AUTONOMIA FISCAL DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS E A CAPACIDADE DE GESTÃO DO SISTEMA DE SAÚDE

Documentos relacionados
O pacto federativo na saúde e a Política Nacional de Atenção Básica: significados e implicações das mudanças propostas

Noções sobre o financiamento e alocação de recursos em saúde

Pressupostos. Variações na composição orçamentária municipal refletem: relações intergovernamentais predominantes;

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 11. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

FINANCIAMNETO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS. Salvador - Fevereiro 2017

Federação desigual. Assimetrias regionais. Região PIB População Território Região Sudeste 55,41% 42% 10,60% Região Norte 5,40% 8% 45,20%

VII CONGRESSO BRASILEIRO E VIII CONGRESSO PAULISTA DE POLITICA MEDICA FINANCIAMENTO DO SUS. São Paulo, 21 de março de 2014.

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 11. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

LEI COMPLEMENTAR Nº 141/2012

Financiamento da Saúde. Fortaleza, 15 de maio de 2015.

A União do Setor Saúde para Sobreviver à Crise. Agosto/2017

Análise dos gastos em saúde nas capitais brasileiras e sua adequação à Emenda Constitucional 29/2000

Novos Horizontes para Instituições de Planejamento, Pesquisa e Estatística do Brasil

Financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS)

Financiamento do SUS na ótica municipalista

Consórcio público: Ferramenta para soluções em resíduos sólidos

Os Estados Membros e os Municípios na Federação Brasileira: Paradoxos do Federalismo no Brasil. Marcelo Neves

Desafios da Federação Brasileira Fortalecimento dos Municípios

Luis Correia - PI 05 set 18. Mauro Guimarães Junqueira Presidente - Conasems

FINANCIAMENTO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Blenda Pereira Assessora Tecnica Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

DIREITO FINANCEIRO. A Receita Pública. Federalismo Fiscal e o Pacto Federativo. Prof. Thamiris Felizardo

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE SUS Conjuntura do financiamento Responsabilidade de gestão

O SUS EM SÃO PAULO E OS MUNICÍPIOS

AS FINANÇAS MUNICIPAIS E A REFORMA TRIBUTÁRIA

CONSÓRCIO PÚBLICO EM SAÚDE Estratégia de Gestão

Diretrizes Aprovadas nos Grupos de Trabalho ou na Plenária Final. Por Ordem de Votação nos Eixos Temáticos

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 09. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

OS EFEITOS DAS TRANSFERÊNCIAS FISCAIS SOBRE AS

Gestão do SUS nos Municípios

POLÍTICA FISCAL E GASTOS COM SEGURANÇA PÚBLICA

POLÍTICA FISCAL E GASTOS COM SEGURANÇA PÚBLICA

O papel do controle interno na fiscalização do gasto público em Saúde

SEMINÁRIO MACRORREGIONAL SOBRE O CONTROLE SOCIAL REGIÃO METROPOLITANA. 31 de outubro de 2013 Auditório da Fetag Porto Alegre - RS

Pós-Graduação a distância Administração Pública

Gestão em Saúde Gestão do SUS Financiamento. Prof. Arruda Bastos (85)

Desafios do Federalismo Brasileiro. Paula Ravanelli Losada Subchefia de Assuntos Federativos Secretaria de Relações Institucionais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE DIREITO DEPARTAMENTO DE DIREITO ECONÔMICO-FINANCEIRO

REFORMA TRIBUTÁRIA QUE O ESTADO DO CEARÁ QUER. Maio de 2018

11. Demonstrativo de Capacidade e Sustentabilidade Financeira

Proteção social e novos desafios para a descentralização fiscal: o caso brasileiro

ICMS e Federação. Comissão Finanças e Tributação Câmara dos Deputados - DF. Andrea Calabi Secretário da Fazenda de São Paulo 12 de maio de 2011

Apresentação da Proposta de Projeto de Lei de Iniciativa Popular

ADEQUAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BARBACENA E CIDADES LIMÍTROFES Á LEI DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Políticas Sociais em Xeque: Impactos da crise sobre as finanças municipais

No PNE As metas são as seguintes: Financiamento:

