A DINÂMICA DA AGROINDÚSTRIA ANIMAL NO ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DE INSUMO- PRODUTO

Documentos relacionados
Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Cálculo do Conceito Preliminar de Cursos de Graduação

IMPORTÂNCIA DA LIBERALIZAÇÃO DOS MERCADOS AGRÍCOLAS MUNDIAIS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

ESTIMANDO UMA MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO INTER-REGIONAL REGIONAL RIO GRANDE DO SUL RESTANTE DO BRASIL. TD Nereus

The potential to create employment and income from tourism in Brazil

Nº 20 Dezembro de A Evolução do PIB dos Estados e Regiões Brasileiras no Período Valores definitivos

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

TRANSFERÊNCIAS FISCAIS E CONVERGÊNCIA REGIONAL NO BRASIL. PALAVRAS CHAVES: Crescimento, Transferências, Dinâmica, Convergência e Governo.

III. Consequências de um novo padrão de inserção das mulheres no mercado de trabalho sobre o bem-estar na região metropolitana de São Paulo

IMPACTO DO FINANCIAMENTO DO BNDES SOBRE A PRODUTIVIDADE DAS EMPRESAS: UMA APLICAÇÃO DO EFEITO QUANTÍLICO DE TRATAMENTO 1

Determinantes da Adoção da Tecnologia de Despolpamento na Cafeicultura 1

Y X Baixo Alto Total Baixo 1 (0,025) 7 (0,175) 8 (0,20) Alto 19 (0,475) 13 (0,325) 32 (0,80) Total 20 (0,50) 20 (0,50) 40 (1,00)

NOTA II TABELAS E GRÁFICOS

DESEMPENHO COMERCIAL DAS EMPRESAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL NA DÉCADA DE 90: UMA ANÁLISE DE DADOS EM PAINEL.

Análise do Retorno da Educação na Região Norte em 2007: Um Estudo à Luz da Regressão Quantílica.

Professor Mauricio Lutz CORRELAÇÃO

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

UMA APLICAÇÃO DA ANÁLISE ENVOLTÓRIA DE DADOS A PARTIR DO ÍNDICE DE CRIMINALIDADE PARA AS MESORREGIÕES CATARINENSES,

reducing income disparities in Brazil and the Northeast and Southeast regions of the country, showing that the fight against social inequalities

PLANOS DE SAÚDE: UMA ANÁLISE DOS CUSTOS ASSISTENCIAIS E SEUS COMPONENTES HEALTH INSURANCE PLANS: AN ANALYSIS OF CARE COSTS AND THEIR COMPONENTS

RESOLUÇÃO Nº 3259 RESOLVEU:

3ª AULA: ESTATÍSTICA DESCRITIVA Medidas Numéricas

Modelo de distribuição de recursos para o transporte escolar rural a partir dos princípios da igualdade e da equidade

A DEMANDA DE CELULOSE NO MERCADO INTERNACIONAL PULP DEMAND IN THE INTERNATIONAL MARKET

Hansard OnLine. Guia Unit Fund Centre

7.4 Precificação dos Serviços de Transmissão em Ambiente Desregulamentado

ESTRUTURA DA Sacoglottis guianensis BENTH. NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

Software. Guia do professor. Como comprar sua moto. Secretaria de Educação a Distância. Ministério da Ciência e Tecnologia. Ministério da Educação

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E PÓS-GRADUAÇÃO - I CICPG SUL BRASIL Florianópolis 2010

Empreendimentos de economia solidária e discriminação de gênero: uma abordagem econométrica

Investigação do desempenho das cooperativas de

CAPÍTULO VI Introdução ao Método de Elementos Finitos (MEF)

Caderno de Exercícios Resolvidos

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE

CQ110 : Princípios de FQ

3. Take over: Termo do inglês que significa Adquirir. O termo indica a aquisição de uma companhia por outra mediante a assunção do controle acionário.

GST0045 MATEMÁTICA FINANCEIRA

Salário mínimo, Bolsa Família e desempenho relativo recente da economia do Nordeste

Avaliação da Tendência de Precipitação Pluviométrica Anual no Estado de Sergipe. Evaluation of the Annual Rainfall Trend in the State of Sergipe

AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL RESOLUÇÃO Nº 488, DE 29 DE AGOSTO DE 2002

PRODUTIVIDADE E MUDANÇA ESTRUTURAL NA INDÚSTRIA BRASILEIRA,

Programa de reforma agrária Cédula da Terra: medindo a eficiência dos beneficiários

Microeconomia II. Cursos de Economia e de Matemática Aplicada à Economia e Gestão AULA 4.3. Decisão Intertemporal do Consumidor O Mercado de Capital

Métodos de Monitoramento de Modelo Logit de Credit Scoring

1 a Lei de Kirchhoff ou Lei dos Nós: Num nó, a soma das intensidades de correntes que chegam é igual à soma das intensidades de correntes que saem.

Manual do Simulador Empresarial Tangram

UMA AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DOS PROGRAMAS DE COMBATE AO ANALFABETISMO NO BRASIL

EFEITO SOBRE A EQUIDADE DE UM AUMENTO DO IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO*

Camila Spinassé INTRODUÇÃO À MATEMÁTICA FINANCEIRA PARA ALUNOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

AS RELAÇÕES COMERCIAIS DO BRASIL COM OS DEMAIS BRICs

CAPÍTULO I 1 INTRODUÇÃO

Planejamento e Controle de Estoques PUC. Prof. Dr. Marcos Georges. Adm. Produção II Prof. Dr. Marcos Georges 1

WORKING PAPERS IN APPLIED ECONOMICS

Probabilidade e Estatística. Correlação e Regressão Linear

RESUMO. Palavras chaves: planejamento ecoturístico, demanda turística, valoração ambiental

RAE-eletrônica ISSN: Escola de Administração de Empresas de São Paulo. Brasil

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E GESTÃO (SEPLAG) INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ (IPECE)

UTILIZAÇÃO DA PESQUISA-AÇÃO PARA ENTENDIMENTO DO NEGÓCIO SOCIAL E SUA CADEIA DE ABASTECIMENTO

ÍNDICE DE PREÇOS DE EUCALIPTO PARA O ESTADO DE SÃO PAULO 1

MAPEAMENTO DA VARIABILIDADE ESPACIAL

Como aposentadorias e pensões afetam a educação e o trabalho de jovens do domicílio 1

ALGORITMO E PROGRAMAÇÃO

AMENIDADES LOCAIS VERSUS OPORTUNIDADES ECONÔMICAS: UM RANKING DA QUALIDADE DAS AMENIDADES PARA AS REGIÕES METROPOLITANAS DO BRASIL

