A AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DA ESCRITA INICIAL COMO SUBSÍDIO PARA O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO Isabel Celeste de Bastos NAVARAUSCKAS 1 Sheila Ferreira GONÇALO 2 1. Graduada em Letras e em Pedagogia. Especialista em Docência no Cenário do Ensino para Compreensão e em Docência no Ensino Superior. Psicopedagoga. Mestranda em Linguística pela Universidade Cruzeiro do Sul. Docente da Faculdade Progresso. Endereço eletrônico: isabelcbn@yahoo.com.br 2. Graduada em Pedagogia e Fonoaudiologia, Mestre em Educação, Professora Orientadora do Programa Bolsa Escola Pública e Universidade na Alfabetização, Docente da Faculdade Progresso. Endereço eletrônico: sheila.fg@ig.com.br RESUMO A presente pesquisa teve como objetivo analisar a adequação das propostas de avaliação de escrita inicial elaboradas por professores do 2º ano do Ensino Fundamental de escolas estaduais do município de Guarulhos-SP e apontar as possíveis consequências de inadequações na elaboração dessas propostas para o planejamento pedagógico. Foram analisadas sessenta sondagens de escrita elaboradas por esses professores. Nossos dados mostram que, apesar de os professores conhecerem alguns critérios recomendados para a elaboração da sondagem, há erros que podem levar a um diagnóstico equivocado pelo professor interferindo em seu planejamento pedagógico e, consequentemente, no desenvolvimento da escrita dos alunos. PALAVRAS CHAVE: Alfabetização; Escrita; Avaliação. ABSTRACT The aim of this research was to analyze the adequacy of the initial written assessment proposals by the teachers of 2nd year of primary education in Guarulhos-SP Public Schools and point out the possible consequences of inadequacies in the preparation of proposals for education planning. Sixty written assessments produced by these teachers were analyzed. Our data show that, although teachers know some recommended criteria for the development of the survey, there are mistakes that can induce to a wrong diagnosis by teachers, interfering in their educational planning and consequently in the development of students writing. KEYWORDS: Literacy; Writing; Evaluation. INTRODUÇÃO O fazer do professor alfabetizador vem modificando-se na medida em que a escola incorpora novas formas de compreender o processo de ensinoaprendizagem da linguagem escrita. Considera-se hoje imprescindível que, ao iniciar o ano letivo, o professor alfabetizador tenha como foco inicial para seu planejamento o conhecimento a respeito do que sabem seus alunos sobre a escrita. Assim, a avaliação diagnóstica da escrita inicial, também conhecida como sondagem, passa a ser o ponto de partida para o trabalho pedagógico a ser planejado e executado pelo professor. Além disso, de acordo com o Guia de Planejamento e Orientações Didáticas do Programa Ler e Escrever da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (2012), que serve como referência para o trabalho do Professor Alfabetizador, a sondagem permite também o acompanhamento dos avanços dos alunos em relação ao desenvolvimento da escrita. Assim, essa avaliação também se configura como um importante recurso para o acompanhamento do desenvolvimento dos alunos, devendo ser utilizada durante todo o ano letivo. 57
De acordo com Batista (2005), a avaliação diagnóstica possibilita ao professor controlar o que ensina, para que ensina e o como ensina. É importante que se compreenda que, nessa proposta, a ação pedagógica do professor dependerá, entre outros fatores, das informações provenientes da avaliação diagnóstica. Assim, torna-se imprescindível que o professor tenha clareza de que esse processo avaliativo envolve duas fases: a sondagem e o diagnóstico. Segundo Haydt (2006), a ação de sondar envolve o levantamento de informações sobre uma dada realidade enquanto que o diagnóstico diz respeito à análise e interpretação dos dados coletados. Sendo assim, se a coleta dos dados (sondagem) for realizada de forma inadequada, teremos, consequentemente, uma interpretação equivocada desses dados (diagnóstico). Desta forma, esse instrumento pedagógico perde seu valor quando utilizado de maneira inadequada pelo professor. Por isso, é fundamental que o