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Transcrição:

A identificação de Oportunidades de Melhoria no Processo de Análise de Reclamação de Clientes Com Base na Espiral do Conhecimento: Um Estudo de Caso Numa Empresa do Setor Químico Cintia Freitas da Silva (UNESA) ci_freitas1@hotmail.com Francisco Santos Sabbadini (UNESA) sabbadini01@yahoo.com.br Resumo: O presente artigo apresenta a utilização da teoria da criação do conhecimento no sistema de tratamento de reclamações de clientes de uma empresa multinacional do setor químico. Um mapeamento do processo foi elaborado in loco, baseando-se em documentos internos e no acompanhamento do sistema. Realizou-se uma revisão da literatura especializada no assunto, sendo esta utilizada como referencial para o estudo aqui proposto. Pela análise do processo de conversão e criação do conhecimento identificaram as possibilidades de melhoria no processo. A adoção de um método que promova a socialização, externalização, combinação e internalização do conhecimento, para solucionar problemas propicia à organização uma ferramenta valiosa para obtenção da inovação. Palavras-chave: Criação do Conhecimento; Aprendizagem Organizacional; Conhecimento Tácito e Explícito; Conversão do Conhecimento, Inovação. 1. Introdução Devido as grandes mudanças advindas da era da informação, organizações do mundo inteiro foram submetidas a um processo de reestruturação para se adaptarem as novas tendências como a globalização da economia, a competitividade acirrada entre as empresas e a criação de valor para os produtos e serviços, dentre outras. Essas tendências conduziram a uma revisão do modo como as empresas executavam suas operações, seus processos e métodos. As organizações passaram a buscar inovação, a fim de manter as condições de concorrência no mercado e identificar oportunidades de melhoria. Neste contexto, um dos recursos mais valiosos e antigos da sociedade ganhou o destaque de estudiosos e a atenção de grandes empresários, sendo apontado como o novo capital organizacional: o conhecimento. Se antes a riqueza das organizações baseava-se em ativos físicos, como equipamentos e instalações, hoje essa percepção está alterada. Esse capital é responsável pela capacidade das empresas gerarem conceitos inovadores e aplicá-los no desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços. Desse modo, o diferencial de uma organização, consiste na habilidade que esta possui em criar e disseminar o conhecimento por toda organização. A adoção do processo de criação do conhecimento para solução de problemas assume uma dimensão, que permite as empresas atuarem de modo mais dinâmico em seu ambiente, obtendo respostas mais eficazes face a necessidade de gerar inovação e desse modo promover a mellhoria contínua do sistema e aperfeiçoamento do serviço prestado. Considerando a importância deste tema, o trabalho aqui apresentado, aborda a teoria da criação do conhecimento, a qual apresenta um modelo de gestão do conhecimento para obtenção do aprendizado organizacional, possibilitando à empresa gerar inovação. Neste contexto apresenta-se sua aplicação em um processo de tratamento de reclamações de clientes de uma empresa multinacional do setor químico. Quanto à metodologia utilizou-se o estudo de caso único sendo conforme YIN (2001). A pesquisa é caracterizada como aplicada, de campo e bibliográfica (Vergara, 2005).

