Réplica ao artigo Estresse pré-natal e perinatal e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial da criança, da Dra.

Documentos relacionados
Estresse e gravidez (pré-natal e perinatal) Atualizado: Fevereiro 2011

Comentário sobre o artigo da Dra. Janet DiPietro Estresse pré-natal e perinatal e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial da criança

PERFIL DAS MÃES DE RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS DO HOSPITAL MATERNO INFANTIL DA CIDADE DE APUCARANA

Agenda de pesquisa em Saúde Materna e Perinatal

Características da gestante adolescente em estudo prospectivo de 4 anos: realidade em Teresópolis

NEUROBIOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL EXPOSTO AO ESTRESSE E TRAUMA

APLICAÇÃO DE UMA CURVA DE GANHO DE PESO PARA GESTANTES

Vitamina D: é preciso dosar e repor no pré-natal? Angélica Amorim Amato 2013

Os 15 principais estudos de 2006 são:

Residência Médica 2019

TRANSMISSÃO VERTICAL DO VIH INFECÇÃO NÃO DETECTADA NA GRÁVIDA

Baixo peso ao nascer em duas coortes de base populacional no Sul do Brasil. Low birthweight in two population-based cohorts in southern Brazil

MENOS INTERVENÇÕES MAIS CUIDADOS. Parto Pélvico

Perfil de mães e conceptos como fatores de risco determinantes de prematuridade no município de Guarapuava PR: um estudo transversal

Questão 01 Diagnóstico da gestação

PROGRAMAÇÃO METABÓLICA. Raphael Del Roio Liberatore Junior

Depressão perinatal e a criança: uma perspectiva desenvolvimentista

DISTÚRBIOS METABÓLICOS DO RN

A DETECÇÃO DA SEROPOSITIVIDADE PARA O VIH NA GRAVIDEZ

Projeto de Atendimento Ortodôntico para Indivíduos com Fissuras Labiopalatinas

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

LEVANTAMENTO DAS CAUSAS DE MORTE NEONATAL EM UM HOSPITAL DA REGIÃO DO VALE DO IVAÍ PR.

Cesáreas eletivas: Iniqüidades sociais e efeitos adversos

ESTUDO COMPAROU DADOS DE MAIS DE 1.2 MILHÃO DE CRIANÇAS

Teste de Triagem Pré-natal Não Invasivo em sangue materno

FATORES ASSOCIADOS À DEPRESSÃO PÓS-PARTO E INSTRUMENTO PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE

Epidemiologia Analítica. Validade interna dos estudos observacionais

Epidemiologia Analítica

Complicações da gemelaridade em um hospital universitário

ARTIGOS COMENTADOS março 2018

INDICADORES DE RISCO PARA O PARTO PREMATURO RISK INDICATORS FOR PREMATURE LABOR

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO CAMPUS BAIXADA SANTISTA Programa de Pós-Graduação Ensino em Ciências da Saúde. Ricardo Antonio Nunes Neto

ASPECTOS PSICOSSOCIAIS QUE ACOMPANHARAM UMA SÉRIE DE PARTOS PREMATUROS ACONTECIDOS NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS CONSTANTINO OTTAVIANO

Parto domiciliar na visão do pediatra

Agravos prevalentes à saúde da. gestante. Profa. Dra. Carla Marins Silva

Depressão pós-parto materna e bebês com malformações: revisão sistemática

CESÁREA A PEDIDO : Administrar conflitos à luz das evidências científicas

Call to Action. for Newborn Health in Europe. Ação de Sensibilização para a Saúde do Recém-nascido na Europa. Powered by

Rastreamento da depressão perinatal

Departamento de Ginecologia e Obstetrícia Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo Como Evitar: Pré-eclâmpsia

A ASSISTÊNCIA IMEDIATA AO RECÉM- NASCIDO. Profa. Dra. Emilia Saito Abril 2018

Ganho de Peso na Gravidez

QUANDO O CORPO DESPERTA

CLASSIFICAÇÃO DE ROBSON

Saúde: direito de todos e dever do Estado. Daniel Wei L. Wang

PESO AO NASCER, ÍNDICE PONDERAL DE RÖHRER E CRESCIMENTO PÓS-NATAL

PREENCHIMENTO DE PARTOGRAMA

Maternidade na adolescência: alguns fatores de risco para a mortalidade fetal e infantil em uma maternidade pública de São Luís, Maranhão

