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E M E N T A Regras para Elaboração da CAT Acidente de Trabalho Típico e Doença Ocupacional (Atípico) Responsabilidade Civil no Direito Trabalho Responsabilidade Objetiva e Subjetiva Análise Jurisprudencial. DO ACIDENTE DE TRABALHO TÍPICO E ATÍPICO Acidente de Trabalho. Art. 19 lei 8.213/91. Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Pode ser Típico, Atípico e de Trajeto. TÍPICO: Decorre de evento único dentro da empresa e no horário de trabalho. (art. 19 lei 8.213/91). Benefício Previdenciário Auxílio-Doença por Acidente do Trabalho (espécie 91). Auxílio-Acidente por Acidente de Trabalho (espécie 94 Só quando receber alta e se verificar sequela permanente que reduza a capacidade laborativa). Doenças Ocupacionais - São espécies de acidente de trabalho atípico, como as DOENÇAS PROFISSIONAIS (art. 20, I) e as DOENÇAS DO TRABALHO (art. 20, II, lei 8.213/91). Portaria do Ministério da Saúde nº 1339, 18/11/1999. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1999/prt1339_18_11_1999.html. Atípico: Embora não tenha sido causa única (concausa), acabou contribuindo diretamente para a morte do trabalhador, ou perda de sua capacidade ou reproduzido lesão que exija atenção médica para sua recuperação. (art. 21, I, lei 8.213/91).

DOENÇAS OCUPACIONAIS DOENÇA PROFISSIONAL - É aquela produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho específico à determinada profissão/atividade. Ex: Radiações Ionizantes (catarata). Ex.: O soldador que desenvolveu catarata. DIREITO DO TRABALHO E PROCESSUAL DO TRABALHO. RECURSO ORDINÁRIO. ESTABILIDADE PROVISÓRIA. DOENÇA PROFISSIONAL. CONFIGURAÇÃO. Se o nexo causal entre a doença adquirida (equiparada, por força de lei, a acidente de trabalho) e que as condições de trabalho restou reconhecido nos autos não só pelo Perito do Juízo como também pelo órgão previdenciário, que detém competência para tanto, preenchido pressuposto para a garantia de emprego com a obtenção de auxílio-doença acidentário - espécie 91, fazendo jus o empregado à estabilidade acidentária, prevista no artigo 118 da Lei nº. 8.213/91. Aplica-se à hipótese a parte final do item II da Súmula nº. 378 do C. TST. Recurso obreiro parcialmente provido. (TRT-6 - RO: 113600862008506 PE 0113600-86.2008.5.06.0014, Relator: Virgínia Malta Canavarro, Data de Publicação: 01/12/2010) DOENÇA DO TRABALHO - Está ligada ao meio ambiente de trabalho, é aquela que tem ligação com o ambiente onde o trabalho é exercido. Ex: Disacusia (surdez) em trabalho realizado em local extremamente ruidoso. Ex.: Um trabalhador que está exposto ao ruído excessivo, em um galpão de solda, e desenvolve surdez. Esse é um caso típico de doença do trabalho. Jurisprudência: DOENÇA DO TRABALHO CONFIGURAÇÃO. Comprovada através de perícia técnica que a moléstia que vitimou o empregado, causando-lhe perda de 25% de sua capacidade laborativa, foi agravada pelas condições de trabalho e riscos ergonômicos que envolviam a atividade por ele desempenhada em favor da empregadora, configura-se a doença do trabalho equiparável ao acidente de trabalho (art. 118 c/c art. 21 da Lei 8.213/91). Eventual pré-existência da moléstia não impede o reconhecimento do direito à estabilidade, por doença ocupacional, tendo em vista que o art. 20, da Lei 8.213/91, equipara a acidente do trabalho a doença ocupacional produzida ou apenas "desencadeada" pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade. Desse modo, o desenvolvimento de atividade laborativa que contribui para o desencadeamento de doença do empregado (concausa) gera para a empregadora o dever de suportar o pagamento de indenização acidentária em decorrência de conduta, objetiva e subjetivamente culposa, em proporções condizentes com circunstâncias e especificidades do caso. (TRT-3, Relator: Cleube de Freitas Pereira, Oitava Turma)

