ADRIANA SILVEIRA PEREIRA DE MELO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO EM FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA

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Transcrição:

1 ADRIANA SILVEIRA PEREIRA DE MELO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO EM FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total. Orientador Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc. Niterói 2009

2 ADRIANA SILVEIRA PEREIRA DE MELO PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO EM FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO: ESTUDO DE CASO EM INSTITUIÇÃO PÚBLICA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão. Área de concentração: Sistema de Gestão pela Qualidade Total. Aprovada em / / BANCA EXAMINADORA Prof. Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, D.Sc Universidade Federal Fluminense Profa. Débora Omena Futuro Universidade Federal Fluminense Prof. Luiz Felipe Roris Rodríguez Scavarda do Carmo, D.Sc Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Dedico este trabalho Ao meu pai, que sempre incentivou meus estudos e que infelizmente não está mais entre nós para presenciar mais uma etapa concluída.

4 AGRADECIMENTOS Ao meu marido e filhos que compreenderam os momentos de ausência. À minha mãe e irmãos que tanto colaboraram para a realização deste trabalho. Ao Professor Osvaldo Luiz Gonçalves Quelhas, meu orientador, pela paciência e oportunidade oferecida. À Farmácia Universitária da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense, pela realização deste trabalho. Ao Professor Afonso Leitão, pela indicação ao mestrado. Ao diretor da Farmácia Universitária, Dr. Nilo Jorge Picolli, pelo apoio dado. Ao Professor Ronaldo Ferreira da Silva, pela assistência e orientação prestadas. Ao Professor Ivo Fernandes de Araújo, pela oportunidade oferecida. À minha amiga Jussara França, pela indicação à Farmácia Universitária. s minhas amigas Cláudia Costa Silva e Silvana Souza pelo auxílio prestado. Aos funcionários e amigos da Farmácia Universitária pela colaboração para execução deste trabalho.

Jesus chegou em casa, e os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou; Vocês acreditam que eu posso fazer isso? Eles responderam: Sim, Senhor. Então Jesus tocou os olhos deles, dizendo: Que aconteça conforme vocês acreditaram. E os olhos deles se abriram. MATEUS 9: 28-29

RESUMO O setor farmacêutico magistral vem ocupando cada vez mais uma fatia no mercado farmacêutico no Brasil. O medicamento manipulado tem importância significativa pela adequação da dose do fármaco a cada paciente. Poucos são os estudos sobre a gestão da produção em farmácias com manipulação. No presente trabalho estudou-se a gestão da cadeia produtiva em farmácia com manipulação com o objetivo de identificar o gargalo no processo de produção dos medicamentos. Inicialmente é apresentada uma teoria sobre o planejamento e controle da produção, abordando seus principais conceitos. Para o diagnóstico do sistema produtivo foi realizado um estudo de caso numa farmácia com manipulação em instituição pública, através de questionários com os responsáveis pelo planejamento da produção e entrevistas com empresas provedoras de softwares para gestão de farmácias. A partir dos resultados da pesquisa de campo e bibliográfica, verificou-se que os responsáveis pelo planejamento da produção e dos estoques não possuíam conhecimento técnico para a utilização de sistemas de PCP. Os softwares para gestão de farmácias também não oferecem ferramenta que auxilie o gestor na gestão da produção e administração dos estoques. Elaborou-se um modelo para administração dos estoques para produção de cápsulas baseado no ponto de ressuprimento, utilizando-se uma planilha onde foi registrada toda a produção do setor de cápsulas, as entradas dos insumos e a necessidade de reposição, possibilitando ao farmacêutico programar e efetivar a compra dos insumos. A autora propõe, então, algumas ações para melhorar o sistema de PCP em farmácia com manipulação. Palavras-chave: Planejamento e Controle da Produção. Efetividade na Produção. Farmácia com Manipulação.

