Análise dos gastos em saúde nas capitais brasileiras e sua adequação à Emenda Constitucional 29/2000
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- Edson Luca Cabreira Cabral
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1 Análise dos gastos em saúde nas capitais brasileiras e sua adequação à Emenda Constitucional 29/2000 Marcelo Gurgel Carlos da Silva; Sílvia Morgana Araújo de Oliveira; Juliana Lucena de Miranda Cavalcante JUSTIFICATIVA Para que se possa promover políticas públicas capazes de melhorar a situação de saúde e de vida da população brasileira é necessário que o Estado brasileiro possua uma arrecadação estável a partir de suas bases fiscais capazes de, quando adequadamente empregadas, satisfazer as principais necessidades dos cidadãos (SIVA, 2004). Como os fatores econômicos são aspectos determinantes do nível de saúde da população, assim como a prestação dos serviços assistenciais, nasce a preocupação por parte dos poderes públicos de minimizar o impacto dessas despesas, que se caracterizam por serem superiores ao próprio crescimento do Produto Interno Bruto-PIB. Na contemporaneidade, torna-se imprescindível à otimização do uso dos recursos econômicos disponíveis, a partir da avaliação e planejamento dos gastos em saúde, com intuito de alcançar melhores condições de saúde da população (ZUCCHI, 2000). Em 1990, os gastos mundiais com saúde totalizaram cerca de US$ 1700 bilhões, o que representava cerca de 8% dos recursos globais. Atualmente, os países economicamente estáveis gastam cerca de US$ 1500 bilhões em saúde, enquanto os países em desenvolvimento gastam US$ 170 bilhões. Esses números são fundamentais para nos mostrar a extrema relevância de se compreender o impacto das políticas governamentais na saúde das pessoas (ZUCCHI, 2000) Nos municípios, principalmente aqueles com mais de 100 mil habitantes, são fatores condicionantes da organização e prestação da assistência em saúde a disponibilidade de recursos financeiros e a diversidade de fontes de receitas orçamentárias. (LIMA ET AL, 2009). A emenda constitucional n. 29/2000, aprovada em 2011, determina a participação da União, Estados e Municípios e Distrito Federal no financiamento das ações e serviços públicos de saúde. Isso ocorre com a vinculação obrigatória de percentual de arrecadação dos impostos e a aplicação mínima de recursos do setor, com base em percentuais da receita. Para a União, os valores vinculados se referem ao montante empenhado no ano anterior, corrigido pela variação nominal do PIB; para os estados, 12% do produto de arrecadação dos impostos a que se refere, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos municípios; para os municípios, 15% do produto da arrecadação dos impostos a que se refere. Lima et al (2009) destaca que a avaliação do financiamento do SUS mediante a avaliação dos governos municipais é um campo que necessita ainda ser explorado devido a sua complexidade e contribuição na implementação de políticas públicas em saúde. Portanto, diante do exposto, buscou-se avaliar o cumprimento da EC n. 29/2000 nas capitais brasileiras no tocante aos gastos na área de saúde em 2011, e os respectivos gastos per capta dos municípios analisados em virtude da sua importância na organização do financiamento desses serviços, contribuindo para o fortalecimento do SUS nos estados e municípios brasileiros.
2 METODOLOGIA Trata-se de uma avaliação econômica parcial, transversal e descritivo dos gastos com a saúde nas capitais brasileiras no período de Os dados secundários foram obtidos por meio do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS). Foram inclusas para análise os dados relativos das 27 capitais brasileiras. Foi excluído da pesquisa o Distrito Federal por não ter fornecido os dados ao sistema de informação utilizado na presente pesquisa. As variaveis analisadas foram os gastos públicos em saúde per capita e a percetagem dos investimento públicos em relação as arrecadações, conforme determina a EC 29/2000, tendo como parâmentro os dados populacionais retirados do IBGE para Inicialmente, foi realizada a construção de banco de dados em Excel 2010 e posteriormente, realizou-se o processamento e tabulação por meio do programa computacional Statistical Package for Social Sciences (SPSS 17). Não foi necessário aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) por se tratar de dados de domínio público. RESULTADOS Os gastos públicos per capita médios em saúde e por região podem ser vistos na Gráfico I: Gráfico I Esse gráfico mostra o gastos públicos per capita mais significativo nas regiões com maiores desenvolvimento econômico como é o caso das regiões sul e sudeste, com destaque para o centro-oeste, seguidos pela região nordeste e norte. Os investimentos em saúde podem contribuir de forma positiva na produção de melhores níveis de saúde da população. Não é só o fato de se gastar mais que garante bons níveis de saúde, devendo também ser considerado a forma como esses gastos estão sendo organizados e distribuídos. Na tabela I, evidencia-se os gastos nas capitais do País com discriminação do percentual investido neste setor. Observa-se que existem capitais no nordeste que tem investimentos mais altos do que outras capitais das regiões sul e sudeste, como é o caso de Fortaleza e Natal.
