Belo Horizonte: nossa cidade, nossa história Nome dos autores: Flávia Helena Pontes Carneiro Martha Lourenço Vieira Instituição: Centro Pedagógico Escola de Educação Básica e Profissional EBAP/ UFMG Resumo: Este trabalho foi desenvolvido em duas turmas de 3 ano do 1 Ciclo de Formação Humana do Centro Pedagógico da UFMG no ano de 2012. Este projeto foi considerado importante para possibilitar aos alunos uma discussão sobre o lugar em que vivem, levando em consideração as condições locais e propiciando a caracterização da paisagem natural e urbana ao longo do tempo. O trabalho desenvolvido nos 3 anos buscou articular as aprendizagens dos alunos integrando as diversas áreas de ensino: Português, História, Geografia, Ciências, Arte, Educação Física. Para realizar este estudo foram utilizadas diversas estratégias metodológicas: aulas expositivas; apresentação de slides; pesquisas na internet; leitura de textos de gêneros diversos; realização de trabalhos individualmente e em grupo; apresentação oral de pesquisas realizadas; construção de maquetes; produção de trabalhos artísticos; realização de atividades em sala e visita ao Museu de História Abílio Barreto. O estudo favoreceu a compreensão de diferentes dimensões espaciais; ampliou o conhecimento dos alunos acerca dos serviços indispensáveis para a vida da população na cidade, tais como saneamento básico, serviços de saúde e transporte; possibilitou a compreensão de que as transformações na paisagem que ocorrem ao longo do tempo são resultantes das interações humanas; possibilitou a produção e a utilização de mapas em diferentes suportes favorecendo a familiarização com a linguagem cartográfica; deu visibilidade às mudanças e permanências nos costumes relacionados à Festa Junina, como uma expressão da cultural local. Com este trabalho foi possível explorar aspectos históricos, geográficos, políticos, econômicos e sociais, ambientais e administrativos
da cidade de Belo Horizonte. O estudo possibilitou uma abordagem interdisciplinar para o entendimento do surgimento e do desenvolvimento de nossa cidade. Por fim, favoreceu o (re)conhecimento do patrimônio cultural e histórico de nossa cidade como um conjunto de bens que pertencem a coletividade, propiciando uma relação de identidade com o lugar em que vivemos e possibilitando o desenvolvimento de uma consciência para o bem comum. Introdução (justificativa e objetivo geral) Este trabalho foi desenvolvido em turmas do 3 ano do 1 Ciclo de Formação Humana do Centro Pedagógico da UFMG no ano de 2012. A ideia de se trabalhar com o Projeto Belo Horizonte: nossa cidade, nossa história partiu da necessidade de articular os objetivos pedagógicos da disciplina Tópicos Integrados que prevêem o trabalho com a memória e o estudo da história local como ponto de partida para a construção da identidade e para a ampliação da visão de mundo dos alunos. Sendo assim, o projeto possibilitou a discussão sobre a cidade em que os alunos vivem, levando em consideração as características e as modificações de sua paisagem natural e urbana ao longo do tempo, e estabelecendo relações entre a história pessoal e familiar dos próprios alunos com a história da formação e da evolução da cidade. Este estudo teve sua dimensão ampliada a partir do interesse dos alunos em aprofundar em alguns aspectos. A partir dos objetivos gerais propostos no 1º ciclo, foram relacionados objetivos específicos a serem desenvolvidos em sala de aula com os alunos de 8 anos. O trabalho desenvolvido nos 3 anos buscou integrar as diversas áreas de ensino (Português, História, Geografia, Ciências, Arte, Educação Física). Objetivos específicos Conhecer a rua, o bairro e a cidade onde mora; Descrever lugares utilizando pontos de referência;
Reconhecer serviços públicos importantes para o funcionamento do bairro e da cidade; Reconhecer o patrimônio público de nossa cidade identificando importantes construções e pontos turísticos; Conhecer a história de construção da cidade de Belo Horizonte, bem como alguns aspectos do processo de metropolização desta capital; Descrever e comparar paisagens de Belo Horizonte ao longo do tempo; Reconhecer algumas permanências e transformações sociais, econômicas e culturais nas vivências cotidianas das famílias e da coletividade em diferentes épocas; Identificar informações em imagens, textos, mapas, tabelas, gráficos e outras fontes e documentos históricos; Produzir desenhos e mapas como representação do espaço; Utilizar mapas como fontes de informação; Utilizar ferramentas da internet para localização das ruas, bairros e pontos turísticos da cidade. Metodologia