A dinâmica dos gastos com pessoal em municípios do estado de São Paulo: Uma análise sob os efeitos da lei de responsabilidade fiscal

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Transcrição:

DOI: 1.5433/2317-627X.216v4n2p127 A dnâmca dos gastos com pessoal em muncípos do estado de São Paulo: Uma análse sob os efetos da le de responsabldade fscal The dynamcs of personnel expenses n muncpaltes of São Paulo: An analyss from the effects of the fscal responsblty law RESUMO Rogelo Gerônmo dos Santos 1 Matheus Demambre Bacch 2 Sdne Perera do Nascmento 3 Este estudo teve como objetvo avalar os mpactos da Le de Responsabldade Fscal (LRF) nos gastos com pessoal em muncípos do estado de São Paulo no período de 1997 a 214. Fo utlzada a base de dados da Secretara do Tesouro Naconal (STN) e do Sstema de Coleta de Dados Contábes de Estados e muncípos (SISTN) e de nformações do Relatóro de Gestão Fscal (RGF) dsponblzadas no ste dos respectvos muncípos. A metodologa empregada fo o modelo econométrco de Dferença em Dferença com Ajuste de Polgonas que auferu o comportamento dos gastos com pessoal entre os muncípos de São Paulo, Campnas, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Sorocaba, Santos e Rberão Preto sob os mpactos da LRF. Os resultados demonstraram que os muncípos avalados reduzram suas despesas com pessoal após o ano de 25. Comparatvamente, a captal do estado se mostrou mas efcente em relação aos demas muncípos avalados, no que se refere às readequações das despesas com pessoal após a efetva mplantação da LRF, em 25. Palavras-chave: Le de Responsabldade Fscal. Fnanças Muncpas. Dferença em Dferença com Ajuste de Polgonas ABSTRACT Ths study amed to evaluate the mpacts of the Fscal Responsblty Law (FRL) n personnel expenses n the muncpaltes of São Paulo from 1997 to 214. Was used the database of the Natonal Treasury Secretarat (STN) and Accountng Data Collecton system of states and muncpaltes (SISTN) and nformaton from the Fscal Management Report (FMR). The methodology used was the econometrc model of Dfference n Dfference wth Polygonal Adjustment that earned the behavor of personnel expenses between the ctes of São Paulo, Campnas, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Sorocaba, Santos and Rberão Preto under the mpact of FRL. The results showed that the analyzed muncpaltes reduced ther personnel costs after the year 25. In comparson, the state captal was more effcent compared to other muncpaltes assessed n relaton to Readjustments personnel expenses after the effectve mplementaton of FRL n 25. 1 Graduado em Cêncas Econômcas e Mestre em Economa Regonal pela Unversdade Estadual de Londrna (UEL). Professor pesqusador do curso de especalzação em Gestão Públca da Unversdade Estadual de Londrna (UEL). Professor do curso MBA em Audtora e Períca Contábl da UNIVEL. E- mal: rogelo1974@sercomtel.com.br 2 Graduado em Cêncas Econômcas pela Unversdade Estadual de Londrna (UEL). E-mal : matheusbacch@yahoo.com.br 3 Professor do Departamento de Economa da Unversdade Estadual de Londrna (UEL). Doutor em Economa Aplcada pela ESALQ/USP. E-mal : sdne@uel.br Envado em:1/11/216 Aprovado em: 16/12/216 Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2, p.127-139, jul. / dez. 216 127

A dnâmca dos gastos com pessoal em muncípos do estado de São Paulo: Uma análse sob os efetos da le de responsabldade fscal Key-words: Fscal Responsblty Law. Muncpal Fnance. Dfference n Dfference wth Polygon Adjustment. JEL: H2, H27. INTRODUÇÃO As despesas públcas são escolhas polítcas dos governos no que se refere ao tpo de servços que são prestados à socedade (RIANI, 1997). Neste contexto, de acordo com Luque e Slva (24), a Le de Responsabldade Fscal (LRF) é um notável nstrumento que orenta os procedmentos admnstratvos do setor públco como a aplcação aproprada dos recursos e a partlha dos bens e servços públcos e essencas à população. Com a nsttução da LRF em 2, os agentes públcos tveram que readequar suas recetas e despesas a fm de atender a proposta da nova legslação. Assm, um dos aspectos da Le que mas gera