3 Na tabela I pode-se observar o percentual da aplicação de recursos públicos na saúde, conforme EC 29/2000, e gastos per capita por capital. Tabela I GASTOS PÚBLICOS PER CAPITA POR MUNICÍPIO E PERCETAGEM RELATIVO AO CUMPRIMENTO DA EC 29 EM MUNICÍPIO Gastos EC29 R$ % Aracajú 633,00 17,48 Belém 382,00 18,22 Belo Horizonte 867,00 17,91 Boa Vista 399,00 14,46 Campo Grande 769,00 24,31 Cuiabá 670,00 19,59 Curitiba 543,00 17,05 Florianópolis 574,00 19,86 Fortaleza 503,00 24,24 Goiânia 657,00 22,41 João Pessoa 674,00 18,46 Macapá 272,00 16,56 Maceió 444,00 19,06 Manaus 285,00 19,48 Natal 659,00 22,17 Palmas 529,00 16,98 Porto Alegre 743,00 21,13 Porto Velho 374,00 18,15 Recife 386,00 15,11 Rio Branco 213,00 15,30 Rio de Janeiro 494,00 19,69 Salvador 342,00 16,13 São Luís 553,00 23,71 São Paulo 530,00 18,25 Teresina 703,00 31,40 Vitória 667,00 15,75 Fonte: SIOPS Apesar de São Paulo, Rio de Janeiro serem as duas capitais de maior PIB, estas não são as que mais investem em termos percentuais em saúde, em relação ao que arrecadam, pois temos um percentual de gastos de 18,25%, 19,69% respectivamente, inferior ao de Terezina (Piauí), com um dos menores PIBs do Brasil e que investe 31,40% do total arrecadado.
4 CONCLUSÃO Os achados contribuem para ampliar o conhecimento sobre o cumprimento do previsto na EC 29/2000 no ano de 2011, evidenciando a manutenção da meta para os gastos com saúde pública nas capitais brasileiras. Identificou-se que todos os municípios analisados, exceto Boa Vista, cumpriram o previsto na EC 29/2000 no ano em análise, e, ainda, que as regiões Norte e Nordeste possuem gastos em saúde médios per capita inferior em relação as demais. Observouse, também, que o município de Salvador, embora seja o maior PIB do Nordeste, possuiu o pior desempenho de investimento per capita em saúde da região em Os gastos em saúde podem ser determinantes na qualidade dos serviços de saúde ofertados à população. O cumprimento da ementa complementar não é, isoladamente, garantia de uma boa assistência à saúde dessas populações, o gerenciamento deficiente e um planejamento inadequado na alocação dos recursos podem colaborar para a deficiência da Rede de Atenção à Saúde dessas regiões. Faz-se necessário, portanto, não só aumentar os investimentos de forma gradual e progressiva, mas utiliza-los de forma racional e eficiente. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
5 Zucchi, P. Nero, C, D. Malik, A, M. Gastos em saúde: os fatores que agem na demanda e na oferta dos serviços de saúde. Saúde e sociedade 9 (1/2): , Lima, L.D de; Andrade, CLT. Condições de financiamento em saúde nos grande municípios no Brasil. Caderno de saúde pública. Vol.25. n.10. Rio de Janeiro Lima, L.D de. Federalismo, Relações Fiscais e Financiamento do Sistema Único de Saúde: a distribuição de receitas vinculadas à saúde nos orçamentos municipais e estaduais. Rio de Janeiro: s.n p. Medici AC Aspectos teóricos e conceituais do financiamento das políticas de saúde, pp In SF Piola, SM Vianna (orgs.). Economia da saúde: conceito e contribuição para a gestão da Saúde. IPEA, Brasília.
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