AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE PACIENTES TRATADOS DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE PACIENTES TRATADOS DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO Palavras chaves: qualidade de vida, questionários, avaliação da qualidade Introdução: Diferentes parâmetros podem fornecer a qualidade de um atendimento, desde a satisfação do paciente quanto ao espaço físico, a cordialidade do atendimento e o sucesso do tratamento. O conhecimento específico da qualidade do atendimento prestado pelos serviços é ferramenta útil para melhorias do mesmo. Estudos revelam que a satisfação do cliente é um instrumento importante na avaliação da qualidade do serviço prestado. Desta forma, a percepção do paciente passa a ser um parâmetro de eleição para o controle da prestação de serviços, o que irá oferecer direta ou indiretamente diretrizes para o planejamento do atendimento e possivelmente resultados mais satisfatórios (1, 2, 3) Em estudo anterior, o atendimento fonoaudiológico de 551 pacientes em hospital oncológico, foi avaliado como de boa qualidade, pois o sucesso da reabilitação foi observado na maioria significante dos pacientes. Os pacientes que responderam ao tratamento com melhores evoluções funcionais e melhores índices de aderência foram os acometidos pelo câncer de cabeça e pescoço (4). Não encontramos na literatura compulsada estudos sobre a qualidade de atendimento em qualquer área de atuação fonoaudiologica. Por esse motivo acreditamos ser importante a avaliação da qualidade do atendimento fonoaudiológico em pacientes tratados do câncer de cabeça e pescoço, tanto pela perspectiva do clínico como pela do paciente, para observarmos se os dois parâmetros convergem para a boa avaliação da qualidade do serviço fonoaudiológico prestado. Objetivo: Avaliar a qualidade do atendimento fonoaudiológico de pacientes tratados de câncer de cabeça e pescoço sob as perspectivas do clínico e do paciente. Método e casuística: Estudo de caráter transversal. A população alvo do estudo foi composta por indivíduos que foram submetidos à reabilitação fonoaudiológica no Hospital A.C. Camargo após tratamento oncológico devido ao câncer de cabeça e pescoço no período de 2000 a 2005, independentemente de sexo e de idade.

Foi realizado o levantamento de 350 fichas de avaliação fonoaudiológica e posterior revisão dos prontuários médicos para preenchimento da ficha de registro de dados. Foram registrados: dados de identificação e dados do tratamento médico e variáveis relacionadas com a evolução do tratamento fonoaudiológico (evolução do quadro, interrupção do tratamento, resultado final de fonoterapia e aderência ao tratamento). Posteriormente os pacientes foram contatados via telefone e/ou carta e devidamente esclarecidos da finalidade do trabalho em questão. Após aceitarem participar do estudo e assinar o termo de consentimento livre esclarecido, foi realizado um segundo contato telefônico para a aplicação do questionário a respeito da qualidade do atendimento fonoaudiológico, por fonoaudióloga sem contato anterior com o paciente. O questionário utilizado foi constituído da seguinte forma: ferramenta composta de sete questões objetivas que avaliam a percepção da reabilitação fonoaudiológica como; tempo de tratamento, motivação para a terapia, relação com o terapeuta, evolução da alteração funcional, motivo das faltas, motivo do abandono, satisfação funcional e satisfação com o departamento de fonoaudiologia. Após a obtenção das respostas, todo o questionário teve seus valores convertidos numa pontuação variável de 0 a 100, onde 0 corresponde ao pior escore e 100 ao melhor escore, sendo 100, o escore máximo para cada questão. Após a conversão, os valores de cada resposta foram somados e o resultado foi então dividido pelo número de questões, sendo o resultado obtido o valor do aspecto avaliado. Modelo aplicado ao paciente Ruim Razoável Bom Ótimo Excelente Como você avalia o tempo de 1 2 3 4 5 tratamento realizado Modelo da conversão da pontuação Como você avalia o tempo de tratamento realizado Ruim Razoável Bom Ótimo Excelente 0 25 50 75 100

RESULTADOS: A casuística do estudo apresentou predominância do sexo masculino com idade mediana de 59 anos com predominância do tumor primário na cavidade oral (39,2%) e laringe (27,1%), com estadiamento avançado para 55% da população estudada. Verificamos que o tempo médio de fonoterapia foi de 3 meses com uma mediana de 6 sessões, aproximadamente. A maioria apresentou baixo índice de faltas. O resultado final da fonoterapia mais incidente foi o abandono do tratamento com 56,7%. Entretanto, destes já havia alcançado (66%) evolução do quadro entre razoável e ótimo. Este Resultados demonstram boa qualidade de atendimento fonoaudiológico, sob o ponto de vista do clínico. Com relação à opinião dos pacientes à respeito da qualidade de atendimento fonoaudiológico, observamos uma mediana igual ou superior a 75 em todas as questões do questionário e no escore final (tabela 1). Tabela 1 Distribuição de freqüências de acordo com as medidas de tendência central e de variabilidade relacionadas as diferentes questões e escores final do questionário. Variável Min Max Mediana Media ± dp Como você avalia o tempo de tratamento que foi realizado 25 100 75 69,8 ± 19,7 Como você avalia o seu grau de comprometimento com o seu tratamento 25-100 75 72,8 ± 23,9 fonoaudiológico. Como você avalia a relação com o seu terapeuta durante o tratamento. 25-100 100 83,6 ± 21,4 Como você avalia as explicações que seu fonoaudiólogo deu sobre o seu tratamento. 25-100 87,5 79,6 ± 22,8 De forma geral como você avalia o atendimento realizado pelo departamento de 50-100 75 79,3 ± 20,8 fonoaudiologia. Escore final. 50-100 79,1 77,3 ± 16,3 *Legenda: Min Max = mínima e máxima, Med = media, dp = desvio padrão.