PRODUÇÃO DE ETANOL E SEUS IMPACTOS SOBRE O USO DA TERRA NO BRASIL. Resumo

2. BACIA HIDROGRÁFICA

CAPÍTULO 1 Exercícios Propostos

METODOLOGIA PARA AVALIAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL DE POLÍTICAS PUBLICAS

SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL:

PROJEÇÕES DOS IMPACTOS ECONÔMICOS DECORRENTES DAS MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS NO BRASIL PARA O PERÍODO DE 2010 A 2050

ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE DADOS

TEXTO PARA DISCUSSÃO N 323 VIOLÊNCIA URBANA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA VITIMIZAÇÃO EM SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO, RECIFE E VITÓRIA

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

MIGRAÇÃO INTERNA E SELETIVIDADE: UMA APLICAÇÃO PARA O BRASIL

DEMANDA POR PLANOS DE SAÚDE NO BRASIL

TITLE: ANALYSIS OF THE ACADEMIC PERFORMANCE OF STUDENTS OF TOURISM COURSE OF A HIGHER EDUCATION INSTITUTION USING MULTIVARIATE TECHNIQUES

Índice de Oportunidades da Educação Brasileira

Informação. Nota: Tradução feita por Cláudio Afonso Kock e Sérgio Pinheiro de Oliveira.

Mudança demográfica e crescimento econômico no Brasil: uma análise exploratória de dados espaciais

Estratégias de Expansão das Operações por Fusões e Aquisições: Impactos no Desempenho das Empresas do Setor Químico e Petroquímico Brasileiro

ENFRENTANDO OBSTÁCULOS EPISTEMOLÓGICOS COM O GEOGEBRA

O Uso do Software Matlab Aplicado à Previsão de Índices da Bolsa de Valores: Um Estudo de Caso no Curso de Engenharia de Produção

Palavras-chaves: Gráficos de controle, ambiente R, análise estatística multivariada

SCI Superintendência de Comunicação Institucional

BALANÇO HÍDRICO: UMA FERRAMENTA PARA GESTÃO INDUSTRIAL E OTIMIZAÇÃO AMBIENTAL.

A Hipótese da Curva de Kuznets Ambiental Global:

CURRICULUM VITAE - RESUMIDO

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

Padrões de Especialização e Competitividade no Comércio Exterior Brasileiro: uma análise estrutural-diferencial

AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS EM MINAS GERAIS: Identificação através de distintas bases de dados

ACÓRDÃO. Poder Judiciário Tribunal de Justiça da Paraíba Gabinete Des. JORGE RIBEIRO NÓBREGA

Avaliação de Empresas

A Matemática Financeira nos Financiamentos Habitacionais

2 ANÁLISE ESPACIAL DE EVENTOS

Metodologia para Eficientizar as Auditorias de SST em serviços contratados Estudo de caso em uma empresa do setor elétrico.

Otimização do Carregamento de Transformadores de Distribuição de Energia Elétrica

ESTRATÉGIAS DE REDUÇÃO DE CUSTOS SALARIAIS: EVIDÊNCIA MICROECONÓMICA COM INFORMAÇÃO QUALITATIVA *

Ativos Intangíveis e Criação de Valor: o Papel das Marcas e Patentes. Autoria: Eduardo Kazuo Kayo, Chang Chuan Teh, Herbert Kimura

PROJECTO DO LAYOUT DE INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS

NODAL Versão 3.0 Programa de Simulação de Tarifas de Uso do Sistema Elétrico MANUAL DO USUÁRIO ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

Avaliação de imóveis: a importância dos vizinhos

Bruno Flora Sales. Dissertação de Mestrado 2006 FGV /EPGE - RJ

Transcrição:

A DINÂMICA DA AGROINDÚSTRIA ANIMAL NO ESTADO DO PARÁ: UMA ANÁLISE DE INSUMO- PRODUTO Gsalda Carvalho Flgueras (*) Antôno Cordero de Santana (**) Maro Mguel Amn (***) RESUMO O obetvo do trabalho fo analsar a agrondústra anmal no Estado do Pará. Os dados da pesqusa são secundáros e utlza-se como nstrumento metodológco a Matrz de Insumo-Produto (MIP) para avalar a mportânca deste setor na economa paraense, correspondente ao ano de 1999, em termos de geração de produto, emprego e renda, além de dentfcar se este setor é chave na economa estadual. Os resultados mostraram que a agrondústra anmal é um setor mportante para gerar emprego, renda e produto, consoldando-se como um setor-chave no crescmento da economa estadual. Palavras-chave: Agronegóco. Agrondústra anmal - Estado do Pará. Matrz de Insumo-Produto. THE DYNAMICS OF THE CATTLE AGROINDUSTRY IN THE STATE OF PARÁ: AN ANALYSIS OF INPUT-OUTPUT ABSTRACT The obectve ths paper was to analyze the anmal agrondustry of the State of Pará. The data used are from secondary sources and as methodolgcal nstrument the Out-Input Matrx was used to nvestgate the mportance of ths sector n the regonal economy, durng the year of 1999, wth respect to product generaton, employment and ncome, as well as dentfyng the key sectors n the states economy. The results showed that the anmal agrondustry s an mportant sector n generatng employment, ncome and producton, consoldatng tself as a key sector n the economc growth of the regonal economy. Keywords: Agrbusness. Anmal Industry - State of Pará. Out-Input Matrx. (*) Engª. Agrª. M. Sc. e aluna do Curso de Doutorado em Sstemas Agroflorestas pela Unversdade Federal Rural da Amazôna (UFRA). E-mal: gsalda.flgueras@gmal.com. (**) Eng. Agr.; M.Sc.; D.Sc. em Economa Rural; Professor Assocado da Unversdade Federal Rural da Amazôna (UFRA). E-mal: santana@nautlus.com.br (***) Economsta, Ph.D. em Economa, Professor do Mestrado em Economa na Unversdade da Amazôna (UNAMA). E-mal: maramn@amazon.com.br Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 73