A abordagem interdisciplinar foi central na construção deste estudo. Os alunos participaram de situações envolvendo a leitura de jornais e mapas, análise de fotos e documentos históricos, consulta à internet, produção de convites, painéis e entrevistas com familiares e moradores da cidade, apresentações orais. As disciplinas de História e Geografia orientaram as discussões que envolveram a compreensão de categorias e conceitos tais como espaço, tempo, urbanismo, natureza e sociedade. A Educação Física contribuiu com o desenvolvimento do Projeto Festas Juninas nos Belos Horizontes, possibilitando a compreensão das diferentes manifestações culturais do mês de Junho na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A Arte contribuiu com novos modos de olhar a cidade, bem como possibilitando a utilização de diferentes técnicas e materiais na
representação da capital mineira. Questões relacionadas à proteção e à preservação do meio ambiente foram também trabalhadas na área das Ciências. Para realizar este estudo foram utilizadas diversas estratégias metodológicas: aulas expositivas; apresentação de slides; utilização da internet; leitura e produção de textos de diversos gêneros e tipos; realização de trabalhos individuais e em grupos; apresentação oral das pesquisas realizadas; construção de maquetes e painéis fotográficos; análise e construção de mapas de percursos e pontos de referência da cidade, produção de trabalhos artísticos e visita ao Museu de História Abílio Barreto. O trabalho teve inicio com o estudo da rua, do bairro e com a localização de pontos de referência. O Centro Pedagógico é uma escola que recebe alunos oriundos de diferentes bairros e regiões, já que tem o sorteio das vagas como critério de entrada. A diversidade de localidades de onde vêm nossos alunos possibilitou o enriquecimento do estudo sobre o bairro, na medida em que favoreceu a compreensão de aspectos comuns e diferentes entre elas, tais como: as condições de transporte e moradia, as formas de lazer, o comércio, dentre outros. Partimos do reconhecimento e da identificação da rua possibilitando aos alunos identificar pontos de referência como elementos importantes na orientação do espaço. Foram feitas vivências dentro da escola utilizando referências no prédio do CP para dar orientações de deslocamento e, em seguida, ampliamos esta noção para espaços geográficos maiores, como o Campus da Pampulha, realizando exercícios de localização e identificação de referências. Diversas formas de representação destes lugares foram utilizadas como a produção de desenhos de observação e a leitura e construção de mapas. Essa perspectiva possibilitou a compreensão de diferentes dimensões espaciais e o reconhecimento de que a rua está no bairro, na cidade, no estado, no país, no continente, no planeta, etc. Existem muitos tipos de bairros numa cidade. Sua caracterização (residenciais; comerciais, industriais e mistos) foi importante para que os alunos pudessem perceber a variedade de construções e serviços presentes em cada um.
Fizemos ainda um levantamento dos aspectos positivos e negativos da vida nos bairros, tentando imaginar as condições ideais de um lugar para se morar e o que poderíamos fazer para torná-los um lugar melhor para se viver. Constatamos que em muitos deles há elementos comuns como padarias, pontos de ônibus, lojas e elementos diferentes como hospitais, indústrias, postos de saúde. Após essa caracterização, passamos à comparação entre os bairros, às relações de vizinhança, chegando à divisão do município em regionais. A compreensão de que os bairros são agrupados em Regionais em função da posição geográfica para auxiliar a administração da prefeitura de um grande número de bairros possibilitou-nos realizar uma conexão com a administração da cidade. Este enfoque propiciou a abordagem dos serviços de saneamento básico, serviços que garantem a melhoria da saúde e das condições de vida de uma população. Desta maneira, os alunos puderam conhecer a COPASA, a CEMIG e a SLU como sistemas públicos de abastecimento de água, energia elétrica, tratamento do esgoto e destinação adequada do lixo. Outros serviços de grande importância na vida cotidiana dos moradores da cidade foram identificados e caracterizados, tais como SUS e BHTRANS. A leitura do livro Belo Horizonte, de arraial a capital promoveu o contato com elementos da história da ocupação de Belo Horizonte. Histórias de riquezas, reis, bandeirantes, inconfidentes povoaram a imaginação dos alunos e os fascinaram pelas conexões que puderam estabelecer com tantas outras histórias encantadas e de fadas envolvendo aventuras, lutas, injustiças, poder e coragem, ideais. Desta maneira, mais do que se apegar a fatos ou dados históricos, o conhecimento de nossa história e da história de nossa cidade favoreceu o estabelecimento de relações de uma história que se faz à medida em que se vive em certas condições de existência num determinado tempo e lugar. Para conhecer o modo de organização de vida e do espaço num tempo passado foram exibidos diversos slides e fotografias. A comparação de imagens do Arraial do Curral del-rei, de Belo Horizonte recém inaugurada e da paisagem urbana de hoje, favoreceu a compreensão do tempo histórico passado, presente e