debates é a fxação dos lmtes das despesas com pessoal (CRUZ, 21). Gergk e Corbar (211) afrma que a LRF exge dos tomadores de decsão uma gestão fscal responsável e efcente, com equlíbro nas contas públcas. Além dsso, as despesas com pessoal, dentre outros dspêndos abarcados pela Le, são comparadas com as recetas correntes líqudas para a apuração do índce de gastos. A problemátca relaconada a esta pesqusa questona se os muncípos com maor potencal populaconal e econômco conseguram atngr as metas estabelecdas na LRF no que tange à redução dos gastos com pessoal, comparadas às recetas correntes líqudas, após 25. A hpótese em tela ocorre devdo à premssa que, após, a efetva mplantação da LRF, em 2, os muncípos com superor potencaldade populaconal e econômca, neste caso, a partr do muncípo de São Paulo, conseguram readequar suas despesas com pessoal em relação às recetas correntes líqudas com mas capacdade que os demas muncípos estudados neste ensao. Neste contexto, este estudo tem o objetvo nvestgar os mpactos da LRF nos gastos com pessoal nos prncpas muncípos do estado de São Paulo no período de 1997 a 214. Estes muncípos são, além da captal paulsta, Campnas, Guarulhos, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Sorocaba, Santos e Rberão Preto. Os muncípos avalados representam juntos, aproxmadamente, 5% das recetas e despesas orçamentáras do estado de São Paulo (STN, 216). Além dsso, destaca-se que o muncípo de São Paulo possu mas de 6% de todas as despesas com pessoal e mas de 67% das recetas correntes líqudas entre os nove muncípos em estudo (STN, 26). Para aferr os objetvos fo utlzada a metodologa econométrca através dos Mínmos Quadrados Ordnáros (MQO), com modelo de Dferenças em Dferenças com Ajuste de Polgonas, que permtu avalar o perfl comportamental das despesas com pessoal em relação às recetas correntes líqudas, no período compreenddo entre os anos de 1997-214 com quebra estrutural a partr de 25. Destaca-se a mportânca deste estudo no segmento relaconado à gestão fscal no setor públco muncpal, que possu ampla relevânca e nteresse socoeconômco, vsto que a alocação dos recursos fnanceros de forma aproprada acarretam ganhos 128 Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2, p.127-139, jul/dez. 216

Rogelo Gerônmo dos Santos, Matheus Demambre Bacch, Sdne Perera do Nascmento na otmzação das recetas auferdas e na mnmzação dos custos em benefícos da socedade. Outra mportânca do estudo, mesmo sendo de outra esfera admnstratva, é a ocorrênca da crse dos estados em cumprr com as despesas com pessoal, resultante, da crse econômca que encontra o País. Crse esta que também é resultado de uma má gestão fscal da Unão que nclusve acarretou no mpedmento da Presdente da Repúblca Dlma Rousseff. Além desta ntrodução, este estudo está dvddo em mas quatro seções. Na segunda é realzada uma contextualzação econômca e jurídca, sobretudo em relação à LRF e aos gastos com pessoal. Na tercera são apresentados os procedmentos metodológcos utlzados. A quarta seção mostra os resultados obtdos e, por fm, a qunta e últma seção expõe as consderações fnas. CONTEXTUALIZAÇÃO ECONÔMICA E JURÍDICA Com o advento da Consttução Federal de 1988, ocorreu no Brasl, uma efetva descentralzação admnstratva. Fallett (25) ressalta que essa descentralzação ocorreu a partr do ente públco central, e se estendeu ao âmbto admnstratvo, polítco e fscal. Este processo ncou-se no fnal dos anos de 197 e posterormente ratfcada em 1988, com a nova Consttução (GIAMBIAGI; ALÉM, 211). Em um sstema federatvo, as esferas de governo possuem autonoma relatva em relação a sua capacdade de admnstrar sobre os assuntos de seus nteresses (NASCIMENTO, 28). Esta autonoma e a ausênca de compromssos dos governos muncpas e estaduas no que se refere às polítcas macroeconômcas foram obstáculos da consoldação da establdade econômca no país (SERRA; AFONSO, 27). Desta forma, os gastos podem ser dreconados de acordo com os nteresses de cada governo. Ran (1997) elucda que os gastos públcos são escolhas polítcas que remetem aos servços ofertados à socedade. No