2. A Chegada da sociedade do conhecimento: mudanças nas organizações e o papel do indivíduo. Com a chegada da era da informação, a sociedade teve que se adaptar e incorporar os novos preceitos que indicavam uma nova ordem econômica, onde o foco principal passou a ser a busca pela renovação de produtos, processos e práticas gerenciais, que agregassem valor para o cliente. Neste contexto, o conhecimento assume o papel principal como agente de inovação e transformação, portanto, vital para continuidade dos empreendimentos. Sob esta perspectiva Drucker (1962) afirma que uma organização só pode existir em uma economia em expansão ou em uma economia que considere a mudança tanto natural como desejável. Sendo assim, a empresa é orgão específico do desenvolvimento, da expansão e da mudança. Segundo Crawford (apud Antunes, 2000), desde o início da civilização, tivemos quatro tipos de sociedade com relação à economia: a) Sociedade Primitiva: baseada na colheita, na caça e pesca; b) Sociedade Agrícola: produção de alimentos para consumo, onde a terra é o recurso fundamental; c) Sociedade Industrial: produção de bens padronizados, tangíveis. O capital físico é o recurso fundamental; d) Sociedade do Conhecimento: provisão de serviços baseados em conhecimento, onde o capital humano é o recurso fundamental. Juntamente com a evolução da sociedade, o trabalho físico e padronizado deu espaço a serviços realizados com base em conhecimento aplicado. Nessa nova economia o conhecimento passa a ser o único recurso significativo atualmente, substituindo os tradicionais fatores de produção: trabalho, capital e terra. Esse fato é o que torna singular a nova sociedade (NONAKA e TAKEUCHI, 1997). Um dos maiores desafios impostos às empresas da sociedade do conhecimento é desenvolver estratégias para alcançar a autotransformação. Uma organização deve estar preparada para abdicar de conhecimentos obsoletos e criar os novos através da melhoria continua das atividades, desenvolvimento de novas aplicações a partir de seus próprios sucessos e inovação contínua em um processo organizado (DRUCKER, 1994). A reestruturação interna e novas formas de gerenciamento são inevitáveis para o atendimento às necessidades e mudanças impostas pelo ambiente externo. Segundo Drucker (1962, p.31), não é necessário que o negócio se torne maior, mas é necessário que nunca deixe de se tornar melhor. No ambiente organizacional contemporâneo, o conhecimento é classificado como capital intelectual e dividido em três dimensões: capital humano, capital estrutural e capital do cliente (STEWART, 1998). O capital humano corresponde à capacidade do individuo de uma empresa em aplicar seu conhecimento para geração de riquezas, sendo composto por sua expertise, poder de inovação e habilidades. Já o capital estrutural diz respeito às estruturas, processos, softwares, métodos e patentes de uma organização. Por sua vez, o capital do cliente compreende as relações de longo prazo com clientes e fornecedores. Considerando as três classificações existentes para capital intelectual, esse ativo intangível é relativo ao intelecto que só os seres humanos detêm. A aplicação do conhecimento, técnicas e habilidades que um funcionário de uma empresa possui é o fator responsável pela geração dos demais capitais. Sendo assim, Stewart (1998) afirma que o ser humano é considerado o ativo mais precioso de uma organização, capaz de elucidar seu conhecimento individual, através da troca de experiências em grupos, gerando novas idéias e aplicando esse aprendizado no contexto organizacional.

3. Conhecimento x informação Para uma melhor compreensão do tema, é importante uma discussão sobre a diferença entre conhecimento e informação. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p.63), três observações são necessárias: Primeira, o conhecimento ao contrário da informação, diz respeito a crenças e compromissos. (...).Segunda, o conhecimento, ao contrário da informação, está relacionado à ação. (...). E terceira, o conhecimento, como a informação, diz respeito ao significado. Dessa constatação dos autores pode-se considerar que o conhecimento está sempre em função da percepção de um indivíduo sobre um determinado assunto, e que para todo saber deve haver uma aplicação ou finalidade, ao contrário da informação que na maioria das vezes não é utilizada, sendo descartada, a não ser que seja parte integrante de um contexto que dê significado à mesma. Sobre isso Bateson (apud Nonaka e Takeuchi, 1997), afirma que a informação proporciona um novo ponto de vista para interpretação de eventos ou objetos, o que torna visíveis significados antes invisíveis ou lança luz sobre conexões inesperadas. A utilização de informações relevantes possibilita novos conhecimentos, que por sua vez contribuirão de modo mais efetivo aos processos organizacionais. Esta relevância será diferente para cada indivíduo, grupo, sociedade ou organização, pois a capacidade de cada um absorver ou aplicar uma informação e transformá-la em conhecimento depende de suas experiências anteriores, crenças e valores. Com base nas idéias citadas acima, pode-se dizer então, que o conhecimento é concebido através das intervenções da informação relevante, que serve como base para sua criação e reestruturação. 