1 INTRODUÇÃO O Estado do Pará, por possur grande extensão de terra, abundânca de mão-de-obra e condções clmátcas favoráves à agropecuára, reúne fatores essencas para o desenvolvmento de agrondústras, tanto anmal (carne, lete, couro) como vegetal (frutas, fbras, almentos, flores etc.). Esses fatores necessáros à formação de agrondústras anmal são confrmadas pela própra expansão do rebanho de grande porte, como bovnos e bufalnos que vem crescendo nos últmos anos do século XX e, portanto, representa fontes de matéra-prma para este segmento. Além dsso, deve-se ressaltar que anmas de médo e pequeno porte á estão em processo de ndustralzação, como é o caso de suínos e, mas recentemente, ovnos, além da avcultura e pescado. Como se observa, as condções báscas para a ndustralzação de base anmal exstem, que são as matéras-prmas. Com efeto, nformações obtdas no ste da Secretara do Estado da Indústra e Comérco (SEICOM) sobre a estruturação da agrondústra anmal, revelam um leque de produção que pode ser dervada do setor agropecuáro, pos, o Estado do Pará á conta com um rebanho bovno estmado em 17 mlhões de cabeças, segundo o Insttuto Braslero de Geografa e Estatístca (IBGE, 2006), sendo um dos elos da cadea produtva que mas gera emprego e nternalzam renda. A pecuára fornece matéra-prma para dversas agrondústras como frgorífcos, latcínos, curtumes, ndústra de hgene e lmpeza e de ração. Logo, é de fundamental mportânca para gerar emprego e renda na economa paraense. Como exemplo, tem-se que um dos segmentos relevantes de vertcalzação da cadea pecuára é a de couros e, no Pará, á foram mplantados três proetos âncoras de processamento e ndustralzação desse produto. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. Com sso, o Estado ncou a produção de couro wet blue e, também, couro de maor qualdade para a fabrcação de sapatos, o que condz com a déa de formação de um parque ndustral de produtos de couro, vsando a dversfcação da produção a partr da confecção de artefatos como bolsas, cntos, sandálas, selas para montaras e artgos dversos. Regstra-se, anda, que a fabrcação de calçados de segurança fo nstalada em Castanhal (PA) e á atnge 1,5 mlhão de undades/ano (PARÁ, 2006). Com relação ao benefcamento da carne, dados da SEICOM regstram 22 frgorífcos com capacdade para abater dos mlhões de cabeças por ano. Alguns desses foram benefcados com ncentvos estaduas e estão localzados nos Muncípos de Redenção, Conceção do Araguaa, Xnguara, Eldorado do Caraás, Marabá, Paragomnas, Santana do Araguaa e Altamra. No conunto, segundo nformações daquela Secretara, em 2005 foram abatdas 1.800.000 cabeças, o que representa 6,75% do total de abates bovnos do Brasl. Além desses, o Estado do Pará comercalza cerca de 800 ml cabeças por ano para outros estados e, em termos de geração de empregos, essas agrondústras proporconam 5.500 empregos dretos. Se consderar o setor pecuáro como um todo, a geração de ocupação dreta encontra-se na casa dos 400.000, segundo a Federação da Agrcultura no Estado do Pará (FAEPA). No que dz respeto às agrondústras de lácteos, o Estado do Pará conta com 24 benefcadoras, contudo, anda é pequena a baca letera, sendo que estas operam com grande capacdade ocosa, embora, exstam condções para a expansão deste segmento da cadea produtva, mas, para sso, faz-se necessáro nvestr em tecnologa, assstênca técnca e no aumento do fnancamento (crédto rural), haa 75

vsta que os produtores lgados à atvdade letera são consderados de pequeno e médo porte. Um dos fatores lmtantes é a baxa produtvdade do rebanho letero, com uma méda de 5l/vaca/ da (SANTANA; AMIN, 2002, p.170). Essa defcênca decorre da falta de maneo adequado, de raças mprópras para a atvdade e ausênca de um maor controle de sandade do rebanho. Outro ponto de estrangulamento dz respeto à falta de nfra-estrutura, como o transporte do lete, que anda é feto de forma precára em todo o Estado, em razão das dfíces condções das estradas para escoar o produto, assm como para benefcá-lo. Apesar de todos esses gargalos, o produto lete cresceu, no período de 1990 a 2004, cerca de 176%, atngndo 639 mlhões de ltros em 2004. Esse crescmento mostrou-se superor a méda naconal, que fo de 62%. Quanto ao produto pexe, o Estado do Pará produz apenas 15% de todo potencal dsponível. Mas exste o nteresse governamental de ncentvar a pesca através da redução da carga trbutára do Imposto sobre Crculação de Mercadoras e Prestação de Servços (ICMS) para alíquota lquda de 4%. Segundo a SEICOM, atualmente, o Estado á possu ndústras exportando pexes fletados. Como se constata, o Estado do Pará possu vantagens comparatvas, que podem se tornar compettvas, medante o ncremento dos setores de base agrondustral para agregar valor ao produto e dnamzar a economa, va a geração de empregos e renda local, pos dada a dmensão terrtoral do Estado, faz-se necessáro ncentvar essas undades de processamento (agrondústras) nos locas (muncípos) onde a produção se concentra. Por fm, para se ter uma déa da base agrondustral relatva ao setor pecuáro, compara-se à arrecadação de trbutos, de 22 atvdades ndustras que totalzam 3.694 estabelecmentos formas unto ao governo estadual, a partcpação desta atvdade em relação às outras. Embora não se tenha soladamente a agrondústra anmal nesta classfcação, mas os estabelecmentos que estão dretamente relaconados com este setor podem ser enumerados em Couros e Peles, com 18 ndústras e Produtos Almentares, com 1.111, o que totalza 1.129 estabelecmentos, ou sea, uma partcpação de 31% do total das ndústras paraenses, o que corresponde a uma arrecadação de 9,2% do ICMS do setor ndustral, perdendo apenas para quatro atvdades mas mportantes em nível estadual: Extração Mneral, Metalúrgca, Madera e Bebdas. Demas dsso, sabe-se que 72% das undades ndustras do Estado do Pará trabalham com madera, almentação e mneras não-metálcos. Isso se deve bascamente ao baxo nvestmento e a smplcdade tecnológca. Outro destaque é com relação à concentração em regões mas urbanzadas, pos 44% das ndústras estão localzadas na Regão Metropoltana de Belém (RMB), conforme dados coletados unto a SEICOM (2006). Neste contexto, o trabalho se propõe analsar a estrutura da agrondústra anmal, para vsualzar, através da Matrz Insumo-Produto (MIP), a mportânca econômca desse setor no Estado do Pará, no que dz respeto à capacdade de gerar emprego, renda e produto, referente ao ano de 1999. De outro modo, o uso da MIP permte averguar se o setor em foco é um setorchave, sto é, se a agrondústra anmal possu nter-relações fortes, tanto a montante (com empresas fornecedoras de nsumos e servços) como a usante (com empresas que agregam valor ao produto, transporte, armazenamento e dstrbução, até chegar no consumdor fnal), ou sea, que mantenham forte grau de nterdependênca com outros setores que compõem a cadea produtva da pecuára. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 76