ABSTRACT Dispensing pharmacies have become more and more an important share of the pharmaceutical market. Manipulated medicine has significant importance on the adaptation of the dose of the drug to each patient. There are few studies about the production management in dispensing pharmacies. In the present paper, the management of the productive chain in dispensing pharmacy was studied, in order to identify the bottleneck in the medicine production. Initially a theory about the production planning and control is presented covering its main concepts. For the diagnosis of the productive system a case study in a dispensing pharmacy of a public institution is carried out, through questionnaires to individuals responsible for the production planning, and interviews with pharmacy management software suppliers. From the field work and bibliographical results, it was verified that those responsible for the production planning and for the stocks have little experience with PPC systems and pharmacy management software does not offer any tool to help manage the production and the stocks. A model of capsule stock administration was developed, based on the replenishment point, using a spreadsheet to record the entire capsule sector production, as well as the inputs entries and the replacement needs, allowing pharmacists to plan and carry out inputs purchase. Finally, the author proposes some actions to improve the PPC system in dispensing pharmacies. Key words: Planning and Production Control. Dispensing Pharmacy.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Modelo de transformação... 22 Quadro 1 - Exemplos de sistemas de produção... 23 Quadro 2 - Técnicas de previsão de demanda... 31 Figura 2 - Modelo de ponto de ressuprimento... 33 Quadro 3 - Classificação ABC... 39 Quadro 4 - Classificação ABC X Sistema de Controle... 39 Figura 3 - Fluxograma da farmácia... 57 Figura 4 - Diagrama de causa-efeito... 58 Figura 5 - Fluxograma da produção de sólidos... 59 Figura 6 - Fluxograma da produção de semi-sólidos e líquidos... 60

LISTA DE TABELAS Tabela 1 Itens do questionário sobre o PCP na farmácia... 53 Tabela 2 Aspectos analisados na entrevista com empresas provedoras de software... 54 Tabela 3 Comparação entre os sistemas de PCP existentes nos setores produtivos da FAU... 62 Tabela 4 Comparação da gestão dos estoques entre os setores produtivos da FAU... 65 Tabela 5 Comparação entre a programação da produção nos setores produtivos da FAU... 67 Tabela 6 Características gerais dos softwares pesquisados... 70 Tabela 7 Comparação da visão geral dos softwares... 70 Tabela 8 Comparação do planejamento da produção e previsão de demanda... 72 Tabela 9 Comparação dos softwares para a gestão dos estoques... 74 Tabela 10 Saída de matéria-prima ao longo dos meses de janeiro a outubro de 2007. 77 Tabela 11 Determinação do ponto de ressuprimento... 78 Tabela 12 Relatório de entrega para o gestor... 78

LISTA DE SIGLAS ANFARMAG ANVISA BPM CNPJ CRF DOU FAU INCQS ISPhC MS PCP PGRSS RDC SINAMM SUS Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais Agência Nacional de Vigilância Sanitária Boas Práticas de Manipulação Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas Conselho Regional de Farmácia Diário Oficial da União Farmácia Universitária da Universidade Federal Fluminense Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz International Society of Pharmaceutical Compounding Ministério da Saúde Planejamento e Controle da Produção Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde Resolução da Diretoria Colegiada Sistema Nacional de Aperfeiçoamento e Monitoramento Magistral Sistema Único de Saúde

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...13 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA...13 1.2 A SITUAÇÃO PROBLEMA...14 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA...15 1.3.1 Objetivo Geral...16 1.3.2 Objetivos Específicos...16 1.4 AS HIPÓTESES E QUESTÕES DA PESQUISA...16 1.5 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA...17 1.6 A ABRANGÊNCIA DA PESQUISA...20 1.7 A ESTRUTURA DO TRABALHO...20 2 REVISÃO DA LITERATURA: GESTÃO DO PCP...22 2.1 GESTÃO DA PRODUÇÃO...22 2.2 SISTEMAS PRODUTIVOS...23 2.2.1 Classificação dos sistemas produtivos...23 2.2.2 Tipos de produção...25 2.3 PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO (PCP)...27 2.3.1 Determinação da demanda...29 2.3.2 Técnicas da previsão de demanda...30 2.3.3 Ponto de ressuprimento...32 2.3.4 Atividades do PCP...34 2.3.5 Fatores que afetam o PCP...35 2.4 ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES...35 2.4.1 Definição de estoques...36 2.4.2 Função dos estoques...36 2.4.3 Tipos de estoques...36 2.4.4 Custos dos estoques...37 2.4.5 O Sistema ABC...38 2.4.6 A gestão dos estoques...42 2.4.7 Métodos de gestão de estoques...43 2.5 FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO...44 2.5.1 Definição de farmácia com manipulação...44 2.5.2 Histórico da farmácia com manipulação...45 2.5.3 Histórico das legislações...45