4. Teoria da criação do conhecimento: gestão do ativo possibilitando a inovação A gestão do conhecimento sempre esteve presente em diversas empresas, através da troca de experiências entre funcionários de um mesmo setor, pela transferência de sabedoria entre mestres e aprendizes. De alguma forma esse ativo já era articulado nas instituições (TERRA, 2001). Conforme Santos (2001), na abordagem contemporânea, a importância da gestão do conhecimento foi percebida pelas empresas no começo dos anos 90, alinhando esta prática às estratégias organizacionais. Segundo Winter (apud Davenport e Prusak, 1998), sobre a gestão do conhecimento, uma organização é um conjunto de pessoas organizdas para produzir produtos e/ou serviços. A capacidade de produzir de uma empresa depende daquilo que ela sabe e do conhecimento adquirido nas rotinas produtivas. Baseando-se na afirmação acima, pode-se dizer que uma empresa obtém vantagens em relação aos seus concorrentes não só pelo seu conhecimento coletivo, mas também pela eficiência com que ela utiliza o que sabe e a sua disposição para adquirir e usar novos conhecimentos. Gerir conhecimento consiste na conversão dos bens intangíveis da empresa em maior produtividade e competitividade. Entre os motivos de se gerenciar esse ativo, Stewart (1998), destaca: rápida distribuição do conhecimento; aumento do conhecimento coletivo; redução do tempo ocioso e profissionais mais produtivos. A maneira pela qual as empresas organizam-se para trabalhar depende de cada uma e atualmente qualquer que seja a função de uma organização, a mesma possui condições de se organizar para tentar ser uma empresa inovadora (DRUCKER, 1992). As organizações podem inovar em diversas dimensões, como processos, relacionamento com clientes, produtos, prestação de serviços, entre outras, através da redução de custos, aumento da produtividade,

desenvolvimento de um novo produto ou identificando meios mais eficazes para realização de suas atividades. Sobre inovação, Nonaka e Takeuchi (1997, p.61) afirmam: Quando as organizações inovam, elas não só processam informações, de fora para dentro, com o intuito de resolver os problemas existentes e se adaptar ao ambiente em transformação. Elas criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora a fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções e, nesse processo, recriar seu meio. Uma organização deve implantar o sistema adequado para gestão de modo que o conhecimento de seus colaboradores possa ser utilizado em benefício corporativo e gerar inovação. A teoria da criação do conhecimento desenvolvida por Nonaka e Takeuchi apresenta uma metodologia para gestão do conhecimento que vai além de uma articulação eficaz dos ativos identificados na empresa, abrangendo também a efetivação do processo de criação desse bem, que consiste basicamente na interação entre o conhecimento tácito e o explícito. 4.1 As duas formas de conhecimento: tácito e explícito A teoria da criação do conhecimento faz uso da distinção entre dois tipos de conhecimento, conforme Polany (apud Nonaka e Takeuchi, 1997): a) conhecimento tácito: é pessoal, específico ao contexto e, assim, difícil de ser formulado e comunicado. b) conhecimento explícito: refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal, codificada e sistemática. O quadro 1 abaixo apresenta as características e distinções entre as duas formas de conhecimento: Quadro 1 Dois Tipos de Conhecimento Conhecimento Tácito (Subjetivo) Conhecimento da experiência (corpo) Conhecimento simultâneo (aqui e agora) Conhecimento análogo (prática) Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 67). Conhecimento Explícito (Objetivo) Conhecimento da racionalidade (mente) Conhecimento seqüencial (lá e então) Conhecimento digital (teoria) Bateson (apud Nonaka e Takeuchi, 1997) afirma que o compartilhamento do conhecimento tácito entre indivíduos ocorre em uma atmosfera análoga, através da comunicação, na qual se exige um processamento simultâneo para que cada um possa absorver e interpretar a experiência do outro. Em contrapartida, o conhecimento explícito é desenvolvido em um ambiente onde as pessoas são orientadas por uma teoria independente do contexto a qual estão inseridas. 4.2 Conversão do conhecimento: interação entre conhecimento tácito e explícito Para que ocorra o aprendizado organizacional e a inovação é necessária a interação entre o conhecimento tácito e o explícito. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997) esses dois elementos atuam como unidades mutuamente complementares, interagindo entre si, realizando trocas nas atividades criativas dos indivíduos. Essa interação é denomidada de conversão do conhecimento. Conforme demonstrado no quadro 2, Nonaka e Takeuchi consideram quatro formas para conversão do conhecimento: Socialização, Externalização, Internalização e Combinação.

