Terapia fonoaudiológica assistida por cães: estudo de casos clínicos



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Transcrição:

Terapia fonoaudiológica assistida por cães: estudo de casos clínicos Camila Mantovani Domingues / PUC-SP Maria Claudia Cunha / PUC-SP Palavras-chave: terapia assistida por animais, distúrbio de linguagem e estudo de caso O termo Terapia Assistida por Animais (TAA), do inglês Animal Assisted Therapy (AAT), atualmente considerado oficial, foi proposto pela organização americana Delta Society, entidade referência para a implantação de programas de Atividade Assistida por Animais (AAA) e Terapia Assistida por Animais. A proposta da TAA é promover a saúde física, social, emocional e/ou funções cognitivas. É um procedimento terapêutico com metodologia e critérios de avaliação amplamente documentados cientificamente, desenvolvendo-se em grupo ou de forma individual[1]. Em contextos terapêuticos, pesquisas já realizadas sugerem que os animais participantes de programas de tratamento específicos são atores importantes para solucionar problemas de saúde humana relacionados à prevenção e reabilitação. Entre tais estudos, podemos citar a importância dos cães no tratamento de pacientes com problemas cardíacos, artrites, depressão, câncer, alzheimer, autismo e submetidos a violência doméstica[2]. Em relação ás alterações de linguagem, nos últimos cinco anos, estudos científicos vêem sendo realizados apontando a contribuição que a modalidade TAA pode trazer para o tratamento dos distúrbios da comunicação. Nos EU.A., a fonoaudióloga Beth Macauley (2006) realizou um estudo para investigar a eficácia da TAA com pacientes afásicos decorrente de acidente vascular cerebral (AVC), com foco na progressão do número das iniciações comunicativas espontâneas produzidas durante as sessões. Assim, a autora concluiu que o cão pode agir como um catalizador original para motivação comunicativa do cliente e para fornecer uma atmosfera de aceitação incondicional para o discurso desordenado. Os resultados apontaram que a presença dos animais nas sessões tornaram o processo terapêutico mais eficaz.[3] Em outra pesquisa americana, LaFrance e colaboradores (2007) exploraram o papel do cão como catalisador da comunicação humana a partir de um estudo de caso. Tratou-se da análise dos efeitos da participação de um cão sobre as habilidades de comunicação verbal de um paciente hospitalizado com diagnóstico de afasia. Os investigadores concluíram que a presença do cão terapeuta no ambiente hospitalar teve efeitos benéficos para comunicação, com aumento dos comportamentos social verbal e social não-verbal.[4]

Lewis (2003) realizou um estudo preliminar envolvendo a utilização de um cão na terapia de linguagem de três crianças falantes do espanhol e uma falante do inglês. Durante seis meses os pacientes foram acompanhados, realizando três meses sem a TAA e o restante dos meses com o auxílio do cão. Os resultados apontaram que a presença dos cães favoreceu o processo terapêutico, promovendo as habilidades comunicativas, particularmente a linguagem expressiva. O trabalho da autora foi publicado pela American Speech-Language-Hearing Association (ASHA), no The ASHA Leader com destaque para a restrita literatura que sobre o uso de cães na terapia de linguagem, e sugerindo a intensificação de pesquisas sobre o tema[5]. Os achados citados evidenciam, portanto, a relevância da Fonoaudiologia participar mais ativamente destas discussões, ampliando seu campo de atuação profissional e produzindo conhecimentos científicos sobre a TAA, com vistas ao aprimoramento do método clínico. Assim, este trabalho pretendeu contribuir, na perspectiva fonoaudiológica específica, para o debate das questões contemporâneas advindas deste tema. Nessa perspectiva, a hipótese deste estudo configurou-se na possibilidade do dispositivo animal, no setting fonoaudiológico, potencializar o processo terapêutico. OBJETIVO Investigar os possíveis efeitos advindos da relação terapeuta-paciente-cão no atendimento à criança com distúrbio de linguagem. MÉTODO Pesquisa de natureza clínico-qualitativa, desenvolvida na modalidade estudo de casos clínicos longitudinais. - Casuística Constituiu-se de material clínico resultante de processos terapêuticos fonoaudiológicos realizados através do procedimento de terapia assistida por animais (TAA). Seleção dos pacientes: três sujeitos com distúrbios de linguagem, atendidos semanalmente em clínica fonoaudiológica particular, em São Bernardo do Campo/SP. Critérios de inclusão: Crianças com distúrbio de linguagem (oral ou gráfica), que demonstraram interesse e motivação mediante contato com animal (cão). Sujeito 1: 12;0 anos, sexo masculino, com dificuldades na linguagem escrita; Sujeito 2: 7;0 anos, sexo masculino, com dificuldades na leitura e substituições grafêmicas na escrita;