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Em termos de agronegóco, é mportante regstrar a evolução do setor agropecuáro braslero e estadual, de modo a destacar as grandes transformações ocorrdas nos últmos anos do século XX. Nas palavras de Nunes e Contn (2000), o setor prmáro dexou de ser um mero provedor de almentos n natura de matérasprmas para ser uma atvdade ntegrada com os dos outros setores mportantes da economa braslera: a ndústra e os servços. Referdos autores fazem uma análse do agronegóco naconal a partr do conceto de agronegóco e de mas dos nstrumentos analítcos: contas naconas e a matrz de nsumo-produto. A déa básca desse estudo fo o de vsualzar a caracterzação do Complexo Agrondustral (CAI) e dmensonar sua real contrbução na economa braslera. Os resultados mostraram que o CAI, em 1996, teve a partcpação no Produto Interno Bruto (PIB) de 20,6%, além de constatar que os produtos do agronegóco são o carro-chefe da balança comercal, portanto, gera dvsas para o País, com destaque para o produto soa e carne. Outro resultado mportante constatado por Nunes e Contn (2000), fo a capacdade do CAI mpulsonar outros setores (à montante e a usante), que formam os elos das cadeas produtvas. Tosta et al. (2005) elaboraram um trabalho mas especfco sobre a produção, abate e processamento da cadea produtva de suínos em Mnas Geras, tendo como base de análse as MIP de 1980 e 1995. Os resultados desse estudo, segundo os autores, ndcaram como setoreschave o de produção de suínos, abate e processamento (carne suína) apenas pelos índces de Rasmussen-Hrschman e o de campo de nfluênca. Sgnfca dzer que, fatores externos às demandas fnas desses dos setores devem nfluencar postvamente na economa de Mnas Geras. Pelo Índce Puro de Lgação (GHS), os dos Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. setores não foram consderados chave na economa mnera, mas são muto mportantes como demandantes de nsumos para os demas setores da economa estadual. Em termos naconas, dados da agrondústra relatva ao prmero semestre de 2006, pesqusa realzada pelo IBGE, revela que os produtos dervados da carne respondem por 17%, gual ao de óleos e gorduras (17%) e somente nferor ao complexo de benefcamento de café e cereas (18%). Logo, constata-se, como a agrondústra anmal é relevante na economa braslera. Na Amazôna, análses sobre a organzação das agrondústras não têm sdo um obeto muto freqüente por parte das nsttuções de pesqusas e unversdades. Esta lacuna se deve, talvez, pela própra ausênca de dados estatístcos de como a produção, a dstrbução e a organzação deste segmento se nsere na economa amazônca. Segundo estudo feto por Santana et al. (1997), correspondente aos anos de 1980 e 1985, para Regão Norte, mostrou que a agrondústra de carne apresentou dependênca de nsumos mportados de fora da Regão superor à méda da economa regonal. Na Regão Norte, a agrondústra de carnes e aves, tanto em 1980 como para 1985, apresentaram efetos para frente e para trás superores à undade, portanto, atvdades-chave para a economa regonal. No referdo estudo, a metodologa utlzada fo a Matrz de Contabldade Socal (MCS). Um dos poucos estudos á efetvados sobre agrondústras fo o de Homma (2001) que aborda hstorcamente como se deu à formação das prmeras undades de benefcamento de produtos agrícolas (agrondústras) no Estado do Pará. Contudo, não abordou as agrondústras 77

lgadas ao setor pecuáro (curtume, lactcíno e frgorífcos) e pescado. Um trabalho acerca da agrondústra anmal no Estado do Pará, elaborado por Santos (2004), constatou o crescmento da agrondústra de carne bovna no período de 1996 a 2002, através do aumento de número de empresas neste ramo, que cresceu de nove para qunze. Esses dados revelaram a expansão do rebanho bovno no Estado do Pará, cuo abate de anmas evoluu a uma taxa de 22,19%a.a. O autor observou que nos dos anos seguntes o número de empresas passara para 25, pos, onze empreendmentos estavam em fase de mplantação no Estado. No Brasl, até 2010, há expectvas do consumo per capta aumentar e atngr o patamar de 49 kg/hab./ano. Mas recentemente, abordando sobre a estrutura produtva das atvdades econômcas da Amazôna e seus respectvos Estados, Gulhoto e Sesso (2005) chamam à atenção que o desenvolvmento regonal passa, necessaramente, pela expansão de algumas atvdades mportantes, entre as quas, cta as agrondústras, servços de aloamento e almentação (tursmo), atacado, transporte e servços. Demas dsso, os autores, anda, fazem regstros da necessdade de melhorar a nfra-estrutura va nvestmentos governamentas, de modo a suprr futuras demandas por sstemas de transporte, energa e outros servços ndustras de utldades públcas. Quanto à análse ndvdual por Estado, Gulhoto e Sesso (2005) verfcaram os dez setores que apresentam maores valores de multplcadores setoras. Para o Estado do Pará, destacaram: abate de suínos (2,49), abate de bovnos (2,35) e abate de aves, ocupando o 1º, o 4º e 6ª posção no rankng, portando, revelando o peso das agrondústras anmas para a economa paraense. Para se enxergar a potencaldade da agrondústra anmal no Estado do Pará, basta destacar que representa o qunto rebanho de bovnos e o prmero de bufalnos no Brasl e as mesorregões com maor destaque estão regstradas na Tabela 1. Tabela 1 - Quantdade de bovnos e bufalnos, ml cabeças, por mesorregões no Estado do Pará, 1990 2004. Fonte: IBGE, 2006. Pela Tabela 1, somente a mesorregão do Maraó regstrou decréscmo na produção de bovno, assm como a perda de mportânca de bufalnos, apesar de ser um lugar aproprado para a sua cração (áreas com campos alagados) e representar 63,17% na totaldade desses anmas Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 78