Quadro 2 Quatro modos de conversão do conhecimento Em conhecimento... Tácito Do conhecimento... Tácito Explícito SOCIALIZAÇÃO (compartilhamento de experiências, habilidades individuais) INTERNALIZAÇÃO (incorporação do conhecimento explícito no conhecimento pessoal, em atividades diárias, cultura e rotinas organizacionais) Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997). Explícito EXTERNALIZAÇÃO (articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos, esquemas, analogias) COMBINAÇÃO (sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento: base de dados, documentos) As experiências obtidas através desses quatro modos de conversão tornam-se ativos valiosos para empresa. A Socialização (de conhecimento tácito em tácito), é caracterizada por um processo de compartilhamento de experiências, é a troca de conhecimentos tácitos diretos. Através da Socialização um indivíduo adquire conhecimento tácito de outras pessoas, sem a necessidade de utilizar uma linguagem formal, como documentos, manuais e etc. Os treinamentos práticos e sessões de brainstorming realizados pelas empresas enquadram-se neste modo de conversão, pois possibilitam a troca de conhecimentos tácitos através da observação, imitação, prática, compartilhamento de experiências e ampliação das relações interpessoais entre os indivíduos de uma organização. A Externalização (de conhecimento tácito em explícito) consiste na articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos. Sendo expresso na forma de metáforas, analogias, hipóteses ou modelos. O emprego de uma metáfora e/ou analogia para construção de um novo conceito é essencial, pois estimula as reflexões dos indivíduos e a interação entre eles gerando a criatividade. Nonaka e Takeuchi (1997), ilustram o exemplo da criação do automóvel, Honda City. Ao desenvolver o carro, a equipe utilizou uma metáfora da Evolução do Automóvel. Em essência, a pergunta era: Em que o automóvel acabará evoluindo?. O conceito de carro compacto surgiu de uma analogia entre o conceito de máximo para o homem, mínimo para a máquina. Essas metáforas e analogias utilizadas pela equipe geraram o Honda City. A utilização da linguagem figurativa e da imaginação dos colaboradores de uma empresa torna-se ferramenta essencial na extração do conhecimento individual (NONAKA e TAKEUCHI, 1997). A Combinação (de conhecimento explícito em explícito) envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimentos explícitos, através de documentos, reuniões eredes de comunicação computadorizada dentre outras. Esse modo de conversão é caracterizado pela reconfiguração das informações existentes através da classificação, do acréscimo e da categorização do conhecimento explícito, como o realizado através dos bancos de dados de computadores, possibilitando a geração de novos conhecimentos. Um novo conceito é gerado através da interação do conhecimento de diferentes áreas funcionais da empresa ou da junção de conceitos intermediários e principais. A Internalização (de conhecimento explícito em tácito), incorporação do conhecimento explícito no conhecimento pessoal. Está relacionada ao aprender fazendo, que consiste na aplicação prática ou operacional de um conceito explícito. Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), para que o conhecimento explícito se torne tácito são necessárias a verbalização e a diagramação sob a forma de documentos, manuais, meios pelos quais os