Objeto de Aprendizagem. Bases Legais do SUS: Leis Orgânicas da Saúde

Regime de Colaboração: um desafio para a educação pública com qualidade

ENFERMAGEM LEGISLAÇÃO EM SAÚDE

EXPANSÃO DO ATENDIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO INFANTIL NO CONTEXTO DO FUNDEB

Financiamento do Programa de Arboviroses desafios e possibilidades

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 11. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

Financiamento da saúde em municípios com diferentes portes populacionais e capacidade de autofinanciamento. Pernambuco Brasil

TERRITÓRIO CONSORCIAL: O ENFRENTAMENTO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E A FOMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS POR MEIO DE CONSÓRCIO DE MUNICÍPIO

Mauro Guimarães Junqueira Presidente - Conasems

Financiamento dos níveis de atenção à saúde: alocação eqüitativa de recursos para os níveis de atenção à saúde

Financiamento da Saúde

Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil

SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL E

O MODELO DE SAÚDE CATALÃO Uma experiência de reforma Principais conceitos e instrumentos. CHC - Consorci Hospitalari de Catalunya Setembro 2011

GOVERNANÇA PÚBLICA: O DESAFIO DO BRASIL. O papel do TCU DIÁLOGO PÚBLICO CEARÁ 17 DE MARÇO DE 2014

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Combinar recursos entre as três esferas de governo. Março, 2011

e da recriação e um ambiente favorável à eficiência da gestão no marco dos debates sobre a reforma tributária?

Edição nº 81 de 28/04/2006 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Fundos Municipais de Saúde e a Lei Complementar Considerações. Curitiba, 03 de abril de 2013.

Bloco de Investimento na Rede de Serviços Públicos de Saúde;

Consórcios Públicos em Saúde. Ceará, 2008

Federalismo. Conceitos, Ideias, Características e Casos Comparados

CARTILHA DE ORÇAMENTO FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE

Tributos Federais e as Administrações Tributárias Municipais. Henrique Jorge Freitas da Silva

Texto altera LRF para reduzir despesas primárias em todas as esferas

Qualificação da Gestão

Regime de Colaboração: um desafio para a educação pública com qualidade

SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO E NORMAS DE COOPERAÇÃO

Responsabilidades e Diretrizes para execução e financiamento de ações de Vigilância em Saúde

O Comportamento das Finanças Municipais 2017

Financas Municipais em Mocambique. Dr. Jose Manuel Guamba

RECURSOS PARA A ÁREA DA SAÚDE

O SUS LEGAL A partir das leis que ainda não foram cumpridas e que determinam a estrutura e funcionamento do SUS: Propostas do ministério da saúde

DESAFIOS PARA O SUS NO CONTEXTO DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO E SUA CRISE

Constituição Federal/1988

MITOS E VERDADES SOBRE A PREVIDÊNCIA. Crédito da Foto: Agência Senado

A situação financeira dos Municípios Brasileiros: avaliação das despesas e receitas próprias de 2000 a 2007

Princípios e Diretrizes Sistema Único de Saúde

ÍNDICE DE VALORIZAÇÃO DE DESEMPENHO EM SAÚDE (IVDS)

SEMINÁRIO Integração da Gestão da Saúde

[Ano] Classificações Orçamentárias. Universidade Cruzeiro do Sul

Raquel Lisbôa. Gerente Geral de Regulação Assistencial DIPRO/ANS. 16 de setembro de 2017 São Paulo, Brasil

A formação e a diversidade cultural da população brasileira; Aspectos demográficos e estrutura da população brasileira.

CARTILHA DE ORÇAMENTO FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE

DIREITO FINANCEIRO. A Despesa Pública. Classificação da Despesa Pública Parte 2. Prof. Thamiris Felizardo

Saúde Coletiva - Pactos Pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão.

PORTARIA Nº 3.863, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2017

Associação Brasileira de Economia da Saúde - ABrES

Prefeitura Municipal de Aurelino Leal publica:

PARTICIPAÇÃO DAS RECEITAS ADICIONAIS NO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO EM MUNICÍPIOS DO MARAJÓ- PARÁ. Felipe Gomes Monteiro 1 Rosana Maria Gemaque Rolim 2

PAINEL : FINANCIAMENTO SUS. Seminário de Integração da Gestão na Saúde 07 e 08 de fevereiro de 2017, SALVADOR / BA

Fabiola Sulpino Vieira Coordenadora-Geral de Economia da Saúde Departamento de Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento Secretaria