futuro e a compreensão da transformação do espaço urbano como fruto da atividade e ocupação humanas. O trabalho com as novas tecnologias, realizado no GTD, possibilitou aos alunos utilizarem ferramentas da internet, como o Google Maps, e realizar passeios virtuais na rua onde moram e em alguns pontos de referência importantes de nossa cidade, ampliando a noção dos mapas até então trabalhados em sala de aula. Além disso, a utilização desta ferramenta possibilitou ver a cidade sob o ponto de vista físico, econômico, social e cultural. A utilização de inovações geotecnológicas, como o Google Maps, contextualizada na perspectiva deste projeto, possibilitou a abordagem do espaço de maneira multidisciplinar e a visualização da influência humana em diferentes aspectos: sociais, culturais, econômicos e políticos, tornando o aprendizado da geografia e da história da cidade mais significativo. Este tipo de interação e visualização imediata de certos pontos da capital ampliou os modos de ver a cidade e as pessoas que vivem nela. O estudo das tradições das Festas Juninas de Belo Horizonte abordagem proposta pelo Núcleo de Educação Física no ano de 2012 proporcionou a troca de informações relacionadas às mudanças e permanências nos costumes dos moradores de nossa cidade ao longo do tempo. Foram realizadas entrevistas com adultos que residiram e residem em diferentes bairros da região metropolitana. A diversidade das experiências culturais pôde ser conhecida e explorada em sala. Além disso, os alunos também tiveram acesso a informações sobre diferentes espaços da cidade destinados à cultura e ao lazer, tais como: teatros, mercados, praças, museus, bibliotecas, igrejas, etc. Alguns dos problemas ambientais vivenciados hoje: a poluição sonora, do ar, das águas, as enchentes, o problema do lixo, do trânsito e do transporte urbano, foram também abordados levando em consideração as ações que podem ser feitas para diminuir o impacto ambiental e melhorar a qualidade de vida na cidade. Resultados obtidos
O trabalho realizado contribuiu para a compreensão de diferentes aspectos relacionados aos objetivos pedagógicos definidos em diversas disciplinas do 3º ano do 1º Ciclo, em especial, Geografia e História. Favoreceu a compreensão de diferentes dimensões espaciais, reconhecendo assim que a rua está no bairro, na cidade, no país, no continente, no planeta; ampliou o conhecimento dos alunos acerca dos serviços indispensáveis para a vida das populações na cidade, tais como saneamento básico, segurança, saúde e transporte; possibilitou a compreensão de que as transformações que ocorrem ao longo do tempo em determinados espaços são resultantes das interações humanas; possibilitou a utilização de mapas (rua, bairro, região, município) em diferentes suportes favorecendo a familiarização com a linguagem cartográfica. Deu visibilidade às mudanças e permanências nos costumes relacionados à Festa Junina, como uma expressão da cultural local e regional. Conclusões Com este trabalho foi possível explorar aspectos históricos, geográficos, culturais, políticos, econômicos, sociais, ambientais e administrativos da cidade de Belo Horizonte. O Projeto Belo Horizonte: nossa história, nossa cidade possibilitou uma abordagem interdisciplinar para o entendimento do surgimento de nossa cidade. Consideramos que é por meio do (re)conhecimento do patrimônio cultural e histórico de nossa cidade como um conjunto de bens que pertencem a coletividade é que criamos identidade com nosso espaço propiciando o desenvolvimento de uma consciência para o bem comum. Bibliografia BH 100 anos nossa história. Estado de Minas. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. 1996. CAMPOS, Helena Guimarães. História de Belo Horizonte. Belo Horizonte, MG: Lê, 2010. Jornal do Ônibus. PBH. BHTRANS. Belo Horizonte. Jan. 2012.
SOUSA, Sérgio Dâmaso de; SPINELLI, Mirella. Belo Horizonte, de arraial a capital. São Paulo: Cortez, 2007. 23 p.