indivíduos reexperimentam as experiências dos outros ou histórias orais que retratam a vivência de uma situação que pode ser absorvida como um modelo mental tácito. 4.3 A espiral do conhecimento Vistos os quatro modos de conversão, é importante ressaltar que cada um gera um conteúdo do conhecimento pela interação na espiral do conhecimento, conforme apresentado no quadro 3: Quadro 3 Conteúdo do conhecimento gerado pelas quatro formas de conversão. Modos de Conversão do Conhecimento Conteúdo do Conhecimento Socialização Conhecimento Compartilhado Externalização Conhecimento Conceitual Combinação Conhecimento Sistêmico Internalização Conhecimento Operacional Fonte: Adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997). As quatro formas de conversão do conhecimento devem ser integradas como um processo contínuo e dinâmico, para que a criação do conhecimento seja efetiva. Utilizadas isoladamente, não possibilitam a criação do conhecimento e a aprendizagem organizacional. (NONAKA e TAKEUCHI, 1997). O ambiente promovido pela socialização possibilita a troca de experiências dos membros e gera o conhecimento compartilhado. Através do diálogo ou reflexão do grupo é realizada a externalização, utilizando-se do uso de metáforas ou analogias que instiguem a articulação do conhecimento tácito, produzindo o conhecimento conceitual. Após concepção do novo conceito, o mesmo é alocado juntamente com os conceitos já existentes dos diversos setores da empresa, em um ambiente de rede para ser processado, gerando-se assim um conhecimento sistêmico sobre determinado processo ou tecnologia. Encerrando esse ciclo, a internalização permite a aplicação prática do conceito nas rotinas da empresa, criando o conhecimento operacional. Denominado por Nonaka e Takeuchi (1997), como a espiral do conhecimento, esse ciclo é apresentado na figura 1: Figura 1 Espiral do Conhecimento Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997 p.80) Como se pode observar na figura 1, a criação do conhecimento ocorre de maneira contínua, partindo da socialização e sendo concluído na fase de internalização. Cumpre lembrar que a última etapa do fluxo do conhecimento, também dá origem a uma nova espiral. Por exemplo, os indivíduos que executam uma determinada atividade da empresa, que nada

mais do que aplicação do conhecimento operacional, podem compartilhar essa experiência através da socialização, iniciando-se novamente o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de técnicas, produtos, serviços e etc. Sendo assim, pode-se dizer que a base para a inovação é o conhecimento tácito dos indivíduos. Sozinha, uma organização não cria conhecimento organizacional, pois esse é um processo que começa com o indivíduo e amplia-se através das comunidades de interação que cruzam fronteiras entre as diversas áreas da empresa NONAKA e TAKEUCHI (1997). Cabe às empresas prover os recursos e ambientes necessários para consumação de eventos que possibilitem a conversão do conhecimento, a fim de promovê-lo de tácito a explícito e torná-lo acessível para toda a organização. 5. Estudo de caso 5.1 Caracterização da empresa A Clariant é uma multinacional, líder em especialidades químicas. A companhia foi criada em 1995 como empresa independente, a partir da cisão da área de produtos químicos especiais da Sandoz. Em 1997, integrou-se à divisão de especialidades Químicas da Hoechst e hoje opera com mais de 100 filiais nos cinco continentes e com aproximadamente 25.000 funcionários. A sede mundial está localizada em Muttenz, na Suíça. Para oferecer uma ampla gama de produtos químicos especializados para aplicações nos mais diversos setores industriais, a multinacional possui cinco divisões de negócios: Textile, Leather & Paper Chemicals (TLP), Pigments & Additives (PA), Functional Chemicals (FUN), Life Science Chemicals (LSC) e Masterbatches (MB). Considerando um dos Valores da empresa, a Inovação, a Clariant utiliza seu extenso know-how e experiência em todas as áreas da organização para introduzir continuamente seus serviços, aplicações e produtos no mercado. Dentro desta cultura, o serviço de atendimento ao cliente da empresa, serve como porta de entrada para situações desafiadoras, nas quais os colaboradores da empresa devem explorar e aplicar seus conhecimentos, buscando soluções inovadoras para as adversidades detectadas, beneficiando tanto a empresa quanto ao cliente. 5.2 Processo de atendimento ao cliente da Clariant S.A. O processo de atendimento às reclamações da Clariant tem a função de captar e de registrar qualquer manifestação dos clientes em relação aos produtos ou serviços da organização. Envolvendo três áreas funcionais: Vendas, Produção e Garantia da Qualidade Corporativa. Na figura 2, podemos observar a interação entre essas unidades, dentro do processo de atendimento ao cliente. Figura 2 Interfaces do processo de atendimento ao cliente. Fonte: Elaboração própria. AMBIENTE EXTERNO Cliente Vendas AMBIENTE INTERNO CLARIANT Fluxo de Informação QNS Produção Garantia da Qualidade Corporativa