O IMPACTO DA CRISE ATUAL NOS MUNICÍPIOS

Decreto Nº 007/2012. Art. 2 - Constituirão receitas do Fundo Municipal de Assistência social FMAS:

Antigamente... problema crônico de financiamento Elaboração da Emenda Constitucional nº 29 (EC 29) - alterou a Constituição Federal em 13 de setembro

Transcrição:

AUTONOMIA FISCAL DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS E A CAPACIDADE DE GESTÃO DO SISTEMA DE SAÚDE Daniela Savi Geremia 1 Fátima Teresinha Scarparo Cunha 2 Liliana Angel Vargas 2 INTRODUÇÃO A política de saúde constitui um lócus para a análise da questão do federalismo e um exemplo é a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), que foi o marco inicial da reforma do Estado brasileiro. Este estudo tem como escopo discutir a autonomia fiscal dos municípios brasileiros na gestão municipal do SUS, instituído na Constituição Federal de 1988 (CF/88) no Brasil. Pretendeu-se identificar fatores que contribuam para a discussão sobre o grau de dependência fiscal dos municípios e que implica em maior ou menor capacidade em assumir funções de gestor da política pública de saúde. Com base no exposto, a questão que norteia este estudo é: Como os municípios podem exercer funções de gestão do SUS se, na sua grande maioria, sua base fiscal é frágil ou dependente de transferências federais? Este estudo justifica-se acredita que cabe ao Estado redistribuir recursos sob a lógica do interesse social coletivo, como forma de garantia do princípio constitucional de saúde, como direito de cidadania e dever do Estado. A saúde constitui um direito social básico para as condições de cidadania da população brasileira. Um país somente pode ser denominado desenvolvido se seus cidadãos forem saudáveis, o que depende tanto da organização e do funcionamento do sistema de saúde quanto das condições gerais de vida associadas ao modelo de desenvolvimento vigente. O modelo de saúde proposto deve ser capaz de contemplar a inclusão social, a reversão das iniqüidades entre as pessoas e as regiões (BRASIL, 2008). 1 Mestranda em Enfermagem do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO. E-mail: daniela_savi@hotmail.com. Endereço: Avenida Princesa Isabel, n 254, apt. 701. Bairro: Copacabana. CEP: 22011-010. Rio de Janeiro Brasil. 2 Professora Adjunto da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UNIRIO. Doutora em Saúde Coletiva. E-mail: fatima.scarparo@gmail.com e lilianaangel@globo.com. 1

METODOLOGIA Este estudo é um ensaio com abordagem metodológica empírico-analítica e natureza qualitativa. Discutir o grau de dependência fiscal dos municípios e sua capacidade de gestão do sistema de saúde é um tema complexo e que abrange diversas variáveis de análise. Adotou-se então, a discussão ampla sobre os municípios brasileiros. Utilizou-se como fontes de dados, dados secundários, de acesso público irrestrito por meio do SIOPS, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); revisão da literatura sobre as especificidades do sistema de saúde brasileiro (artigos, dissertações e teses). Destas considerações, emergem naturalmente discussões sobre o sistema de partilha de receitas, baseados na apresentação dos dados do SIOPS. Para os municípios brasileiros é fundamental essa discussão, se considerarmos que as receitas transferidas são cerca do dobro das receitas próprias, para um grande conjunto de municípios. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os municípios brasileiros ganharam autonomia constitucional para exercer suas funções, sendo responsáveis pela prestação de serviços de saúde, educação fundamental, saneamento básico e demais serviços que constam na Lei Orgânica de cada município, um papel desafiador para o país que é repleto de heterogeneidades entre os entes federados. O Brasil tem uma carga tributária de 35,8% do PIB (2008), e mesmo tendo tamanha carga tributária é um país em que apresenta uma das rendas populacionais mais desiguais do mundo, sem contar que grande parte da população ainda não tem acesso a recursos que atendam as necessidades sociais. Assim, quando se discute a questão das relações intergovernamentais e suas interfaces com o sistema de saúde, observa-se a complexidade e magnitude para formular políticas públicas para uma população tão desigual. Abaixo se pode observar no gráfico 1 o diagrama de dispersão entre todos os municípios brasileiros com duas variáveis, sejam elas: Índice de Gini do ano de 2000 em relação à renda per capita do mesmo ano. 2