entanto, Gambag e Além, (2) ressaltam que os gestores públcos, ao realzarem suas escolhas dexarão alguns grupos nsatsfetos. Essas nsatsfações surgem em vrtude das cobranças de mpostos, que dentre outras fnaldades, buscam preencher as lacunas que os mercados não conseguem alocar de forma equtatva (PINDYCK; RUBINFELD, 26). De acordo com Affonso (1995), o sstema trbutáro da nova Consttução possu característcas regonalstas e polarzadas. Adverte-se que o Brasl desenvolveu um dos mas peculares processos de descentralzação fscal do mundo (AFONSO, 1996). Neste sentdo, a Consttução de 1988 não proveu meos legas para que houvesse um processo ordenado e pactuado de descentralzação dos seus encargos (AFONSO et al., 2). Nesse panorama, houve no Brasl uma elevação de mas 4% no número de muncípos entre 197 e 21 (IBGE, 216). Isso ocorreu prncpalmente em vrtude das regras de dstrbução do Fundo de Partcpação dos Muncípos (FPM) que mplctamente ncentvava a cração de novas cdades. Este aumento de muncípos elevou os custos governamentas, provocando desequlíbro nas contas públcas, pos, aumentam-se os gastos a serem gerdos pelo Estado, de forma, desproporconal às suas respectvas recetas (GIAMBIAGI; ALÉM, 211). As prncpas atrbuções determnadas aos muncípos por meo do art. 3 da Consttução de 1988 são de nsttur e arrecadar os trbutos de sua competênca; prestar os servços públcos; manter cooperação técnca com a Unão e estados para Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2 p.127-139, jul./dez. 216 129

A dnâmca dos gastos com pessoal em muncípos do estado de São Paulo: Uma análse sob os efetos da le de responsabldade fscal programas de educação nfantl e de ensno fundamental e servços de atendmento à saúde da população (CARRAZZA, 27). Rezende (21) preconza que o gasto púbco muncpal é toda a despesa executada pelo muncípo com recursos de sua receta e pode ser classfcada de acordo com a sua fnaldade e natureza. Desta forma, a maora dos gastos públcos é destnada à melhora das condções de vda da população, tas como saúde, educação, saneamento, prevdênca, segurança, cênca e pesqusa (FERNANDES, 1998). Por outro lado, as recetas públcas, foram ntroduzdas, no Brasl, através do Dreto Fnancero, regulamentado por meo da Le 4.32/64, em seus artgos 51 ao 57 nos quas são estabelecdos os dretos de cobrança de trbutos com base em duas ações governamentas - a nsttução de trbutos e a sua nclusão no orçamento. São classfcadas como orçamentáras todas as recetas arrecadadas, nclundo as provenentes de operações de crédtos. Nesse cenáro, em 2, surgu a LRF, sendo uma das mudanças estruturas na admnstração públca do país que ncou em 199 e avançou com mas ntensdade no período de 1994 a 22. Estas mudanças são resultado do Consenso de Washngton que ocorreu nos Estados Undos no fm da década de 198. O Consenso Washngton contnha dez propostas que podem ser resumdas em quatro: abertura econômca; desestatzação; desregulamentação; e flexblzação das relações de trabalho (SOUZA, 28). Anda, Castro (25) adverte que o Consenso, além de promover mudanças estruturas, também buscava alcançar a dscplna fscal, prncpalmente para os países da Amérca Latna. Castro (25) atrbu às tentatvas frustradas de establzação econômca, no País, com característcas heterodoxas, à má gestão fscal. Nessa conjuntura, Gambag (28) observa que a mplantação da LRF fo um dos prncpas legados, do governo desse período, dexado ao país. A Le de Responsabldade Fscal (LRF) e os Gastos com Pessoal A LRF, dentre outras atrbuções, versa acerca dos lmtes destnados aos gastos com pessoal, objeto de estudo desta pesqusa. A Le expressa os lmtes de gastos com pessoal em relação às recetas correntes líqudas. As recetas correntes líqudas são apuradas entre a soma das recetas arrecadadas no mês em referênca e nos onze meses anterores, excluídas as duplcdades (Art. 2º, 3, da Le 11/2). As recetas correntes líqudas são o somatóro das recetas: trbutáras, de contrbuções, patrmonas, ndustras, agropecuáras, de servços, de transferêncas correntes, e outras recetas também correntes deduzdos nas três esferas de poder a contrbução dos servdores para custeo do seu sstema de prevdênca e as compensações fnanceras (Art. 2º, ncso IV, alínea a da Le 11/2). O artgo 19 da LRF regulamenta o caput do art. 169 da Consttução Federal que estabelece os lmtes percentuas da receta corrente líquda para a Unão, estados e muncípos: Art. 19. Para os fns do dsposto no caput do art. 169 da Consttução, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuas da receta corrente líquda, a segur dscrmnados: I - Unão:5% (cnquenta por cento); II - Estados: 6% (sessenta por cento); III - Muncípos: 6% (sessenta por cento). 