COMUNICAÇÃO E RECURSOS AMBIENTAIS: ANÁLISE NA FAIXA ETÁRIA DE 1 A 3 ANOS.
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- Helena Conceição Vasques
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1 COMUNICAÇÃO E RECURSOS AMBIENTAIS: ANÁLISE NA FAIXA ETÁRIA Palavras-chave: comunicação, creches, família. DE 1 A 3 ANOS. INTRODUÇÃO A infância é uma das fases da vida onde ocorrem as maiores modificações físicas e psicológicas, que caracterizam o crescimento e desenvolvimento infantil. O acompanhamento dessas mudanças visa a promoção e manutenção da saúde da criança, bem como intervir sobre fatores capazes de comprometê-la. 1 Na primeira infância os principais vínculos, bem como os cuidados e estímulos necessários ao crescimento e desenvolvimento, são fornecidos pela família o que é essencial para o amadurecimento cognitivo infantil. 2 Diversos aspectos da vida familiar podem direcionar o aprendizado escolar, a motivação da criança para os estudos e o desenvolvimento de competências interpessoais que garantem um bom relacionamento com professores e colegas, incluindo desde a atmosfera e organização do lar até o envolvimento dos pais com a vida escolar da criança. Esse envolvimento com a vida escolar dos filhos parece ser um preditor significativo de progresso acadêmico, desde a infância até o final da adolescência. 3 O presente estudo tem o objetivo de caracterizar o desenvolvimento da comunicação de crianças de 1 a 3 anos freqüentadoras de creches e discutir as interrelações com o ambiente familiar e da creche. METODOLOGIA Trata-se de estudo transversal com amostra de conveniência, realizado em duas creches de Belo Horizonte: (A) pública e localizada na regional Nordeste; (B) particular conveniada à Prefeitura, localizada na regional leste. O estudo foi aprovado pelo COEP/ UFMG (ETIC 402/08). Foram incluídas no estudo 70 crianças regularmente matriculadas nas creches com idade entre 1 e 3 anos cujos responsáveis responderam ao Inventário de recursos do ambiente familiar (RAF.) Para cumprir os propósitos da pesquisa foram aplicados os seguintes instrumentos:
2 1. RAF Inventário de recursos do ambiente familiar com perguntas abertas e itens de escolha múltipla, validado no Brasil 3. e aplicado sob forma de entrevista semi-estruturada. Foi calculada a pontuação relativa global, e a de cada um dos dez tópicos, seguindo a seguinte fórmula: pontuação bruta/pontuação máxima x10, sendo pontuação bruta a soma de todos os itens assinalados e a pontuação máxima corresponde ao número de itens. 2. Perfil comunicativo: avaliado em uma sala na própria creche, em sessão individual de aproximadamente 40 minutos, e no ambiente de recreação, quando necessário, utilizando Protocolo descrito em literatura 4. O desenvolvimento de linguagem de cada um dos participantes foi observado, segundo duas grandes áreas: aspectos comunicativos (recepção e emissão) e aspectos cognitivos da linguagem. Para cada criança foram calculados os índices em cada área e um índice global, todos com valor máximo igual a 1,0. ID: número de comportamentos avaliados número de comportamentos não observado Número de comportamentos avaliados 3. Escala Iters-R: avaliação do ambiente da creche composta por subescalas referentes a recursos físicos, humanos, atividades desenvolvidas e currículo,o escore máximo a ser obtido na análise é 7. 5 Para realizar as análises estatísticas, foram utilizados os testes estatísticos: Spearman, Pearson, T -test for Equality of Means, e Mann-Whitney; para verificação do comportamento dos dados com determinada confiança e, a seguir análise de regressão múltipla. Foram consideradas como associações estatisticamente significantes, os resultados que apresentaram um nível de significância de 95% (pvalor 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao analisarmos os recursos ambientais das creches verificamos que a creche A (pública) obteve o escore total de 4,28 e a creche B (particular conveniada) escore total de 3,94.