em nível estadual. A Mesorregão do sudeste paraense é que ostenta o maor rebanho em 2004, com 12 mlhões/cabeça de bovnos. Mas, o que vale regstrar é o crescmento do rebanho bovno no Pará, que salta de ses mlhões de cabeça, em 1990, para 17 mlhões, em 2004, ou sea, uma varação de mas de 180%. Como se constata, é precso explorar mas sobre a stuação do desenvolvmento de agrondústras anmas, de modo a se conhecer o perfl desse segmento para, nclusve, sugerr ações que possam audar na consoldação dessas empresas como elementos que podem gerar resultados socoeconômcos deseáves (arrecadação de mpostos, geração de empregos, menores mpactos ambentas etc.), daí a relevânca deste estudo na análse do papel que a agrondústra representa para a economa estadual. 3 METODOLOGIA Neste estudo, segue-se a metodologa á descrta por dversos autores, que vem, nclusve, trabalhando os setores econômcos da Amazôna e seus respectvos Estados, medante o emprego da MIP, com destaque para os trabalhos mas recente de Gulhoto (2004); Gulhoto e Sesso (2005); Santana (1997, 2006), Fgueredo, M. G. et al. (2005) Fgueredo, A. M. et al. (2005), dentre outros. A MIP do Estado do Pará, correspondente ao ano de 1999, fo utlzada para verfcar se o setor relaconado à agrondústra anmal encontrase entre os mas mportantes para estmular o crescmento da economa estadual, ou sea, se é um setor-chave. Demas dsso, utlzou-se a MIP para calcular os seus respectvos multplcadores: produto, emprego, renda. Na seqüênca, passa-se a dscutr os prncpas concetos da MIP, que seguem de perto os trabalhos fetos recentemente pela Agênca de Desenvolvmento da Amazôna (ADA), através da Cartlha da MIP publcada por aquele órgão (SANTANA et al., 2006). A MIP é um banco de dados que fornece o retrato da economa, quas os setores mas mportantes, a relação entre eles, os mpactos que geraram a partr de nvestmentos, quas as demandas, os pontos de estrangulamento, a geração de empregos, mportações, exportações, qual o volume de recursos movmentados e até mesmo, a nfra-estrutura socal e urbana necessáras, entre outros (PARRÉ, 2004). A Tabela 2 representa a estrutura de uma MIP. Tabela 2 - Modelo de três setores de MIP. Fonte: com base no modelo proposto poneramente por Leontef (1988) Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 79

A Tabela 2 mostra como uma MIP é estruturada, de modo que, em suas lnhas regstram-se as vendas do setor para os demas setores e para o consumo das famílas (C), nvestmentos prvados (I), gastos do governo (G) e exportações (E). Sendo assm, a demanda ntermedára mas a fnal compõem o produto total ou as vendas totas do setor. Expandndo para n setores é possível denotar o produto total do setor por: n X = x + ( C + I + G + E ) = 1 = 1,...,n 1,..., n = (1) em que X é o produto bruto total; x é a produção do setor, utlzado como nsumo ntermedáro pelo setor ; C é produção do setor comprada pelas famílas; I é a produção do setor destnada ao nvestmento; G é a produção do setor comprada pelo governo; e, E é a produção do setor destnada à exportação. Da soma de C, I, G e E obtém-se a demanda fnal (Y). Nas colunas da MIP, por sua vez, são regstradas as compras de nsumos ntermedáros produzdos pela ndústra e por todas as outras. Segundo Tosta et al.(2004, 2005), as demas partes componentes na coluna representam o valor adconado, como os pagamentos pelos fatores trabalho e captal, pagamentos de vendas, lucros, servços do governo e mportações de nsumos. Somandose todos estes componentes tem-se: n X = x + ( V + M = 1 ) = 1,...,n 1,..., n = (2) em que X é custo bruto total gual ao produto bruto total; x é a produção do setor, utlzado como nsumo ntermedáro pelo setor ; V são valores adconados pagos pelo setor ; M é a mportação de nsumos do setor. Como X = X, chega-se à dentdade, em que se tem gualdade entre a Renda Naconal (RN) e o Produto Naconal Bruto (PNB): V = C + I + G + E M ) (3) ( A matrz de coefcentes técncos de Leontef pode ser obtda faclmente dvdndo os valores das compras ntermedáras x pelos valores brutos da produção X. Sendo assm, defne-se a matrz de coefcentes técncos como: x A = (4) X em que cada elemento da matrz A, a, representa os nsumos do setor demandados pelo setor, para cada undade do valor da produção total. Estmada a matrz de coefcentes técncos procedeu-se à estmação da matrz de efetos globas, dos efetos dretos e ndretos da renda e dos índces de lgação para frente e para trás, conforme se segue: A matrz de efetos globas é obtda da dferença entre a matrz dentdade (I) e a matrz de coefcentes técncos (A), sto é, [I-A] -1. Da equação (1) pode-se descrever as demandas pela produção de cada setor da segunte forma: X = AX + Y (5) em que X representa o vetor de varáves endógenas e as demas varáves á foram defndas. Resolvendo essa equação para X, tem-se 1 que, X = [ b ] Y e b = [I A]. Segundo Castro (2004), cada elemento b representa os requstos dretos e ndretos de nsumos do setor Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 80

, por cada undade monetára gasta de demanda fnal no setor. Multplcador do produto: representa o efeto bruto de cada atvdade produtva a estímulos exógenos. Ou sea, mede a mudança no produto total de todos os setores produtvos medante mudanças de uma undade monetára da demanda fnal dos produtos daquele setor. Multplcador de renda (saláros e lucros) e mpostos: representa a renda gerada dreta e ndretamente para cada undade monetára netada dretamente em um dado setor. Em outras palavras, o multplcador de renda é a capacdade que tem um dado setor de multplcar o saláro, o lucro e mpostos em resposta mudanças exógenas untáras. Para mensurar o quanto aumenta o valor adconado do Estado do Pará devdo a choques expansvos de demanda nos setores lgados à Agrondústra Anmal calculou-se os efetos dretos e ndretos da renda. Os efetos dretos ( ) d representam a dstrbução da renda entre seus componentes: mpostos. V d = X, representa saláros, lucros e Para o cálculo dos efetos dretos e ndretos da renda ( EI ) multplca-se a matrz [ A] 1 I pelo vetor-lnha de efetos dretos da renda, transposto. Assm, tem-se [ I ] 1 T EI = [ d ] A. Multplcador de emprego: é defndo como a mudança no emprego total, como resultado de uma mudança untára na força de trabalho empregada em dado setor produtvo. Isto é, este multplcador ndca a capacdade de Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. gerar emprego de cada atvdade, em resposta às mudanças exógenas da demanda fnal de seus produtos e ou austes nas demandas ntermedáras. O cálculo é smlar ao cálculo de renda e mpostos. Índces de lgação: para determnar os setores com maor encadeamento na economa amazônca utlzou-se os índces de lgação para frente e para trás. Os índces de lgação para frente ndcam até que ponto dado setor tem seus nsumos demandados pela economa, em relação aos demas setores. O índce de lgação para trás, ( U ), é uma medda do grau de dependênca de cada setor produtvo com os setores fornecedores de nsumos. Sabendo-se que b representa os coefcentes da matrz nversa de Leontef I A, este índce pode ser denotado por: [ ] 1 U = n = 1 n b b, = 1 / n / n 2 (6) O índce de lgação para frente ( U ) é uma medda de nterlgação de um setor com os seus compradores, sendo representado por: U = n = 1 n b / n b, = 1 / n 2 (7) Os setores que apresentarem valores superores à undade para esses índces estão, portanto, acma da méda, logo, são consderados setores-chave para o crescmento da economa. Os índces de lgação para trás, com valores guas e/ou superor à undade, ndcam aqueles setores altamente dependente do restante da economa, por quanto, que valores maores que 81

