Queda das moedas emergentes O cenário externo foi o protagonista na semana. Nos EUA, a nomeação do novo presidente do Fed, Jerome Powell, confere a expectativa de continuidade no gradualismo da política monetária. Entretanto, as incertezas quanto ao rumo da reforma tributária e o aquecimento da atividade econômica dos EUA impactaram significativamente as moedas emergentes, mesmo com a cotação do petróleo tipo Brent encerrando em US$ 62,04 o maior patamar desde jul/15. O rendimento das T-Notes de 10 anos reduziuse em 0,08 p.p. para 2,34% a.a.. O real ostentou pior desempenho em relação aos seus pares diante da apreciação de 2,4% do dólar. A ata do Copom confirmou a expectativa de uma queda de 0,50 p.p. na reunião de dezembro, sem sinalizar os passos posteriores. A Pnad Contínua do trimestre findo em setembro mostrou uma nova redução da taxa de desemprego para 12,4%, com a forte elevação dos trabalhos informais (6,2% a.a.). No 3T17, a produção física industrial elevou-se em 0,9%, com a comparação anual adentrando em campo positivo após 39 meses (0,4%). Com um superávit de US$ 5,2 bilhões em outubro, a balança comercial acumulou um saldo positivo de US$ 67,6 bilhões em 12 meses. Por último, os pedidos de recuperação judicial elevaram-se em 9,9% no mês. Expectativas Inflação Implícita Em 12 meses Inflação 5% 4% 4,54% IPCA (%) Mediana - agregado 03/11/17 Há 1 semana Há 4 semanas Out 0,48 0,47 0,38 Nov 0,38 0,36 0,35 3% 2017 3,08 3,08 2,98 2018 4,02 4,02 4,02 Fonte: Anbima Fonte: Focus BCB IPCA Próximos 12 meses 5,3% 4,8% 4,3% 3,8% 4,01% O Boletim Focus da semana mostrou leves elevações para as expectativas de inflação. Para o mês de outubro, houve um aumento de 0,01 p.p., para 0,48%. A do mês de novembro encerrou em 0,38%, com um avanço de 0,02 p.p. na semana. Por outro lado, as projeções anuais não sofreram alterações, com a de 2017 permanecendo em 3,08% e a de 2018 em 4,02%. Já a inflação implícita medida na negociação dos títulos públicos encerrou com uma queda de 0,13 p.p., a 4,54% a.a.. Por fim, o IPCA esperado para os próximos 12 meses apresentou um leve aumento de 0,01 p.p., encerrando em 4,01% a.a.. Fonte: BCB Comportamento Semanal de Mercado Página 01
Taxa de Juros Swap DI Pré - 360 a.a. 11% 10% 9% Taxa Real de Juros Ex- ante a.a. 5,3% 4,8% 4,3% 3,8% 8% 7% 7,16% 3,3% 2,8% 3,03% Fonte: B3 Fonte: B3 Estrutura a Termo das Taxas de Juros a.a. 9,8% 9,4% 9,0% 8,6% 8,2% 7,8% 7,4% 7,0% Fonte: B3 hoje 3 6 12 18 24 30 36 42 48 Meses 03/11/17 27/10/17 06/10/17 No mercado de juros futuros, a semana foi novamente influenciada pelo ambiente externo em meio à divulgação do nome do novo presidente do Federal Reserve nos EUA. Apesar de não sinalizar uma mudança significativa em relação à atual forma de encarar a política monetária, houve pressão nos ativos dos países emergentes. Localmente, houve um impacto significativo nas cotações das taxas de juros de prazos mais longos. A estrutura a termo indicou fortes aumentos nos vértices de longo prazo, de 0,17 p.p. para dois anos e de 0,29 p.p. para três anos. A taxa de juros para o swap DI pré fixada de 360 dias apresentou um leve aumento de 0,01 p.p., encerrando em 7,16% a.a.. Já a taxa de juros real exante não teve alterações ao permanecer em 3,03% a.a.. Comportamento Semanal de Mercado Página 02