Vendas é o setor responsável pela captação e registro das notificações do cliente e também pelo retorno sobre as soluções do problema. Planta Produtiva ou de Serviço é a área responsável pela análise da reclamação, investigação das causas e definição e/ou execução de ações corretivas e/ou preventivas.para cada planta da empresa há um coordenador de qualidade, que assume a responsabilidade outorgada pelo setor para exercer atividades relacionadas ao sistema de gestão da qualidade. A Garantia da Qualidade Corporativa tem função de prover o sistema de informação adequado para o registro e tratamento das reclamações, além de fornecer embasamento conceitual aos colaboradores da empresa sobre interpretação e tratamento das reclamações e demais não-conformidades. Neste caso o Sistema de Notificação da Qualidade (QNS) é a ferramenta oficial da Clariant para gerenciar o processo de tratamento de notificações da qualidade. As informações geradas são registradas nesse sistema. Na figura 3 é apresentada a tela da QNS utilizada para descrição da reclamação do cliente. Figura 3 Sistema QNS, pasta para descrição da reclamação. Fonte: Sistema SAP, transação QNS da Clariant S.A. No quadro 4, são descritos os participantes envolvidos e suas respectivas funções estabelecidas no sistema QNS. Quadro 4 Denominação QNS para os atores do processo de atendimento ao cliente. QNS Denominação Código FUNÇÃO Originador AU Vendedor que registra a reclamação do cliente. Interessado IT Colaborador a quem o AU ou o KU julgam necessário tomar conhecimento sobre o assunto. Ex: Gerente da Planta, Técnico Químico, Vendedor Técnico e área de P&D. Coordenador KU Engenheiro Químico responsável pela análise e investigação das causas do problema. Responsável VU Colaborador designado pelo KU para executar as ações sejam elas imediatas, corretivas ou preventivas. Ex. Operadores, Engenheiros e Técnicos. Fonte: Adaptado a partir da Apostila da Nova QNS da Clariant S.A.

O processo de tratamento a reclamações no sistema, fluxo de informações e as interações entre os agentes envolvidos em cada uma das atividades são apresentadas esquematicamente na figura 4. Figura 4 Fluxo de informações no processo de atendimento às reclamações de clientes. Fonte: Adaptado do Procedimento da Garantia da Qualidade da Clariant S.A., PGQ14/CLA0001. Observando o fluxo, pode-se perceber o grande volume de informações geradas durante o processo, principalmente na etapa em que se inicia o tratamento da reclamação. Essa fase é de grande importância, pois cria um ambiente de informações e que oferece a possibilidade de se identificarem oportunidades de melhoria, aprendizado e a geração de novos conceitos e idéias. Neste contexto o sistema QNS assume uma dimensão estratégica no sentido de que serve de base para a inovação. 5.3 Tratamento das reclamações de clientes Clariant S.A. O tratamento das reclamações de clientes envolve três dos quatro atores definidos no quadro 4, a saber: Coordenador, Interessado e Responsável. O Coordenador é responsável pela analise da reclamação, investigação das causas e definição de medidas ou planos de ação. O Interessado, conforme visto no quadro 4, é um papel exercido por diferentes áreas, de acordo com o julgamento do AU e KU. Dependendo da função da pessoa na empresa, a mesma exercerá funções distintas dentro do processo em questão.