13 Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2, p.127-139, jul/dez. 216

Rogelo Gerônmo dos Santos, Matheus Demambre Bacch, Sdne Perera do Nascmento Dos 6% da receta corrente líquda destnada aos muncípos, conforme o ncso III do art. 19 da LRF, 6% destna-se ao Legslatvo 4 e 54% ao Executvo. Ademas, não são computados para o cálculo dos lmtes dos ncsos I, II e III do art. 19 da LRF as despesas: ndenzatóra, dos ncentvos à demssão voluntára, das dervadas da convocação extraordnára do congresso naconal pelos presdentes do executvo e das duas casas legslatva, as decorrentes de decsão judcal, despesas com natvos, anda que, por ntermédo de função específca, das demas recetas dretamente arrecadadas por fundo vnculado a tal fnaldade ( 1º, ncsos I, II, III, IV, V, VI, alíneas a, b e c do art. 19 da Le 11/2). O lmte prudencal das despesas com pessoal dos muncípos é alcançado quando ultrapassa 95% das despesas máxmas do executvo, ou seja, 51,3%. Quando sso ocorre, fca vedado aos muncípos concederem vantagens, aumentos, reajustes ou qualquer outra vantagem, exceto as dervadas de sentença judcal. Também é vedada a cração de cargos, alterações de estrutura de carrera que culmnem em aumento de despesas, provmento de cargo públco, admssão de pessoal, e contratação de hora extra (SANTOS; NASCIMENTO, 214). O ncso II do 1º do art. 59 da LRF versa que os Trbunas de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referdos no art. 2 quando constatarem que o montante das dívdas consoldada e moblára, das operações de crédto e da concessão de garanta se encontra acma de 9% dos respectvos lmtes, neste caso, sobre 54%. Assm, o lmte de alerta permte os gastos com pessoal até no máxmo de 48,6%. METODOLOGIA Para alcançar os objetvos deste estudo, utlzou-se o modelo econométrco de Dferenças em Dferenças com Ajuste de Polgonas a fm de verfcar a dnâmca comportamental das despesas com pessoal em relação às recetas correntes líqudas sob os mpactos da Le de Responsabldade Fscal (LRF) entre os anos de 1997 a 214. Nascmento (28) utlzando este modelo avalou a guerra fscal entre os estados brasleros e comprovou dferenças sgnfcatvas entre os estados que aderram à guerra fscal em comparação ao estado de São Paulo que não aderu. Para tal comprovação, o autor propôs um modelo unfcando dos modelos econométrcos. Base de dados Fo utlzada a base de dados contábes dsponblzada pela Secretara do Tesouro Naconal (STN), através dos Dados Contábes dos Muncípos Fnanças do Brasl (FINBRA) dos anos de 1997 a 211 e do Sstema de Coleta de Dados Contábes de Estados e muncípos (SISTN) no ano de 212. E por fm, nos anos de 213 e 214 das nformações do Relatóro de Gestão Fscal (RGF) dsponblzados nos ste ofcas dos respectvos muncípos. 4 Câmara Muncpal e Trbunal de Contas Muncpas. Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2 p.127-139, jul./dez. 216 131

A dnâmca dos gastos com pessoal em muncípos do estado de São Paulo: Uma análse sob os efetos da le de responsabldade fscal Varáves do modelo Para aferr os resultados, fo adotado o método dos Mínmos Quadrados Ordnáros (MQO), com o modelo econométrco de Dferenças em Dferenças com Ajuste de Polgonas. O modelo de Dferença em Dferença fo exposto por Wooldrdge (21), e o modelo que utlza varáves bnáras para Ajuste de Polgonas explctados em Hoffmann (26). A utlzação do modelo de regressão lnear múltpla de Dferenças em Dferenças com Ajuste de Polgonas se fez necessáro para detectar mudanças e tendêncas de alterações