profissional conheça os fundamentos teóricos e didáticos envolvidos nessa proposta avaliativa e tenha domínio de sua elaboração, encaminhamento e análise. POR QUE E COMO AVALIAR A ESCRITA DOS ALUNOS Já está socializado nas escolas de Ensino Fundamental o modelo de sondagem considerado pelos especialistas como sendo o ideal para a avaliação adequada dos educandos que se encontram em fase inicial de desenvolvimento da escrita. Esse modelo consiste em ditar aos alunos uma lista com quatro palavras sendo a primeira polissílaba, a segunda trissílaba, em seguida a dissílaba e por último a monossílaba. Além das quatro palavras, indica-se que se dite para o aluno uma frase contendo uma das palavras da lista anterior. Entretanto, a elaboração da sondagem envolve considerar outros critérios, conforme conta no Guia de Planejamento e Orientações Didáticas da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (2012), citado anteriormente: as palavras da lista devem ser relevantes aos alunos, ou seja, fazer parte de seu cotidiano, além de pertencerem a um mesmo campo semântico. as palavras escolhidas não podem já ter sido memorizadas pelos alunos. não utilizar palavras que tenham vogais repetidas nas sílabas subsequentes. não inserir na lista palavras que comecem com a mesma letra. Apesar de esse conhecimento ser considerado quase como obrigatório para o professor alfabetizador, poucos compreendem o porquê desses critérios e acabam os desconsiderando ou fazendo adaptações que podem prejudicar a análise posterior dos dados coletados. Consideramos, portanto, importante que o professor possa ter acesso às informações que justificam a utilização dos critérios citados para que possa assumir um fazer pedagógico consciente, permitindo que se liberte da prática pedagógica reprodutora e sem reflexão. OS CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DE PALAVRAS DA SONDAGEM Como já colocamos, a sondagem é um dos recursos mais pontuais para se diagnosticar as hipóteses dos alunos ainda não alfabetizados, mas para que seu efeito traga o resultado que possa subsidiar a ação do professor de maneira produtiva e eficaz, é necessário compreender os critérios que a norteiam. Conforme apontamos anteriormente, as palavras devem fazer parte do vocabulário cotidiano dos alunos. Palavras não familiares a eles podem surtir o efeito do estranhamento que poderá limitar sua produção. É importante ressaltar que, após a escrita, o aluno deverá realizar a leitura do que escreveu, se a palavra for-lhe estranha, poderá em sua reprodução falsear o diagnóstico. 58
Quanto à variação da quantidade de sílabas das palavras, é possível ao professor verificar a relação feita pelo aluno entre o que se fala (oralidade) e o que se pretende escrever. Assim, o professor poderá perceber qual a hipótese de escrita de cada aluno. De acordo com as descobertas realizadas por Ferreiro & Teberosby (1999), ao iniciarem o desenvolvimento da escrita, as crianças elaboram hipóteses de como esse sistema funciona. As pesquisadoras apontam quatro formas de entender o funcionamento de acordo com as hipóteses das crianças: escrita présilábica, em que não há uma relação entre o que se fala e o que se escreve; escrita silábica, situação em que se escreve uma letra para se representar cada sílaba da palavra; escrita silábica-alfabética, período de transição em que se escreve ora de forma silábica ora de forma alfabética e escrita alfabética, em que se compreende a relação grafema-fonema. Se a criança já for silábica, por exemplo, grafará uma letra para cada sílaba, não se atendo ao significado da palavra; porém poderá entrar em conflito na escrita da palavra monossílaba se tiver como pressuposto a ideia verificada por Ferreiro (2001) de que palavras escritas com poucas letras não são legítimas. Outra situação poderá ser verificada com os alunos com hipótese pré-silábica em que a grafia, por exemplo, da palavra formiguinha poderá ser representada por apenas três letras, pois o aluno relacionará o tamanho da palavra àquilo que ela representa e não a quantidade de sons que possui. O ditado deve ser iniciado pela polissílaba, seguida pelas trissílaba, dissílaba e por último a monossílaba. Este cuidado é