MJMF, 64 anos, branco, casado e comerciante.

Documentos relacionados
TRH pós PR é segura? Archimedes Nardozza Jr

Terapia de Reposição Hormonal e Ca de Próstata

reposição de testosterona em pacientes com diagnóstico de CAP?

DAEM e Terapia de Reposição de Testosterona: mitos e verdades

Hipogonadismo, Testosterona, Controvérsias. Geraldo Eduardo Faria

Módulo: Câncer de Próstata Localizado de Risco Baixo e Intermediário

Módulo: Câncer de Próstata Localizado Alto Risco

Flutamida, metformina ou ambos para mulheres com sobrepeso ou obesidade e síndrome dos ovários policísticos (SOP).

19/04/2016. Profª. Drª. Andréa Fontes Garcia E -mail:

Qual o melhor tratamento para o Câncer de Próstata de risco baixo ou intermediário?

FATORES PREDITIVOS PARA FALHA BIOQUÍMICA APÓS RADIOTERAPIA DE RESGATE EM CÂNCER DE PRÓSTATA, PÓS- PROSTATECTOMIA RADICAL

Tratamento de Resgate após. Eu prefiro HIFU ou Crioterapia GUSTAVO CARDOSO CHEFE DO SERVIÇO DE UROLOGIA

Vigilância ativa em câncer de próstata. Marcos Tobias Machado Setor de Uro-oncologia

Avaliação do Risco Cardiovascular

IMPLICAÇÕES DA CLASSE DE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E OBESIDADE ABDOMINAL NO RISCO E GRAVIDADE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM PORTUGAL

RESIDÊNCIA MÉDICA SUPLEMENTAR 2015 PRÉ-REQUISITO (R3) / ENDOCRINOLOGIA PEDIÁTRICA PROVA DISCURSIVA

Dra Solange Bricola. Coordenadora da Farmácia Clinica Serviço de Clinica Geral do Hospital das Clinicas da FMUSP

XXXV Congresso Português de Cardiologia Abril ú ç

TERAPIA DE REABILITAÇÃO PENIANA PÓS PROSTATECTOMIA RADICAL

HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS UNIDADE FUNCIONAL PATOLOGIA E MEDICINA LABORATORIAL

Saúde do Homem. Medidas de prevenção que devem fazer parte da rotina.

Confira se os dados contidos na parte inferior desta capa estão corretos e, em seguida, assine no espaço reservado para isso.

Obesidade Mórbida Protocolos

Terapia de Reposição de Testosterona Avaliação da Eficâcia e Segurança em Experiência de 10 Anos

Hotel Melia- Braga, Portugal, 13 de Abril de Caso Clínico. Cancro da próstata resistente à castração

TUTORIAL DE URO-NEUROLOGIA DISFUNÇÃO MICCIONAL NO IDOSO

HPB e a função sexual. Dr. Paulo Santos (CRM: RJ )

O Impacto de uma pesquisa de hidroginástica na captação de novos clientes Condicionamento cardiorrespiratório

Atualização em DAEM TRT em

Reposição de Testosterona. João Lindolfo C. Borges

Apresentador JOSÉ EDUARDO CHICARELLI MARTIN

Minha Saúde Análise Detalhada

c) Relacione as orientações a serem fornecidas à paciente, no momento de sua alta, considerando que sua contagem de neutrófilos era de células/m

Anexo III Resumo das características do medicamento, rotulagem e folheto informativo

O que é e para que serve a Próstata

Experiência Evidência

Tratamentode reposiçãocom testosterona: existe uma melhor opção?

Reabilitação da Função Erétil na prostatectomia radical: como fazer

PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA RADIOTERAPIA

Utilização de diretrizes clínicas e resultados na atenção básica b

DIAGNÓSTICO E RASTREAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA

ESTERÓIDES ANABOLIZANTES: INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS E DOPING

Terapêutica hormonal de 2ª linha?

O QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE DOENÇA METABÓLICA

O GUIA COMPLETO TIRE TODAS SUAS DÚVIDAS SOBRE ANDROPAUSA

DÚVIDAS DO DIA A DIA EM CASOS DO MUNDO REAL

Registro Brasileiros Cardiovasculares. REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica

PROGRAMA DE ATENÇÃO A PACIENTES CRÔNICOS UNIMED NATAL. Ass. Social ROSSANA CHACON Gerência de Prevenção e Saúde

SÍNDROME METABÓLICA E ADOLESCÊNCIA

Coração Outono/Inverno

GRUPO COPPA: ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR NO PATOLOGIAS ASSOCIADAS BRIGITTE OLICHON LUMENA MOTTA REGINA BOSIO

GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA LICA DIAGNÓSTICO HELMA PINCHEMEL COTRIM FACULDADE DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FEIRA DE SAÚDE TESTE DE ACUIDADE VISUAL ESCALA OPTOMÉTRICA DE SNELLEN LIONS CLUBE: LOCAL: DATA: HORÁRIO: Resultado. Nº Nome Legível Telefone

RECIDIVA BIOQUÍMICA PÓS-PR DEFINIÇÃO IMAGEM CONDUTA

Confira se os dados contidos na parte inferior desta capa estão corretos e, em seguida, assine no espaço reservado para isso.

Teleterapia Indicações e Resultados na Doença Localizada. Câncer de Próstata. XIII Congresso da Sociedade Brasileira de Radioterapia Rio de Janeiro

EDUCAÇÃO FÍSICA FUNDAMENTAL PROF.ª FRANCISCA AGUIAR 7 ANO PROF.ª JUCIMARA BRITO

Screening no Câncer de Próstata: deve ser recomendado de rotina para os homens entre 50 e 70 anos? Aguinaldo Nardi São Paulo Março 2012

Departamento de Sexualidade Humana

1. Identificação Nome: Está interessado(a) em receber as nossas Newsletters? ( ) Sim ( ) Não Como ficou a conhecer a nossa clínica?

O que é a obesidade? Nas doenças associadas destacam-se a diabetes tipo II e as doenças cardiovasculares.

Como todo brasileiro sabe, a carga tributária do nosso país está

TEMA INTEGRADO (TI) / TEMA TRANSVERSAL (TT) 4ª. SÉRIE MÉDICA

Alerson Molotievschi Residente 2º ano - Radioterapia

04/07/2014. Apneia do Sono e Hipertensão Resistente Qual a importância?

ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE ABORDAGEM TERAPÊUTICA

28/05/2017. V Simpósio Internacional de Atenção Farmacêutica. V Simpósio Internacional de Atenção Farmacêutica

A Pessoa com alterações nos valores da Tensão Arterial

Clínica médica e Geriatria

Reposição hormonal também é coisa de homem

Distúrbios e doenças ligadas à obesidade. Trabalho realizado por: Álvaro Santos Nº1 9ºA Miguel Oliveira Nº19 9ºA Carlos Azevedo Nº5 9ºA

Prevenir é muito melhor

Como eu faço. Aspectos práticos da braquiterapia de próstata com baixa taxa de dose. HSL - Jun/98 a Março/ casos. Paula P. Rodrigues Ferreira

Nebido. Bayer S.A. Solução injetável 250 mg/ml de undecilato de testosterona

Insulinoterapia no pré per e pós operatório. Profa. Fernanda Oliveira Magalhães

PREVALÊNCIA DE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR EM PACIENTES RENAIS CRÔNICOS NA FASE PRÉ-TRANSPLANTE

Prostatectomia para doença localmente avançada. José Milfont Instituto de Urologia do Rio de Janeiro

Rede Nacional de Vigilância de Morbidade Materna Grave. Frederico Vitório Lopes Barroso

Leia estas instruções:

III EGEPUB/COPPE/UFRJ

EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA EM PARÂMETROS DE SAÚDE

PROJETO DE LEI Nº 310/2017

Câncer de próstata avançado

LITERATURA MERATRIM REDUTOR DE MEDIDAS DIMINUÇÃO DAS MEDIDAS DE CINTURA E QUADRIL EM 2 SEMANAS!