Modelos explicativos do stresse e a relação com a ocorrência de LMELT. Carlos Fujão Associação Portuguesa de Ergonomia (APERGO)

Como redigir artigos científicos QUINTA AULA 03/10/11. Primeiro passo. Revisão da literatura. Terceiro passo. Segundo passo

Zika: Aspectos Clínicos-Epidemiológicos

Prematuridade e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial e emocional da criança

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

PARTO VAGINAL APÓS CESARIANA (PVAC VBAC)

RESSUSCITAÇÃO MATERNA. Agosto de 2016

FATORES DE RISCO ASSOCIADOS À PRÉ-ECLÂMPSIA

AMAMENTAR protege dos maus-tratos da mãe à criança?

Amanda Camilo Silva Lemos* Arianne de Almeida Rocha**

Predição da Pré-eclâmpsia no Primeiro Trimestre

INDICADOR DE MORTALIDADE ESTATISTICAS VITAIS SISTEMA DE INFORMAÇÃO PRINCIPAIS INDICADORES

INFLUÊNCIA DO USO DE TABACO DURANTE A GESTAÇÃO E/OU LACTAÇÃO: RELAÇÃO ENTRE O TABAGISMO DAS MÃES E O CONSUMO DE TABACO PELOS FILHOS

premium Teste de Triagem Pré-natal Não Invasivo em sangue materno

Campanha pela inclusão da análise molecular do gene RET em pacientes com Carcinoma Medular e seus familiares pelo SUS.

Introdução Descrição da condição

29 de março de 2016 Rio de Janeiro, RJ.

Quando Tratar a Hipotensão no Recém Nascido de Muito Baixo Peso

TÍTULO: A RELAÇÃO DO PESO AO NASCER COM O ESTADO NUTRICIONAL ATUAL DE CRIANÇAS DE 8 AS 10 ANOS NO MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM/SP

PROTOCOLO UNIFORMIZADO DE ENSINOS DE ENFERMAGEM NA VIGILÂNCIA DA GRAVIDEZ DE BAIXO RISCO

SEMINÁRIO ser criança hoje: Maus tratos. Saúde Infantil. 7ª Campanha de Prevenção. a Crianças e Jovens em Risco. Leiria, 11 Abril 2017

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA 2017

Baixa renda (pobreza) durante os períodos pré-natal e pós-natal inicial e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial da criança

Prevalência do temperamento ansioso em usuários do Centro de Referência em Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus de Rio Verde, GO.

Características da gravidez na adolescência em São Luís, Maranhão Characteristics of adolescent pregnancy, Brazil

GÉNERO PERCENTAGEM DE SUJEITO COM INTERNAMENTOS. OBJETIVO, MÉTODOS e CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

DESENVOLVIMENTO MOTOR DE BEBÊS NASCIDOS PRÉ- TERMO DE ACORDO COM O SEXO

ÓBITOS DE PREMATUROS NO MUNICÍPIO DE OSASCO, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL *

Repercuções das TRA na Gestante e no Concepto. Edson Borges Jr.

ALTURA MATERNA E PESO DA CRIANÇA AO NASCER

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA PROGRAMA DE DISCIPLINA

Estado nutricional de gestantes em diferentes períodos de gestação

A bradicardia como sinal de elevada performance do atleta. Virginia Fonseca Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

ESTIMULAÇÃO PRECOCE EM PREMATUROS EXTREMOS: REVISÃO DE LITERATURA 1 EARLY STIMULATION IN EXTREME PREMATURES: LITERATURE REVIEW

DOENÇA PERIODONTAL VERSUS PARTO PREMATURO DE BEBÊ DE BAIXO PESO

Projecto de Lei n.º 555/XIII. Garante a assistência parental ao parto. Exposição de motivos