Câmbio Real/US$ Índice Emergentes* 3,4 73 3,3 3,31 71 3,2 3,1 69 3,0 67 67,89 Fonte: Bloomberg Fonte: J.P. Morgan Quadro comparativo Moeda Cotação do US$ Variação 03/11/17 Semana Mês 12 meses Real 3,31 2,4% 5,0% 2,5% Euro 0,86 0,0% 1,1% -4,4% Libra esterlina 0,76 0,4% -0,1% -5,9% Renminbi 6,64-0,2% -0,2% -1,7% Peso mexicano 19,20 0,4% 3,6% -0,9% Lira turca 3,89 2,6% 7,5% 24,9% Iene 114,07 0,4% 1,3% 10,4% Apesar da indicação do novo presidente do Federal Reserve não significar em mudanças relevantes de condução da política monetária, a divulgação de dados positivos para a atividade econômica dos EUA e do plano de reforma tributária propiciaram movimentações expressivas nas taxas de câmbio das moedas emergentes. No Brasil, o dólar apreciou-se 2,42% frente ao real, encerrando cotado em R$ 3,31. Mesmo diante desse movimento, o Banco Central não atuou no mercado. Em menor intensidade, o índice que acompanha a variação das divisas de países emergentes frente ao dólar encerrou com uma retração de 0,7%, aos 67,89 pts. o menor patamar desde maio. O real foi destaque entre as moedas que mais se depreciaram na semana, juntamente com a lira turca. Fonte: Bloomberg *Cesta de Moedas: Lira turca, Rublo russo, Rand sul-africano, Florim húngaro, Real, Peso mexicano, Peso chileno, Reminbi chinês, Rupia indiana e Dólar de Singapura. Comportamento Semanal de Mercado Página 03
mai/16 ago/16 fev/17 mai-17 jun-17 jul-17 ago-17 set-17 out-17 nov-17 Aversão ao Risco EMBI Pontos-base T-Note 10 anos Em % 420 400 380 360 340 320 341 2,60 2,50 2,40 2,30 2,20 2,10 300 2,00 Fonte: J.P. Morgan Fonte: Federal Reserve Petróleo Brent - última cotação US$ 64 59 54 49 44 Fonte: Bloomberg 62,07 Apesar do novo presidente do Federal Reserve nos EUA estar alinhado com a atual condução da política monetária no país, observou-se um aumento da aversão ao risco de ativos emergentes. O EMBI, índice que mede o spread dos retornos dos títulos soberanos de países emergentes, apresentou um forte aumento de 22 pts. ao encerrar em 341 pts.. Por outro lado, e interrompendo a trajetória de alta, o retorno das T-Notes de 10 anos nos EUA teve um recuo de 0,08 p.p., terminando em 2,34% a.a.. Esses movimentos ocorreram mesmo diante do bom desempenho dos preços do petróleo, tradicional commodity de exportação de países emergentes. O barril do tipo Brent fechou cotado a US$ 62,07 o maior valor desde julho de 2015, com um aumento de 2,7% na semana. Tal desempenho foi consequência da redução do número de sondas de extração em atividade nos EUA e da expectativa de mais uma prorrogação do acordo de corte da produção da OPEP. Comportamento Semanal de Mercado Página 04
nov-10 fev-11 mai-11 ago-11 nov-11 fev-12 mai-12 ago-12 nov-12 fev-13 mai-13 ago-13 nov-13 fev-14 mai-14 ago-14 nov-14 fev-15 mai-15 ago-15 nov-15 fev-16 mai-16 ago-16 nov-16 fev-17 mai-17 ago-17 nov-17 Ata do Copom Taxa meta Selic % a.a. 15% 14% 13% 12% 11% 10% 9% 8% 7,50% 7% 6% Fonte: BCB Fonte: BCB Câmbio Selic Inflação Copom Fonte: BCB Projeções Ata 2017 R$ 3,20 R$ 3,16 2018 R$ 3,35 R$ 3,30 2017 7,25% 7,0% 2018 7,50% 7,0% 2017 3,3% 3,3% 2018 4,4% 4,3% O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa básica de juros em 0,75 p.p. para 7,50% a.a.. A ata do Copom apontou poucas mudanças em relação à anterior. No que tange ao balanço de risco e aos cenários interno e externo, continuam indicando um momento favorável, com a manutenção das recuperações da atividade e do comércio global, mesmo com