INFORMAÇÃO N.º 244 Período de 23 a 29 de outubro de 2015 PRINCIPAL LEGISLAÇÃO DO PERÍODO DECLARAÇÃO MODELO 10 DO IRS E DO IRC Portaria n.º 383/2015 de 26 de Outubro de 2015 RESUMO: Aprova a declaração Modelo 10 do IRS e do IRC e respetivas instruções de preenchimento. JURISPRUDÊNCIA E DOUTRINA A FISCAL IRS MAIS-VALIAS ALIENAÇÃO DE AÇÕES Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares ( IRS ) Supremo Tribunal Administrativo Acórdão de 26 de outubro de 2015 RESUMO: As mais-valias decorrentes de actos de alienação de acções detidas há mais de 12 meses que tenham ocorrido antes da entrada em vigor da Lei n.º 15/2010, de 26 de Julho, particularmente no período compreendido entre 1 de Janeiro e 26 de Julho de 2010, continuam a seguir o regime legal de não sujeição a tributação previsto no n. 2, alínea a), do artigo 10.º do Código do Imposto sobre Rendimento das Pessoas Singulares, e, como tal, não concorrem para a formação do saldo anual tributável de mais-valias a que se refere o artigo 43.º do CIRS.
SIGILO BANCÁRIO Lei Geral Tributária (LGT ) Supremo Tribunal Administrativo Acórdão de 14 de outubro de 2015 RESUMO: Como resulta da conjugação dos artigos 63.º-B, n.º 1, alínea c) e 87.º, n.º 1, alínea f), da LGT, uma das situações em que o legislador entendeu permitir à Autoridade Tributária o acesso à informação bancária, independentemente do consentimento do interessado, é aquela em que se verifiquem indícios de que existem acréscimos patrimoniais de valor superior a 100.000,00 em simultâneo com a falta de declaração de rendimentos ou com a existência, no mesmo período de tributação, de uma divergência não justificada com os rendimentos declarados. É de considerar que se verificam esses indícios se, de um ano para o outro, o sujeito passivo conseguiu um aumento superior a 60.000,00 nos juros remuneratórios das suas aplicações financeiras, o que pressupõe um aumento do capital investido superior a 100.000,00, não justificado pelos rendimentos declarados nesse ano. PRÉDIO URBANO AVALIAÇÃO Código do Imposto Municipal sobre Imóveis ( CIMI ) Supremo Tribunal Administrativo Acórdão de 14 de outubro de 2015 RESUMO: O coeficiente de vetustez reflecte a desvalorização do valor dos imóveis em função da sua deterioração pelo tempo. Nos termos do art.º 44º do CIMI o coeficiente de vetustez é função do número inteiro de anos decorridos desde a data da emissão da licença de utilização, quando exista, ou da data da conclusão das obras de edificação, de acordo com a tabela ali prevista. CADUCIDADE DO DIREITO DE AÇÃO LIQUIDAÇÃO ANULAÇÃO PARCIAL Lei Geral Tributária ( LGT ) e Código de Procedimento e de Processo Tributário ( CPPT ) Supremo Tribunal Administrativo Acórdão de 14 de outubro de 2015 RESUMO: Se a Autoridade Tributária ( AT ) emitir uma nova demonstração de liquidação na qual, por referência à primeira, se limita a corrigir o cálculo do imposto por não ter levado em conta que o contribuinte tinha efectuado a opção pelo não englobamento dos rendimentos (deixando totalmente intocada a matéria tributável), não está a praticar um ato novo de liquidação tributária, mas apenas a dar expressão quantitativa à correcção do ato praticado. Assim, não é a anulação parcial do acto e a consequente nova demonstração da liquidação (que, à excepção da correcção daquele erro, em benefício do contribuinte, não tem conteúdo inovatório) que reabre a possibilidade de impugnar aquele ato tributário com fundamento no erro na determinação da matéria tributável. Às conclusões assim formuladas não obsta o facto de a nova demonstração da liquidação ter sido efetuada na sequência do deferimento de um pedido de revisão, sendo que esta decisão só é susceptível de impugnação judicial na medida em que fosse ela mesma lesiva, designadamente se não tivesse atendido, no todo ou parte, o pedido de revisão.