2.5.4 Legislação atual...47 2.5.5 Formas Farmacêuticas...49 2.5.6 Resíduos de saúde...50 3 MÉTODO DE PESQUISA...51 3.1 MÉTODOS DE PESQUISA UTILIZADOS NESTE ESTUDO...51 3.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA...51 3.3 TRATAMENTO DE DADOS...52 3.3.1 Tabulação dos dados do questionário em relação ao PCP na farmácia...53 3.3.2 Tabulação dos dados obtidos com a entrevista...54 4 ESTUDO DE CASO: FARMÁCIA COM MANIPULAÇÃO EM INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR...55 4.1 DESCRIÇÃO DA FARMÁCIA...55 4.2 FLUXO GERAL DOS MEDICAMENTOS MANIPULADOS NA FARMÁCIA DO ESTUDO DE CASO...56 4.3 DIAGNÓSTICO...58 4.4 PRINCIPAIS ETAPAS DOS PROCESSOS PRODUTIVOS...59 4.4.1 Produção de sólidos...59 4.4.2 Produção de semi-sólidos e líquidos...60 4.5 CONTROLE DE ESTOQUE...61 4.6 RESULTADOS E DISCUSSÃO...62 4.6.1 Análise dos dados sobre a visão geral do PCP da FAU...62 4.6.2 Análise dos dados sobre a gestão dos estoques...65 4.6.3 Análise dos dados sobre a programação da produção...67 4.6.4 Análise dos softwares para gestão da produção em farmácias com manipulação..69 4.6.5 Análise dos aspectos gerais dos softwares pesquisados...69 4.6.6 Análise dos dados sobre a visão geral dos softwares...70 4.6.7 Análise dos dados dos softwares para planejamento da produção e previsão de demanda...72 4.6.8 Análise dos dados dos softwares para a gestão dos estoques...74 5 DIRETRIZES PROPOSTAS PARA GESTÃO DO ESTOQUE...76 5.1 RESULTADOS OBTIDOS...79 5.2 DIRETRIZES PROPOSTAS PARA MELHORAR O PCP DA FAU...79 6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...81 REFERÊNCIAS...83 GLOSSÁRIO...91 APÊNDICES...96

13 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA As farmácias com manipulação, também conhecidas como farmácias magistrais, são locais de grande atuação do profissional farmacêutico, resgatando a prática de preparar o medicamento de forma artesanal. A prescrição magistral amplia a relação entre o médico e o paciente, permitindo que o médico adapte o medicamento de acordo com a necessidade de seu cliente. Ao farmacêutico magistral cabe a responsabilidade por toda a análise da formulação, que corresponde ao conhecimento farmacotécnico, farmacológico, controle e garantia da qualidade (MIGUEL et al, 2002). A farmácia com manipulação pode habilitar-se a preparar vários tipos de medicamentos, atendendo a prescrições de medicamentos alopáticos, homeopáticos ou fitoterápicos. Os medicamentos alopáticos apresentam-se com maior freqüência na forma de cápsulas, soluções, suspensões, xaropes, cremes, pomadas, xampus, géis, loções cremosas, óvulos e supositórios. Já os homeopáticos possuem formas farmacêuticas específicas para estes medicamentos, apresentando-se como glóbulos, tabletes, pós e fórmulas líquidas. Atualmente as farmácias com manipulação dispõem-se a atender a prescrições de várias especialidades médicas, como dermatologia, cardiologia, reumatologia, ginecologia, dentre outras, havendo ainda a possibilidade de atender a preparações específicas de odontologia. Nesta condição uma farmácia com manipulação necessita dispor de uma grande variedade de matérias-primas e embalagens. A farmácia com manipulação está passando por muitas mudanças com a finalidade de produzir medicamentos com qualidade e atender às exigências das legislações (FERREIRA, 2008). De acordo com levantamento recente, há mais de 5 mil farmácias com manipulação no país e este número vem crescendo a cada ano (SILVEIRA, 2007). O principal desafio para a farmácia com manipulação está na conquista da credibilidade no mercado, que só será obtida através de melhorias contínuas em termos de qualidade, através de treinamentos contínuos, uso de recursos de informática para armazenagem de informações e registro de controle da produção e de todos os processos financeiros, pelo emprego de novas tecnologias e pela adequação de suas estruturas físicas e de trabalho visando o cumprimento das legislações sanitárias vigentes (FERREIRA, 2008).

