Painel: Que fazer em relação à política industrial?

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Transcrição:

Departamento de Competitividade e Tecnologia 11º Fórum de Economia Fundação Getúlio Vargas O AJUSTAMENTO MACROECONÔMICO QUE SE FAZ NECESSÁRIO Painel: Que fazer em relação à política industrial? 16 de Setembro 2014 José Ricardo Roriz Coelho Vice-Presidente da FIESP Diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia - 1

Introdução O ambiente competitivo no Brasil não é favorável à produção industrial, em boa medida devido à política macroeconômica. Isso pode ser sintetizado no Custo Brasil e sobrevalorização do real, que oneraram o custo de produção da indústria de transformação (IT) brasileira em 34,4% na média entre 2008 e 2013, quando comparado a dos principais países fornecedores. O fator determinante do insucesso das Políticas Industriais recentes (não houve elevação da participação da indústria de transformação no PIB) não foram seus próprios instrumentos, mas o ambiente competitivo como um todo. Vale frisar que o desempenho recente da indústria poderia ser ainda pior caso não existissem as políticas industriais. Dessa forma, os resultados dos instrumentos de Política Industrial não podem ser avaliados individualmente ou desvinculados do contexto do ambiente competitivo. 2

1 2 3 4 Como foi o desempenho da indústria de transformação brasileira na última década? Por que esse período foi ruim? É consequência do Custo Brasil e da sobrevalorização cambial? Qual o esforço da política industrial vs. Custo Brasil e sobrevalorização cambial? Quais devem ser as diretrizes da Política Industrial no Brasil? 3

1 2 3 4 Como foi o desempenho da indústria de transformação brasileira na última década? Por que esse período foi ruim? É consequência do Custo Brasil e da sobrevalorização cambial? Qual o esforço da política industrial vs. Custo Brasil e sobrevalorização cambial? Quais devem ser as diretrizes da Política Industrial no Brasil? 4

O déficit comercial da indústria de transformação brasileira atingiu o valor recorde de US$ 54,5 bilhões em 2013. Este déficit é concentrado em produtos de maior intensidade tecnológica: Saldo comercial de bens da indústria de transformação brasileira por intensidade tecnológica, 2003-2013 (em bilhões US$) 60,0 40,0 26,6 38,5 US$ bilhões 20,0 0,0-20,0-40,0-60,0-80,0-100,0-120,0 18,0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013-8,6 As importações crescem num ritmo muito mais acelerado que as exportações -54,5-92,9 Ind. de Transformação Ind. de Alta e Média-Alta Tecnologia Ind. Média-Baixa e Baixa Tecnologia Fonte: MDIC. Elaboração: /FIESP. 5

A produção industrial doméstica ficou estagnada em um período de forte expansão do mercado interno... Boca do Jacaré : entre jan/2003 e jun/2014 a produção física da IT cresceu apenas 21,4%, enquanto o volume do comércio varejista ampliado cresceu 110,9%. Sinais de piora: no 1S14, há retração tanto nas vendas no varejo (-0,8%) quanto na produção da IT (-1,3%). jan03=100 250 230 210 190 170 150 130 110 90 70 Produção Física da Ind. de Transformação e Volume de Vendas do Comércio Varejista jan/03 a jun/14 210,9 121,4 50 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 jan/13 jan/14 Indústrias de Transformação Fonte: IBGE. Elaboração FIESP/ Comércio Varejista Ampliado Participação dos importados no crescimento do consumo de bens industriais: 2008 e 2010 = 40% 2011 = 100% 2013 = 89,3% Fonte: Banco Central do Brasil (Relatório de inflação: junho/2012) e Derex/FIESP (Coeficientes de Exportação e Importação, fev de 2014). 6

... pois as importações têm suprido parcela crescente do consumo aparente de bens industriais. Nos últimos 10 anos, o coeficiente de penetração das importações (CPI) mais que dobrou. O CPI tem se elevado rapidamente em vários setores, e em alguns setores de maior intensidade tecnológica ele ultrapassou o nível de 50% em 2013. Coeficiente de penetração das importações na ind. de transformação brasileira, 2003-2013 (%) Coeficiente de penetração das importações setores industriais selecionados, 2003-2013 (%) Fonte: DEREX-FIESP. 7