a undade para os índces de lgação para frente, ndcam que a produção de determnado setor é amplamente utlzada pelos demas. Fetas essas defnções e demonstrações algébrcas de como se determna os coefcentes técncos e multplcadores, procedem-se com as análses da MIP, no que dz respeto aos mpactos gerados no setor de agrondústra anmal, para atender demandas untáras exógenas. Segue-se, prmeramente, a Matrz A. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 MATRIZ DE COEFICIENTES TECNOLÓGICOS OU MATRIZ A A Tabela 3 refere-se à Matrz de Coefcentes Técncos e esses ndcam as necessdades dretas de nsumos dos dversos setores que estão a montante, logo, fornecedores de nsumos, conforme: Castro (2004), Gulhoto et al. (2005), Fgueredo M. G. et al. (2005), Santana (1997, 2006); Santana et al. (2006). Sendo assm, a Matrz A demonstra as relações ntra e nter-ndustras. O conceto do coefcente técnco é defndo como sendo o montante de nsumo requerdo de cada ndústra a fm de elaborar um produto, no valor de uma undade monetára. Na Tabela 3, na coluna da atvdade agrondústra anmal a análse é feta do segunte modo: para cada undade monetára despendda do Valor Bruto da Produção (VBP), deste setor, gasta-se no seu própro setor em compras com nsumos 5,16%. Outros setores mas demandados pela agrondústra anmal são a pecuára de grande porte, com 12,89%, a pecuára de pequeno porte, com 9,37% e servços, com 9,80%. Enfm, em termos de nsumos adqurdos na regão, a agrondústra anmal depende mas daqueles nternos, produzdos e adqurdos no Estado, cuo dspêndo é de 39,09%, e menos de nsumos mportados, tanto do resto do Brasl como do resto do mundo (22,55%). Este resultado é esperado, uma vez que a base de matéra-prma no Estado é consderável, pos ostenta o 5º rebanho braslero, um expressvo parque de avcultura e, também, abundânca de pescado orundo do parque (estoque) natural que são capturados, em sua grande maora, através de pesca artesanal. Quanto ao mposto lqudo pago ao governo estadual, para cada undade monetára do VBP deste setor, o recolhmento é de 6,21%. Vsualza-se, também, ser ele um dos maores mpostos recolhdos comparatvamente aos demas 12 setores, fcando no mesmo patamar de madera, agrondústra vegetal, mneral e transformação. Com relação ao valor adconado (renda), de cada undade monetára do VBP, 32,15% são destnados a pagamentos de saláro e lucro, embora não se possa observar a percentagem dstrbuída para cada um desses. Em nível de ocupação, para cada um mlhão de VBP, a agrondústra anmal ocupa 5,7 pessoas. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 82

Tabela 3 - Matrz A ou de Coefcentes Tecnológcos estruturada com 13 setores econômcos do Estado do Pará, 1999. Fonte: dados da pesqusa. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 83

Assm, a Matrz A, denota-se como uma matrz de demanda ntermedára, que se processa através das transações de demanda e oferta entre os setores econômcos de cada regão/estado. 4.2 MATRIZ DE EFEITOS GLOBAIS OU DE IMPACTO DE LEONTIEF A Matrz de Efetos Globas mostra os mpactos nos setores econômcos estaduas quando demandados por uma undade monetára exógena. Para tornar mas fácl a letura e nterpretação da Tabela de Impacto de Leontef (1988), retrou-se somente os setores prncpas e seus respectvos mpactos, ldos na dagonal da referda Tabela. Tabela 4 - Matrz de Leontef, com o multplcador do produto de cada setor e apenas coluna e lnha do setor de agrondústra anmal, 1999. Fonte: dados da pesqusa, baseado no trabalho de Leontef (1988). A análse do multplcador do produto é feta da segunte forma: a cada aumento de uma undade monetára, no caso R$1,00 do setor da agrondústra anmal, é gerado o valor monetáro do multplcador em toda a economa (SANTANA, 1997; 1998; GUILHOTO et al., 2005). Os dados da Tabela 4 mostram que a méda do multplcador do produto para os 13 setores econômcos do Pará fo de 1,07. Acma ou gual a esta méda estão: pecuára de pequeno porte, agrondústra vegetal, agrondústra anmal, mneral, transformação Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 84

e servço. Sgnfca dzer que para atender à demanda untára exógena de R$ 1,00 feta para o conunto dos treze setores da economa paraense, os mesmos tveram que ncrementar, em termos de valor da produção, em méda, 7,27 centavos. O setor de servços fo o que mas ncrementou o seu VBP (19,57 centavos) para atender a demanda fnal de R$1,00. A análse do multplcador do produto mostra que em resposta ao ncremento na demanda exógena de R$1,00 por produto na agrondústra anmal, este deve ncrementar o VBP, para atender esta demanda, 7,64 centavos, pecuára de grande porte 14,55 centavos, pecuára de pequeno porte 10,66 centavos, a agrondústra vegetal 0,70 centavos e servços 15,00 centavos. No caso da lnha e coluna da agrondústra anmal, os setores que estão a montante devem crescer nas respectvas magntudes que constam na 3ª coluna da Tabela 4. Na lnha (4ª coluna da Tabela 4), dz respeto aos efetos dretos e ndretos para frente (clentes) em resposta a mudanças untáras nas demandas por produto e servços da atvdade da agrondústra anmal. 4.3 MULTIPLICADORES DE RENDA E IMPOSTOS LÍQUIDOS Os multplcadores de renda são mportantes ndcadores de poder de compra em uma economa, logo, pode-se avalar a capacdade que cada setor possu em dstrbur renda, em termos de saláro e lucro e recolher mpostos unto aos governos. A Tabela 5 revela este resultado para a MIP de 1999 do Estado do Pará, agregada em 13 setores. Os dados da Tabela 5 mostram a capacdade que cada setor tem, ao responder a demandas exógenas, de gerar rendas (saláros e lucros) e recolher mpostos. O multplcador de renda reporta a renda gerada por cada undade monetára de mpulso no setor dado externamente, tanto dreta como ndretamente. Estes multplcadores correspondem ao valor adconado e/ou valor agregado relatvos aos pagamentos dos fatores de produção (mão-de-obra, máqunas e equpamentos, terra e captal). O Multplcador de mpostos líqudos ndca quanto cada setor recolhe de mpostos a cada undade produzda para atender um R$1,00 de demanda exógena. No geral, a méda dos multplcadores de mpostos (1,9336) foram superores aos da renda (1,3460), revelando uma trbutação onerosa para os setores produtvos. Tomando o setor em análse (agrondústra anmal), tem-se que para atender a uma demanda exógena de uma undade monetára (R$1,00), a massa de saláros e lucros (renda) deve crescer 1,85 vezes o valor orgnal como resultado da reação nterna e das repercussões dos demas setores nterlgados. Os efetos dretos da renda são, obvamente, mas robustos que os ndretos, pos somados vão resultar nos efetos dretos e ndretos, em termos de renda (saláros e lucros) de cada setor. Na agrondústra anmal, os efetos dretos e ndretos da renda para atender a um aumento untáro na demanda fnal, em 1999, fo de 59,45 centavos. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 85