a normalização da política monetária nos países desenvolvidos. A inflação continua comportada e as projeções se mantêm ancoradas. Assim, o Banco Central entende que a taxa de juros teve ser estimulativa, ou seja, abaixo da taxa de juros estrutural. Se mantido o quadro atual, a queda em dez/17 será de 0,50 p.p.. O grande destaque da ata ficou por conta do não comprometimento da autoridade monetária em relação às reuniões posteriores. A extensão dos eventuais cortes dependerá das condições do cenário básico e do balanço de risco para inflação. Comportamento Semanal de Mercado Página 05
set/15 nov/15 jan/16 mar/16 mai/16 jul/16 set/16 set/12 jan/13 mai/13 set/13 jan/14 mai/14 set/14 jan/15 mai/15 set/15 jan/16 mai/16 set/16 set/13 jan/14 mai/14 set/14 jan/15 mai/15 set/15 jan/16 mai/16 set/16 Pnad Contínua Desocupação Trimestre móvel Emprego Setor Privado a.a 14% 13% 12% 11% 10% 9% 8% 7% 6% 12,4% 8% 6% 4% 2% 0% -2% -4% -6% -8% 6,2% -2,4% Com carteira Sem carteira Rendimento médio real (R$) Todos os trabalhos 2.140 2.120 2.100 2.080 2.060 2.040 2.020 2.115 No trimestre móvel findo em setembro, a taxa de desocupação ficou em 12,4%, sendo uma queda de 0,2 p.p. na margem, mantendo trajetória cadente desde março. Contudo, o índice continua acima do observado no mesmo período de 2016 quando era 11,8%. Apesar do resultado positivo no mês, os números trazem aspectos negativos: (1) a quantidade de pessoas fora da força de trabalho aumentou 0,1% no período, permanecendo em patamar historicamente elevado (64,5 milhões); e (2) a criação de vagas no setor privado está totalmente baseada nos empregos sem carteira assinada, com uma alta de 6,2% a.a. contra uma contração de 2,4% dos empregos com carteira. Por último, beneficiandose do arrefecimento da inflação e dos acordos salariais com ganhos reais, o rendimento médio real teve uma elevação de 0,3% na margem, totalizando R$ 2.115,00. Isto conjuntamente com o aumento da população ocupada impactaram positivamente a massa salarial, com altas de 0,6% na margem e de 3,9% em 12 meses. Comportamento Semanal de Mercado Página 06
set/14 dez/14 mar/15 jun/15 set/15 dez/15 mar/16 jun/16 set/16 dez/16 set/16 out/16 dez/16 fev/17 PIM Variação Série com ajuste sazonal 2,5% 1,5% 0,5% -0,5% -1,5% -2,5% mensal trimestral 0,9% 0,2% Variação mensal série com ajuste sazonal PIM Cons. Duráveis Consumo Intermediários Capital -0,7% Cons. Semi e não duráveis -1,8% -0,5% -0,7% -0,9% -0,3% 0,2% 2,1% 4,1% 0,3% 0,7% 0,9% PIM - variação anual Acumulada em 12 meses 1% 0% -1% -2% -3% -4% -5% -6% -7% -8% -9% -10% -11% -12% 0,4% Em setembro, a produção física industrial cresceu 0,2% ante uma retração de 0,7% no mês anterior, na série com ajuste sazonal. Com isso, o 3T17 fechou com uma alta de 0,9% depois de ter crescido 1,1% no 2T17. O resultado do mês é decorrente das altas de 1,0% na indústria extrativa mineral e de 0,4% na de transformação. O índice de difusão que mede quantos subsetores acompanharam o movimento do indicador foi de apenas 45,6%, ou seja, menos da metade dos subsetores tiveram crescimento em setembro. Na abertura por categoria de uso, os bens de consumo duráveis aumentaram 2,1%, seguidos pelos bens intermediários com elevação de 0,7%. Já as demais categorias apresentaram reduções, com destaque para a queda de 1,8% dos bens de consumo semi e não duráveis. Vale ressaltar que após 39 meses, a variação acumulada em 12 meses voltou para campo positivo (0,4%). Comportamento Semanal de Mercado Página 07