14 Só é possível produzir medicamentos seguros, eficazes e estáveis em farmácias magistrais se a qualidade for percebida como estratégica para a sustentabilidade do setor. A implantação de um sistema de garantia da qualidade eficiente e amplamente disseminado nessas organizações pode resultar em melhorias significativas dos medicamentos produzidos (SILVA, 2007). 1.2 A SITUAÇÃO PROBLEMA O grande diferencial dos medicamentos produzidos numa farmácia com manipulação em relação aos medicamentos industrializados é a possibilidade de realizar-se adequação da dose dos fármacos à necessidade de cada paciente. Os médicos também podem prescrever diversas associações entre os fármacos numa mesma formulação, desde que estes fármacos não apresentem incompatibilidades entre si. Por esta razão a farmácia com manipulação necessita ter uma grande variabilidade de insumos farmacêuticos e de embalagens, para que se possa atender a todos esses pacientes. Insumos farmacêuticos são os fármacos ou matériaprima aditiva ou complementar, de qualquer natureza, destinadas ao emprego em medicamentos. Os insumos farmacêuticos ativos são as substâncias responsáveis pela atividade do medicamento. Os insumos farmacêuticos inertes são aqueles sem atividade farmacológica e são indispensáveis para a preparação de qualquer medicamento. Dentre as diversas diferenças existentes entre os medicamentos manipulados e os medicamentos industrializados, destaca-se o prazo de validade (CROSTA, 2000). Os produtos magistrais possuem prazo de validade menor. Esses medicamentos são manufaturados em pequena escala e compostos por várias matérias-primas, como acontece com os medicamentos industrializados. A diferença é que a indústria realiza testes de estabilidade, proporcionando ao medicamento industrializado um prazo de validade maior. As embalagens também apresentam diversas variáveis a fim de acondicionar as diferentes formas farmacêuticas. A preparação de vários medicamentos requer a produção de preparações farmacêuticas com uma fórmula definida, usadas como veículo/excipiente, compostas de uma ou mais matérias-primas. Esses veículos também são preparados na farmácia e utilizados na produção de cremes, loções, géis, suspensões, soluções e shampoos. Para cada um destes veículos existem vários insumos com prazos de validade diferentes.

15 De acordo com a legislação vigente (RDC Nº 67/2007), o prazo de validade do produto final deve estar relacionado ao período do tratamento. Em razão da variabilidade dos insumos farmacêuticos, as farmácias estocam inúmeros itens com diferentes prazos de validade. Numa farmácia com manipulação, o planejamento quantitativo para suprimento dos insumos adquiridos precisa estar relacionado ao prazo de validade dos mesmos, pois aquisições em quantidades inadequadas podem acarretar desperdícios e gastos desnecessários. Esse ajuste é estratégico, pois pode levar à perda da matéria-prima, gerando assim uma nova despesa, já que a legislação brasileira determina que todos os estabelecimentos que lidam com produtos farmacêuticos mantenham um programa de gerenciamento de resíduos, responsabilizando estes estabelecimentos pelo destino final dos insumos vencidos (BRASIL, 2004). A farmácia é responsável pela qualidade dos produtos que manipula, conserva, dispensa e transporta, sendo necessário o acompanhamento de todo o processo de manipulação (BRASIL, 2007). O farmacêutico é o profissional habilitado para exercer essa função. Na farmácia universitária da Universidade Federal Fluminense (FAU), estavam ocorrendo algumas interrupções na produção dos medicamentos, ocasionando atrasos nas entregas dos mesmos. Um diagnóstico realizado na FAU apontou a necessidade de melhorias na gestão do PCP (planejamento e controle da produção). A maioria das farmácias com manipulação existentes são empresas de pequeno porte, e um planejamento, controle da produção e administração dos estoques de insumos e embalagens ineficientes pode acarretar prejuízos aos proprietários, já que a farmácia é responsável pelo resíduo que gera. Por estas razões faz-se necessária a utilização de ferramentas de gestão para melhorar a eficácia da produção dos medicamentos produzidos em farmácia com manipulação. 1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA Apresentam-se neste tópico os objetivos: geral e específico.