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR

PRÉ-REQUISITO R3 ADMINISTRAÇÃO EM SAÚDE (301)

ASSISTÊNCIA EM MASTOLOGIA

OBESIDADE MAPA DE REVISÕES PROTOCOLO CLINICO. Destinatários. Data Dr. Bilhota Xavier

Curso Técnico em Enfermagem

TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO DE DIFÍCIL CONTROLE

Módulo: Câncer de Próstata Metastático

Linfadenectomia em câncer de próstata. Marcos Tobias Machado Setor de Uro-oncologia

Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de Apetite

A fase inicial do câncer de próstata apresenta uma evolução silenciosa e não causa sintomas, mas alguns sinais merecem atenção:

CARACTERÍSTICAS DA DIETA DO ADOLESCENTE D I S C I P L I N A : N U T R I Ç Ã O E D I E T É T I C A II P R O F : S H E Y L A N E A N D R A D E

Avaliação Clínica do Paciente com Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica

Câncer de Próstata Localizado Riscos Baixo e Intermediário: Lucas Nogueira Coordenador Grupo de Uro Oncologia HC / UFMG Departamento de Uro Oncologia

Câncer de Próstata. Dr.Adolfo Oliveira

Audiência Pública Castração química

Transcrição:

MJMF, 64 anos, branco, casado e comerciante. Submetido há prostatectomia radical em 2009, com preservação do FVN bilateral. PSA pop = 4,2. AP G6 (3 + 3) com margens livres. PT2aN0MX. Evolui bem restabelecendo as ereções após 3 meses com auxílio de ipde5. PSA = 0,05 em 2010. Paciente retorna em dez de 2011, após ter ficado fora do pais. Refere não ter feito acompanhamento médico. Queixa-se de perda do libido, piora das ereções mesmo com uso de ipde5, ganho de peso progressivo, cansaço, perda de força muscular, e perda da memória. Sempre foi sedentário, não faz dieta. Hipertenso em uso de captopril 50 mg/dia. Usa fluoxetina 40 mg por orientação do psiquiátra

Exame Físico BEG, obeso, IMC = 35, apresenta uma circunferência abdominal de 115 cm, PA= 140 x 90 mmhg. TR : próstata ausente

Exames Laboratoriais Colesterol total 250 mg/dl HDL 48 mg/dl LDL 187 mg/dl Triglicérides 190 mg/dl Glicemia 115 mg/dl PSA 0,05 ng/dl Testosterona total 135 ng/dl

Após 3 meses Fez uso de Nebido com melhora do libido, do cansaço e do humor. PSA 0,05 ng/dl Testosterona total 491 ng/dl TR próstata ausente

Em uso de Nebido a cada 3 meses Jun/2012 PSA 0,05 ng/dl T 505 mg/dl Set/2012 PSA 0,06ng/dl T 489 mg/dl Refere diminuição dos téstículos Diagnosticada Apnéia do sono em uso de CEPAP Suspendeu fluoxetina

O paciente vem fazendo uso de Nebido, associado a ipde5 Refere se sentir muito bem Exames após 1 ano e meio de TRH Testosterona total 525 ng/dl PSA 0,0,5 ng/dl Glicemia 101 mg/dl Colesterol total 145 mg/dl em uso de sinvastatina HDL 38 mg/dl LDL 115 mg/dl Triglicérides 120 mg/dl

