quando a taxa de câmbio atingiu o patamar de R$ 2,40 o governo brasileiro voltou a intervir com mais intensidade no câmbio, de modo que o indicador de intervenção passou de 0,30 ponto em dezembro de 2008 para 0,82 ponto em março de 2009. O índice médio de intervenção do câmbio brasileiro nos últimos 24 meses é de 0,514 ponto. Nos últimos meses a intervenção do mercado cambial brasileiro ocorreu tanto para impedir movimentos de valorização quanto de desvalorização excessiva, não tendo como alvo uma taxa de câmbio específica. A moeda russa estava delineando uma trajetória lenta de valorização nos anos anteriores e, como o ocorrido no Brasil, interrompeu esse movimento em agosto de 2008 com a eclosão da crise. Dada a menor intervenção governamental no mercado de câmbio da Rússia, o índice de intervenção no câmbio daquele país que estava em 0,95 ponto em julho de 2008, passou a recuar e intensificou a queda quando o rublo passou a perder valor perante o dólar (a partir de fevereiro de 2009). A re-valorização do rublo deu início em março de 2009 e, devido à persistência desse movimento desde então, o governo russo voltou a intervir mais no mercado de câmbio: o índice de intervenção passou de 0,42 ponto em abril de 2009 para 0,80 ponto em março de 2010. O índice médio de intervenção do câmbio russo nos últimos 24 meses é de 0,708 ponto. 4

Anexo I NOTAS ECONÔMICAS Publicação da Confederação Nacional da Indústria - CNI Unidade de Política Econômica - PEC Gerente-executivo: Flávio Castelo Branco Equipe técnica: Marcelo de Ávila Informações Técnicas: (61) 3317-9468 Supervisão gráfica: Núcleo de Editoração Normalização bibliográfica: Área Compartilhada de Informação e Documentação - Acind Assinaturas: Serviço de Atendimento ao Cliente - SAC: (61) 3317-9989 sac@cni.org.br SBN Quadra 01 Bloco C Ed. Roberto Simonsen Brasília, DF - CEP: 70040-903 www.cni.org.br Autorizada a reprodução desde que citada a fonte. 5