3 RAF Tabela 3 Apresentação dos valores de p referentes às associações entre e Iventário de Recursos Familiar (.N = 65) Índice Global Comunicação Emissão Comunicação Aspectos Cógnitos da Linguagem Comunicação Recepção Correlação p-valor Correlação p-valor Correlação p-valor Correlação p-valor RAF índice Global 0,28 0,02 0,26 0,03 0,07 0,54 0,23 0,05* Atividades fora da Creche 0,07 0,55 0,07 0,53 0,07 0,55-0,03 0,80* Passeios 0,12 0,31 0,15 0,20-0,14 0,25 0,17 0,16* Atividades Programadas* -0,04 0,74* -0,13 0,30* 0,01 0,89* 0,08 0,49* Atividades com os pais 0,74 0,00 0,29 0,01 0,09 0,45 0,36 0,00* Brinquedos 0,36 0,00 0,36 0,00 0,14 0,23 0,28 0,02* Jornais e revistas em casa* 0,04,072* 0,04 0,73* -0,00 0,94* 0,14 0,26* Livros em casa 0,72 0,03 0,21 0,08 0,19 0,12 0,27 0,02* Acompanhamento em afazeres escolares* 0,00 0,99* 0,02 0,83* 0,05 0,69* -0,01 0,91* Horários/Rotina -0,08 0,51-0,01 0,92-0,02 0,87-0,17 0,16* Convivência familiar semana 0,09 0,43 0,06 0,59 0,04 0,73 0,10 0,39* Convivência familiar fim de semana* 0,03 0,81* 0,00 1,00* 0,01 0,88* 0,12 0,33* Teste de Pearson *para essas variáveis foi utilizado o teste de Spearman, já que essas não possuem uma distribuição normal. A análise da variável Inventário de Recursos do Ambiente Familiar - RAF pela variável creche nos permitiu observar que existe diferença estatísticamente significante entre as médias da creche B para A em alguns domínios. Podemos
4 perceber que a creche A obteve melhores médias nos domínios referentes à dedicação e envolvimento dos pais com as crianças, enquanto a creche B obteve melhores médias nos domínios referentes à cultura e nível de escolaridade. Tal fato pode ser explicado pelo nível socioeconômico e cultural relacionado à localização das creches na cidade de Belo Horizonte. Segundo Moreira 2002, as condições socioeconômico-culturais podem ter papel de desencadear e apoiar mudanças substanciais nas práticas de criação de filhos, com repercussões importantes no desenvolvimento da criança. Ao compararmos a variável com a variável Creche observamos que em todos os domínios e no índice global o valor da média foi maior na Creche A que na Creche B. Sendo que a diferença entre as médias das creches só foi estatisticamente significante para o domínio Comunicação Recepção. O oposto foi observado por Pedro (2002), que relata que a maior parte da população atendida em creches públicas é de nível socioeconômico cultural baixo, o que favorece que crianças freqüentadoras dessas creches apresentem desvantagens no desenvolvimento em relação às demais. Tais achados corroboram, ainda com Andrade 2005, ao relatar que quanto melhor a qualidade da estimulação ambiental disponível para a criança, melhor o seu desempenho cognitivo. Ao analisarmos a associação dessas variáveis podemos observar correlação positiva estatísticamente significante em alguns itens, na medida em que uma variável cresce a outra também cresce de forma linear. Com o objetivo de verificar possíveis relações causais entre variáveis, foram criados cinco modelos estatísticos que foram analisados por meio da regressão múltipla. Tais análises revelaram relações positivas estatísticamente significantes entre as variáveis: (Índice Global) com a questão 5 (presença de Brinquedos) do Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (RAF) e sexo masculino. (Índice Global), RAF (Índice Global) e sexo masculino. (Comunicação e Emissão) com a questão 5 (Brinquedos) do RAF e sexo masculino. RAF (Índice Global) e creche, sendo que quando a variável creche for B a média da variável RAF (Índice Global) tende a diminuir em 0.62 unidades. (Comunicação e Recepção) com a questão 4 (Atividade com os pais) do RAF e sexo masculino. Assim os dados revelaram interrelação entre recursos do ambiente familiar, creche e o perfil comunicativo dos sujeitos avaliados. Sendo que o sexo masculino parece sofrer maior influência destes fatores quando comparado ao sexo feminino.
5 Cabe ressaltar que o perfil comunicativo índice global e emissão teve relação com a disponibilidade de brinquedos em casa e o perfil comunicativo recepção relacionou-se com atividades compartilhadas com os pais. CONCLUSÃO Houve relação positiva entre recursos do ambiente familiar e perfil comunicativo. Ocorreu também relação positiva entre recursos ambientais da família (índice global) e creche. Acreditamos que os dois instrumentos sejam úteis na prática clínica, já que por meio deles foram encontrados resultados que corroboram com a literatura. REFERÊNCIAS: 1. CARABOLANTE, A. C.; FERRIANI, M. G. C. O crescimento e desenvolvimento de crianças na faixa etária de 12 a 48 meses em creche na periferia da cidade de Ribeirão Preto SP. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.5 n.1 p.28-34, ANDRADE, S. A; DARCI, N. S; BASTOS, A. C.; PEDROMÔNICO, M. R. M.; FILHO, N. A.; BARRETO, M. L. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Rev. Saúde Pública; 39(4): MATURANO, E. M. O Inventário de Recursos do Ambiente Familiar. Universidade de São Paulo, LIMA, A. B. R.; BHERING, E. Um estudo sobre creches como ambiente de desenvolvimento. Cadernos de Pesquisa, vol. 36, n. 129, p , CHIARI, B. M. et al. Proposta de Sistematização de dados da avaliação fonoaudiológica através da observação de comportamentos de crianças de 0 a 6 anos. Pró-fono Revista de Atualização Científica. Vol.3(2) MOREIRA, L. V. C.; LORDELO, E. R.; Creche em ambiente urbano pobre: ressonâncias no ecossistema desenvolvimental. Interação em Psicologia Universidade Federal da Bahia, Salvador, v. 6, n.1, p , PEDRO, A.C. et al. Atuação Fonoaudiológica em Creche. Folha Médica - UNIFESP, São Paulo, v. 121, n.1, p. 38, ANDRADE, S. A; DARCI, N. S; BASTOS, A. C.; PEDROMÔNICO, M. R. M.; FILHO, N. A.; BARRETO, M. L. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Rev. Saúde Pública; 39(4):
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