Pela RCDA: DOENÇA DO TRABALHO - PERÍCIA NÃO CONCLUSIVA - NEXO CAUSAL NÃO CONFIGURADO - De acordo com o entendimento emanado do laudo pericial, não houve conclusão efetiva de que o trabalho desenvolvido pela autora em prol do reclamado tenha contribuído para o surgimento da doença alegada na peça de ingresso. A reclamante não comprovou o nexo de causalidade entre as atividades realizadas no trabalho e a doença desenvolvida, sendo ônus que lhe incumbia, por ser fato constitutivo de seu direito (art. 818, da CLT, c/c art. 333, I, do CPC). (TRT-9 223200511904 PR 223-2005-11-9-0-4, Relator: SÉRGIO MURILO RODRIGUES LEMOS, 4ª. TURMA, Data de Publicação: 07/07/2009) Curso de Petição de Quesitos: https://www.youtube.com/watch?v=cw0q7wffx9w CONCAUSA Art. 21, I, da lei 8.213/91. Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; Jurisprudência: Exame pericial concluiu que as atividades desenvolvidas não foram a causa direta da doença que acometeu o empregado, já que se trata de mal degenerativo. No entanto, o perito afirmou que os movimentos realizados contribuíram para o agravamento do quadro. A sentença reconheceu o direito do trabalhador e condenou a Cargill Agrícola ao pagamento de indenização no valor de R$ 20 mil. A empresa recorreu e o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (Campinas/SP) reformou a sentença, pois concluiu que, como a perícia não demonstrou a existência de nexo causal, não se poderia reconhecer a natureza ocupacional da doença. Portanto, não há o dever de indenizar, mesmo existindo nexo concausal, pois "em se tratando de doença degenerativa, não há se falar em concausa". O recurso de revista do empregado foi processado na Segunda Turma, que de forma unânime reformou a decisão do Regional e restabeleceu a sentença. O relator, ministro José Roberto Freire Pimenta, adotou posicionamento recorrente do TST no sentido de que, nos casos envolvendo doença ocupacional, o nexo concausal é suficiente para configurar o dever de reparar. O ministro concluiu que "ainda que a atividade desempenhada pelo trabalhador não seja a causa única da doença que lhe acometeu, é fato que ela atuou como concausa, o que é suficiente a ensejar a reparação pretendida". Processo: RR - 31900-39.2009.5.15.0035

ACIDENTE DE TRAJETO in itinere art. 21, IV, d da lei 8.213/91. Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. Jurisprudência: RECURSO ORDINÁRIO. ACIDENTE DE TRABALHO IN ITINERE. A Lei 8.213/91 prevê que se equipara ao acidente de trabalho o sofrido pelo segurado no percurso da residência para o local e trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção. O nexo causal é indireto, mas não exime a garantia de emprego prevista na lei... Relata, que passados alguns meses devido o ocorrido, voltou a apresentar complicações uma vez que houve rejeição pelo organismo da placa inserida em sua perna, havendo necessidade de nova cirurgia em fevereiro de 2011, e afastado do labor por auxílio doença acidentário, no período de 13.01.2011 à 30.06.2011, recebendo benefício espécie 31 e retornando para exercer suas funções na ré em 01.07.2011, quando entende preencher os requisitos de nova garantia de emprego,... Argumenta a Reclamada que o 2º benefício não decorreu de acidente de trabalho, nem guarda qualquer correlação com o benefício anterior, razão pela qual não emitida CAT, sendo simples auxílio-doença previdenciário, e não acidentário, sob o código 31. Verifico que a premissa para análise deste ponto em especial é a caracterização ou não do segundo afastamento como mera extensão do primeiro e, concluo que o problema de saúde acarretado pelo acidente de trabalho in itinere não abandonou o Reclamante obrigando-o a se afastar uma segunda vez para cuidar das sequelas dali derivadas. Sendo assim, basta um simples exercício de raciocínio lógico para que a segunda licença seja caracterizada como acidentária, tal como aconteceu com a primeira. (TRT-1, Relator: Álvaro Luiz Carvalho Moreira, Data de Julgamento: 12/03/2013, Quarta Turma) Pela RCDA: Trabalhar na excludente do art. 20, 1º: 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. CAT O QUE É? A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento emitido para reconhecer tanto um acidente de trabalho ou de trajeto (Típico), bem como uma doença ocupacional (Atípico).