Tabela 5 - Multplcadores de renda e mpostos líqudos e seus respectvos efetos (dretos e ndretos) extraídos da MIP do Estado do Pará, 1999. Fonte: dados da pesqusa. A mesma letura se faz para os mpostos líqudos. Logo, para atender uma demanda exógena de R$1,00, a agrondústra anmal deve ncrementar em termos de recolhmento de mpostos 1,23 do valor orgnal. Em termos de recolhmento dreto correspondeu a 6,21 centavos e ndretos, 1,40 centavos. No total, dreta e ndretamente, o mposto recolhdo pela agrondústra anmal, em 1999, fo de 7,61 centavos para cada undade de demanda agregada dos seus produtos. Para este setor, especfcamente, a massa salaral fo superor ao recolhmento de mpostos. Observa-se que dos treze, poucos setores têm que ncrementar tanto a sua renda (massa salaral e lucro) quanto mpostos líqudos acma da méda. 4.4 MULTIPLICADORES DE EMPREGO Este multplcador é mportante para ndcar a capacdade de gerar empregos ao ser demandado por seus produtos exogenamente. Para sso, é precso ocupar mas trabalhadores (Tabela 6). Em 1999, a méda do multplcador de emprego fo de 1,8371 para os treze setores da economa paraense. Sgnfca dzer que para atender à demanda exógena untára de R$ 1 mlhão, no conunto dos treze setores, foram gerados 1,8371 vezes o número de empregos ncal. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 86

Tabela 6 - Multplcador de empregos, dretos e ndretos de treze setores econômcos da MIP do Estado do Pará, 1999. Fonte: dados da pesqusa. Para a agrondústra anmal, em 1999, atender a cada demanda untára exógena de R$1 mlhão, teve que ocupar 4,84 vezes o número de pessoas, logo, superor à méda estadual. Dos treze setores em análse, este é o que mas gera e/ou replca, em termos de empregos quando demandado, como resultado de austamentos dretos e ndretos para atender a venda de R$1,00 de seu produto. Sendo assm, para atender um aumento de R$1 mlhão na venda de seu produto fnal, a agrondústra anmal teve de ocupar dreta e ndretamente 2,77 pessoas, das quas 0,57 dretamente e 2,20 ndretamente. 4.5 EFEITOS DE ENCADEAMENTOS PARA TRÁS E PARA FRENTE A dentfcação de atvdades-chave é feta com base nos efetos de lgação ntersetoral para frente e para trás. Através desses ndcadores consegue-se dentfcar os setores que apresentam maor poder de encadeamento dentro da economa. Sendo assm, a regra é que cada efeto, tanto para trás como para frente, seam guas ou superor à undade. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. Os resultados da Tabela 7 mostram cnco atvdades-chave, em 1999, que poderam ser consderadas essencas para dnamzar a economa estadual (lavoura temporára, pecuára de pequeno porte, madera, mneral e transformação). Observase que tanto a agrondústra anmal como vegetal possuem maor encadeamento à montante, com fornecedores de 87

matéras-prmas e servços (gual ou superor a um) do que na cadea a usante, logo, que agregam valores ao produto, embora tenham índces muto próxmos de um. Tabela 7 - Efetos de encadeamentos nos 13 setores da economa paraense, conforme a MIP de 1999. Fonte: dados da pesqusa. No Gráfco 1 se vsualza bem estas relações de encadeamentos entre os setores. Os efetos para frente do setor da agrondústra anmal estão próxmos de um, snalzando que deve ser estmulado para dnamzar a cadea produtva e fortalecer os nter-relaconamentos com os demas setores a usante da produção anmal. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 88

Gráfco 1 - Efetos de encadeamentos dos treze setores econômcos no Estado do Pará, 1999. Outro ponto, dz respeto ao coefcente de varação dos efetos tanto para trás como para frente do setor da agrondústra anmal, que são guas à méda (0,27), portanto, baxos, ndcando que o setor negoca (compra e vende) com poucas empresas. Tal stuação faz com que resulte em grande dependênca das empresas que transaconam seus produtos. 5 CONCLUSÕES O obetvo deste trabalho fo avalar a mportânca da agrondústra anmal, com base nos multplcadores de produto, emprego e renda, assm como, averguar se este segmento pode ser consderado como setor-chave na economa paraense. Utlzou-se, como modelo analítco, a MIP, correspondente ao ano de 1999. A agrondústra anmal possu grande mportânca para a economa paraense, uma vez que as relações ntersetoras são fortes à montante, ou sea, para as atvdades fornecedoras de nsumos e servços. Esta Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. atvdade apresentou-se com maor dependênca da compra de nsumos nternos (39,09%) do que externo do resto do Brasl e do mundo (22,55%), além de recolher uma das maores parcelas de mposto (6,21%) para o governo estadual, dentre os demas setores da economa. Este resultado deve-se à abundânca relatva desses nsumos localmente (anmas de grande, médo e pequeno porte). Com relação aos coefcentes de mpactos de Leontef ou multplcador do produto, os da agrondústra anmal fo gual à méda e ao de 89