Sujeito 3: 4;0 anos, sexo masculino, com alterações fonológicas e prejuízos na inteligibilidade da fala. Seleção do cão participante: a escolha do cão seguiu os critérios descritos por Dotti (2005, p.43)[2] relacionados à saúde e comportamento canino. O cão selecionado foi indicado e avaliado por dois veterinários (seus proprietários) obtendo respostas adequadas frente aos critérios analisados, tornando-se apto para atividade. Tratou-se de um cão Sem Raça Definida (SRD), com idade aproximada de 6 anos, com características de comportamento submisso-controlado e obediente. Material Os materiais utilizados nas sessões terapêuticas configuram-se pelo caráter lúdico (brinquedos) como: cães de pelúcia; jogo Super Trunfo Cães; livros de estórias infantis; bolas de tamanhos variados; pente, escova, cama e bebedor de água para cães; etc. E também alimentos: ração e petiscos para cães, frutas, bolachas. A câmera digital fotográfica/filmadora também foi utilizada durantes sessões para coleta dos dados. Os cuidados e o bem-estar animal foram garantidos, quais sejam: trabalho realizado pelo período máximo de 1 hora de 30 minutos, água à disposição, cama e brinquedos específicos para cães. Além de: acompanhamento veterinário, banho semanal e tosa quando necessário, alimentação adequada e atividade física (passeio), garantindo-lhe qualidade de vida. Procedimento Procedimentos veterinários eram realizados quando necessário, e a higienização do cão ocorria antes das sessões. O material de limpeza permanecia disponível para recolher dejetos do animal, tornando, portanto, o encontro isento de riscos para a saúde humana. Nas entrevistas realizadas com os responsáveis no inicio do atendimento, abordou-se a história pessoal dos pacientes no que se refere ao contato com animais (episódios prazerosos e/ou traumáticos), sendo solicitado o consentimento dos mesmos para a utilização do procedimento (TAA, com o cão). Em seguida, durante sessão terapêutica, avaliou-se a motivação e o interesse da criança para o contato com cães, através de atividades lúdicas com cães de pelúcias; jogo Super Trunfo Cães; fotos e revistas sobre cães; gibis; histórias infantis envolvendo animais e conversa sobre a futura presença do cão nas sessões. A partir desses dados, os pacientes foram eleitos. Na(s) primeira(s) interação(s) com o cão a aproximação foi mediada pela terapeuta, ocorrendo a observação da postura do paciente diante do cão (observar, tocar, ofertar brinquedos, alimentos, etc.)

Mediante um contato inicial produtivo, nas sessões seguintes, as atividades escolhidas pela criança e terapeuta foram realizadas na presença do cão a partir do material proposto. Os processos terapêuticos foram desenvolvidos com atendimentos individuais, uma vez por semana, com duração de 45 minutos, gravados em câmera digital (bimestralmente) por um período de 8 meses e, posteriormente, transcritos ou registrados quantos aos elementos verbais e não-verbais mais relevantes. A pesquisadora atuou como terapeuta. Critérios de interpretação dos resultados O material clínico foi analisado a partir de trabalhos sobre TAA, em diferentes áreas, e do referencial teórico sobre as concepções de natureza, cultura, corpo e linguagem; advindos da Antropologia, Filosofia, Fonoaudiologia e Psicanálise. Em relação aos requisitos éticos exigidos para pesquisa com seres humanos, o estudo seguiu todas as recomendações da deliberação 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, incluindo a assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido. Parecer da Comissão de Pesquisa número 05/2007. RESULTADOS Nos casos acompanhados, a partir da motivação para o contato com o animal, notamos significativa participação dos pacientes na terapia, corroborando os achados de pesquisas e relatos sobre os efeitos positivos do envolvimento de cães em ambiente terapêuticos diversos [6-2]. No paciente um, observamos diminuição de comportamentos agressivos, melhora na inteligibilidade de fala com redução das trocas fonêmicas e movimentação corporal comunicativamente eficiente. Já no paciente dois, notamos significativa mudança no interesse por atividades relacionadas à leitura e escrita, melhora na compreensão do texto lido, no processo de letramento e no processo de aprendizagem escolar. No terceiro caso houve a diminuição dos sintomas manifestos na linguagem escrita, como erros do tipo omissões, junções/separações e apoio na oralidade; motivação para escrever e ler e melhor desempenho escolar. Em todos os casos observamos que a presença do cão favoreceu a interação terapeuta/paciente, intensificou a atividade dialógica entre o par[4], a gestualidade e a movimentação corporal comunicativamente eficientes dos pacientes, a motivação para escrever e ler. Em síntese ocorreu a diminuição e a superação dos sintomas manifestos na linguagem oral e/ou gráfica, além de mobilização da afetividade positiva dos pacientes. CONCLUSÃO

A hipótese do cão funcionar como um dispositivo terapêutico potencializados dos processos terapêuticos foi confirmada nos casos estudados. Assim, sugere-se a continuidade de pesquisas sobre a utilização da TAA na área, de maneira que os fundamentos teóricometodológicos sejam gradativamente sistematizados em prol da eficácia do método clínico fonoaudiológico. Referências bibliográficas 1. Delta Society. Animal-Assisted Therapy. [citado em 3 jan. 2006]. Disponível em http://www.deltasociety.org/animalsaaaabout.htm#aat. 2. Dotti J. Terapia e animais. 1ª ed. São Paulo: Editora Noética; 2005. 3.Macauley BL. Animal-assisted therapy for persons with aphasia: A pilot study. Journal of Rehabilitation Research & Development, 2006;43(3): 357-366. 4. LaFrance C, Garcia IJ, Labreche J. The effetct of therapy dog on the communication skills of na adult with aphasia. Journal of Communication Disorders, 2007;40(3): 215-224. 5. Lewis N. Ruby goes to school: Using therapy dogs as treatment assistants. The ASHA Leader, 2003; 8(17): 12 13. 6. Kawakami CH, Nakano CK, Litvac I, Silva MJP. Relato de experiência: terapia assistida por animais (TAA) mais um recurso na comunicação entre paciente e enfermeiro. Nursing (edição brasileira) 2003; 6(61):25-9