Artigo Original TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO IDOSO ACIMA DE 80 ANOS

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1 Artigo Original TRATAMENTO DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO NO IDOSO ACIMA DE 80 ANOS HEAD AND NECK CANCER TREATMENT IN ELDERLY PATIENTS OVER 80 YEARS OLD 1,4,6 TERENCE PIRES DE FARIAS 5 GABRIEL MANFRO 1,2,3 FERNANDO LUIZ DIAS 5 JOSÉ SPERRY JÚNIOR 6 ANDRÉ LEONARDO DE CASTRO COSTA 7 MICHEL PONTES CARNEIRO RESUMO Introdução: A população brasileira tem apresentado mudanças nas últimas décadas a custa do aumento do número de idosos, gerando alteração na incidência das doenças e mortalidade na população. Objetivo: Estudar fatores prognósticos e preditivos de resposta ao tratamento oncológico em pacientes com idade maior ou igual a 80 anos, acometidos por tumores de cabeça e pescoço. Pacientes e método: Estudo retrospectivo, com a análise de 142 pacientes com idade maior ou igual a 80 anos, tratados por carcinoma espinocelular (CEC), no INCa-MS-RJ. Foram analisados gênero, idade, estadiamento, comorbidade, sítio do tumor primário, tratamento realizado e evolução clínica. Análise estatística: p < 0,05 (qui-quadrado e regressão de Cox). Sobrevida: Kaplan-Meyer. Resultados: Dos 142 pacientes, 74 (45%) eram do gênero feminino e 78 (55%), do masculino. A média de idade foi de 84,5 anos (80 94 anos). 1.Titular da Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA- MS-RJ) 2. Chefe da Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA- MS-RJ) 3. Professor Coordenador do Curso de Pós-graduação em Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) 4. Professor Associado do Curso de Pós-graduação em Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) 5. Ex-residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA-MS- RJ) 6. Residente de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCA-MS- RJ) 7. Mestrando em Oncologia pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA-MS-RJ) Instituições: Seção de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Nacional de Câncer (INCa MS RJ) e Curso de Pós-Graduação em Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Correspondência: Terence Farias, Rua Ministro Artur Ribeiro 98/503, Rio de Janeiro, RJ. E- mail: terencefarias@yahoo.com.br Os sítios tumorais mais freqüentemente acometidos foram: cavidade oral, orofaringe, laringe e hipofaringe, a maioria com estádios avançados [estádio III, 44 casos (30,1%) e estádio IV, 64 casos (45%)]. O CEC foi o tipo histológico mais freqüente (93%). Trinta e quatro pacientes (23,9%) foram considerados fora de possibilidades terapêuticas, antes de qualquer forma de tratamento. O tratamento mais freqüente foi a radioterapia exclusiva, com média de dose de radiação de 51,4 Gy (6 70 Gy). Não foi evidenciada nenhuma variável com impacto prognóstico na recidiva da doença. Tumores do maxilar e hipofaringe, estádio mais avançado e o tipo de tratamento realizado tiveram relação com o aumento da mortalidade. Oitenta e dois pacientes (57,7%) evoluíram a óbito durante o período do estudo. A sobrevida média livre de doença foi de 11,93 meses e a sobrevida global foi de 16,18 meses. Não foi observada diferença na curva de sobrevida de acordo com o tipo de tratamento instituído (log rank = 0,39). Conclusão: A maior parte dos pacientes idosos tem a doença neoplásica diagnosticada em estádios avançados (E III e IV). Não foi evidenciada variável com impacto prognóstico na recidiva da doença. Tumores do seio maxilar e hipofaringe, tumores com estádio mais avançado da doença e o tratamento cirúrgico associado à radioterapia tiveram relação significativa com o aumento da mortalidade. O melhor tratamento, para esse grupo de pacientes, dependerá do estádio da doença, havendo sempre uma tendência a um tratamento menos agressivo e mórbido. Não houve diferença na curva de sobrevida de acordo com o tipo de tratamento instituído. Descritores: cirurgia; câncer; idoso. Recebido em: 13/06/2006; aceito para publicação em: 17/07/2006. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 35, nº 3, p , julho / agosto / setembro

2 ABSTRACT Introduction: The Brazilian population characteristics have been changing in the last decades. The elderly people have been increasing since the 1980's, resulting in changes of incidence and mortality rates. Objective: To describe the epidemiologic characteristics and prognostic factors of disease free survival and overall survival in patients older than 80 years with head and neck cancer. Patients and methods: A retrospective study of 142 patients older than 80 years old with head and neck cancer treated in National Cancer Institute, Rio de Janeiro, Brazil (INCa-MS-RJ) was performed between January, 1995 and December, Gender, age, stage, associated diseases, primary tumor site, treatment and outcome of the patients were analyzed. Statistical analysis was made considering the level of statistical significance when p < 0.05, using x2 test for univariate analysis and Cox regression for multivariate analysis. Analyzes of the survival rate curves was performed with the Kaplan-Meyer method and compared with log rank test. Results: A hundred forty-two patients were studied, being 74 women (45%) and 78 men (55%). The mean age was 84.5 years (range, years). The mouth was the most frequent site of the primary tumor, followed by oropharynx, larynx and hypopharynx. The higher part of 182 patients were in stage III (44 cases, 30.1%) and IV (64 cases, 45%). The squamous cell carcinoma was the most frequent histological type (93%). Thirty-four patients (23.9%) were not treated because they were out of any therapeutic approach. The most frequent treatment was the radiation therapy, with mean radiation dose of 51.4 Gy (6 70 Gy). We did not find any prognostic factor that could have influence in disease free survival. Maxillary sinus and hypopharynx tumors, advanced stage of disease, and the type of treatment performed had relationship with increasing of the mortality rates. Eighty-two (57.7%) patients died during the period of study. The mean disease free survival was months, and mean overall survival was months. Conclusion: The largest part of elderly people has oncologic disease detected in advanced stages (stages III and IV). We did not find any prognostic factor that could have influence in disease free survival. Maxillary sinus and hypopharynx tumors, advanced disease and surgical plus radiotherapy treatment were linked with increasing of mortality rates. Increasing in survival was not observed with different types of treatment (surgery, radiation therapy or combined treatment), unless in early tumors, in which the radical treatment have a better indication. Key words: surgery; cancer; elderly.

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