E o retorno dos investimentos na indústria foi muito baixo: De 2008 a 2012, o retorno acumulado da atividade industrial foi de 47%, taxa inferior aos rendimentos do mercado financeiro. Por exemplo, de 62% na Renda Fixa. Ou seja: R$ 1 bilhão investido na indústria rendeu R$ 469 milhões líquidos. Na Renda Fixa renderia R$ 624,3 milhões, um ganho adicional sem risco de R$ 155 milhões. Ainda, a rentabilidade da indústria ficou abaixo da inflação em 3 dos 5 anos da série. 8

Baixas expectativas, reduzidos retornos e compressão da margem de lucro têm levado à redução dos investimentos. Investimentos* da Indústria de Transformação sobre a receita líquida de vendas (RLV) Brasil 2008-2012 6,36% 6,50% 6,31% 63,5% do investimento industrial é realizado com recursos próprios (Pesquisa FIESP de Intenção de Investimento/2014) 6,19% 5,97% 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: Pesquisa Industrial Anual (IBGE). Elaboração /FIESP * Investimentos líquidos provenientes da soma entre as aquisições e melhorias, deduzindo-se as baixas. 9

Desta forma, esse conjunto de fatores mencionados levou à queda da participação da indústria no PIB. Em 2013, a indústria de transformação situou-se a apenas 13,1% do PIB, um dos menores patamares dos últimos 66 anos, atrás dos 13,0% em 2012. Brasil - Indústria de Transformação (% no PIB) PBM Ago/11 PITCE Mar/04 PDP Mai/08 O agravamento da desindustrialização nesse período de retorno das políticas industriais foi sobretudo porque elas foram neutralizadas pela política macroeconômica Fonte: IBGE. Elaboração: FIESP/ e FIESP/DEPECON. 10

Nos últimos 10 anos, a IT perdeu 6,1 p.p. de participação no PIB, recuando de 19,2% em 2004 para 13,1% em 2013. 20,0 19,0 18,0 17,0 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 11,0 PITCE Mar/04 19,2 18,1 Fonte: IBGE. Elaboração: FIESP/. Brasil - Indústria de Transformação (% no PIB) 17,4 17,0 PDP Mai/08 16,6 16,6 16,2 No 1S/2014, a participação da IT no PIB caiu para 12,0%, ante 13,2% no 1S/2013. 14,6 PBM Ago/11 13,0 13,1 10,0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 11

1 2 3 4 Como foi o desempenho da indústria de transformação brasileira na última década? Por que esse período foi ruim? É consequência do Custo Brasil e da sobrevalorização cambial? Qual o esforço da política industrial vs. Custo Brasil e sobrevalorização cambial? Quais devem ser as diretrizes da Política Industrial no Brasil? 12

Boa parte das dificuldades que a indústria vem enfrentando tem como origem o elevado custo de produção (Custo Brasil) e a sobrevalorização prolongada do real: Os componentes do diferencial de preços entre o produto industrializado nacional e o importado dos principais Parceiros comerciais indicam que o Custo Brasil e a Valorização Cambial reduzem a competitividade da indústria de transformação nacional. Componentes do Custo Brasil com os principais Parceiros Comerciais Diferencial de Preços (Em %) 1 Custo Brasil 23,4 1.1 Tributação: Carga e Burocracia 13,8 1.2 Juros sobre Capital de Giro 4,1 1.3 Energia e matérias primas 3,0 1.4 Infraestrutura Logística 1,5 1.5 Custos extras de serviços a funcionários 0,7 1.6 Serviços non tradables 0,3 2 Valorização Cambial 16,0 3 Outros componentes* -5,7 Total 33,7 Fonte: /FIESP. * Compreende os Custos de Importação (Imposto de Importação, fretes e seguros), e a diferença entre a tributação indireta (ICMS, IPI e PIS/COFINS) proveniente da aplicação de fórmulas distintas de apuração entre o produto industrializado no país e o importado e de suas diferentes bases de cálculo. 13