Estágio evolutivos do parto prematuro

Gestação na adolescência: qualidade do pré-natal e fatores sociais

Revista de Saúde Pública

4. NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL

TÍTULO: FATORES BIOPSICOSSOCIOCULTURAIS ASSOCIADOS AO DESMAME ANTES DOS 24 MESES DE IDADE

RELAÇÃO ENTRE PESO AO NASCER, SEXO DO RECÉM-NASCIDO E TIPO DE PARTO

INFLUÊNCIA DO AMBIENTE FAMILIAR NO COMPORTAMENTO MOTOR DE LACTENTES PRÉ-TERMO

Via de parto e risco para mortalidade neonatal em Goiânia no ano de 2000 Obstetric delivery and risk of neonatal mortality in Goiânia in 2000, Brazil

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação Coordenadoria Geral de Pós-Graduação Stricto Sensu

Fatores de risco e tendências das taxas de mortalidade infantil e da prevalência de baixo peso ao nascer no RS: : uma análise do período

DESCRIÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL EM PELOTAS A INTRODUÇÃO

Características demográficas e psicossociais associadas à depressão pós-parto em uma amostra de Belo Horizonte

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE GESTANTES ATENDIDAS NOS ESF DO MUNICÍPIO DE SÃO LUDGERO NO ANO DE 2007

Transcrição:

ESTRESSE E GRAVIDEZ (PRÉ-NATAL E PERINATAL) Réplica ao artigo Estresse pré-natal e perinatal e seu impacto sobre o desenvolvimento psicossocial da criança, da Dra. Janet DiPietro Vivette Glover, M.A., PhD, DSc Institute of Reproductive and Developmental Biology, Imperial College, London, Reino Unido Junho 2002 Introdução A pesquisa pioneira de Janet DiPietro mostrou claramente a relação direta entre o estado emocional da mãe e o comportamento do feto, 1 e sobre a continuidade do comportamento do período fetal à infância. 2 Essas constatações tornam plausível a idéia de que o estado emocional da mãe durante a gravidez pode ter efeitos de longo prazo no comportamento dos filhos. Pesquisa e conclusões Como expõe a Dra. DiPietro, estresse e ansiedade são conceitos complexos; presumivelmente, 2002-2021 CEDJE ESTRESSE E GRAVIDEZ (PRÉ-NATAL E PERINATAL) 1

apresentam correspondências fisiológicas diferentes, mas que se sobrepõem. Tais observações complicam a pesquisa, uma vez que a maioria dos estudos nessa área utiliza medidas psicológicas diferentes. Concordo com a avaliação geral da autora sobre a pesquisa atual. Os modelos animais fornecem evidências sólidas de que o estresse pré-natal pode ter efeitos no longo prazo sobre o comportamento da prole; 3,4 a pesquisa sobre seres humanos levanta também fortes indícios de que o estresse e a ansiedade no período pré-natal constituem um fator de risco de parto prematuro e de redução do crescimento fetal; 5-8 e embora limitados, há indícios de efeitos diretos e de longo prazo sobre o comportamento dos seres humanos. 9 Estamos apenas começando a compreender alguns dos mecanismos fisiológicos que podem mediar esses efeitos. 10,11 Outras fontes possíveis e importantes de estresse perinatal também podem ter efeitos no longo prazo sobre o desenvolvimento psicossocial da criança. Em primeiro lugar, o trabalho de parto causa um aumento considerável dos hormônios do estresse no feto, e os diferentes métodos de parto têm diferentes efeitos sobre os bebês. 12 Os estudos sobre os animais demonstram que os diferentes métodos de parto causam diferenças na química cerebral no longo prazo por exemplo, nos receptores glucocorticoides e dopaminérgicos que provavelmente afetam o comportamento da prole. 13,14 Em segundo lugar, sabe-se que recém-nascidos mantidos em unidades de cuidados especiais podem apresentar níveis muito altos de hormônios do estresse, o que também pode ser nocivo no longo prazo. No entanto, no caso dos seres humanos, ainda não há provas de que um ou outro desses fatores tenha influência sobre o desenvolvimento psicossocial da criança. Implicações para políticas e serviços Minha opinião difere da opinião da Dra. DiPietro no que diz respeito às implicações desses achados. Referindo-se aos efeitos de uma gestação mais curta e de baixo peso ao nascer, Dra. DiPietro escreve que as medidas não são suficientemente sólidas para prognosticar consequências sérias para o desenvolvimento. No entanto, tais efeitos nem sempre são desprezíveis em uma determinada população. Lou et al. mostraram que eventos que levam a estresse psicológico grave contribuíram em 11 % dos casos graves de prematuridade (menos de 34 semanas de gestação). 5 Bebês nascidos tão prematuramente têm altos níveis de deficiência no desenvolvimento neuronal. No Reino Unido, essa porcentagem corresponderia a cerca de 2002-2021 CEDJE ESTRESSE E GRAVIDEZ (PRÉ-NATAL E PERINATAL) 2