pecuára de pequeno porte, sto é, 1,07. Ou sea, em 1999, este segmento teve como ncremento, em termos de valor, 7,64 centavos para cada R$1,00 demandados exogenamente. Apenas cnco outros setores apresentaram-se gual ou superor à méda. Em termos de multplcador de emprego, das atvdades em análse, a agrondústra anmal regstrou o maor potencal em geração (4,84), ou sea, para cada um mlhão demandado exogenamente, esta atvdade ocupou cnco ndvíduos. Este resultado é extremamente deseável em qualquer economa, prncpalmente se levar em consderação que a falta de emprego é um problema atual das socedades contemporâneas. Por fm, a agrondústra anmal é uma atvdade-chave na economa paraense, uma vez que seus efetos de lnkages para trás e para frente fo superor à undade ou muto próxmo de um. Isto quer dzer que este setor possu um alto poder de encadeamento com os demas setores e por sso, mpulsona a economa. Nesse sentdo, as polítcas setoras, prncpalmente em nível estadual, devem dreconar ações para o fortalecmento de todas as atvdades que formam a cadea produtva deste setor. Este estudo confrma os resultados á alcançados por autores, como Gulhoto (2005) e Santana (1997; 1998; 2005), que utlzaram as metodologas da MIP e MCS, respectvamente, para ressaltar a necessdade de nvestmentos em nfra-estrutura para fortalecer o agronegóco na Amazôna e no Estado do Pará, prncpalmente aqueles setores que foram dentfcados como chave na economa regonal, com destaque para as agrondústras, resultando assm na agrondustralzação generalzada em termos de localdade onde a produção de matéra-prma ocorre, para aí então se obter maor sustentabldade no desenvolvmento tanto em nível regonal quanto estadual. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 90

REFERÊNCIAS AGROINDÚSTRIA tem ano rum: levantamento do IBGE mostra queda na produção de város segmentos. Dsponível em: <http://correodabaha.com.br/economa/notca.asp?codgo=155824>. Acesso em: 16 nov. 2006. CASTRO, E. R. Efetos dos gastos com a equalzação das taxas de uros de crédto rural na economa braslera. 2004. 81 f. Dssertação (Mestrado em Economa Aplcada) - Unversdade Federal de Vçosa, 2004. FIGUEIREDO, A. M.; LOPES, M. L. B.; FILGUEIRAS, G. C. Extração de madera e agregação ao PIB na Regão Amazônca. Amazôna: Cênca & Desenvolvmento, Belém, v. 1, n.1, p. 83 96, ul./dez. 2005. FIGUEIREDO, M. G. de; BARROS, A. L.M. de.; GUILHOTO, J. J. M. Relação econômca dos setores agrícolas do Estado do Mato Grosso com os demas setores pertencentes tanto ao Estado quanto ao restante do Brasl. Rev. Econ. Socol. Rural, Brasíla, DF, v. 43, n. 3, 2005. GUILHOTO, J. J. M. Análse de nsumo-produto: teora e fundamentos. São Paulo: [s. n.], 2004. 64 p. Mmeografado..; SESSO FILHO, U. A. Análse da estrutura produtva da Amazôna braslera. Amazôna: Cênca & Desenvolvmento, Belém, v. 1, n.1, p. 7 33, ul./dez. 2005. HOMMA, A. K. O. O desenvolvmento da agrondústra no Estado do Pará. Cêncas Exatas e Tecnologa, Belém, v. 3, p. 49 76, an./dez. 2001. Ed. especal. INSITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesqusa de pecuára muncpal: efetvo dos rebanhos por tpo de rebanho do Estado do Pará. Dsponível em: <http://www.sdra.ppm.bge>. Acesso em: 16 nov. 2006. LEONTIEF, W. A economa do nsumo-produto. São Paulo: Abrl Cultural, 1988. (Os Economstas). NUNES, E. P.; CONTINI, E. Agrondústra: versão de 19 de outubro de 2000. Ro de Janero: Assocação Braslera do Agrbusness. Dsponível em: <http://www.portaldoagronegoco.com.br>. Acesso em: 17 mao 2006. PARÁ. Secretara do Estado da Indústra e Comérco. Dados da organzação agrondustral no Estado do Pará. Dsponível em: <http://www.secom.pa.gov.br>. Acesso em: 17 mao 2006. PARRÉ, J. L. Proeto de elaboração da MIP de regão metropoltana de Marngá. Dsponível em: <http:/www.dr.org.br/novdades/admn/arquvos/nov60.php>. Acesso em: 28 abr. 2004. SANTANA, A. C.; AMIN, M. M. Cadeas produtvas e oportundades de negóco na Amazôna. Belém: UNAMA, 2002. 454 p. SANTANA, A. C. Cadeas agrondustras e crescmento econômco na Amazôna: análse de equlíbro geral. In: HOMMA, Kngo Oyama (Ed.). Amazôna: meo ambente e desenvolvmento agrícola. Brasíla, DF: EMBRAPA, SPI; Belém: EMBRAPA; CPATU, 1998. p. 221-264. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 91

SANTANA, A. C.; COSTA, F. A.; FILGUEIRAS, G. C.; ALMEIDA JR., W. L. Cartlha sobre matrz de nsumoproduto: estruturação e análse dos resultados da matrz de nsumo-produto dos Estados da Regão Norte (1999). Belém: ADA, 2006. 28 p. SANTANA, A. C. Dnâmca espacal da produção rural no Estado do Pará: referêncas para o desenvolvmento sustentável. Belém: UFRA, 2006. 49 p. (Sére Acadêmca, 2). SANTANA, A. C. et al. Reestruturação produtva e desenvolvmento na Amazôna: condconantes e perspectvas. Belém: BASA; FCAP, 1997. SANTANA, A. C. Modelos ntersetoras de planeamento econômco. Belém: BASA; FCAP, 1997. 66 p. SANTOS, M. A. S. Estrutura e crescmento da agrondústra de carne bovna no Estado do Pará. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 2004, Floranópols. Anas... São Paulo: ABEPRO, 2004. 1 CD- ROM. TOSTA, M. C. R. et al. Importânca e encadeamentos dos setores de produção e abate e processamento da cadea sunícola em Mnas Geras. Rev. Econ. Socol. Rural, Brasíla, DF, v, 43, n. 2, 2005. TOSTA, M. C. R.; LÍRIO, V. S.; SILVEIRA, S. F. R. Matrz de nsumo-produto: construção, uso e aplcações. In: SANTOS, Maurnho Luz dos; VIEIRA, Wlson da Luz (Ed.). Métodos quanttatvos em Economa.Vçosa: UFV, 2004. p. 243 263. Amazôna: C. & Desenv., Belém, v. 2, n. 3, ul./dez. 2006. 92