imprescindível, pois, como já explicitado, algumas crianças escrevem segundo a hipótese do número mínimo de letras e poderão se recusar a escrever se tiverem que começar pelo monossílabo. A preocupação em evitar palavras que repitam as vogais sequenciadas justifica-se pelo fato de que essa situação pode gerar conflito dependendo da hipótese de cada criança. Uma palavra com batata que se apresenta com três a pode parecer à criança uma escrita não possível, por isso poderá alterar sua produção trocando uma ou duas das vogais por outra letra, causando novamente um falso diagnóstico. Em relação à frase, é importante que contenha uma das palavras da lista para que o professor possa percebe se o aluno já compreende que palavras iguais devem ser escritas da mesma maneira (escrita estável), independente do contexto. A PESQUISA A presente pesquisa tem como objetivo analisar a adequação das propostas de avaliação diagnóstica elaboradas por professores que atuam no Ensino Fundamental I da Rede Estadual de Ensino de São Paulo, em escolas situadas no município de Guarulhos. Além disso, pretende-se apontar as consequências para o planejamento pedagógico decorrentes da elaboração inadequada da sondagem de escrita. Nossa amostra contém 60 propostas de sondagem aplicadas pelos professores aos alunos do 2 ano do Ensino Fundamental. Todas as sondagens foram registradas da forma como foram aplicadas com os alunos em sala de aula, mantendo-se as palavras e frase ditadas na ordem em que foram apresentadas às crianças. Os dados coletados foram analisados tendo como critério as recomendações para a elaboração da avaliação diagnóstica de escrita inicial presente no Guia de Planejamento e Orientações Didáticas do Programa Ler e Escrever do Governo do Estado de São Paulo (2012) e descritas anteriormente. TEMA DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA O primeiro aspecto analisado refere-se ao tema escolhido pelo professor ao elaborar a avaliação diagnóstica. Recomenda-se que as palavras e a frase que compõem a lista a ser ditada aos alunos pertençam a um único campo semântico, sendo que esse deve ser pertinente ao cotidiano dos alunos a serem avaliados. 59
Essa recomendação tem como princípio o fato de a lista ser um tipo de texto de uso social muito presente no cotidiano das pessoas. Fazemos lista de compras, listas de filmes favoritos, listas de tarefas a serem realizadas, etc. Assim, a lista a ser ditada para os alunos deve ser uma lista que aproxime a escrita da criança de seu uso real. A partir da análise dos dados coletados verificou-se uma variedade grande em relação ao campo semântico proposto pelo professor, conforme pode ver visto na tabela abaixo: TEMAS NÚMERO DE OCORRÊNCIAS TEMAS NÚMERO DE OCORRÊNCIAS Animais 7 Material de higiene 2 Festa de aniversário 6 Roupas 1 Material escolar 14 Ferramentas 1 Futebol 6 Natureza 2 Alimentos 9 Instrumentos musicais 1 Material de limpeza 2 Folclore 1 Festa Junina 2 Meio de transporte 1 Páscoa 2 Brinquedos 1 Estabelecimentos comerciais 1 Indefinido 2 Tabela 1. Campos semânticos abordados nas sondagens Nota-se uma preocupação por parte dos professores em elaborar a lista tendo como base temas pertinentes à faixa etária de alunos com os quais atuam. Não foram verificadas listas cujo tema trouxesse palavras que não fossem relevantes ao cotidiano dos alunos do Ensino Fundamental I. Entretanto, foram encontradas duas listas em que o campo semântico mostrou-se indefinido. Na sondagem que segue, há, acreditamos, uma certa indefinição em relação ao tema, sendo difícil identificá-lo, embora as palavras possam ser colocadas juntas em algum contexto (mar). Já na lista adiante, percebe-se a preocupação em manter o número de sílabas adequado, mas com total prejuízo do campo semântico. Aqui, provavelmente, a professora utilizou uma cantiga conhecida pelas crianças para elaborar a sondagem, entretanto, o uso isolado das palavras em forma de lista deixouas sem um significado social. ESBORRACHOU MACACO SENTOU NÃO Nas três sondagens que seguem, percebe-se que os professores encontraram uma dificuldade na escolha da palavra monossílaba que pertencesse ao campo semântico por eles escolhido. Esses professores optaram por inserir palavras que não seriam totalmente válidas em relação ao campo semântico, embora possam pertencer a um mesmo contexto, mas mantiveram o preceito de que a última palavra da 60