1.500 nascimentos por ano. Os efeitos da ansiedade ou do estresse pré-natal sobre o peso no momento do nascimento podem ser comparados aos efeitos do consumo de tabaco, que ocasiona uma diminuição de 160g, 6 em média. Barker e seus colegas demonstraram que, de modo geral, o baixo peso ao nascer aumenta o risco de doenças cardiovasculares no futuro. 15 Ainda que fosse baixa, a proporção de doenças cardíacas que podem ser atribuídas aos efeitos do estresse pré-natal sobre o crescimento do feto seria significativa em termos absolutos. Quanto aos efeitos diretos sobre os problemas de comportamento subsequentes, o estudo de O Connor et al. 9 sugere que o risco de um menino apresentar sinais de Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade é duas vezes maior quando, no final da gravidez, o nível de ansiedade da mãe está no topo da escala (entre os 15% mais altos). Sendo assim, se for possível reduzir a contribuição da ansiedade materna no período pré-natal para esse problema comportamental, haverá um efeito significativo sobre a incidência desse tipo de distúrbio. Uma parte considerável das dificuldades psicossociais da criança pode ser atribuída aos genes, sendo, portanto, dificilmente modificável. E uma vez estabelecidos, tanto os problemas comportamentais da criança como os efeitos da prematuridade no longo prazo são difíceis de modificar. Mas é possível intervir durante a gravidez para reduzir o estresse e a ansiedade da mãe, o que pode contribuir para a prevenção de problemas. É claro que ainda não há provas suficientes para afirmar se situações de estresse ou de ansiedade da mãe durante a gravidez afetam o desenvolvimento psicossocial da prole no longo prazo, e em que momento isso ocorre. No entanto, neste momento a prudência científica é inadequada em contextos clínicos. A ausência de certezas não deve nos impedir de formular um julgamento esclarecido, e correr o risco do equívoco (com bases lógicas) para reduzir os danos, na medida do possível. Para decisões de políticas sociais, nossa abordagem deve ser diferente daquela adotada pela ciência básica. Aguardar até que haja provas concludentes pode levar a problemas futuros desnecessários. Do meu ponto de vista, as provas fornecidas pelas experiências com animais, os dados sobre parto prematuro e restrições no crescimento nos seres humanos, bem como as evidências dos efeitos diretos do estresse pré-natal sobre o comportamento da criança, constituem bases suficientes para a recomendação de novas políticas. Sugiro que alguma categoria dos profissionais da saúde seja encarregada de monitorar a saúde 2002-2021 CEDJE ESTRESSE E GRAVIDEZ (PRÉ-NATAL E PERINATAL) 3