B CIVIL INSOLVÊNCIA CULPOSA INIBIÇÃO DO INSOLVENTE Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas ( CIRE ) Tribunal da Relação do Porto Acórdão de 8 de outubro de 2015 RESUMO: A insolvência deve ser qualificada como culposa quando o insolvente, numa altura em que a sua empresa já se encontrava em situação de insolvência, não se apresenta à insolvência e transmite para uma sociedade acabada de constituir pela mulher e pelo filho a totalidade dos bens da sua empresa, sem a sociedade pagar qualquer contrapartida financeira pela aquisição bens e assumindo apenas a obrigação contratual de pagar dívidas da empresa do insolvente. A qualificação da insolvência estende-se à mulher do insolvente, também insolvente, por esta ter intervindo na referida transmissão dos bens, ainda que formalmente apenas consentindo na venda, quando esses bens eram afinal bens comuns que respondiam pelas dívidas de ambos os membros do casal. A inibição do exercício do comércio não é uma sanção para os insolventes mas uma medida de prevenção de comportamentos similares aos dos insolventes, aplicando-se a estes mesmo que não se demonstre que à data dos factos eles exerciam o comércio. INSOLVÊNCIA ADMINISTRADOR DA INSOLVÊNCIA PODERES DE REPRESENTAÇÃO DA SOCIEDADE INSOLVENTE Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas ( CIRE ) Tribunal da Relação de Coimbra Acórdão de 14 de outubro de 2015 RESUMO: Nos termos do disposto no artigo 81.º, n.º 4, do CIRE, a representação do administrador da insolvência circunscreve-se aos efeitos de carácter patrimonial que interessem à insolvência. Nas demais vertentes, designadamente as que contendem com a responsabilidade criminal da sociedade (em liquidação, mas não extinta), a representação da sociedade continuará a pertencer aos seus gerentes (n.º 2 do art.º 82º do CIRE). DECLARAÇÃO DE INSOLVÊNCIA DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE UMA SOCIEDADE Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas ( CIRE ) Tribunal da Relação do Porto Acórdão de 15 de outubro de 2015 RESUMO: Não pode ser pedida a declaração de insolvência de uma sociedade cuja liquidação já tenha sido encerrada e que, portanto, já se encontre extinta. Questão diversa é aquela que se coloca nos casos em que, tendo-se iniciado o processo de insolvência, quando a sociedade ainda não se encontrava dissolvida ou mesmo quando já havia sido dissolvida e se encontrava em liquidação, vem a encerrar-se a liquidação no decurso do processo em fase anterior à declaração da insolvência. Baseando-se a dissolução/liquidação de uma sociedade comercial em factos errados, no caso a falta de activo e de passivo, deve considerar-se que não têm efeito quer o encerramento da mesma dissolução/liquidação quer os atos de registo a este subsequentes, devendo sim prosseguir os seus ulteriores termos o processo onde posteriormente foi decretada a sua insolvência.
EXTINÇÃO DE SOCIEDADE DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO REMISSÃO ABDICATIVA Código das Sociedades Comerciais ( CSC ) e Regime jurídico dos procedimentos administrativos de dissolução e de liquidação de entidades comerciais Tribunal da Relação do Porto Acórdão de 19 de outubro de 2015 RESUMO: A dissolução e liquidação da sociedade operada ao abrigo do regime jurídico dos procedimentos administrativos de dissolução e de liquidação de entidades comerciais contempla um procedimento especial de extinção imediata da sociedade. As declarações de inexistência de ativo e passivo a liquidar da sociedade, produzidas e da responsabilidade do seu único sócio, tem óbvias implicações no destino da demanda, cujo objecto consubstancia a reclamação em Juízo de um crédito por parte da sociedade, entretanto declarada extinta. A remissão abdicativa constitui uma das causas de extinção das obrigações, traduzindo-se na renúncia do credor ao direito de exigir a prestação que lhe é devida, feita com a aquiescência da contraparte, caracterizando-se como uma verdadeira renúncia do credor ao poder de exigir a prestação que lhe é devida pelo devedor. Não sendo a remissão um negócio solene, nada impede que a declaração de aceitação seja tácita. A declaração do único sócio da sociedade declarada extinta, qual seja, a inexistência de activo e passivo a liquidar da sociedade, afigura-se ser o de renunciar a todos os créditos que pudessem emergir da sua atividade societária. A remissão abdicativa faz extinguir a obrigação reclamada nos autos, constituindo causa de extinção da obrigação, pressupondo que a obrigação não chegou sequer a ser cumprida, porquanto a sua situação decorre da mera renúncia do credor. CONTRATO-PROMESSA DE COMPRA E VENDA INCUMPRIMENTO RESOLUÇÃO DISCREPÂNCIA DE ÁREAS SINAL Código Civil ( CC ) Tribunal da Relação do Porto Acórdão de 19 de outubro de 2015 RESUMO: Só por si, ou seja, sem algo mais ter sido alegado, a discrepância de área de um imóvel, discrepância entre a área prometida vender e a área real, não conduz à resolução do contrato, por incumprimento do promitente vendedor. Existindo sinal, a possibilidade de execução específica encontra-se imediatamente afastada. C LABORAL ACIDENTE DE TRABALHO DESCARACTERIZAÇÃO DE ACIDENTE CULPA DO TRABALHADOR Código do Trabalho ( CT ) Tribunal da Relação de Guimarães Acórdão de 24 de setembro de 2015 RESUMO: Quem beneficia da atividade do trabalhador deve assumir os riscos inerentes a essa mesma atividade, considerando que ela é prestada por homens e não por máquinas, sujeitos a imprecauções e erros. Os riscos normais, ainda que imprevisíveis, devem ser suportados pelo empregador, aí se devendo incluir designadamente os decorrentes de alguma imprudência ou distração por parte do trabalhador.
NOTÍCIAS DE INTERESSE GERAL Recordamos que termina no presente mês o prazo para o cumprimento das obrigações declarativas e de pagamento de imposto referidas nas Noticias da Semana n.º 240. Na eventualidade de necessitar de qualquer esclarecimento adicional a respeito das matérias abordadas na presente informação, ou de outras com elas relacionadas, queira por favor endereçar a sua questão para os seguintes contactos: MARLA BRÁS Advogada Tel.:(+351) 21 195 22 39 marlabras@ajsa.pt O presente documento tem fins exclusivamente informativos. O seu conteúdo não constitui aconselhamento jurídico nem implica a existência e uma relação entre advogado e cliente. A reprodução total ou parcial do respetivo conteúdo depende de autorização expressa da AJ&A.