das varáves entre os dos períodos, de 1997 a 24 e de 25 a 214 e entre os dos grupos analsados, grupo de controle e grupo de tratamento. O modelo de regressão lnear múltplo, segundo Nascmento (28), Santos (214), Santos et al (216) é representado pela equação (1) a segur: Y T P P ( T ) L ( T ) 1L 1( T L) 1 Em que: Y é a partcpação percentual do índce de gastos com pessoal de cada muncípo seleconados; P representa a bnára que é gual a zero no prmero período e gual a um no segundo; T é uma varável de tendênca; mostra a abscssa do vértce, que neste modelo é o ano que delmta o período anteror (1997-24) e o posteror (25-214). Então, é gual a 24; L representa a bnára defnda como zero para o grupo de controle (muncípo de São Paulo) e um para o grupo de tratamento (demas muncípos avalados);,,, e φ 1 são os coefcentes; 1 1, representa o erro aleatóro; ndca um determnado ano. * O valor esperado de Y nas quatro stuações dstntas será ndcado por Y kh, com h ndcando o período ncal (h = ) ou fnal (h = 1) e k ndcando o grupo de controle (k = ) ou o grupo de tratamento (k = 1). Verfca-se que: a) Valor esperado de Y antes da efetva mplantação da Le de Responsabldade * Fscal (LRF) no grupo de controle: E( Y T, P( T ) ) ; Y b) Valor esperado de Y no período de após a efetva mplantação da Le de * Responsabldade Fscal (LRF) no grupo de controle: Y E( Y L, P( T ) 1) 1 + ; c) Valor esperado de Y antes da efetva mplantação da Le de Responsabldade * Fscal (LRF) no grupo de tratamento: Y 1 E( Y L 1, T ) ; d) Valor esperado de Y após a efetva mplantação da Le de Responsabldade Fscal * (LRF) para o grupo de tratamento: Y11 E( Y S 1, P 1), 1,, 1, e 1. O valor de 1 demostra em quanto o crescmento entre os dos períodos no grupo de tratamento dfere do crescmento no grupo de controle. Alternatvamente, pode-se (1) 132 Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2, p.127-139, jul/dez. 216

Rogelo Gerônmo dos Santos, Matheus Demambre Bacch, Sdne Perera do Nascmento dzer que 1 mostra em quanto à dferença entre grupos se altera do prmero para o segundo período. Nesse modelo verfca-se que o crescmento anual do valor esperado de Y é gual a: a) : meda do crescmento dos gastos com pessoal dos dos grupos (controle e tratamento); b) : no grupo de controle, antes da mudança estrutural; c) : no grupo de controle, após a mudança estrutural; d) 1: no grupo de tratamento, antes da mudança estrutural; e) + 1 1: no grupo de tratamento, após a mudança estrutural. Para esse estudo será utlzado os resultados dos coefcentes φ e φ 1, respectvamente, das varáves P ( T ) e P ( T ) L. O estmador φ mostra a taxa méda de aceleração do crescmento do índce de gastos com pessoal do grupo de tratamento e do grupo de controle, no segundo período, ou seja, se houve mudanças de comportamento nos dos grupos, no segundo período, compreenddo entre os anos de 25 a 214. O estmador e φ 1 mede a dferença da taxa méda anual de aceleração do crescmento do índce com gastos com pessoal do grupo de tratamento, no segundo período, em relação ao grupo de controle (SANTOS, 214). Entretanto, para aferr os resultados é necessáro montar o modelo econométrco com todas as varáves da equação (1). Observa-se o dagnóstco do coefcente do modelo sempre que for menconada taxa méda, trata-se de uma taxa artmétca de varação e não da taxa geométrca. Essa taxa mostra a varação das despesas com pessoal dos muncípos avalados, comparados à cdade de São Paulo. Justfcatvas da quebra estrutural Conforme já menconado, a LRF tem como objetvo estabelecer normas de fnanças públcas voltadas para responsabldades na gestão fscal. Esta mplca na ação planejada e clara em que se antecpam os rscos e ajustam-se anormaldades capazes de afetar o equlíbro das fnanças públcas, medante o cumprmento de metas pré-estabelecdas nos nstrumentos de planejamento fnancero entre recetas e despesas e à obedênca aos lmtes e condções no que tange à renúnca de recetas. Segundo Andrade (26), o processo de planejamento públco se nca com o Plano Dretor. Todava, na área fnancera os três nstrumentos de planejamento são: O