ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES Órgão Julgador: 4ª Turma

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1 RO Fl. 1 DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES Órgão Julgador: 4ª Turma Recorrente: Recorrido: Origem: Prolator da Sentença: CLEBER AIRTON DA SILVA SOARES - Adv. Livio Antonio Sabatti DESIRE DA SILVA EMMEL - ME - Adv. Newton de Almeida Souza Vara do Trabalho de Alegrete JUIZ JOSE CARLOS DAL RI E M E N T A DOENÇA OCUPACIONAL. AUSÊNCIA DE NEXO DE CAUSALIDADE. Não comprovado o nexo de causalidade entre a enfermidade preexistente ao início do contrato de trabalho suportada pelo reclamante (tendinite no ombro direito) e as atribuições de pedreiro por ele desempenhadas em benefício da reclamada, não há falar em direito à indenização por danos morais ou materiais. Recurso ordinário do autor desprovido. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: preliminarmente, por unanimidade, DETERMINAR A RETIFICAÇÃO DA AUTUAÇÃO para que conste como denominação da reclamada Desire da Silva Emmel. No mérito, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ORDINÁRIO DO

2 RO Fl. 2 RECLAMANTE CLEBER AIRTON DA SILVA SOARES. Intime-se. Porto Alegre, 28 de outubro de 2015 (quarta-feira). R E L A T Ó R I O Inconformado com a sentença de improcedência das fls. 156/157, o reclamante recorre. Nas razões das fls. 161/167, busca a reforma da decisão nos seguintes aspectos: responsabilidade civil por doença ocupacional, indenização por danos morais, indenização por danos materiais, constituição de capital, reintegração, estabilidade provisória e honorários assistenciais. Com contrarrazões da reclamada (Desire da Silva Emmel) às fls. 173/174, os autos são remetidos ao Tribunal para julgamento. É o relatório. V O T O DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES (RELATOR): PRELIMINARMENTE RETIFICAÇÃO DA AUTUAÇÃO Retifique-se a autuação para que conste como denominação da reclamada Desire da Silva Emmel, conforme requerido na ata de audiências da fl. 111 e na defesa, sem manifestação do autor.

3 RO Fl. 3 NO MÉRITO RECURSO ORDINÁRIO DO AUTOR RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. DOENÇA OCUPACIONAL. HONORÁRIOS ASSISTENCIAIS O Magistrado de origem conclui pela inexistência de nexo causal entre a enfermidade do autor e o trabalho para a reclamada (fl. 156). Fundamenta o Juiz: O laudo pericial médico das fls. 135/145, não impugnado pelas partes, conclui pela inexistência de nexo causal entre a atividade do reclamante e a doença apresentada, por ser pre-existente, dois anos antes da atividade labora. Portanto, o laudo pericial médico é conclusivo no sentido de que a doença apresentada pelo reclamante não tem nexo causal com a atividade profissional desempenhada na reclamada. Pedidos dos itens 1, 2, 3 e 4 da inicial improcedentes. O reclamante não se conforma. Sustenta que o perito médico constata o reaparecimento da tendinite no ombro do autor com a retomada das suas atividades laborais de pedreiro. Afirma que, tendo o laudo pericial consignado que o trabalho na reclamada contribuiu para o agravamento da doença, deve ser reconhecida a responsabilidade da empresa pelo dano, em razão da existência de concausa. Alega que, de acordo com o art. 21 da Lei 8.213/90, não é necessário que o labor seja causa exclusiva da enfermidade para que se reconheça a existência de doença ocupacional equiparada a acidente do trabalho. Busca a reforma da sentença para reconhecer a responsabilidade da reclamada pela doença que acomete o