lista deve conter apenas uma única sílaba. As cinco sondagens anteriores podem colocar em risco o caráter social de escrita de lista que se busca manter ao elaborar uma avaliação diagnóstica da escrita inicial. As inadequações cometidas pelos professores devem, portanto, ser evitadas para que as amostras de escrita dos alunos mostrem-se fidedignas. ESCOLHA DAS PALAVRAS DA LISTA Quanto à escolha das palavras que compõem a lista, avaliamos inicialmente se as sondagens propostas pelos professores possuíam quatro palavras, sendo uma polissílaba, uma trissílaba, uma dissílaba e uma monossílaba. Além disso, verificamos se a ordem das palavras ditadas aos alunos seguiu a recomendação, ou seja, seguindo da palavra com maior número de sílabas (polissílaba) até a palavra com menor número de sílabas (monossílaba). Na amostra avaliada, observaram-se seis inadequações em relação a esse quesito. Em quatro delas, havia repetição de palavras dissílabas e ausência da palavra monossílaba: TEMA: Brinquedos ESCORREGADOR BONECA BOLA PÁ TEMA: Festa junina BANDEIRINHA PIPOCA MILHO SOM TEMA: Páscoa COELHINHO PÁSCOA OVO LUZ Não nos parece que as Professoras Regentes não saibam evidentemente qual o número de sílabas de cada palavra, a questão, cremos, está relacionada à dificuldade em encontrar monossílabas, por exemplo, em determinado campo semântico escolhido. Entretanto, sabemos que a escrita da palavra monossílaba é a que, normalmente, gera uma maior desestabilização da hipótese formulada pelas crianças. TEMA: Festa junina BANDEIRINHA BARRACA DANÇA PESCA TEMA: Páscoa CHOCOLATE BEIJINHO PÁSCOA OVO TEMA: Festa de aniversário BRIGADEIRO BEXIGA BOLO VELA TEMA: Roupas CAMISETA BERMUDA TOUCA MEIA Em outras duas sondagens, os professores demonstram que, embora tenham conhecimento da necessidade de realizar uma avaliação para melhor entender como os alunos pensam sobre o funcionamento da escrita, desconhecem os critérios para a elaboração da lista de forma que esta forneça dados relevantes para seu planejamento pedagógico. Conforme podemos verificar abaixo, os professores não tiveram como critério nem a quantidade nem o número de sílabas das palavras a serem ditadas aos alunos: 61
Quanto à ordem de apresentação das palavras, não são observadas inadequações, com exceção das sondagens em que o critério do tamanho da palavra não havia sido levado em consideração, conforme apontamos anteriormente. Além de levar em consideração o tamanho das palavras que irão compor a lista, é importante que o professor considere também a sonoridade das palavras, uma vez que, para se obter dados confiáveis, recomenda-se a não repetição sequencial de vogais nas sílabas de uma mesma palavra (por exemplo, BATATA) e a não repetição da letra inicial em palavras na sequência da lista (por exemplo, BOLO/BIS). Sem dúvida esse é o item em que mais verificamos inadequações. O exemplo abaixo traz duas inadequações: Nessa sondagem, além de a palavra BOLO apresentar dois "os" seguidos, ainda temos três palavras iniciadas pela mesma consoante "B". Fato interessante foi também verificar que essa mesma sondagem foi utilizada por outras cinco professoras em escolas diferentes. TEMA: Animais RINOCERONTE LEOPARDO JACARÉ GIRAFA TIGRE LEÃO TEMA: Alimentos ESCAROLA CENOURA PEPINO ALHO COUVE TEMA: Festa de aniversário BRIGADEIRO COXINHA BOLO BIS Em outra sondagem de mesmo tema, temos mudança de palavras, mas o problema permanece, além de não haver uma monossílaba. Na sondagem abaixo os mesmo problemas se repetem, ou seja, há ocorrências de vogais iguais subsequentes e também de palavras iniciadas pela mesma consoante: Em sondagens variadas, encontramos ainda as palavras: SABONETE - MACACO - OVO - CHOCOLATE - PENTE CAVAQUINHO, todas com vogais repetidas em sílabas subsequentes. Uma criança que tenha como hipótese a escrita silábica com valor sonoro das vogais (ou seja, para cada sílaba escreve apenas a vogal correspondente) ao ser solicitada a escrever a palavra DINOSSAURO poderá produzir IOAU. Essa mesma criança, ao tentar escrever a