Plano Pluranual (PPA), Le de Dretrzes Orçamentáras (LDO) e a Le de Orçamento Anual (LOA). Esses nstrumentos colaboram no gerencamento efcente na gestão da máquna públca cujas respectvas mportâncas foram ratfcadas a partr da LRF, enfatzando o controle e a transparênca das fnanças públcas (SANTOS; NASCIMENTO, 214). Nesse contexto, em 25 foram empossados os prefetos para a prmera gestão com os três nstrumentos de planejamento fnancero nas normas estabelecdas pela LRF, dferentemente do cenáro de seus vgente nos antecessores, empossados em 21, que assumram suas respectvas admnstrações com esses nstrumentos já elaborados e aprovados, sem as exgêncas prevstas na LRF. Esse fo o prncpal Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2 p.127-139, jul./dez. 216 133

A dnâmca dos gastos com pessoal em muncípos do estado de São Paulo: Uma análse sob os efetos da le de responsabldade fscal motvo para escolha do níco do segundo período ser o ano de 25 (SANTOS; NASCIMENTO; MOURA, 216). O PPA expressa o planejamento e tem por fnaldade prncpal conduzr os gastos públcos de forma raconal. Sua relevânca resde no fato de fornecer dretrzes aos governos quanto à realzação de despesas de captal além dos programas de natureza contnuada, como coleta de lxo, segurança, saúde, educação, dentre outros (SANTOS; NASCIMENTO, 214). A LDO fo ntroduzda no Dreto Fnancero pela Consttução de 1988 e faz o elo entre o PPA e a LOA. Em outras palavras, a LDO prorza as prncpas metas estabelecdas no PPA para serem executadas no orçamento anual. A LDO deve, além de defnr as prordades e nortear a elaboração da LOA, dspor acerca das polítcas de pessoal e das alterações na legslação trbutára. Dessa forma, quando a Admnstração pretende alterar a norma trbutára do exercíco segunte ou conceder reajustes ao funconalsmo, deve ndcar as ntenções à LDO, pos ocasonam reflexos na equalzação das contas públcas do ente públco para o ano segunte (ANDRADE, 26). A LOA revestda por atos formas prevê as recetas e fxa as despesas que serão realzadas no período de um ano, sendo facultado aos agentes públcos realzar as despesas que na LOA estão fxadas, sem temer sanções admnstratvas ou judcas. Por este motvo, é chamada de le autorzatva e não mpostva (ANDRADE, 26). Assm, a LOA é a materalzação do planejamento que expressa seus programas de atuação, dscrmnando a orgem e o montante dos recursos, bem como a natureza e o montante das despesas a serem efetuadas (ANDRADE, 22). ANÀLISE DE RESULTADOS A Tabela 1 demonstra os resultados das regressões do muncípo de São Paulo em relação às demas cdades avaladas neste estudo. Os coefcentes destas varáves demonstram a dnâmca dos gastos com pessoal em relação às recetas correntes líqudas do muncípo de São Paulo em relação aos muncípos de Campnas, Guarulhos, São Bernardo dos Campos, Santo André, Osasco, Sorocaba, Santos e Rberão Preto. O coefcente φ mostra a taxa méda de aceleração do crescmento do índce de gastos com pessoal do grupo de tratamento e do grupo de controle, no segundo período, ou seja, entre os anos de 25 a 214. O coefcente φ 1 demonstra a dferença da taxa méda anual de aceleração do crescmento do índce com gastos com pessoal do muncípo de São Paulo, no segundo período, em relação aos demas muncípos avalados. Dessa forma, realza-se uma análse descrtva desses resultados. Prmeramente, analsa os resultados do coefcente φ. Com exceção dos estmadores das regressões entre o muncípo de São Paulo versus São Bernardo dos Campos e Osasco que não restaram serem estatstcamente sgnfcatvos. Os demas resultados são estatstcamente sgnfcatvos em até,5. 134 Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2, p.127-139, jul/dez. 216