Ao Responsável cabe a tarefa de execução das medidas ou planos de ação definidos pelo KU. É válido informar que por vezes o próprio KU implementa as ações necessárias para solução do problema. 6. Aplicação da teoria da criação do conhecimento Para atingir os objetivos deste estudo de caso, foram aplicados os modos de conversão do conhecimento ao processo de tratamento de reclamações de clientes. O quadro 5, consolida a aplicação da metodologia proposta e possibilita uma análise de cada modo de conversão do conhecimento dentro do fluxo do sistema QNS, relacionado a cada um dos agentes envolvidos no processo. Quadro 5 Aplicação da teoria da criação do conhecimento ao processo de análise de reclamações de clientes. Departamentos Envolvidos Atores do processo Atividades Desenvolvidas Laboratório de Controle de Processo (1) Coordenador (KU) Assistência Técnica (2); Vendas (3); Gerência de Produção (4) e P&D (5). Interessado (IT) Investigação das causas do problema. (1) e (2) Analise da procedência da reclamação e Definição das medidas corretivas e/ou preventivas. Aprovação da solução definida pelo KU; Provisão de recursos para realização das atividades e Acompanhamento das atividades. Laboratório de Controle de Processo (1); Produção (6) e P&D (5). Responsável (VU) Execução das tarefas definidas pelo KU. Visitas ao Cliente para melhor compreensão e caracterização do problema. Conceitos tácitos sobre a necessidade do cliente são transferidos aos demais atores envolvidos no processo para discussão e investigação das causas. O conhecimento compartilhado é conceitualizado e aplicado a documentos contendo especificações de clientes. As causas do problema são registradas na QNS. Documentos como especificação de produto, requisitos dos clientes e requisitos do sistema são consultados para definição de ações corretivas e/ou preventivas. As ações definidas são executadas e procedimentos revisados. Socialização Externalização Combinação Internalização Os Quatro Modos de Conversão do Conhecimento Fonte: Elaboração Própria.

Observando-se o quadro 5, pode-se identificar as características que evidenciam a ocorrência de alguns modos de conversão do conhecimento. Verifica-se que a empresa prática a socialização em seu ambiente externo e interno. As visitas aos clientes proporcionam uma oportunidade ímpar para aquisição de conhecimentos tácitos externos. Internamente, apesar de não utilizar ferramentas mais eficazes para promover a socialização como reuniões presenciais e sessões de brainstorming, os recursos de telefone e e-mails são os meios utilizados para efetivação da troca de conhecimentos tácitos entre os atores do processo. Após discussão os conceitos gerados são transmitidos para o documento de requisitos dos clientes e os resultados encontrados durante a investigação das causas são registrados na QNS. Esta etapa caracteriza o modo de externalização do conhecimento adquirido. Para definição das medidas corretivas e/ou preventivas, as diferentes áreas envolvidas no processo de análise da reclamação combinam seus conhecimentos explícitos, extraídos de documentos de seus setores e os que mais forem necessários para elaboração das ações. A internalização do conhecimento gerado durante a análise do problema não ocorre de maneira corporativa. Por vezes, quando há necessidade de revisão de procedimentos internos da empresa, como receitas de produto e instruções de serviços, essas alterações são realizadas e internalizadas apenas pelas pessoas que atuam diretamente nas atividades em questão. 7. Considerações finais Verificou-se que a metodologia do processo de conversão através da espiral da teoria da criação do conhecimento configura-se num instrumento aplicável a melhoria de processos empresariais, possibilitando a identificação de características que evidenciam os modos de conversão do conhecimento e limitações do mesmo, buscando oportunidades de melhoria. A aplicação desta teoria possibilita à empresa a criação do conhecimento organizacional para solução de problemas, através do ajuste de alguns gargalos identificados durante o emprego da mesma. O estudo de caso demonstra que o processo em questão apresenta limitação quanto a conversão dos conhecimentos explícitos em conhecimentos tácitos. A pontualidade e restrição com que o modo de internalização ocorre na empresa impedem a conclusão da espiral do conhecimento e a criação do aprendizado organizacional no sentido da melhoria dos processos e da geração de novos conhecimentos. A presença dos modos de socialização, externalização e combinação do conhecimento demonstra que a empresa busca envolver todas as áreas competentes da organização para prover a solução adequada às reclamações de seus clientes. Contudo, a socialização poderia ocorrer de modo mais formal na organização com o uso de ferramentas mais efetivas para sua realização. Focando os dois elos fracos da espiral do conhecimento identificados no processo da organização, seguem as seguintes propostas de melhoria: Quanto a socialização - Utilizar sessões de brainstorming para promoção da socialização entre os atores envolvidos na análise da reclamação do cliente, ampliando a troca de conhecimentos, a fim de se obter um conceito mais apurado sobre a real necessidade do cliente e orientação para condução do tratamento da nota. Informar a todos os clientes sobre as melhorias realizadas nas atividades da Clariant após análise e solução de suas respectivas reclamações, demonstrando que o retorno sobre os produtos e serviços da empresa é importante para o processo de melhoria contínua da organização.

