Fruticultura 93
94 Balanço 2016 Perspectivas 2017
Perspectivas 2017 ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO E PÓS-COLHEITA SERÃO OS DESTAQUES DA FRUTICULTURA Mesmo com as adversidades climáticas que atingiram alguns importantes polos de produção em 2016, a fruticultura continuará sendo um dos setores de maior destaque do agronegócio brasileiro em 2017. Com uma grande variedade de culturas produzidas em todo o país, sob diferentes climas (tropical, subtropical e temperado), a fruticultura deverá continuar gerando oportunidades para os pequenos negócios. É animadora a previsão para a produção de laranjas destinada à indústria e ao consumo in natura para a próxima safra. Dados divulgados pela CitusBr indicam bons volumes de chuva para as principais regiões produtoras de São Paulo, beneficiando o pegamento dos chumbinhos que darão origem à safra 2017/2018. No segundo semestre de 2016, houve queda de pequenos frutos das árvores, mas, na maioria das regiões, não foi de grande intensidade. Nesse cenário, as lavouras tem apresentado bom desenvolvimento em praticamente todas as regiões citrícolas do estado de São Paulo, gerando boas expectativas com relação à próxima temporada. A adoção de novas tecnologias de produção e pós-colheita deve aumentar a eficiência dos sistemas produtivos de frutas no país, contribuindo para a redução dos custos de produção das atividades desse segmento. De acordo com dados da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o uso de novas tecnologias no controle de moscas-das-frutas e no tratamento pós-colheita de uvas e mangas, no Vale do São Francisco, tem proporcionado aumento médio de produtividade, em torno de 3% ao ano, e também melhorado a qualidade das frutas. A produção estimada de frutas para 2017 é de aproximadamente 44 milhões de toneladas (IBGE, 2016). Esse volume mantém o Brasil como terceiro maior produtor de frutas do mundo, atrás apenas da China e da Índia, respectivamente. Os números do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) mostram que frutas como a banana e o mamão terão crescimento de 10% na produção, até 2025. O consumo de frutas deve seguir com tendência de alta no próximo ano, em particular devido ao crescente interesse do consumidor brasileiro por uma alimentação mais saudável, além da conscientização de que o consumo de frutas está diretamente relacionado ao combate da obesidade. Pesquisa encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indica que 53% da população brasileira têm sobrepeso ou algum grau de obesidade. 95
Gráfico 2. Níveis do índice de massa corporal (IMC) do brasileiro IMC do Brasileiro (%) 11% 2% 3% 3% 47% 34% Obsesidade grau 3 Sobrepeso Obsesidade grau 1 Magrasa Saudável Obsesidade grau 2 Fonte: Pesquisa CNA 2012/Elaboração CNA. Projeções da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) indicam que o consumo per capita de frutas, brasileiro e mundial, deve continuar crescendo a taxas superiores aos da economia mundial e doméstica. Além disso, a melhoria da situação econômica do país e o aumento do poder de compra do brasileiro vão contribuir para o aquecimento do consumo interno no decorrer de 2017. Com o objetivo de atender a essa nova realidade do mercado, o fruticultor brasileiro deverá priorizar a qualidade do produto, buscando investir em boas práticas agrícolas, na melhoria de tratamentos pós-colheita, no armazenamento frio e na modernização do transporte e logística. Os fruticultores que não se adequarem a essa nova realidade perderão competitividade e serão automaticamente excluídos da atividade. A qualidade e a diversidade das frutas produzidas dão ao país enorme vantagem competitiva frente aos seus principais concorrentes. A capacidade do Brasil nas vendas externas de frutas frescas e processadas, somada às iniciativas do governo e do setor privado na divulgação da qualidade das nossas frutas e ampliação dos mercados, permitirá aumento significativo no volume exportado em 2017. 96
Balanço 2016 PROBLEMAS CLIMÁTICOS DEVEM REDUZIR EM 1% A PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FRUTAS A fruticultura é uma atividade de extrema importância para geração de renda e o desenvolvimento agrícola do Brasil. O segmento gera, aproximadamente, 5,6 milhões de empregos, em plantações que cobrem mais de 2 milhões de hectares distribuídos por vários polos de produção no país. Em 2016, o setor sofreu com problemas climáticos que provocaram queda da produção em diversas regiões. Em Santa Catarina, por exemplo, a produção de maçã registrou queda em torno de 40%. Dois anos consecutivos de invernos fracos prejudicaram a dormência das macieiras, sendo que uma geada tardia queimou as flores das árvores. No Espírito Santo, o mamão sofreu com a seca que, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), provocou perdas de até 70% na produção, no primeiro semestre do ano. Já na região Nordeste, que normalmente sofre com a estiagem, a forte seca de 2016 reduziu o nível dos poços artesianos, fazendo com que produtores de melão e melancia tivessem que deslocar parte de sua produção para áreas com maior disponibilidade de água. Apesar dos problemas climáticos, a produção brasileira de frutas deve, em 2016, ter bom desempenho com queda de apenas 1%, na comparação com o ano passado. Com a volta das chuvas, a maioria das culturas conseguirá recuperar parte da produção perdida no decorrer dos últimos três meses do ano. No que se refere às exportações, a previsão indica queda de 2,01% no valor e 1,19% no volume, de acordo com dados do Agrostat/MAPA compilados até setembro. Porém, como historicamente as exportações brasileiras de frutas frescas têm os maiores volumes de embarque nos meses de outubro, novembro e dezembro, estima-se que as vendas externas, em 2016, aumentem 3% em relação a 2015. Gráfico 1. Produção e exportação de frutas frescas - 2009 a 2016 46 2000 44 43,6 44,3 43,8 1800 Milhões toneladas 42 40 38 36 41,1 780 37,5 759 39,5 681 42,5 41,6 693 711 708 819 836 1600 1400 1200 1000 800 Mil toneladas 34 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* produção exportação 600 Fonte: Secex, elaboração CNA - *estimativa. 97