Rogelo Gerônmo dos Santos, Matheus Demambre Bacch, Sdne Perera do Nascmento TABELA 1 Resultados das regressões do muncípo de São Paulo X demas cdades avaladas. Muncípo φ Valor-p Muncípo φ 1 Valor-p Campnas -.78,1 Campnas 1,57, Guarulhos -2,53, Guarulhos 5,7, São B. dos Campos -,75,41* São B. dos Campos 1,51,25* Santo André -1,65, Santo André 3,31, Osasco -1,14,1* Osasco 2,28,2 Sorocaba -2,41, Sorocaba 4,83, Santos -1,21,1 Santos 2,43, Rberão Preto -2,86, Rberão Preto 5,73, Fonte: Elaborado pelos autores. *Estatstcamente não sgnfcatvo ao nível de 5%. Os resultados do modelo econométrco demostram que a aceleração na taxa anual de crescmento dos gastos com despesas com pessoal em relação às recetas correntes líqudas do muncípo de São Paulo e os muncípos de Campnas, Guarulhos, Santo André, Sorocaba, Santos e Rberão Preto reduzram seus gastos com pessoal no período de 25 a 214, ou seja, após a efetva mplantação da Le de Responsabldade Fscal. Os resultados mas expressvos foram com os muncípos de Rberão Preto, Guarulhos e Sorocaba. Estes muncípos reduzram suas despesas com pessoal conjuntamente com o muncípo de São Paulo, com uma taxa méda anual, respectvamente, de 2,86%, 2,53% e 2,41%, no período de 25 a 214. O muncípo de Campnas fo o que apresentou menor desempenho na aceleração méda anual na taxa de redução da partcpação percentual nos gastos com pessoal em relação às recetas correntes líqudas conjuntamente com o muncípo de São Paulo. Esta taxa alcançou,78%, após 25. Os muncípos de Santos e Santo André alcançaram, com o muncípo de São Paulo, respectvamente, uma taxa méda de redução nestes gastos de 1,21% e 1,65% ao ano. Com relação aos valores do coefcente φ 1 que aferu comparatvamente a taxa de crescmento dos gastos com pessoal entre o muncípo de São Paulo e os demas muncípos avalados nesta pesqusa, apenas, a regressão com o muncípo de São Bernardo dos Campos não resultou ser estatstcamente sgnfcatvo. Todava, quando se compara a taxa de crescmento dos gastos com pessoal em relação às recetas correntes líqudas os resultados demonstram que o muncípo de São Paulo reduzu seus gastos com pessoal em relação aos muncípos de Campnas, Guarulhos, Santo André, Osasco, Sorocaba, Santos e Rberão Preto, no segundo período, ou seja, entre 25 e 214. A aceleração méda da taxa de redução dos gastos com pessoal alcançada pelo muncípo de São Paulo, no segundo período, ou seja, após a efetva mplementação da LRF, foram mas expressvas quando comparadas aos muncípos de Rberão Preto e Sorocaba. Estas taxas foram, respectvamente, de 5,73% e 5,7% ao ano. Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2 p.127-139, jul./dez. 216 135

A dnâmca dos gastos com pessoal em muncípos do estado de São Paulo: Uma análse sob os efetos da le de responsabldade fscal Com relação aos demas muncípos avalados nesta pesqusa as taxas anuas de redução dos gastos com pessoal em relação às recetas correntes líqudas comparadas aos demas muncípos de: Sorocaba 4,83%; Santo André 3,31%; Santos 2,43%; Osasco 2,28%; e Campnas 1,57%. Dante do exposto, confrma-se a hpótese desta pesqusa de que os prncpas centros populaconas tendem a ser mas efcentes no que tangem a readequações de duas despesas com pessoal em relação às recetas correntes líqudas conforme demonstrado pelos resultados alcançados pelo estmador φ. Também, confrma a hpótese que o muncípo de São Paulo por representar mas de 6% de todas as despesas com pessoal e mas de 67% das recetas correntes líqudas entre os nove muncípos estudados, nesta pesqusa, alcançou resultados de redução na taxa dos gastos com pessoal, no segundo período, em relação aos demas muncípos avalados, ou seja, após a efetva mplantação da Le de Responsabldade Fscal. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados demonstraram mudança de tendênca na relação entre gastos com pessoal e recetas correntes líqudas, ou seja, o índce de gastos com pessoal, após a efetva mplantação da LRF, neste caso, em 25. As regressões que compararam o desempenho do muncípo de São Paulo com os demas muncípos demostraram que ambos reduzram suas despesas relatvas com gastos com pessoal no segundo período, exceto, os muncípos de São Bernardo dos Campos e Osasco que não fo possível afrmarem em vrtude da ausênca de sgnfcânca estatístca ao nível de,5. O estudo ndcou que os muncípos com maor potencal econômco do estado de São Paulo alcançaram comportamentos semelhantes após a quebra estrutural em 25, no que se refere à redução com