PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Transcrição

1 Acórdão 5ª Turma RECURSO ADMINISTRATIVO DA EMPRESA JUNTO AO INSS NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO O efeito suspensivo dado ao recurso administrativo contra a aplicação do nexo técnico epidemiológico, de que trata o parágrafo 2º do art. 21-A da Lei 8.213/91, depende da própria decisão administrativa. No caso, o autor só demonstrou que interpôs um recurso administrativo contra a concessão do auxílio doença de acidente de trabalho, não tendo juntado qualquer decisão a respeito. Não é possível imaginar que a mera petição de recurso protocolizada suspende o gozo do direito do autor conferido em lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de RECURSO ORDINÁRIO, interposto em face da sentença de fls. 80/84, proferida pelo M.M. Juízo da 63ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, na pessoa do Juiz Robert de Assunção Aguiar, em que figuram como partes CBPO ENGENHARIA LTDA recorrente, e EDMILSON DA SILVA RAMOS, recorrido. Insurge-se a reclamada em face da sentença, que julgou o pedido procedente, em parte. Sustenta, em suas razões de recurso de fls. 97/102, preliminares de cerceio de defesa ante o indeferimento da

2 produção de prova pericial e de violação ao contraditório e à ampla defesa, e no mérito, a inexistência de prova da ocorrência de acidente do trabalho, e via de consequência do dever de reintegrar. Contrarrazões do reclamante às fls. 106/110, reiterando o pedido de gratuidade de justiça. Não houve remessa dos autos ao douto Ministério Público do Trabalho, por não se vislumbrar qualquer das hipóteses previstas no anexo ao Ofício PRT/1ª Reg. Nº 27/08-GAB, de CONHECIMENTO É o relatório. recurso. Presentes os pressupostos recursais, conheço o PRELIMINAR DE CERCEIO DE DEFESA E DE VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA O Recorrente afirma que, em que pese ter registrado o seu protesto, foi cerceado em seu direito de defesa com o indeferimento da prova pericial requerida na assentada de fl. 79, cujo objetivo era descaracterizar o acidente de trabalho reconhecido pelo INSS. Afirma que tal indeferimento importou em violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Tratando-se de pedido de reintegração com fulcro no art. 118 da Lei Previdenciária, a prova pericial é inútil, pois o requisito de gozar o auxílio doença de acidente de trabalho depende do critério adotado pelo INSS (Súmula 378 do TST, II). A prova pericial e mesmo a sentença trabalhista não pode modificar a concessão do benefício

3 Entendo que quanto ao pleito de indenização em decorrência de acidente de trabalho, este sim depende da prova produzida na reclamação trabalhista. Mas neste caso, o pleito do autor foi julgado improcedente e não houve recurso da parte sucumbênte (autor). Rejeito. MÉRITO DO ACIDENTE DE TRABALHO A Recorrente alega que, em que pese ter sido julgado procedente o pedido de reintegração do obreiro, ele não foi acometido de qualquer doença profissional ou sofreu acidente de trabalho nas dependências da reclamada, sendo certo que seu encaminhamento ao INSS se deu por motivo de doença comum. Argumenta que, no entanto, a Autarquia deferiu o benefício conferindo-lhe natureza acidentária, Código 91. Alega que, em razão disso interpôs recurso administrativo visando a adequar e retificar o ato de concessão o que imprimiu efeito suspensivo ao ato administrativo do INSS, na forma do artigo 21-A, parágrafo 2º da Lei Nº 8213/91. 2 o A empresa poderá requerer a não aplicação do nexo técnico epidemiológico, de cuja decisão caberá recurso com efeito suspensivo, da empresa ou do segurado, ao Conselho de Recursos da Previdência Social. (Incluído pela Lei nº , de 2006). Diz a recorrente que, em razão disso, não havia qualquer impedimento legal para a dispensa do Reclamante. No caso, foi juntada uma peça inclompleta de recurso administrativo contra a decisão que deferiu o auxílio doença de

4 acidente de trabalho. Não é exatamente esse tipo de recurso que trata a lei, porém, caso se entenda que seja, entendo que não restou demonstrada qualquer suspensão do benefício do autor, muito mesmo com efeito retroativo. Ressalta-se que, no caso, o autor já teve alta. O efeito suspensivo dado ao recurso administrativo contra a aplicação do nexo técnico epidemiológico, de que trata o parágrafo 2º do art. 21-A da Lei 8.213/91, depende da própria decisão administrativa. No caso, o autor só demonstrou que interpôs um recurso administrativo contra a concessão do auxílio doença de acidente de trabalho, não tendo juntado qualquer decisão a respeito. Não é possível imaginar que a mera petição de recurso protocolizada suspende o gozo do direito do autor conferido em lei. Em que pese a Reclamada ter apresentado Recurso Administrativo junto a autarquia, o fato que é que pelos termos dos documentos carreados aos autos foi concedido ao Reclamante Auxílio Doença Acidentário, fl. 19, no período de 4/7/2010 a 30/8/2010, preenchido, portanto o requisito objetivo exigido pelo art. 118 da LBPS para que o trabalhador tenha direito à garantia em questão, pelo que não poderia ser dispensado em 23/9/2010, restando correta a sentença que determinou a reintegração. Ademais, o Recurso Adminstrativo visando a reforma do Ato de Concessão foi aviado em 6/10/2010 e, até a presente data, não há notícia nos autos de que tenha sido provido. CONCLUSÃO Nego provimento. ISTO POSTO, CONHEÇO o apelo, rejeito a preliminar arguida e, no mérito, NEGO-LHE PROVIMENTO

5 ACORDAM os Desembargadores que compõem a 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, CONHECER o apelo, rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do voto do juiz relator. Rio de Janeiro, 5 de Setembro de Juiz Ivan da Costa Alemão Ferreira Relator