Gráfico 1 Diagrama de dispersão de todos os municípios brasileiros Índice de Gini em relação à renda per capita (2000). Fonte: PNUD (2000). Percebe-se de forma geral que a grande maioria dos municípios está acima de 0,50, o que caracteriza extrema desigualdade em nível de renda, quanto mais baixa a renda, mais desigual é a população. Quanto mais desigual e menor a renda, menor é a arrecadação tributária dos municípios. Os dados acima têm o intuito apenas de caracterizar de forma geral os municípios brasileiros, demonstrando que mesmo os municípios tendo autonomia constitucional, alguns problemas para a gestão do SUS são de ordem social e não apenas econômica. Apesar de que, quando se discute autonomia fiscal, os municípios apresentam controvérsias em relação à CF/88, dado que os municípios recebem montantes de recursos para exercer suas funções de outras esferas governamentais. Se os municípios conquistaram sua autonomia para exercer as funções e instituir impostos, dever-se-ia ter pensado na sustentabilidade dos municípios com encargos sociais adquiridos. A CF/1988 foi amplamente descentralizadora, ao garantir autonomia a todos os entes federados, acreditando que o caminho para garantir cidadania e fortalecer a democracia era a descentralização das ações políticas. No caso da saúde, os municípios em meio às novas atribuições constitucionais, especialmente os de pequeno e médio porte, não dispunham de estrutura qualificada ao atendimento que 3

se pretendia universal. Os municípios passam a ter mais encargos tributários e maiores demandas por ações e serviços de saúde, além de precisar do treinamento de pessoal, equipamentos, estrutura organizacional e capacidade de expansão (LIMA, 2006). A dependência do repasse de recursos financeiros advindos de impostos de âmbito Federal e Estadual faz com que os municípios exerçam limitada condição de entes autônomos e continuem vinculados às despesas de programas instituídos pela esfera Federal através do Ministério da Saúde. A figura 1 apresenta as despesas com saúde no país e os percentuais por esfera do governo para arcar com ações e serviços públicos de saúde. Figura 1 Percentuais das despesas com ações e serviços de saúde por esfera de governo. Fonte: (SIOPS APUD NUNES, 2004). Os gráficos acima, apresentados através da figura 1, demonstram que gradualmente, em pequenos percentuais, os gastos Federais estão sendo reduzidos, e os municípios estão passando a assumir com maior responsabilidade as despesas com ações e serviços de saúde. 4

Mesmo sabendo que mais da metade das ações e serviços de saúde são custeadas pela esfera federal, os recursos são considerados pelos municípios como insuficientes para manter os serviços e os investimentos necessários á saúde da população. A existência da autonomia depende da quantidade de recursos suficientes para que os entes federados possam desempenhar suas atribuições. Um grande desafio é aumentar a capacidade de arrecadação dos municípios, tornando-os menos dependentes das transferências fiscais. Conclui-se que além da autonomia conquistada pelos municípios na CF/1988, o mecanismo federativo do sistema tributário limita na prática a autonomia da gestão dos SUS. As políticas implantadas pela gestão local dos municípios são altamente dependentes das transferências intergovernamentais e das regras definidas pelo Ministério da Saúde, que acabam influenciando as decisões e o modelo de atenção a saúde nos municípios impedindo a verdadeira autonomia constitucional. CONCLUSÃO Para o conjunto de municípios brasileiros constatou-se que grande parte dos municípios brasileiros tem baixo grau de arrecadação tributária e isso implica em alto grau de dependência das transferências de recursos financeiros das esferas Federal e Estadual. O alto grau de dependência afeta a capacidade do município em assumir as funções de gestor da política pública de saúde. Sendo à escassez e má alocação dos recursos financeiros são os principais limitadores para a gestão do SUS municipal, uma vez que os gastos não são induzidos pelas prioridades locais. A grande a maioria dos municípios não tem como se auto-sustentar e os repasses de outros níveis de governo não conseguem dar conta da tamanha desigualdade existente entre os municípios. Este estudo, além de seus objetivos principais, pretende contribuir com a produção de conhecimento para uma nova Enfermagem, que seja reflexiva sobre suas competências, seus compromissos e crítica do modelo político, estrutural e econômico do sistema de saúde brasileiro. 5