TRH Pós Prostatectomia Radical Autor No. de Pacientes Follow-up (meses) PSA Pré TRH PSA Pós TRH Kaufman 2004 7 24-132 < 0,1 < 0.1 Agarwal 2005 10 9-19 < 0,1 < 0,1 Mulhall 2008 22 8-40 < 0,1 < 0,1 * Carrion 2008 14 12 (media) 0,1 0,1 Khera 2009 57 1-99 0,005 0,005 Total 110 * 1 paciente com elevação do PSA (G8-12 meses TRH transdérmica) Kaufman et al. J Urol 2004,172:920922 - Agarwal et al. J Urol 2005;173:533-536 -Mulhall et al. J Urol 2008;179(supp 4:426 - Carrion et al. J Urol 2008;179(supp 4):428 - Khera et al.j Sex Med 2009;6:1165-1170

TRH Pós Prostatectomia Radical Gleason Idade Pre-TRH PSA (ng/ml) Pre-TRH testosterona (ng/dl) Pós TRH PSA (ng/ml) Pós TRH testosterona (ng/dl) Follow up (meses) pós TRH 6 (n=24) 62 <0.1 276 <0.1 639 17.2 7 (n=26) 59 <0.1 262 <0.1 350 8.8 8 (n=4) 70 <0.1 139 <0.1 538 7.0 Khera JSM 2009 Apr;6(4):1165-70

Tipo de Tratamento No. de Pacientes Follow Up (meses) Elevação do PSA Prostatectomia Radical 110 8-132 1 Braquiterapia 31 18-38 0 Radioterapia 11 6-27 0 Orquiectomia 5 18-30 1 Múltiplos Tratamentos 1 14 0 Active Surveillance 13 3-34 0 Total 171 3-132 2

Testosterone Replacement Therapy in Patients with Prostate Cancer after Radical Prostatectomy 103 H hipogonádicos TRH pós PR GI 77 baixo/médio risco 26 alto risco 49 H não hipogonádicos GII GI Aumento da Testosterona e PSA 4 recorrências GII 8 recorrências Seg: 27,5 m Pastuszak AW, et al J Urol, February 2013.

Testosterone Replacement Therapy in Patients with High Risk Prostate Cancer after Radical Prostatectomy Long-Term Follow-Up 92 H hipogonádicos TRH pós PR 64 baixo/médio risco - GI 28 alto risco GII GI Não houve aumento do PSA GII Aumento do PSA (p=0,017) Não houve recorrência bioquímica Seg: 22,5 m Pastuszak AW, et al J Urol, April 2012.

TRH pós PR IDADE anos GRAU T pós PR meses PSA ng/ml SEG meses 74 BAIXO 12 <0,004 12 68 BAIXO 24 <0,004 26 72 BAIXO 18 <0,004 15 74 BAIXO 14 <0,004 10 62 BAIXO 12 <0,004 24 66 BAIXO 36 <0,004 15 69,3 BAIXO 19,3 <0,004 17 Nardozza 2013

Buvat J, Maggi M, Gooren L, Guay A, Kaufman J, Morgentaler A, Schulman C, Tan HM, Torres LO, Yassin A. Endocrine Aspects of Male Sexual Dysfunctions. J Sex Med 2010;7:1627-1656 Recomendação 19: TRH depois do tratamento para câncer de próstata. Grau de recomendação C

Homens tratados com sucesso para CaP e com hipogonadismo são candidatos a TRH depois de um prudente intervalo de tempo (dependendo do tipo de tratamento do câncer), se não houverem evidências de câncer residual. Os riscos e benefícios devem estar claramente entendidos pelo paciente e o seguimento deve ser rigoroso. Dados de segurança são limitados, mas estudos iniciais se mostram tranquilizadores. Entretanto o médico deve ser cauteloso e ter conhecimento adequado das vantagens e desvantagens da TRH nessa situação.

REPOSIÇÃO HORMONAL É segura observando-se as contra- indicações absolutas: Ca de próstata e mama relativas: policitemia, apnéia do sono, HPB moderada/severa e Ca de próstata tratado Melhora determinadas condições clínicas: Hipertensão, Diabetis, dislipidemias, obesidade, depressão, osteoporose e disfunção erétil