Prazo para abrir a CAT? Acidente de Trabalho Típico Primeiro dia útil seguinte ao fato; Acidente de Trabalho Atípico (Doenças Ocupacionais) - Após a conclusão de que o trabalhador é ou pode ser portador de doença profissional ou do trabalho. Caso de Morte Imediato. Lei 8.213/91 - Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada pela Previdência Social. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro. Jurisprudência: AGRAVO DE PETIÇÃO - ACIDENTE DE TRABALHO - EMISSÃO DA CAT - OBRIGATORIEDADE. O empregador não está exonerado do dever de emitir a CAT, mesmo quando cessarem as atividades da empresa, deixando prejudicado o obreiro que sofreu acidente de trabalho. Essa obrigação é devida para que o obreiro tenha o direito de requerer benefícios previdenciários, além de gerar outras consequências relevantes na esfera jurídica (ações regressivas movidas pela Previdência Social, Indenizações por responsabilidade Civil, Inspeção do Trabalho etc.), independendo, portanto, da manutenção, ou não, das atividades da empresa. Agravo conhecido e improvido. (TRT-16 1012200501316003 MA 01012-2005-013-16-00-3, Relator: JOSÉ EVANDRO DE SOUZA, Data de Publicação: 14/10/2008). DOENÇA OCUPACIONAL EMISSÃO DA CAT- COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO - PELO EMPREGADOR - PRESUNÇÃO RELATIVA A emissão de CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho pelo próprio empregador reconhecendo o nexo de causalidade entre a doença sofrida pelo empregado e suas atividades profissionais na empresa gera presunção relativa de veracidade, podendo ser afastada por prova robusta de erro no seu preenchimento. TRT-1 - Recurso Ordinário RO 02063001920095010521 RJ (TRT-1) Data de publicação: 10/04/2015.

A empresa que não informar o acidente de trabalho dentro do prazo legal incorre no crime previsto no art. 269 do CP c/c art 169 da CLT. Estando ainda sujeita à aplicação de multa. (conforme disposto nos Artigos 286 e 336 do Decreto 3.048/99). Quem pode abrir a CAT? A empresa é quem deve abrir a CAT, mas, se não fizer o registro da CAT poderá: o próprio segurado, o dependente dele, a entidade sindical, o médico ou a autoridade pública (magistrados, membros do Ministério Público do Trabalho e dos serviços jurídicos da União e dos Estados ou do Distrito Federal e comandantes de unidades do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar). Todos estes poderão efetivar a qualquer tempo o registro da CAT junto à Previdência Social, o que não exclui a possibilidade da aplicação da multa à empresa. Lei 8.213/91 - Art. 22: 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o prazo previsto neste artigo. 3º A comunicação a que se refere o 2º não exime a empresa de responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo.

Jurisprudência: ACIDENTE DO TRABALHO ATÍPICO. DOENÇAOCUPACIONAL. EMISSÃO DA CAT- COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DOTRABALHO. INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO: não configura, por si só, ato ilícito do empregador, a omissão no preenchimento da CAT- comunicação de acidente do trabalho quando, não sendo acidente típico, não existir indicação médica explícita para tal. Tal entendimento decorre da análise do 2º, artigo 22 da Lei 8.213/91 que admite a emissão do referido documento, também, pelo Sindicato da Categoria, o próprio empregado interessado ou o médico que o assiste. TRT-9-1020200768908 PR 1020-2007-68-9-0-8 (TRT-9) - Data de publicação: 15/05/2009 Modalidades de CAT? CAT inicial refere-se ao acidente de trabalho típico, trajeto, doença profissional, do trabalho ou óbito imediato; CAT de reabertura - será utilizada para casos de afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou de doença profissional ou do trabalho, que já tinha uma CAT inicial; deverão constar as mesmas informações da época do acidente, exceto quanto ao afastamento, último dia trabalhado, atestado médico e data da emissão, que serão relativos à data da reabertura. Não será considerada CAT de reabertura a situação de simples assistência médica ou de afastamento com menos de quinze dias consecutivos. CAT de comunicação de óbito - será emitida exclusivamente para casos de falecimento decorrente de acidente ou doença profissional ou do trabalho, após o registro da CAT inicial. Nunca será emitida direto, ainda que o segurado venha falecer imediatamente ao acidente. Procedimento para abertura da CAT? 1º - Para quem tem acesso a internet, o formulário da CAT deverá estar inteiramente preenchido e assinado, principalmente os dados referentes ao atendimento médico. Disponível no site http://www.previdencia.gov.br/forms/formularios/form001.html

No final do formulário há um ícone Instruções de Preenchimento. 2º - Para quem não tem acesso à internet, procurar uma Agência do INSS. Nos casos em que não for possível o registro da CAT de forma on-line e para que a empresa não esteja sujeita a aplicação da multa por descumprimento de prazo, o registro da CAT poderá ser feito em uma das agências do INSS. Segue link das agências em todo o Brasil. http://www010.dataprev.gov.br/enderecoaps/mps1.as Veja agora como preencher o Formulário da CAT: Informações no preenchimento: 1ª-) não assinar em branco; 2ª-) preencher TODOS os dados do Segurado; 3ª-) o item II da CAT deve ser preenchido, exclusivamente, pelo médico; 4ª-) o preenchido poderá ser feito a máquina de escrever, no micro ou em caneta esferográfica; 5ª-) não poderá ter emendas nem rasuras; 6ª-) o formulário CAT poderá ser substituído por impresso da própria empresa quando de sistemas informatizados ou mesmo de papelaria. Documentos Necessários: É exigido pelas agências do INSS, no mínimo um documento de identificação com foto e o número do CPF (CNH). Para qualquer dos casos indicados acima, deverão ser emitidas quatro vias sendo:

1ª via ao INSS 2ª via ao segurado ou dependente 3ª via do sindicato de classe do trabalhador 4ª via à empresa. Atestado Médico: Caso a área de informações referente ao atestado médico do formulário não esteja preenchida e assinada pelo médico assistente, deverá ser apresentado o atestado médico, desde que nele conste a devida descrição do local/data/hora de atendimento bem como o diagnóstico com o CID e o período provável para o tratamento, contendo assinatura, o número do Conselho Regional de Medicina (CRM) e o carimbo do médico responsável pelo atendimento, seja particular, de convênio ou do SUS. Registro da CAT on-line. O INSS disponibiliza um aplicativo que permite o Registro da CAT, desde que preenchidos TODOS os campos obrigatórios. http://www.dataprev.gov.br/servicos/cat/cat.shtm Efeitos da abertura da CAT pela empregadora: DOENÇA OCUPACIONAL. ACIDENTE DO TRABALHO. NEXO CAUSAL. INCAPACIDADE LABORAL. A simples emissão da CAT - Comunicação de Acidente do Trabalho pela reclamada importa no reconhecimento do nexo causal entre a lesão e a atividade exercida. TRT-3 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO 00837201204103000 0000837-06.2012.5.03.0041 (TRT-3) - Data de publicação: 24/07/2014

Efeitos da CAT para o empregado? Funciona como um registro de que sua doença ou acidente pode ser decorrente do trabalho, o que vai ser comprovado, ou não, na perícia médica. A partir da comprovação do nexo causal do acidente ou doença com o trabalho, o trabalhador tem direito ao benefício Auxílio-Doença por Acidente de Trabalho (91) e não ao benefício Auxílio-Doença Previdenciário (31). O primeiro (Auxílio-Doença Acidentário-91) tem as seguintes vantagens em relação ao segundo (Auxílio-Doença Previdenciário-31): Estabilidade de 1 ano no emprego, após a alta médica do INSS, ou seja, após o retorno ao trabalho; Possibilidade de receber Auxílio-Acidente por Acidente de Trabalho (94), espécie de auxílio indenizatório que o trabalhador tem direito quando o acidente de trabalho ou doença ocupacional resultar em sequela que implique em redução de capacidade para o trabalhado que habitualmente exercia. Depósito do FGTS mesmo durante o período do afastamento. Contrato de trabalho suspenso. Contagem do tempo de afastamento por auxílio-doença acidentário como tempo de aposentadoria. A perícia médica é fundamental na determinação destas vantagens, daí a petição inicial deve apresentar os documentos necessários para que a comprovação do nexo causal seja feita. Vídeo CAT - https://www.youtube.com/watch?v=uii8bc4ulbe SAÚDE na CLT Capítulo V Da Segurança e Da Medicina do Trabalho RESPONSABILIDADE CIVIL X ÔNUS DA PROVA

Responsabilidade Civil é instituto de Direito Material (186, 187 e 927 do CCB), enquanto o instituto do Ônus da Prova é Direito Processual (818 da CLT e art. 373 do NCPC). A CLT indica obrigações de meio ao empregador (direito material): Art. 157 - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente; Art. 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia inspeção e aprovação das respectivas instalações pela autoridade regional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. Art. 162 - As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados em segurança e em medicina do trabalho. Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Regra geral do ônus da prova (direito processual), art. 818 da CLT e art. 373, do NCPC. Art. 818 CLT - A prova das alegações incumbe à parte que as fizer. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ocorrido acidente de trabalho em decorrência do NÃO cumprimento das obrigações acima estará caracterizada a responsabilidade da RCDA (direito material) e seu, será o ônus da prova (direito processual). Caberá ao RCTE: na petição inicial, apontar o descumprimento legal e requerer que a RCDA traga aos autos: EPIs (NR-16); PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (NR-9); PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (NR-7), SESMET Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho (NR-4), sempre sob os efeitos do art. 359 do CPC. Jurisprudência:

ACIDENTE DO TRABALHO - ÓBITO DO EMPREGADO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS PARA ESPOSA E FILHA - RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS TOMADORAS DO SERVIÇO. Em se tratando de observância das normas de proteção e segurança do trabalho, o ônus da prova é do empregador, a quem compete a demonstração de que forneceu condições seguras de trabalho, considerando que o dever de proteção pelo empregador está amparado nos princípios fundamentais da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho, consagrados nos artigos 1o e 7o, inciso XXII, da Constituição Federal, bem como no artigo 2o da CLT, pelo qual são atribuídos ao empregador os riscos da atividade econômica. No caso, inexiste prova do cumprimento pelos reclamados de seus deveres de cuidado quanto às rotinas das atividades e no ambiente de trabalho, a fim de preservar a incolumidade física do trabalhador. RO 00316200905603006, 10ª T., 10/05/2011. Caberá a RCDA: comprovar que cumpriu integralmente as normas de medicina e segurança do trabalho ou que o acidente se deu por culpa exclusiva da vítima. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ACIDENTE DE TRABALHO. CULPA EXCLUSIVA DO EMPREGADO. NÃO PROVIDO. Embora inconteste o acidente de trabalho, comprovado que ocorreu por culpa exclusiva do empregado, que imprudentemente tentou consertar o problema mecânico do veículo que conduzia. As provas dos autos revelaram que a empresa proporcionou treinamento, estabelecendo regras de segurança, informando aos trabalhadores que, no caso de falhas mecânicas, o procedimento adequado era o acionamento do suporte técnico. Entendimento em sentido diverso implica o reexame de fatos e provas, impossível no recurso extraordinário a teor do enunciado contido na Súmula 126 do TST. (TST - AIRR: 13398220135150070, Data de Julgamento: 27/05/2015, Data de Publicação: DEJT 05/06/2015) Tese para peça Inicial Pedido de Indenização Acidente Trabalho - Doença: DA BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS DE QUE RESULTOU O DISSÍDIO ART. 840, 1º DA CLT. XI-) DA DOENÇA OCUPACIONAL. DA REINTEGRAÇÃO/INDENIZAÇÃO. DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA. A Reclamada admitindo o Reclamante gozando de perfeitas condições de saúde, tanto é verdade que ao realizar o exame admissional foi considerado apto para o exercício da função para a qual foi contratado. Pois bem, no decorrer do pacto laboral, com o exercício de atividades que consistiam em movimentos repetitivos, contínuos e diários, sem pausa para descanso, o Reclamante passou a sofrer fortes dores nos ombros, pulso e antebraços. Tanto que foi diagnosticado um deslocamento dos tendões dos dois ombros, motivo pelo qual, ficou afastado do trabalho por prescrição médica e pelo INSS, conforme comprovam os atestados que seguem anexo. Importante destacar que sequer foi realizado o exame demissional.

Ressalta-se que o Reclamante é portador de moléstia profissional, adquirida no exercício das atividades laborais para a Reclamada, doença que lhe causou sequelas e reduziu sua capacidade laboral, logo, é portador de estabilidade provisória com fulcro nos artigos 19 e 20 c/c artigo 118 da Lei 8.213/1991. Diante de todo o exposto, temos que o Reclamante faz jus à reintegração em funções compatíveis com sua condição física, ou ainda, à indenização, nos termos da Súmula 396, I do TST. Deverá a Reclamada juntar as fichas de entrega de EPIs com as especificações dos equipamentos, datas de trocas, higienização e devoluções, do certificado de aprovação dos equipamentos entregues, com a data de expedição e validade, e do comprovante de treinamento do Reclamante, com oposição de assinatura do obreiro, sempre dentro do prazo de validade indicado pelo fornecedor do equipamento, juntando aos autos 01 (uma) amostra do EPI que fornecia, o que desde já se requer. Requer que a Reclamada junte ainda o PPP (Perfil Profissional Profissiográfico), o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), o LTCAT (Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho), o SESMET Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho (NR-4) e ainda, o laudo de que trata o artigo 160 da CLT. Deverá a Reclamada demonstrar que cumpriu integralmente as obrigações do artigo 157 da CLT, notadamente pela juntada das ordens de serviços para comprovar ter oferecido orientação ao Reclamante sobre o fiel cumprimento das normas de segurança e medicina do trabalho, sem prejuízo de outros que se fizerem necessários ao deslinde da causa. Pelo exposto, requer seja reconhecida a doença ocupacional garantindo o emprego do Reclamante e, se o caso quando do retorno ao trabalho, seja o Reclamante acomodado em função compatível com a lesão sofrida, requerendo ainda a realização de perícia médica e vistoria ambiental, para comprovar a moléstia profissional que o Reclamante é portador. Da importância da petição de quesitos: QUESITOS PERÍCIA MÉDICA DOENÇA OCUPACIONAL E PERDA AUDITIVA 1. Descreva o Sr. Perito quais as atividades exercidas pelo Reclamante durante todo o pacto laboral? 2. Diga o Sr. Perito se a Reclamada cumpriu fielmente o artigo 157 da CLT - Cabe às empresas: I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho; II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais; III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;