mental das mulheres ao longo da gravidez (a forma como esse acompanhamento ocorreria seria diferente segundo o país). Devem ser implementadas intervenções para reduzir o estresse, a ansiedade ou a depressão, reconhecendo-se a necessidade de um número muito maior de pesquisas para avaliar sua eficácia. Sabemos que a depressão pré-natal é o principal fator de risco para a depressão pós-natal, 16 e que a depressão pós-natal está ligada a resultados psicossociais adversos para as crianças. Reduzir os fatores de risco para a depressão já acarretaria um grande benefício. Mesmo que não se saiba exatamente em que momento os efeitos interferem, há indícios de que no terceiro trimestre a ansiedade tem um papel importante no que diz respeito ao parto prematuro e a problemas comportamentais da criança. Sendo assim, até mesmo uma intervenção no final da gravidez pode ser eficaz. O trabalho durante a gravidez é uma questão pessoal, e é improvável que uma solução única seja adequada para todas as mulheres. Algumas delas gostam de seu trabalho, e podem considerar mais estressante ficar em casa. Homer et al. 17 demonstraram que o esforço físico está fortemente associado ao parto prematuro, mas uma carga de trabalho intelectual não tem o mesmo efeito. Por outro lado, as mulheres que continuam a trabalhar contra sua vontade multiplicam em oito vezes os riscos de um parto prematuro. Devem ser elaboradas políticas e leis para permitir às mulheres a livre escolha de quando e como trabalhar durante a gravidez. Referências 1. DiPietro JA, Hodgson DM, Costigan KA, Hilton SC, Johnson TRB. Development of fetal movement-fetal heart rate coupling from 20 weeks through term. Early Human Development 1996;44(2):139-151. 2. DiPietro JA, Hodgson DM, Costigan KA, Johnson TRB. Fetal antecedents of infant temperament. Child Development 1996;67(5):2568-2583. 3. Wienstock M. Effects of maternal stress on development and behaviour in rat offspring. Stress 2001;4:157-167. 4. Schneider ML, Moore CF, Roberts AD, Dejesus O. Prenatal stress alters early neurobehavior, stress reactivity and learning in non-human primates: a brief review. Stress 2001;4:183-193. 5. Lou HC, Nordentoft M, Jensen F, Pryds O, Nim J, Hemmingsen R. Psychosocial stress and severe prematurity. Lancet 1992;340(8810):54. 6. Lou HC, Hansen D, Nordentoft M, Pyrds O, Jensenn F, Nim J, Hemmingsen R. Prenatal stressors of human life affect fetal brain development. Developmental Medicine and Child Neurology 1994;36(9):826-832. 7. Hedegaard M, Henriksen TB, Sabroe S, Secher NJ. Psychological distress in pregnancy and preterm delivery. BMJ British Medical Journal 1993;307(6898):234-239. 8. Copper RL, Goldenber RL, Das A, Elder N, Swain M, Norman G, Ramsey R, Cotroneo P, Collins BA, Johnson F, Jones P, Meier AM. The preterm prediction study: maternal stress is associated with spontaneous preterm birth at less than thirty-five weeks gestation. American Journal of Obstetrics and Gynecology 1996;175(5):1286-1292. 2002-2021 CEDJE ESTRESSE E GRAVIDEZ (PRÉ-NATAL E PERINATAL) 4

9. O Connor TG, Heron J, Golding J, Beveridge M, Glover V. Maternal antenatal anxiety and children s behavioural/emotional problems at 4 years. British Journal of Psychiatry 2002;180(6):502-508. 10. Gitau R, Cameron A, Fisk NM, Glover V. Fetal exposure to maternal cortisol. Lancet 1998;352(9129):707-708. 11. Teixeira JMA, Fisk NM, Glover V. Association between maternal anxiety in pregnancy and increased uterine artery resistance index: cohort based study. BMJ British Medical Journal 1999;318(7177):153-157. 12. Gitau R, Menson E, Pickles V, Fisk NM, Glover V, MacLachlan N. Umbelical cortisol levels as an indicator of the fetal stress response to assisted vaginal delivery. European Journal of Obstetrics Gynecology and Reproductive Biology 2001;98(1):14-17. 13. Boksa P, Krishnamurthy A, Sharma S. Hippocampal and hypothalamic type 1 corticosteroid receptor affinities are reduced in adult rats born by a caesarean section procedure with or without an added period of anoxia. Neuroendocrinology 1996;64(1):25-34. 14. El-Khodor B, Boksa P. Caesarean section birth produces long term changes in dopamine D1 receptors and in stress-induced regulation of D3 and D4 receptors in the rat brain. Neuropsychopharmacology 2001;25(3):423-39. 15. Barker DJ. The Wellcome Foundation Lecture, 1994. The fetal origins of adult disease. Proceedings of the Royal Society of London - Series B: Biological Sciences 1995;262(1363):37-43. 16. Evans J, Heron J, Francomb H, Oke S, Golding O. Cohort study of depressed mood during pregnancy and after childbirth. BMJ British Medical Journal 2001;323(7307):257-260. 17. Homer CJ, James SA, Siegal E. Work-related psychosocial stress and risk of preterm, low birthweight delivery. American Journal of Public Health 1990;80(2):173-177. 2002-2021 CEDJE ESTRESSE E GRAVIDEZ (PRÉ-NATAL E PERINATAL) 5