4 RO Fl. 4 autor, com o pagamento das indenizações e estabilidade pleiteadas na petição inicial. Sem razão. A responsabilidade do empregador decorrente de acidente do trabalho ou doença ocupacional encontra respaldo no texto constitucional. O inciso XXVIII do artigo 7º da Constituição Federal prevê como direito dos trabalhadores seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. Ademais, o empregador deve primar pela redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança, a teor do que estabelece o inciso XXII do mesmo artigo. No caso em análise, de acordo com a defesa, o reclamante foi contratado para trabalhar na residência da reclamada, Desire da Silveira Emmel, em , na função de pedreiro, e dispensado sem justa em (termo de rescisão contratual da fl. 121). É incontroverso que o autor gozou de benefício previdenciário auxíliodoença comum de a (fl. 57). Ainda, o atestado de saúde ocupacional da fl. 120 (documento 2) demonstra que o autor estava apto ao trabalho quando da despedida, em No laudo médico pericial das fls. 135/145, o perito Nelson Ribeiro Carús, de acordo com as informações prestadas pelo autor, relata que este, desde 2009, "vem apresentando episódios de dor no ombro e braço direito" (fl. 138). O perito registra que o reclamante conta com 42 anos de idade e possui índice de massa corporal de 27,6, o que é considerado como sobrepeso. Diz que o autor refere dor na movimentação do ombro direito,

5 RO Fl. 5 porém, responde positivamente aos comandos volitivos e não está em uso de medicação. Analisando os laudos e atestados médicos juntados aos autos, o perito afirma: "A tendinite de ombro direito que acomete o autor, data de novembro de 2009, como se pode verificar no relato médico pericial efetuado no INSS, (fl. 62). As crises sequentes foram decorrentes da patologia pré-existente.". Ao final, o expert conclui pela inexistência de nexo causal entre a tendinite no ombro direito do autor e a atividade laboral para a reclamada, pois a doença é preexistente, já que dois anos antes da admissão o reclamante já apresentava quadro de tendinite. Ainda, em resposta ao quesito nº 4 da reclamada, o perito refere que a tendinite tratase de doença articular degenerativa (fl. 144). O reclamante não impugna a conclusão Acompanha-se o posicionamento adotado pelo Magistrado de primeiro grau quanto à ausência do nexo causal entre as atividades desenvolvidas pelo reclamante para a reclamada como pedreiro e a tendinite no ombro direito do trabalhador. O fato de a doença se manifestar durante o período contratual não significa que ela seja decorrente do trabalho, mormente quando o surgimento da moléstia é anterior ao início do contrato de trabalho, como no caso em análise. Com efeito, o próprio autor relata ao perito durante a inspeção que os episódios de dor no seu ombro direito iniciaram em 2009 (conforme exame médico do INSS da fl. 62), ou seja, aproximadamente dois anos antes da admissão pela reclamada, em Além disso, com apenas 4 meses de trabalho, em , o autor apresentou os sintomas da doença preexistente, pelo que percebeu benefício previdenciário até (fl. 57). Mais ainda, segundo o expert, a tendinite que acomete o ombro direito do trabalhador é doença de origem degenerativa, a qual não é considerada como doença do trabalho, a

6 RO Fl. 6 teor do que estabelece o art. 20, 1º, alínea a, da Lei nº 8.213/91. Não é razoável, portanto, que o trabalho para a reclamada por tão pouco tempo tenha sido suficiente para agravar as lesões degenerativas que acometem o ombro direito do autor. Assim, tendo a doença surgido aproximadamente dois anos antes do início do contrato de trabalho, sendo a moléstia de origem degenerativa e considerando o curto período de efetivo trabalho na reclamada antes da manifestação da doença, entende-se pela inexistência de nexo causal ou concausal entre as atividades laborais do autor para a reclamada e a tendinite que acomete o seu ombro direito, tal como decidido na origem. Portanto, não havendo relação de causa e efeito entre a enfermidade suportada pelo reclamante (tendinite no ombro direito) e as atribuições de pedreiro por ele desempenhadas em benefício da reclamada, nem mesmo concausa, não há falar em responsabilidade desta ou em direito às indenizações pleiteadas, tampouco à estabilidade provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91. Ante a todo exposto, mantém-se a sentença de improcedência. Confirmada a improcedência da ação, são indevidos honorários assistenciais. Nega-se provimento. PARTICIPARAM DO JULGAMENTO: DESEMBARGADOR ANDRÉ REVERBEL FERNANDES (RELATOR) DESEMBARGADOR JOÃO PEDRO SILVESTRIN DESEMBARGADOR GEORGE ACHUTTI