3. Caso não tenha a Reclamada cumprido qualquer das obrigações acima, qual seria o efeito? 4. Diga o Sr. Perito se o Reclamante, no exercício de suas atividades, era submetido a movimentos repetitivos, contínuos e diários? 5. Diga o Sr Perito se os atestados médicos juntado aos autos ID Num. 0eb7c6a e 0eb7c6a significam que o Reclamante conta com PERDA AUDITIVA? 6. Diga o Sr. Perito se o Reclamante, no exercício de suas atividades arrastava caixas com 150-200 kg, sozinho para descarregar o caminhão contendo até 15 para-brisas dentro das caixas. 7. Caso positivo o quesito anterior, diga o Sr Perito se o Reclamante carregava/arrastava peso superior ao permitido pela legislação trabalhista? - Art.. 198 - É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher. 8. Caso verificada a dinâmica acima, diga o Sr. Perito se tal fato caracteriza doença ocupacional do trabalho? 9. Diga o Sr. Perito se o Reclamante conta com alguma doença degenerativa? 10. Se afirmativa a pergunta anterior, questiona-se qual é a doença degenerativa e sua origem, bem como, qual foi o método científico utilizado para se alcançar tal diagnóstico? 11. Se existente a doença degenerativa, pergunta-se quais os efeitos da referida doença no contexto laboral do Reclamante, ou seja, a eventual doença degenerativa eclodiu ou se acelerou face ao labor do Reclamante? 12. Diga o Sr. Perito sobre a questão da concausa, informando tecnicamente sobre os efeitos físicos (dores e traumas) suportados pelo Reclamante face ao labor para a Reclamada, bem como face aos efeitos da perda auditiva? 13. Havia pausa/intervalo para descanso durante a jornada de trabalho cumprida pelo Reclamante? 14. Pode o Sr. Perito afirmar com 100% de certeza que o Reclamante NÃO se encontra acometido de alguma doença que o incapacite para o trabalho? 15. Caso positivo a resposta ao quesito acima, qual a forma científica para se alcançar certeza absoluta de que o Reclamante não se encontra acometido de nenhuma doença que o incapacite para o trabalho? 16. Caso não se alcance certeza absoluta sobre os efeitos da doença e a incapacidade para o trabalho, qual o critério utilizado pelo Vistor para concluir o laudo? 17. Diga o Sr. Perito se o Reclamante possui sequelas decorrentes tanto da doença ocupacional, quanto da perda auditiva? 18. O Reclamante se encontra incapacitado para o trabalho ou para suas atividades habituais?

19. Caso a resposta acima seja positiva, a incapacidade é permanente ou temporária? Total ou parcial? 20. As sequelas encontradas possuem nexo causal com as atividades desenvolvidas pelo Reclamante, tanto da doença ocupacional, quanto da perda auditiva? 21. A incapacidade é restrita a algum tipo de atividade ou é plena, para qualquer atividade laboral? 22. Em termos percentuais, qual a redução da capacidade laborativa do Reclamante, tanto da doença ocupacional, quanto da perda auditiva? 23. Há outras informações, inclusive sobre doenças diversas das mencionadas na petição inicial, que podem ser úteis à solução da lide? 24 Houve vistoria ambiental no local de trabalho da Reclamante? Caso negativo, qual o motivo? 25. Pede-se ao Senhor Perito que informe se a Reclamada fornecia EPIs aptos a afastar os TODOS os efeitos da dinâmica acima apresentada, sobretudo no tocante a Perda Auditiva? 26. Se havia fiscalização da empregadora quanto a utilização de EPIs. 27. Houve progressão, agravamento ou desdobramento da doença ou lesão, tanto da doença ocupacional, quanto da perda auditiva, ao longo do tempo? 28. Quais as técnicas utilizadas pelo Sr. Perito para chegar a tal conclusão? 29. Protesta-se por quesitos complementares e manifestação após apresentação do laudo. TEORIA DO RISCO SOCIAL E DO RISCO PROFISSIONAL FACE AOS ACIDENTES DE TRABALHO Redação Original CF art. 201 Redação Atual CF art. 201 E.C. 20/98 Art. 201. Os planos de previdência social, mediante contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação I - cobertura dos eventos de doença, obrigatória, observados critérios que invalidez, morte, incluídos os preservem o equilíbrio financeiro e resultantes de acidentes do trabalho, velhice e reclusão; II - ajuda à manutenção dos dependentes atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; dos segurados de baixa renda; II - proteção à maternidade, III - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

