A Ré, às fls. 70/78, argui preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, insurge se em relação a declaração de sucessão e quanto a

Transcrição

1 ACÓRDÃO 6a Turma SUCESSÃO. DROGARIA DESCONTÃO E DROGARIA PACHECO. Os elementos que definem a sucessão, no processo do trabalho, são a continuidade da atividade empresarial e a passagem de uma unidade produtiva ramo de negócios, organização burocrática, empregados, material, ponto, clientela para mãos diversas daquelas que, até então, a controlavam, como ocorre no caso sob exame. Recurso não provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário em que são partes: DROGARIAS PACHECO S.A., como recorrente e, JOSÉ SERRAT MARINHO PINTO, como recorrido. Trata se de RECURSO ORDINÁRIO tempestivo interposto pela Ré contra a sentença de fls. 51/62, proferida pela MM. 10ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, da lavra do juiz Eduardo Almeida Jeronimo que, confirmada pela decisão de embargos declaratórios de fls. 66/68, julgou procedente em parte os pedidos formulados na inicial. A Ré, às fls. 70/78, argui preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, insurge se em relação a declaração de sucessão e quanto a

2 declaração da existência de vínculo empregatício. Custas e depósito recursal às fls. 79/80. Contrarrazões do Autor às fls. 83/87, sem preliminares. É o relatório. VOTO FUNDAMENTAÇÃO Do conhecimento recurso. Presentes os pressupostos legais de admissibilidade, conhece se do Da preliminar de julgamento extra petita Alega a Ré que a sentença proferida pelo Juízo a quo deve ser anulada pois no rol de pedidos da petição inicial, inexiste requerimento para que seja declarada a sucessão da Masterdroga Comércio de Medicamentos Ltda. pela Drogaria Pacheco. Sem razão a recorrente. Segundo o princípio dispositivo, preconizado no artigo 128, e o da adstrição da sentença ao pedido, consignado no artigo 460, ambos da Lei instrumental cível, cabe ao magistrado decidir a controvérsia nos limites em que foi proposta

3 No tocante à tese do recurso, sobressai que, embora não conste no rol dos pedidos o requerimento de declaração da sucessão empresarial, a causa de pedir versa sobre a referida sucessão, conforme se extrai do item intitulado como do polo passivo da demanda, às fls. 04. A Ré, por seu turno, foi incluída no polo passivo justamente por ser a sucessora da empregadora original do Autor, de modo que não houve julgamento extra petita, ao contrário, a sentença limitou se ao pedido formulado. Rejeita se, portanto, a preliminar. No mérito Da sucessão e do vínculo empregatício A inicial informa que o recorrido foi admitido em 01/12/2005, para trabalhar na Farmácia Sempre Viva Ltda. (filial 5, situada à Rua Campo Grande, n.º 1010 e 1010 A), pertencente ao Grupo Descontão, na função de balconista. Assevera que em fevereiro/2009 todo o Grupo Descontão foi adquirido pela Drogaria Pacheco e que foi dispensado em 31/05/2009. A Ré, às fls. 24/33, nega a existência de sucessão, e sustenta que não assumiu a administração de nenhuma outra drogaria, que a Master Droga Comércio de Medicamentos Ltda é uma sociedade limitada enquanto a ela é sociedade anônima, que não possui qualquer gerência administração, muito menos coincidência de bandeiras com a empregadora do Autor e, ainda, que não possui loja no endereço indicado na peça vestibular. O Juízo de primeiro grau, de forma correta, entendeu que o demandante se

4 desincumbiu de seu ônus e comprovou, através das provas produzidas, que ocorreu a sucessão de empregadores. De fato, verificamos às fl. 12, uma petição da Ré, referente ao processo n.º , que corre perante a 34ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, onde ela informa que no endereço situado na Rua Campo Grande, 1010 A, Campo Grande, Rio de Janeiro RJ, não consta empresa de nome Farmácia Sempre Viva Ltda., mas sim uma das filiais da Drogaria Pacheco S/A. Além disso, a testemunha conduzida pelo Autor, fl. 49, disse que:... trabalhou com com o reclamante em farmácia do grupo DESCONTÃO, localizada na Rua Campo Grande 1010; que trabalhou na referida farmácia de 2004 a 2010; que quando entrou, havia no letreiro externo a identificação do Grupo DESCONTÃO; que por volta do último ano do contrato, passaram a ser subordinados aos funcionários da Pacheco, além de ter sido retirada a identificação externa do Grupo DESCONTÃO; que nesse período passaram a trabalhar com eles dois gerentes da PACHECO (sra. VERÍSSIMA e sr. OTHON) (...) Os elementos que definem a sucessão, no processo do trabalho, são a continuidade da atividade empresarial e a passagem de uma unidade produtiva ramo de negócios, organização burocrática, empregados, material, ponto, clientela para mãos diversas daquelas que, até então, a controlavam, como ocorre no caso sob exame. Importa registrar que a sucessão de empregadores se tanto no que diz respeito aos empregados vinculados a contratos em curso, como naqueles já

5 extintos. Como já registrado em primeiro grau, a Ré explora a mesma atividade comercial da antiga empregadora do Autor, e passou a explorar o mesmo ponto comercial, desenvolvendo a mesma atividade no mesmo local e, certamente, utilizando se da mesma clientela, assim, como não há prova de que o empregador originário passou a exercer a atividade em outro local, está configurada a sucessão de empregadores. Assim sendo, reconhecida a sucessão e, restando demonstrado o trabalho para a Ré até 31/05/2010, está correta a sentença que a considera responsável pelo pagamento dos créditos devidos ao empregado relativos a todo o contrato. Nega se provimento. CONCLUSÃO Ante ao exposto, conhece se do recurso ordinário interposto pela Ré, rejeita se a preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, negase provimento. DISPOSITIVO Ante o exposto, conhece se do recurso ordinário interposto pela Ré, rejeitase a preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, nega se lhe

6 provimento. ACORDAM os Desembargadores da 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do recurso ordinário interposto pela Ré, rejeitar a preliminar de nulidade por julgamento extra petita e, no mérito, negar lhe provimento. Rio de Janeiro, 24 de Outubro de Giselle Bondim Lopes Ribeiro Relatora