Boa parte das dificuldades que a indústria vem enfrentando tem como origem o elevado custo de produção (Custo Brasil) e a sobrevalorização prolongada do real: Os componentes do diferencial de preços entre o produto industrializado nacional e o importado dos principais Parceiros comerciais indicam que o Custo Brasil e a Valorização Cambial reduzem a competitividade da indústria de transformação nacional. Componentes do Custo Brasil com os Diferencial de Preços principais Parceiros Comerciais (Em %) Em 2012, a ind. de transformação 1 Custo Brasil 23,4 contribuiu com 30,4% para a 1.1 Tributação: Carga e Burocracia 13,8 carga tributária do Brasil, embora 1.2 Juros representasse sobre Capital de Giro 4,1 1.3 Energia apenas e 13,0% matérias do PIB. primas 3,0 1.4 Infraestrutura Logística 1,5 1.5 Custos extras de serviços a funcionários 0,7 1.6 Serviços non tradables 0,3 2 Valorização Cambial 16,0 3 Outros componentes* -5,7 Total 33,7 Fonte: /FIESP. * Compreende os Custos de Importação (Imposto de Importação, fretes e seguros), e a diferença entre a tributação indireta (ICMS, IPI e PIS/COFINS) proveniente da aplicação de fórmulas distintas de apuração entre o produto industrializado no país e o importado e de suas diferentes bases de cálculo. 14

Boa parte das dificuldades que a indústria vem enfrentando tem como origem o elevado custo de produção (Custo Brasil) e a sobrevalorização prolongada do real: Os componentes do diferencial de preços entre o produto industrializado nacional e o importado dos principais Parceiros comerciais indicam que o Custo Brasil e a Valorização Cambial reduzem a competitividade da indústria de transformação nacional. Componentes do Custo Brasil com os principais Parceiros Comerciais Diferencial de Preços (Em %) 1 Custo Brasil 23,4 Em julho de 2014, o spread bancário 1.1 Tributação: Carga e Burocracia 13,8 brasileiro (21,38 p.p.) foi 9,9 vezes maior 1.2 Juros do que sobre nos países Capital nos de quais Giro a 4,1 1.3 comparação Energia e é matérias possível (o primas spread 3,0 médio 1.4 Infraestrutura da Itália, Japão, Logística Chile, Noruega 1,5 1.5 Custos e Malásia extras foi de 2,14). serviços a funcionários 0,7 1.6 Serviços non tradables 0,3 2 Valorização Cambial 16,0 3 Outros componentes* -5,7 Total 33,7 Fonte: /FIESP. * Compreende os Custos de Importação (Imposto de Importação, fretes e seguros), e a diferença entre a tributação indireta (ICMS, IPI e PIS/COFINS) proveniente da aplicação de fórmulas distintas de apuração entre o produto industrializado no país e o importado e de suas diferentes bases de cálculo. 15

Boa parte das dificuldades que a indústria vem enfrentando tem como origem o elevado custo de produção (Custo Brasil) e a sobrevalorização prolongada do real: Os componentes do diferencial de preços entre o produto industrializado nacional e o importado dos principais Parceiros comerciais indicam que o Custo Brasil e a Valorização Cambial reduzem a competitividade da indústria de transformação nacional. Componentes do Custo Brasil com os principais Parceiros Comerciais Diferencial de Preços (Em %) 1 Custo Brasil 23,4 1.1 Tributação: Carga e Burocracia 13,8 1.2 Juros sobre Capital de Giro 4,1 1.3 Energia e matérias primas 3,0 1.4 Infraestrutura Logística 1,5 1.5 Custos extras de serviços a funcionários 0,7 No índice Big Mac, o real estava 1.6 Serviços non tradables 0,3 22,1% sobrevalorizado em 2 Valorização jun/2014. Portanto, Cambial neste mês, a 16,0 3 Outros taxa de componentes* câmbio deveria ser R$ -5,7 Total 2,71/US$ ao invés de R$ 2,21/US$. 33,7 Fonte: /FIESP. * Compreende os Custos de Importação (Imposto de Importação, fretes e seguros), e a diferença entre a tributação indireta (ICMS, IPI e PIS/COFINS) proveniente da aplicação de fórmulas distintas de apuração entre o produto industrializado no país e o importado e de suas diferentes bases de cálculo. 16