Com relação à opinião dos pacientes a respeito do motivo do abandono do tratamento, a fonoterapia já ter contribuído com a reabilitação e o paciente já se sentirem melhor foi o aspecto mais mencionado, para 56,2 % dos pacientes (figura 1). Figura 1: Distribuição da casuística de acordo com os motivos do abandono do tratamento fonoaudiológico. 60 56,2% 50 40 30 20 11,1% 14,1% 17,1% 10 0 1,5% resp 1 resp 4 resp 6 resp 2 resp 3 Resp 1 = Questões financeiras. Resp 2 = Indisponibilidade de horários Resp 3 = A fonoterapia já havia contribuído com a sua reabilitação e você já se sentia melhor Resp 4 = A fonoterapia não contribuía mais com melhoras evidentes Resp 5 = A fonoterapia não contribuiu com a melhora do seu problema. Resp 6 = Outros (retornar para cidade de origem, alta, por orientação da fono) Na análise dos resultados com relação ao tipo de tratamento realizado observouse que os pacientes tratados com radioterapia exclusiva ou associada a outra modalidade de tratamento apresentaram os piores escores (p=0,049). Pacientes que interromperam o atendimento devido à piora do estado clínico geral e pacientes que ainda estavam em acompanhamento fonoaudiológico apresentaram os menores escores (p = 0,040) e (p = 0,036), respectivamente. Discussão: A proposta de estudo, além de mensurar a qualidade do atendimento fonoaudiológico para pacientes com câncer de cabeça e pescoço, também compreender quais os aspectos mais mencionados por esse grupo de indivíduos como importantes

para a qualidade do atendimento e identificar quais deles levam um paciente a abandonar o tratamento fonoaudiológico. O estudo desperta na fonoaudiologia clínica a necessidade de conhecer melhor os serviços que presta aos seus pacientes e os aspectos que podem influenciar no sucesso da terapia fonoaudiológica. Os resultados encontrados em nosso estudo demonstram que os pacientes têm um alto conhecimento a respeito do seu problema, pois aqueles que permanecem em atendimento (acompanhamento) identificaram que ainda não estão com uma evolução satisfatória (p = 0,040). Sabemos que o grau de informação que o paciente possui sobre seu problema de saúde está diretamente relacionado à qualidade da atenção recebida e indica a preocupação do profissional em torná-lo atuante nos diversos momentos de seu tratamento (5). Nogueira (1994) sugere a aplicação de princípios organizacionais que resguardem o conforto do usuário e aumentem a percepção dos profissionais sobre o sentido do conjunto dos atos, para enfrentar muitos dos problemas que foram aqui apresentados. Podemos, deste modo, propor que a satisfação do usuário seja uma meta na fonoaudiologia e que seja avaliada sistematicamente sob a perspectiva de quem utiliza o serviço vivenciando os problemas citados, trazendo, portanto, críticas e sugestões concretas para a melhoria da qualidade do serviço prestado. Conclusão: Os resultados desta pesquisa permitem-nos concluir que o Departamento de Fonoaudiologia de um hospital oncológico, sob a perspectiva do clínico, apresenta um tempo de fonoterapia com mediana de 3 meses, baixo índice de faltas, predominância de boa evolução do quadro clinico e alto índice de aderência ao tratamento. Sob a perspectiva do paciente, as interrupções do tratamento e a modalidade de tratamento médico podem interferir na avaliação da qualidade do atendimento prestado. Os dados encontrados sugerem a concordância entre a avaliação do clínico e do paciente, indicando uma boa qualidade de atendimento. Embora o índice de abandono do tratamento seja alto, ambas as análises se justificam pela boa evolução funcional, pela percepção e satisfação do paciente a respeito da sua evolução clínica. 1 - Santos MP. Avaliação da qualidade dos serviços públicos de atenção à saúde da criança sob a ótica do usuário. Rev Bra Enferm. 1999; 48(2):109-19. 2- List MA, Stracks J, Colangelo L, et al. How do head and neck cancer patients prioritize tretment outcomes before initiating treatment? J clin oncol. 2000; 18(4): p. 887-884. 3 - Rogers SN, Louve D, Fesher SE, Brown JS, Vaeghan ED. Heath-related quality of life and clinical fuction after primary sugery for oral cnacer. Br J Oral maxillofacial Surg. 2002; 40:11-8.

4- Barcelos CB, Carrara-de Angelis E, Barros APB. Na evaluation of speech therapist quality of care on oncology hospitals. Applied Cancer Research. 2006;26(1) 5 - Selma CF, Gastão WSC. Avaliação da qualidade de atendimento ambulatorial em pediatria em um hospital universitário. Cad. Saúde Públ. 1998; 14(1):61-70.