16 1.3.1 Objetivo Geral Apesar do número de farmácias com manipulação aumentar a cada ano (SILVEIRA, 2007), são escassos os estudos sobre planejamento e controle da produção em estabelecimentos deste tipo. A questão principal da pesquisa é diagnosticar qual etapa ou função do planejamento e controle da produção é o gargalo no processo de produção na farmácia com manipulação para que se evitem interrupções na produção dos medicamentos. No presente trabalho pretendeu-se estudar as principais técnicas e sistemas de PCP existentes, compreender o processo de produção em uma farmácia com manipulação e propor diretrizes de gestão com base na fundamentação teórica aplicável. 1.3.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos são delineados a seguir: 1. Estudar as causas e possíveis soluções para as interrupções na linha de produção em farmácia com manipulação. 2. Buscar práticas de excelência na gestão da produção de PCP em farmácias com manipulação. 3. Propor diretrizes de gestão de PCP com base na fundamentação teórica que seja aplicável a uma farmácia com manipulação. 1.4 AS HIPÓTESES E QUESTÕES DA PESQUISA Para responder à questão central da pesquisa e alcançar os objetivos propostos são formuladas duas hipóteses: 1. A farmácia com manipulação necessita de pessoal capacitado para gerenciar o PCP.

17 2. Os softwares comerciais existentes para gestão de farmácias não fornecem relatórios gerenciais para apoio a decisões inerentes ao PCP. Para conduzir à avaliação das hipóteses foram utilizadas as seguintes questões de pesquisa: Qual a origem ou causa das interrupções de produção na farmácia com manipulação estudada? Quais as funções tradicionais de PCP presentes em farmácias com manipulação? Quais os recursos tecnológicos e de gestão utilizados? Quais são as práticas de excelência utilizadas no mercado? Existem recursos computacionais no mercado disponíveis e eficazes para a gestão de PCP, particularmente dos estoques de insumos em farmácia com manipulação? 1.5 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA O setor magistral emprega, segundo a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais ANFARMAG (2007), cerca de 14.500 farmacêuticos (quase três vezes mais que o setor industrial), em mais de 6000 estabelecimentos distribuídos em todo o país. O medicamento manipulado tem importância significativa para pacientes pediátricos e idosos, pois os mesmos na maioria das vezes não encontram o medicamento na dose adequada disponível no mercado. A quantidade de medicamento manipulado é ajustada ao tratamento, não havendo sobras, dificultando a automedicação, que muitas vezes é a causa principal de internações hospitalares por intoxicações medicamentosas (ANFARMAG, 2006). De acordo com Leal (2007), o medicamento manipulado apresenta várias vantagens em relação ao medicamento industrializado, dentre elas: produção de medicamentos que deixaram de ser produzido pela indústria farmacêutica, por razões econômicas; associação de fármacos, facilitando o tratamento de diversas enfermidades; individualização da prescrição; preparação de medicamentos sem conservantes, corantes, aromatizantes ou perfumes, beneficiando clientes alérgicos e o exercício na farmácia com manipulação da atenção farmacêutica, que é a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida.