Em média, entre 2008 e 2013, o Custo Brasil e a sobrevalorização do real oneraram a produção da ind. de transformação brasileira em 34,4%, quando comparada a dos 15 principais países fornecedores* O diferencial de preços quantificado variou ao longo do período principalmente devido ao nível de sobrevalorização do real, mas foi sempre foi muito alto, expressando a elevada desvantagem de se produzir no Brasil. Diferencial de preços internos de produtos nacionais ante importados (resultado consolidado do Custo Brasil e sobrevalorização do real, em %) 50% 45% 40% Média: 34,4% 47,3% Parte da diminuição de 2013/12 é atribuída à desoneração da folha de pagamentos, redução da SELIC e do spread (liderado por bancos públicos) 35% 30% 36,4% 34,2% 33,7% 25% 28,6% 26,3% 20% 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Fonte: FIESP/. * Alemanha; Argentina; Canadá; Chile; China; Coreia do Sul; Espanha; EUA; França; Índia; Itália; Japão; México; Reino Unido e Suíça. 17

Somente no que se refere à taxa de câmbio, sua sobrevalorização prolongada pode explicar boa parte da queda da participação da indústria de transformação no PIB: Desalinhamento do Real em Relação do Dólar 22 60 PARTICIPAÇÃO DA IT NO PIB (%) 20 18 16 14 12 40 20 0-20 -40 DESELINHAMENTO CÂMBIAL (%) 10-60 Participação da Indústria de Transformação no PIB Desalinhamento Cambial (Big Mac Index) Fonte: IBGE, The Economist (BIG Mac Index). Elaboração: FIESP/. 18

1 2 3 4 Como foi o desempenho da indústria de transformação brasileira na última década? Por que esse período foi ruim? É consequência do Custo Brasil e da sobrevalorização cambial? Qual o esforço da política industrial vs. Custo Brasil e sobrevalorização cambial? Quais devem ser as diretrizes da Política Industrial no Brasil? 19

A renúncia fiscal foi muito significativa? IT = 13% do PIB % da IT no total da carga tributária = 30,4% IT paga em tributos o equivalente a 10,8% do PIB (Carga tributária da economia = 35,5% do PIB) Principais Medidas do PBM R$ 8,6 bilhões ~ da Economia = 0,55% da Carga Tributária = Reintegra: R$ 3,13 bi Subsídios do Tesouro ao BNDES e PSI: R$ 3,73 bi Desoneração da folha de pagamentos: R$ 1,79 bi 0,20% do PIB

A Política de Conteúdo Local (CL) é muito restritiva? Na maioria dos programas que possuem CL no Brasil, o índice de CL exigido é de cerca de 60% do preço de venda do bem. No entanto, contam para o cálculo do conteúdo local algumas variáveis, via de regra, nacionais já de partida: Alguns tributos; Margens de lucro e de transporte; Salários e ordenados; e Insumos não-comercializáveis (por ex. água e energia elétrica, serviços de limpeza, contabilidade, jurídicos, etc.). Isso significa que: considerando a estrutura produtiva da IT brasileira, apenas 16% do valor total da produção precisa ser de produtos nacionais. 21

Estrutura produtiva da IT brasileira e a métrica de aferição do CL: IBGE CONTAS NACIONAIS A preços básicos (sem impostos) EXEMPLIFICAÇÃO O valor do insumo importado pode representar até 71,4% do valor total dos insumos comercializáveis. = Nacional 60,1% Conteúdo Nacional NÃO Comercializável: valor adicionado (salários, lucros e alguns tributos), água e energia elétrica, serviços de limpeza, contabilidade, jurídicos, entre outros. Fonte: Matriz de Insumo-Produto/IBGE. Elaboração: /FIESP. 22

