Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

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1 Outubro de 2015 Safra de grãos recorde contribuirá para o avanço do agronegócio brasileiro neste ano Priscila Pacheco Trigo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos A agricultura brasileira vem mostrando expansão significativa nos últimos anos e, neste ano, o PIB agropecuário deverá crescer 2% segundo nossas projeções, contribuindo para amenizar a retração da economia observada em outros setores. Entre os destaques, está o avanço da safra de grãos 20, que somou 209,5 milhões de toneladas, conforme último levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e disponibilizado no mês passado. A alta de A produção brasileira de grãos totalizou 209,5 milhões de toneladas na safra 20 conforme reportado pela Conab. Esse montante representa uma expansão de 8,2% ante as 193,6 milhões de toneladas da safra 20. A expansão da produção brasileira ocorreu especialmente pautada pela produtividade da lavoura, uma vez que a área avançou apenas 1,7%, ultrapassando 58 milhões de hectares plantados. Destaque para o avanço do plantio de soja em detrimento 8,2% foi a sexta consecutiva, configurando o bom desempenho da agricultura brasileira nos últimos anos. O resultado refletiu especialmente a produção de soja e milho, devido ao aumento de área e especialmente à expansão de produtividade. Com isso, o volume exportado dessas culturas também cresceu neste ano, amenizando o efeito da queda de preços internacionais de commodities agrícolas sobre as exportações brasileiras Produção nacional de grãos variação em % 33,0% 27,0% 21,0% 15,0% 9,0% 3,0% -3,0% -9,0% 6,6% -2,4% 7,7% 0,7% 20,8% -3,5% 27,3% -3,3% -4,4% Produção nacional de grãos em mil toneladas 7,6% 7,5% 9,4% -6,2% 10,4% 9,1% do milho na primeira safra, seguindo a busca do produtor por maior rentabilidade. Assim, a área de soja passou de 30,17 para 32,09 milhões de hectares, ao mesmo tempo em que a área de milho na primeira safra recuou de 6,62 para 6,16 milhões de hectares. No entanto, notamos ampliação da área de milho da segunda safra, que atingiu 9,59 milhões de hectares, como forma de o produtor maximizar o uso da terra após a colheita da soja. 2,1% 13,5% 2,6% 8,2% 1

2 Área plantada com grãos em mil hectares Área plantada com soja e milho em mil toneladas Milho 1ª safra Milho 2ª safra Com relação à produtividade, a safra 20 de grãos atingiu 3,61 quilos por hectare, beneficiada tanto pelo clima favorável quanto pelo aumento do uso de fertilizantes. De fato, o clima favorável durante o plantio e a colheita da segunda safra de milho favoreceu o crescimento de 6,4% da produtividade dessa cultura. No mesmo sentido, as vendas de fertilizantes chegaram ao recorde em 2014, somando 32,21 milhões de toneladas, ou 563 toneladas por mil hectares Produtividade de grãos em kg por hectare 2

3 Vendas internas de fertilizantes por área plantada em toneladas por mil hectares ,1 556,7 549,7 538,0 555, ,4 432,7 480,7 464,0 421,9 454,0 470,5 472,4 491,6 400, ANDA Assim, o avanço de 15,86 milhões de toneladas da safra 20 de grãos no Brasil foi impulsionado pelo crescimento de 11,8% da produção de soja, que totalizou 96,24 milhões de toneladas colhidas na safra 20, como reflexo da expansão de área plantada e da produtividade. Ao mesmo tempo, a colheita de milho somou 84,73 milhões de toneladas, adicionando 4,68 milhões de toneladas na safra brasileira. Nesse caso, o avanço de área plantada ocorreu somente na safra de inverno, fazendo com que o avanço de produtividade tenha impulsionado a produção de milho. Grãos Produção nacional de grãos na safra 20 variação absoluta em mil toneladas Milho Trigo 443 Arroz 287 Feijão -268 Algodão Produção nacional de grãos na safra 20 variação % Grãos 8,2% 11,8% Trigo Milho Arroz Feijão Algodão -11,6% -7,8% A elevação da produção permitiu que o volume exportado de grãos registrasse expansão de 5,3% entre janeiro e agosto deste ano, conforme dados do -13,0% -11,0% -9,0% -7,0% -5,0% -3,0% -1,0% 1,0% 3,0% 5,0% 7,0% 9,0% 11,0% 13,0% 2,4% 5,8% 8,0% Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Destaque para o incremento das exportações de soja, cujo volume subiu 10,8% no mesmo período. 3

4 Esse resultado, por sua vez, contribuiu para o avanço da produção mundial de soja, milho, trigo e arroz, que cresceu 2,5%, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês). Com isso, configurou-se um cenário de excedente de grãos, que pressionou para baixo os preços internacionais das principais commodities. Os preços internacionais da soja, do trigo e do milho devem apresentar recuo de aproximadamente 24%, 14% e 9%, respectivamente, como apontam os preços internacionais futuros desses grãos. Ainda assim, o produtor brasileiro está sendo beneficiado pela depreciação do real, que, segundo nossas estimativas, deve girar em torno de 40% em termos médios neste ano, favorecendo as margens dos exportadores. Para a próxima safra, o USDA estima recuo da produção mundial de milho e arroz, estabilidade da de soja e ligeira alta na de trigo, de maneira que a produção global dessas culturas deverá recuar 1,0%. Assim, podemos esperar alguma recuperação dos preços internacionais de milho e do arroz, cuja demanda deverá ser superior à oferta na safra, em alguma medida. Para a soja e o trigo, os preços internacionais devem permanecer em patamar mais deprimido, refletindo ainda a elevação dos estoques na safra 2015/2016. É claro que essas estimativas estão sujeitas às condições climáticas favoráveis, uma vez que o instituto não prevê nenhuma quebra para a próxima safra. Por fim, o USDA prevê queda de 1,6% da produção brasileira, refletindo a redução da colheita do milho, especialmente, após a forte expansão observada neste ano por conta do aumento de produtividade. Vale ainda mencionar que o primeiro levantamento da Conab para a safra 2015/16 brasileira será divulgado nas próximas semanas e que deverá detalhar a intenção de plantio do produtor de grãos. Entre os desafios para a próxima safra, destacamos a elevação dos custos com fertilizantes e o encarecimento do crédito, o que de fato pode limitar novo avanço de área e produtividade. De qualquer forma, a demanda mundial crescente e o solo propício no Brasil continuarão sendo fatores para o desempenho do agronegócio brasileiro nos próximos anos, contribuindo para a expansão da economia brasileira. Mundo Brasil Milho Arroz Trigo Total /16* Var % -2,9% 0,1% -0,6% 0,9% -1,0% /16* Var % -6,0% 2,6% -5,9% 0,0% -1,6% Produção mundial e brasileira de grãos em milhões de toneladas Fonte e estimativa: USDA 4

5 Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivo Economia Internacional: Fabiana D Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires Economia Doméstica: Igor Velecico / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Tatiany Neves Bast / Ariana Stephanie Zerbinatti Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Leandro de Oliveira Almeida Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi Barufi Estagiários: Davi Sacomani Beganskas / Henrique Neves Plens / Mizael Silva Alves / Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito / Gustavo Assis Monteiro O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 5