out/16 dez/16 fev/17 out/14 jan/15 abr/15 jul/15 out/15 jan/16 abr/16 jul/16 out/16 out/15 jan/16 abr/16 jul/16 out/16 Balança Comercial Balança Comercial Acumulada em 12 meses - em US$ bilhões Balança Comercial Acumulada em 12 meses 70 20% 17,4% 60 50 40 30 20 10% 0% -10% -20% 7,5% 10-30% 0-10 -40% Fonte: MDIC Fonte: MDIC Importações Exportações Saldo mensal Em (US$ bilhões) 8 7 6 5 4 3 2 1 5,2 O saldo da balança comercial foi superavitário em US$ 5,2 bilhões em outubro, decorrente de US$ 18,9 bilhões de exportações e US$ 13,7 bilhões de importações. O crescimento da economia no período recente tem levado a um aumento das importações, o que por sua vez pressiona os superávits mensais. Considerando a evolução do saldo da balança comercial acumulado em 12 meses, o mês de outubro encerrou em US$ 67,6 bilhões ante US$ 64,8 bilhões no mês anterior e US$ 45,9 bilhões no mesmo período de 2016. Na abertura, as exportações seguem com o maior crescimento do acumulado (17,4%). Já as importações aceleraram seu ritmo de alta de 3,8% para 7,5%. 0 Fonte: MDIC Comportamento Semanal de Mercado Página 08
out/16 dez/16 fev/17 out/16 dez/16 fev/17 Falências e Recuperações Judiciais Fa lê n c ia s e R e c u p e r a ç õ e s J u d ic ia is - T o ta l d e O c o r r ê n c ia s Fa lê n c ia s R e c u p e r a ç õ e s J u d ic ia is P e r ío d o R e q u e r id a s D e c r e ta d a s R e q u e r id a s D e fe r id a s C o n c e d id a s ja n - o u t 1 6 1553 599 1600 1310 346 jan - 17 92 22 82 62 60 f e v - 1 7 141 70 115 111 36 m a r - 1 7 161 96 125 115 61 a b r - 1 7 106 70 76 66 72 m ai- 17 194 66 176 134 45 ju n - 1 7 135 72 111 87 59 ju l- 17 157 101 129 84 46 a g o - 1 7 165 101 172 149 39 s e t - 1 7 178 92 101 99 39 o u t - 1 7 156 102 109 115 53 o u t - 17/s e t - 17-12,4 % 10,9 % 7,9 % 16,2 % 35,9 % jan - o u t17/jan - o u t16-4,4 % 32,2 % - 25,3 % - 22,0 % 47,4 % Recuperações Judiciais Requeridas Ocorrências acumuladas 12 meses a.a. 110% 90% 70% 50% 30% 10% -10% -30% Micro e Pequenas Médias Grandes -12,2% -17,6% -26,9% Falências Requeridas Ocorrências acumuladas 12 meses Micro e Pequenas Médias Grandes a.a. 8% 4% 0% -2,2% -4% -5,1% -5,6% -8% -12% Fonte: Serasa Experian De acordo com Indicador Serasa Experian de Falências e Recuperações, em outubro foram requeridos 109 pedidos de recuperações judiciais, queda de 9,9% em relação a out/16. Contudo, em relação a setembro deste ano, os pedidos aumentaram 7,9%. No acumulado de janeiro a outubro foram requeridos 1196 pedidos de recuperações judiciais, queda de 25,3% contra o registrado no mesmo período de 2016. No mês, o indicador de falências verificou aumento 5,4% de requerimentos em outubro em relação ao mesmo mês de 2016 (156 contra 148). Na comparação com setembro deste ano, houve queda de 12,4%. De janeiro a outubro, foram realizados 1485 pedidos de falência, queda de 4,4% em relação aos efetuados no mesmo período em 2016. Os economistas da Serasa Experian apontam que a retomada do crescimento econômico combinada com as quedas dos juros e da inflação estão contribuindo para diminuição dos pedidos de recuperação judicial neste ano de 2017, após o recorde histórico verificado no ano passado. Comportamento Semanal de Mercado Página 09
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