Realizar reuniões periódicas entre as plantas e divisões da empresa, envolvendo os coordenadores das notas, para apresentar as reclamações por área, a fim de minimizar os esforços e potencializar as análises nos casos em que os problemas relatados são coincidentes. Quanto a internalização - Analisar periodicamente as ações preventivas e corretivas aplicadas para solução de problemas de clientes, a fim de verificar a viabilidade de implementação destas nos demais processos da empresa, evitando a ocorrência ou repetição do problema e propagar o conhecimento do nível grupal ao corporativo. Aplicar treinamentos práticos ou palestras sobre as soluções aplicadas às reclamações dos clientes e que promoveram melhoria na empresa. A principal inovação com a aplicação desta teoria é alteração da percepção da empresa quanto às reclamações de clientes, e ao processo de análise das mesmas. O sistema torna-se uma ferramenta para geração de melhorias continuas, a partir do momento que a queixa do cliente é vista como uma oportunidade para obtenção de benefícios mútuos. Ao se integrar num processo contínuo e dinâmico os quatro modos de conversão no processo puderam-se identificar oportunidades de melhorias significativas para a criação do conhecimento e melhoria dos processos numa área estratégica para a empresa. É importante destacar algumas implicações importantes para a Clariant, obtidas através da aplicação da teoria como a melhoria da percepção do cliente com relação ao serviço prestado pela empresa, além do aumento da confiança do mesmo no momento de fazer uma reclamação; maiores chances de reter os clientes insatisfeitos, ao invés de perdê-los para a concorrência e melhor aproveitamento das informações registradas no processo, provendo à empresa um histórico sobre seus clientes e do seu mercado. 8. Bibliografia ANTUNES, Maria Tereza Pompa. Capital intelectual. São Paulo: Atlas, 2000. DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998. DRUCKER, Peter F. Prática de administração de empresas. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1962.. Administrando para o futuro. São Paulo: Pioneira, 1992.. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1994. NONAKA, Ikujiro; TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de Conhecimento na Empresa, como as empresas Japonesas geram a dinâmica da inovação, Rio de Janeiro: Campus, 1997. PGQ14/CLA0001. Procedimento da Garantia da Qualidade da Clariant S.A. Ação Corretiva e Preventiva (Qualidade e Meio Ambiente). Revisão 08 de 20 de agosto de 2005. SANTOS, Antonio Raimundo dos. Gestão do conhecimento: uma experiência para o sucesso empresarial, Curitiba: Champagnat, 2001. STEWART, Thomas A. Capital Intelectual, a nova vantagem competitiva das empresas, Rio de Janeiro: Campus, 1998. TERRA, Cláudio C. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial, uma abordagem baseada no aprendizado e na criatividade. São Paulo: Negócio Editora, 2001. VERGARA, Silvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6 a ed. São Paulo : Atlas, 2005. Visão, Missão e Valores da Clariant. Disponível em http://www.clariant.com.br, consultado em 18/05/2006. YIN, Robert. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2. ed. Porto Alegre : Bookman, 2001.