especialmente à gestante; IV - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; V - pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, obedecido o disposto no 5º e no art. 202. III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no 2º. Temos então que a redação original da CF previa que as prestações previdenciárias, inclusive do acidente de trabalho, seriam custeadas por toda a sociedade, é o chamado risco social. Contudo, com a E.C. 20/98 suprimiu do regime geral da Previdência Social a cobertura decorrente do acidente de trabalho, prevalecendo a teoria do risco profissional com fundamento: art. 7º, XXVIII CF - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Na prática? Significa apenas que o empregador é quem custeia o SAT via recolhimento mensal em caixa específico junto do INSS. (Lei 8.213/91 alíquotas entre 1% a 3% variando conforme enquadramento da atividade da empresa). A contribuição previdenciária mensal descontada do empregado vai para o caixa do INSS para suprir os demais benefícios previdenciários (aposentadoria, auxílios...) Ou seja, o empregador é responsável por custear o seguro acidente de trabalho o que NÃO significa que será responsabilizado objetivamente pelo acidente de trabalho sofrido pelo empregado, veja parte final do dispositivo constitucional: Art. 7º, XXVIII CF - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; Com isso, resta claro que a responsabilidade civil do empregador por acidente de trabalho é SUBJETIVA. Direito material que nada se relaciona com o ônus da prova que é de direito processual, este dependerá da tese da contestação. Jurisprudência: EMENTA: A responsabilidade que se atribui ao empregador em caso de acidente de trabalho decorre de dolo ou culpa (esta, incluindo negligência, imprudência ou imperícia), na medida em que o art. 7º, inciso XXVIII, da Constituição da República, inclui, dentre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais-, 'seguro

contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa- - não sendo, portanto, objetiva. Ou seja, a obrigação que se impõe ao empregador, de indenizar o trabalhador em caso de acidente de trabalho (ou quando o trabalhador contrai doença profissional que a ele se equipare), surge somente se houver -dolo ou culpa-. Nosso ordenamento jurídico-constitucional não admite a responsabilidade objetiva do empregador, quando se discute o direito do trabalhador de ser indenizado por ter sofrido acidente de trabalho. Logo, no que concerne aos seus empregados, a responsabilidade do empresário será sempre subjetiva (ao menos enquanto estiver em vigor o art. 7º, inciso XXVIII, da Constituição da República, por sua atual redação). Trata-se de opção feita pelo Constituinte, e que não poderia ser ignorada pelo Juiz. (TRT-1 - RO: 00594009520065010481 RJ, Relator: Roque Lucarelli Dattoli, Data de Julgamento: 17/03/2015, Oitava Turma, Data de Publicação: 23/03/2015). Tese para o RCTE: Para pedir a responsabilidade OBJETIVA do empregador, mesmo em decorrência de acidente de trabalho, fundado no acentuado risco da atividade. Análise sistemática dos artigos 186, 187 e 927 do CCB: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. E também do art. 2º da CLT caput art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Este contexto legal aponta que a responsabilidade do empregador, mesmo no acidente de trabalho, é OBJETIVA. Jurisprudência: ACIDENTE DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Nos termos do art. 927, único do CC, haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. NÃO COMPROVAÇÃO. RESPONSABILIDADE PATRONAL. Não comprovada a culpa exclusiva do obreiro vitimado por acidente de trabalho, erigida como excludente da responsabilidade patronal, subsiste o dever de indenizar do empregador.

Recurso Ordinário conhecido e desprovido. 00175447220145160023, 06/11/2015. Tese para peça Inicial Pedido de Responsabilidade Civil Objetiva e, subsidiariamente, de Responsabilidade Subjetiva: XII-) DA RESPONSABILIDADE CIVIL DA RECLAMADA Do contexto de toda a narrativa, emerge claro e insofismável que o Reclamante encontra-se impedido de conseguir nova colocação no mercado de trabalho, pois não tem mais condições de saúde para exercer as atividades anteriormente realizadas e prover o próprio sustento. Dessa forma, requer a aplicação da responsabilidade objetiva do empregador, com fulcro no parágrafo único do artigo 927 do atual Código Civil, uma vez que a doença adquirida pelo Reclamante decorreu das atividades exercidas para a Reclamada, não havendo de se discutir prova da culpa do empregador. Não obstante, caso Vossa Excelência assim não entenda, temos que a culpa da Reclamada resta configurada no presente caso, uma vez que a mesma não concedeu ao Reclamante as pausas de descanso previstas no Ordenamento Jurídico vigente para as funções exercidas pelo Reclamante, e ainda, por não proporcionar condições ergonômicas de labor ao obreiro e expor o mesmo a condições inadequadas de trabalho o que desencadeou a doença ocupacional em tela. Restando assim, requerida a responsabilidade civil da Reclamada na modalidade objetiva ou subsidiariamente na modalidade subjetiva. Com isso, dificulta-se a tese de defesa da RCDA que, obrigatoriamente, terá de apresentar impugnação as duas teses da peça inicial, quais sejam, responsabilidade civil objetiva e subjetiva. ANÁLISE DO DIREITO MATERIAL: Se, se entender pela responsabilidade OBJETIVA, bastará o RCTE provar o fato (acidente de trabalho típico ou atípico) de natureza in re ipsa. Por outro lado se a responsabilidade civil for SUBJETIVA, terá o RCTE de provar a culpa da RCDA, ou seja, que ela descumpriu as normas de medicina e segurança do trabalho. ANÁLISE DO DIREITO PROCESSUAL: Face a impugnação da contestação, teremos a distribuição do ônus da prova (direito processual) que poderá caber ao RCTE (fatos constitutivos) ou a própria RCDA (fatos modificativos, impeditivos ou extintivos).

