Podemos tratar a dêixis como o modo mais óbvio de efetivação do elo entre a produção linguística dos falantes e os contextos situacionais em que tal produção ocorre. Ela permite marcar no enunciado as circunstâncias de sua enunciação por meio de cinco categorias: lugar, pessoa, tempo, discurso e dinâmica social. Para cada uma, há alguns tipos de elementos dêiticos: Lugar dêitico espacial, Pessoa dêitico pessoal, Tempo dêitico temporal, etc. Ex.: Canção do exílio (Gonçalves Dias) Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. (...)
COERÊNCIA TEXTUAL A coerência é também uma qualidade básica da textualidade. A coerência de um texto relaciona-se com a continuidade de sentidos desse texto. A coerência, portanto, é a base de sentido dos textos. OS FATORES DE COERÊNCIA A coerência de um texto depende de uma série de fatores. Vejamos alguns deles: O conhecimento linguístico Trata-se do conhecimento de estruturas da língua, como vocábulos, frases, agrupamento de frases, funções e funções como sujeito e objeto.
O conhecimento de mundo ou conhecimento enciclopédico São os conhecimentos adquiridos formal ou informalmente durante a vida. Esses conhecimentos são armazenados em blocos, denominados modelos cognitivos. O conhecimento partilhado A produção de um texto deve sempre levar em conta o interlocutor. Assim, as informações textuais, no momento da produção, devem se sustentar numa base sólida de conhecimentos comuns entre o enunciador (produtor) e o seu público, ainda que para isso o enunciador tenha que projetar o perfil médio de seu(s) leitor(es).
As inferências A coerência de um texto depende, muitas vezes, da capacidade do interlocutor de identificar conhecimentos não explícitos, não expressos, mas inferíveis. As inferências são deduções a partir do que é enunciado. Os fatores de contextualização São todos aqueles que relacionam o texto a uma situação comunicativa determinada, fazendo com que sentidos sejam atribuídos às sequencias ou mesmo à totalidade do texto.
A informatividade Um texto coerente deve trazer certo traço de novidade. Quem escreve precisa conferir a seu texto algum grau de originalidade, pois, do contrário, a produção de um texto não se justifica. A coerência fica comprometida quando o texto é repetitivo ou não diz absolutamente nada de novo. A intertextualidade A coerência de um texto pode estar atrelada ao conhecimento prévio de outros textos por parte do interlocutor. O entendimento perfeito das sequências de um texto ou mesmo de sua totalidade pode depender do diálogo que normalmente há entre os textos. Citações, paráfrases ou menções indiretas são exemplos de intertextualidade.
OUTRO PONTO DE VISTA Para Michel Charolles, importante linguista francês, a coerência de um texto está baseada em 4 metarregras: 1 Metarregra da repetição um texto deve ter elementos repetidos; 2 Metarregra da progressão um texto coerente deve apresentar renovação do suporte semântico; 3 Metarregra da não-contradição em um texto coerente, o que se diz depois não pode contradizer o que se disse antes ou o que ficou pressuposto; 4 Metarregra de relação em um texto coerente, seu conteúdo deve estar adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis.
QUESTÕES COESÃO RISCOS DE CONTÁGIO Ao olharmos os desafios que temos pela frente para o próximo ano, não podemos nos despreocupar com os desdobramentos da crise mundial e suas repercussões no nosso país. Recentemente, em reunião de que participei com empresários, na presença de diferentes ministros da área econômica, pude perceber uma forte motivação de trabalho em equipe e uma visão unificada sobre o crescimento da economia para 2012. Em contato mais recente com a imprensa, nossa presidente transmitiu confiança, reiterando que nossa economia possa nos próximos anos crescer de 4,5% a 5%, enquanto as previsões para o ano que se encerra estão em torno de 3%.
O ministro da Fazenda, em entrevista a diferentes jornais, reiterou essa confiança no crescimento da economia e listou os fatores que em sua opinião são capazes de sustentá-lo. Entre eles, lembrou a elevação do salário mínimo no primeiro trimestre, que deve injetar cerca de R$47 bilhões na economia, fortalecendo ainda mais a convicção de que o mercado interno será o grande ativo a diferenciar a nossa economia dos países desenvolvidos. Outros aspectos por ele lembrados foram o crédito interno, o câmbio mais favorável aos exportadores, taxa de juros decrescendo, o PAC2 e o Minha Casa Minha Vida. (...) Roberto Teixeira da Costa, O Globo, 31-12-2011
1 CEPERJ - 2011 SEFAZ - ANALISTA DE CONTROLE INTERNO Ao olharmos os desafios que temos pela frente para o próximo ano, não podemos nos despreocupar com os desdobramentos da crise mundial e suas repercussões no nosso país. Nesse primeiro parágrafo do texto, os termos cujos significados dependem da situação comunicativa do texto são: A) nosso país próximo ano B) próximo ano suas C) suas desafios D) desafios - que E) que nosso país
Recentemente, em reunião de que participei com empresários, na presença de diferentes ministros da área econômica, pude perceber uma forte motivação de trabalho em equipe e uma visão unificada sobre o crescimento da economia para 2012. Em contato mais recente com a imprensa, nossa presidente transmitiu confiança, reiterando que nossa economia possa nos próximos anos crescer de 4,5% a 5%, enquanto as previsões para o ano que se encerra estão em torno de 3%. O ministro da Fazenda, em entrevista a diferentes jornais, reiterou essa confiança no crescimento da economia e listou os fatores que em sua opinião são capazes de sustentá-lo.
2 CEPERJ - 2011 SEFAZ - ANALISTA DE CONTROLE INTERNO O ministro da Fazenda, em entrevista a diferentes jornais, reiterou essa confiança no crescimento da economia... ; o emprego do verbo sublinhado é possível porque ele: A) afirma algo que vai ser confirmado adiante. B) reforça uma ideia já expressa anteriormente. C) completa uma ideia expressa antes de modo vago. D) expressa uma ideia nova que precisa ser destacada. E) informa sobre a maneira de falar do ministro.
POR QUE O BRASILEIRO COMPRA LIVROS, MAS NÃO LÊ Dos grandes autores, Saramago foi o mais comprado no ano que termina. Mas não terá sido o mais lido Faulkner, Guimarães Rosa, Euclides da Cunha também tiveram mais compradores que leitores. Por quê? São autores difíceis. Difíceis em quê? Eles propõem problemas aos leitores, a começar pelo problema da forma. O leitor médio brasileiro só alcança o nível dos autores de entretenimento puro, de autoajuda ou curiosidades. Não o constato para me vangloriar, pois a cultura intelectual não confere em si qualquer superioridade. E por que a maioria dos brasileiros compradores de livros não consegue ler autores de proposta, que nos fazem estranhar a realidade, usando para isso alguma criatividade formal? A primeira resposta é óbvia: o nível da educação brasileira é baixo. Assim continuará nas próximas décadas, se não reformarmos o ensino. (...) (Joel Rufi no dos Santos, Revista Época, 28 de dezembro de 2010, com adaptações)
3 CEPERJ 2011 Prefeitura Municipal de São Gonçalo Analista de Engenharia e Transporte No segmento Não o constato para me vangloriar... (l. 7/8), o pronome empregado em terceira pessoa refere-se: A) ao autor do texto em análise B) ao leitor médio brasileiro C) ao parágrafo seguinte àquele em que o pronome se insere D) ao período que precede aquele em que o pronome se insere E) ao problema da forma enfrentado pelos autores