as despesas com pessoal relatvamente com as recetas correntes líqudas. Os resultados econométrcos também demonstraram que os muncípos avalados, com a exceção de São Bernardo dos Campos, que não alcançou resultado estatstcamente sgnfcatvo, todos apresentaram semelhança no desempenho quando comparados aos muncípos de São Paulo. Ou seja, após a efetva mplantação da LRF, em 25, todos os muncípos avalados reduzram a taxas nferores suas despesas com relação ao muncípo de São Paulo. Ressalta-se anda que a análse sobre o tema não fo esgotada neste artgo, e novos estudos devem ser realzados para o real entendmento das fnanças públcas no âmbto muncpal, após a mplantação da LRF. A pesqusa lmtou-se a aferr a dnâmca dos gastos com pessoal em relação às recetas correntes líqudas de forma desagregada por muncípo, utlzando-se para sto de um modelo econométrco de varáves que captam as tendêncas tornando resultados com robustez estatístca. Todava, necessta de aprofundamento do estudo no que se refere, prncpalmente, a efcênca com os gastos com pessoal com a possbldade de maxmzar a utldade dos recursos humanos dsponíves e mnmzar os custos de se contratar um servdor de carrera com relações de trabalho mas flexíves comparados ao regme estatutáro. Também, mas específco ao tema é comparar o desempenho dos gastos com pessoal com os muncípos com menores e maores potencaldades populaconal e 136 Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2, p.127-139, jul/dez. 216

Rogelo Gerônmo dos Santos, Matheus Demambre Bacch, Sdne Perera do Nascmento econômca. Anda, sugere-se um estudo que apure se as reduções nas despesas com pessoal acarretaram no aumento dos nvestmentos muncpas. Outro ponto mportante sera complementar esta pesqusa comparando a evolução dos gastos de pessoal com o comportamento dos índces de endvdamento e das operações de crédtos nas nove cdades avalada neste ensao, após a efetva mplementação da LRF. Para aprofundamento nos estudos vslumbramos a possbldade de realzação de análse agregada de muncípos de uma mesma mcrorregão que contenha muncípos de pequeno, médo e grande porte. Ou anda, analsar o comportamento entre muncípos com o mesmo tamanho populaconal e ou mesmo perfl de arrecadação trbutára. Neste sentdo, vslumbra-se um espaço a ser preenchdo para novas pesqusas que contrbuam para o melhor entendmento da temátca abordada, vsto que são escassos os trabalhos que utlzam de métodos quanttatvos para aferr a dnâmca das despesas com pessoal nos muncípos brasleros. Isto se torna mas necessáro em vrtude da provável aprovação pelo Senado (já fo aprovada em prmero e segunda votação na Câmara dos Deputados) da Proposta de Emenda Consttuconal (PEC) nº 241/216, que lmta os gastos dos entes da federação por um período de 2 anos. REFERÊNCIAS AFONSO, J. R. R. Descentralzar e depos establzar: a complexa experênca braslera. Revsta BNDES, Ro de Janero, v. 3, n. 5, p. 31-61,1996. AFONSO, J. R. R.; ARAÚJO, E. A.; REZENDE, F.; VARSANO, R. A Trbutação braslera e o novo ambente econômco: a reforma trbutára nevtável e urgente. Revsta BNDES, Ro de Janero, v. 7, n. 13, p. 137-17, 2. AFFONSO, R. A federação no Brasl: mpasses e perspectvas. Ensaos Seleconados, FUNDAP, 1995. ANDRADE, N. A. Contabldade públca na gestão muncpal. São Paulo: Atlas, 22. ANDRADE, N. A. Planejamento governamental para muncípos. São Paulo: Atlas, 26. ANGRIST, D. J.; KRUEGER, A. B. Emprcal strateges n labor economcs. Prnceton: Prnceton Unversty. 1998. 89 p. (Workng Paper, 41). BRASIL. Insttuto Braslero de Geografa e Estatístca IBGE. 216. Dsponível em <http://bge.gov.br>. Acesso em: 24 de mar. 216. BRASIL. Consttução. Consttução da Repúblca Federatva do Brasl. 1988. Dsponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccvl_3/consttucao/consttucao.htm>. Acesso em 1 de mar. 216. BRASIL. Casa Cvl. Le 432, de 17 de março de 1964. Dsponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccvl_3/les/l432.htm>. Acesso em: 27 de mar. 216. Economa & Regão, Londrna (Pr), v.4, n.2 p.127-139, jul./dez. 216 137

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