Se a RCDA, simplesmente, negar o fato, ou seja, aduzir que o RCTE não sofreu nenhuma espécie de doença ocupacional, caberá ao RCTE provar os fatos constitutivos do direito perseguido (acidente de trabalho típico ou atípico). Se a RCDA, impugnar no sentido de garantir que as condições de trabalho atendiam as normas de segurança e medicina do trabalho, então, a RCDA é que terá de se desincumbir do ônus da prova, pois alegou fato modificativo do direito do RCTE. Jurisprudência: RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DO TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. No acidente de trabalho, o ônus da demonstração da culpa patronal é sempre do acidentado, por se tratar de fato constitutivo do direito, admitindo-se, no entanto, a inversão do ônus da prova em favor da vítima, cabendo ao empregador, provar que houve algum fato que possa obstar a pretensão do autor. Recurso Ordinário conhecido e improvido. 1849200500816857 MA, 21/09/2009. ESTUDO DAS MODALIDADES DE DANO DANO: É lesão a bem juridicamente protegido referente ao patrimônio (dano material) ou a imagem (dano moral) da pessoa física ou jurídica. O DANO MATERIAL, permite reparação integral ao contrário do dano moral que busca compensar a ofensa sofrida, pois impossível quantificar o dano moral. DANO EMERGENTE E LUCRO CESSANTE: advém do dano material, pois é possível quantificar tanto o dano atual (emergente) como o futuro (lucro cessante): Art. 402 CCB - Salvo as exceções expressamente prevista em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Tese para Peça Inicial: XIV-) DOS DANOS EMERGENTES E DOS LUCROS CESSANTES O dano emergente advém do acidente de trabalho que o Reclamante sofreu, por culpa da Reclamada, resultando sequelas permanentes, pois o Reclamante perdeu totalmente a sensibilidade de seu dedo e, por consequência, a capacidade laborativa foi consideravelmente reduzida, bem como jamais irá laborar com a mesma perfeição técnica de outrora. Além disso, diante da constatação da incapacidade para o trabalho pelo INSS, o Reclamante se viu obrigado em ficar afastado por meses do trabalho, momento em que ficou privado de desenvolver atividade laborativa remunerada, traduzindo o lucro cessante.

No caso dos autos o Reclamante permaneceu afastado do dia do acidente 26/01/2013 até 29/09/2013, conforme comunicado de decisão do INSS. Com isso requer a condenação da Reclamada a pagar os salários deste período devidamente atualizados. Jurisprudência: ACIDENTE DE TRABALHO. LUCROS CESSANTES. PERÍODO DE AFASTAMENTO PREVIDENCIÁRIO. Em caso de acidente de trabalho, os danos materiais devidos pelo empregador incluem os LUCROS CESSANTES até o fim da convalescença do empregado, ou seja, os salários devidos desde a data de afastamento até o termo final de percepção do benefício previdenciário, período no qual o empregado ficou privado de desenvolver atividade laborativa remunerada em face do infortúnio, conforme se extrai do art. 950 do Código Civil. A percepção de benefício previdenciário não prejudica o deferimento da verba indenizatória, pois a Constituição da República estabelece claramente que o pagamento das parcelas decorrentes do seguro acidentário não exclui a indenização devida pelo empregador (CR/88, art. 7º, XXVIII). - (TRT-3 - RO: 01114201414803002 0001114-21.2014.5.03.0148, Relator: Sebastião Geraldo de Oliveira, Segunda Turma, Data de Publicação: 14/08/2015). Art. 7º, XXVIII CF - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;