O elevado Custo Brasil e a sobrevalorização cambial diminuem a eficácia do Conteúdo Local brasileiro Atualmente, há relatos não mensurados de que alguns fornecedores estão tendo dificuldades para cumprir o índice de CL, dentre outros fatores, porque está muito caro produzir no Brasil (elevado Custo Brasil) e a taxa de câmbio sobrevalorizada torna mais barato o produto estrangeiro. Portanto, é difícil produzir no Brasil com preço competitivo. Além disso, ainda é cedo para medir resultados do CL. O CL precisa de tempo, planejamento e previsibilidade de demanda para criar expectativas de investimento e desenvolvimento de fornecedores. O governo poderia criar incentivos adicionais escalonados (por ex., tributários, financeiros e de subvenção) e exigir contrapartidas de exportação, para as empresas que superassem o CL peça sobre peça. Os incentivos deveriam aumentar a medida que se cumprissem metas de exportação e de CL. Estas metas deveriam refletir a realidade da indústria doméstica em termos de fornecimento do momento. 23

A aplicação da margem de preferência para o produto nacional em compras públicas fere as leis internacionais de comércio? Estados Unidos ( Buy American Act, 1933 e American Recovery and Reinvestment Act, 2009): onde a margem de preferência para o produto nacional chega a 50% no caso das compras feitas pelo Departamento de Defesa, ou ainda da exigência de que determinados produtos das suas Forças Armadas, sejam 100% produzidos no país; México (Ley de Adquisiciones, Arrendamientos y Servicios del Sector Público, de 04 de janeiro de 2000); Argentina (Lei nº 25.551, de 01 de novembro de 2001); China (Lei nº 68, de 29 de junho de 2002); Colômbia (Lei nº 816, 2003). Aplicação do limite de 25% (incluindo adicional de inovação) é muito recente: regulamentada em 02/08/2011, mas efetivada a partir de 2012; Mas, no Brasil Curtíssimo período de vigência: via de regra até 2015, e até 2017 para produtos médicos e fármacos/biofármacos. Em 2013, dos R$ 26,8 bi de materiais adquiridos pelo governo, cerca 10% foi de produto passível de aplicação de margem de preferência. 24

Em 2012, o Custo Brasil foi 52,3 vezes maior que os principais benefícios do PBM incidente na ind. de transformação: Custo Brasil x Plano Brasil Maior em 2012 (R$ bilhões) 52,3 vezes 452,14 8,65 25

Além disso, o argumento de que a retirada da Política Industrial é necessária devido ao seu custo fiscal, é, no mínimo, incoerente: Já o custo de cada ponto percentual da Selic no pagamento de juros da dívida pública federal foi de R$ 25 bilhões. Ou seja, 189% maior que o das medidas do PBM dirigidas à indústria de transformação*. Comparação entre custo fiscal direto de medidas do PBM e custo dos juros da dívida pública (2012, R$ bilhões) + 189% * Reintegra: R$ 3,13 bilhões, subsídios do Tesouro ao BNDES e PSI: R$ 3,73 bilhões, e desoneração da folha de pagamentos: R$ 1,79 bilhões. Fonte: MDIC, RFB, Min. Fazenda, Banco Central. Elaboração: FIESP/. 26

1 2 3 4 Como foi o desempenho da indústria de transformação brasileira na última década? Por que esse período foi ruim? É consequência do Custo Brasil e da sobrevalorização cambial? Qual o esforço da política industrial vs. Custo Brasil e sobrevalorização cambial? Quais devem ser as diretrizes da Política Industrial no Brasil? 27

Diretrizes para uma Política Industrial efetiva: A Política Industrial precisa: Ser permanente, ou seja, deve ser uma política de Estado e não de governo. Ser aprofundada, contendo instrumentos mais arrojados. De um sistema de governança eficaz, com ferramentas de controle, acompanhamento e revisão dos instrumentos. Melhoria significativa na segurança jurídica dos instrumentos. Para que seja uma Política efetiva, não é suficiente a Política Industrial conter metas ambiciosas. As metas não devem ser restritas aos instrumentos da Política Industrial, que são, predominantemente, variáveis meio. A principal meta (meta fim ) deve ser aumentar a participação da indústria de transformação no PIB. Esta variável é afetada pela Política Macroeconômica. Portanto, a Política Macroeconômica deve ser consistente com a meta de aumentar a participação da indústria de transformação no PIB. 28

Departamento de Competitividade e Tecnologia (11) 3549-4513 cdecomtec@fiesp.org.br 29