palavra BATATA, deveria escrever AAA, mas poderia não considerar essa escrita válida em decorrência da repetição de três A. Assim, pode apesentar uma escrita que não condiz com sua verdadeira forma de entender o funcionamento da escrita, induzindo o professor a uma análise equivocada. Da mesma forma, um aluno que já percebe o som da letra inicial das palavras e sabe representá-los pode achar incoerente que duas palavras na sequência iniciem com a mesma letra e, assim, alterar a escrita de uma delas. A ESCOLHA DA FRASE A escolha da frase que será ditada aos alunos deve ser feita também de maneira cuidadosa. Assim, como nas palavras, não deve haver vogais repetidas nas sílabas subsequentes, pelas mesmas razões apresentadas anteriormente. TEMA: Festa de aniversário BRIGADEIRO BEXIGA BOLO VELA TEMA: Festa junina BANDEIRINHA BARRACA DANÇA PESCA 62
Outra recomendação é que a frase possua uma das palavras ditadas anteriormente para que seja possível ao professor verificar se os alunos já sabem que as palavras possuem uma escrita constante. Parece-nos também que o descuido em evitar que as palavras apresentem as mesmas vogais subsequentes não se restringe às palavras, mas ocorre da mesma forma nas frases, conforme mostram os exemplos que apresentamos abaixo: A COXINHA ESTAVA GOSTOSA EU COMI MILHO NA FESTA JUNINA O GIZ DA PROFESSORA É COLORIDO EU GOSTO DE TOCAR GUITARRA Em relação à presença de uma das palavras da lista na frase, observamos que todas as sondagens atendiam a esse critério. Conforme apontamos anteriormente, essa inadequação pode levar a um equívoco no diagnóstico pelo professor, principalmente nas escritas realizadas por alunos com hipótese silábica. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de já estar socializada nas escolas de Ensino Fundamental a informação sobre a importância da realização da sondagem para avaliação e acompanhamento do desenvolvimento da escrita inicial, parece-nos que os envolvidos nesse processo ainda não compreendem que a forma como a sondagem é elaborada e aplicada pode interferir no resultado apresentado pelos alunos. E que, além disso, sondagens elaboradas ou aplicadas inadequadamente podem não refletir as hipóteses reais de escrita das crianças, implicando um diagnóstico equivocado pelo professor. A análise dos resultados demonstra que a maior parte das sondagens realizadas apresenta muito mais acertos do que falhas, entretanto tais falhas poderiam ser eliminadas por uma elaboração mais acurada. Se uma sondagem é mal construída, provavelmente o diagnóstico que ela propicia será falseado, o que resultará em um planejamento inadequado com a utilização de atividades equivocadas, que não poderão alcançar todos os alunos em seu desenvolvimento da escrita. Outro aspecto observado é que professores, mesmo de escolas diferentes, realizam as mesmas sondagens e, muitas vezes, com erros que poderiam ter sido corrigidos a tempo. Embora as sondagens se estabeleçam como um excelente recurso para identificação das hipóteses que os alunos têm sobre a escrita alfabética e o sistema de escrita de modo geral, vale lembrar que não é o único. A observação, a inquirição que o professor faz do aluno também fornecem muitas informações para reconhecer a hipótese em que a escrita da criança se encontra. Entretanto, vale ressaltar que a sondagem propicia maior acuidade pela excelência no levantamento dessas mesmas informações. É um registro ao qual o professor pode recorrer a qualquer momento e, por meio da confecção de um mapa de acompanhamento do desenvolvimento de sua turma em que as sondagens realizadas se alinhem, torna-se possível enxergar a evolução da criança em sua compreensão do sistema de escrita. REFERÊNCIAS BATISTA, Antonio Augusto Gomes. Avaliação Diagnóstica da Alfabetização. UFMG, Ceale, Belo horizonte, 2005. FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita, Artmed, Porto Alegre, 1999. FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo/SP: Cortez, 2001. HAYDT, Regina Célia. Curso de Didática Geral. 8 ed. São Paulo: Ática, 2006. Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, Guia de Planejamento e Orientações didáticas Professor alfabetizador. Vol. I, 2 ano, FDE, São Paulo, 2012. 63