18 O setor magistral tem sido criticado por diversos setores em razão da qualidade dos medicamentos manipulados. Um dos problemas apontados é a impossibilidade da análise do produto final e a associação de fármacos sem estudos de estabilidade (ANVISA, 2005). Tabchory (2005) analisou enxaguatórios bucais contendo fluoreto de sódio a 0,05% adquiridos em seis diferentes farmácias com manipulação na cidade de Piracicaba (SP). Somente em uma amostra analisada a concentração de fluoreto de sódio ficou com média de 0,01%. Os resultados obtidos sugerem a implementação de um controle de qualidade mais rigoroso nas farmácias com manipulação para garantir a qualidade dos enxaguatórios fluoretados manipulados. Estudos realizados por Markman (2006) compararam 12 amostras de cápsulas manipuladas contendo hormônios tireoidianos com 11 amostras de medicamentos industrializados contendo os mesmos ativos. Todas as cápsulas analisadas apresentaram desvios em relação ao teor, enquanto que no medicamento industrializado, todas se encontravam em conformidade. Os problemas apontados e outros que surgiram indicaram a necessidade de alterações na legislação que regia o setor (RDC 33/00), culminando na publicação da RDC 67/07, que impõe para as farmácias com manipulação um controle de qualidade mais rigoroso. Em 2006, a ANFARMAG inicia a implantação do SINAMM (Sistema Nacional de Aperfeiçoamento e Monitoramento Magistral), com o intuito de garantir a qualidade dos medicamentos aviados em todo o país. Com o início do SINAMM as farmácias com manipulação passariam a comprometer-se com o estabelecimento de um Sistema de Garantia da Qualidade, envolvendo o gerenciamento da produção e dispensação de medicamentos manipulados, assim como treinamento e monitoramento das equipes que realizam estas atividades (ANFARMAG, 2006). Não só os medicamentos manipulados apresentam desvios de qualidade, conforme comprova o trabalho realizado por Martin et al (2007). Os autores avaliaram a concentração de um gel de peróxido de carbamida a 16% utilizado no clareamento dos dentes. Devido ao alto custo dos produtos industrializados, alguns dentistas preferem os produtos manipulados. Os autores então compararam os produtos manipulados com o industrializado, visando checar se a concentração do produto preparado em farmácia com manipulação era o mesmo que no produto industrializado. Os resultados indicaram que tanto o produto manipulado quanto o industrializado apresentavam valores de concentração diferentes de 16%. Mas é possível produzir medicamentos manipulados com qualidade. Estudos realizados por Azevedo et al (2008) avaliaram o perfil de dissolução de cápsulas contendo

19 captopril produzidos em farmácias com manipulação. Foi verificada a qualidade das cápsulas em relação ao peso médio, desintegração, teor e uniformidade de conteúdo. Todas as cápsulas apresentaram resultados satisfatórios nos testes a que foram submetidas, demonstrando que a farmácia com manipulação pode produzir cápsulas com bom perfil de qualidade. Outro trabalho realizado por Balesteros et al (2007) desenvolveu um método para identificação e análise de cápsulas manipuladas contendo losartan associado a clortalidona ou hidroclorotiazida. O desenvolvimento e a otimização de metodologias analíticas capazes de realizar a identificação e análise desses compostos em formulações farmacêuticas são relevantes em virtude da importância da associação de um antihipertensivo a um diurético no tratamento da hipertensão. Todas as cápsulas analisadas obtiveram resultados satisfatórios. A farmácia magistral também está presente em outros países. No IV Congresso Internacional de Farmacêuticos Magistrais e Exposição de Equipamentos, Produtos e Serviços, realizado de 9 a 11 de outubro de 2008, onde a autora esteve presente, foram ministrados vários cursos internacionais onde os farmacêuticos brasileiros tomaram conhecimento da realidade da manipulação em outros países como Espanha, Portugal e Estados Unidos. Na Espanha, com a integração à União Européia, a nação se adapta as normas de qualidade vigentes nos países que a integram, mas não é possível aos farmacêuticos magistrais produzirem fórmulas com doses iguais às já comercializadas pela indústria. Em Portugal, o setor farmacêutico é integrado e não existem redes de farmácias. A legislação portuguesa está se adequando à União Européia. Nos Estados Unidos, segundo Loyd Allen, presidente da ISPhC (Internacional Society of Pharmaceutical Compounding), o mercado de manipulação cresceu no país com medicamentos para reposição hormonal, pediatria, veterinária e home care (tratamento domiciliar), comum em idosos. A prática da farmácia magistral é regulada pelos Conselhos Estaduais e muitos adotam as normas vigentes da USP (Farmacopéia Americana), mas no país não existe autorização para manipular medicamentos que estão comercialmente disponíveis. O presente trabalho apresenta uma proposta de modelos de gestão da produção no âmbito do processo de farmácia com manipulação e em instituição pública, contribuindo desta forma para o desenvolvimento nacional, visto que poderá servir como exemplo de aplicação de técnicas e métodos atuais para melhoria do desempenho em processos de produção em farmácias com manipulação.

20 1.6 A ABRANGÊNCIA DA PESQUISA Os processos produtivos na farmácia com manipulação são muitos variados, envolvendo a fabricação de cápsulas, géis, loções, cremes, xaropes, suspensões e preparações homeopáticas. Em virtude da escassez de publicações científicas sobre o segmento de farmácias com manipulação, esta pesquisa se limitou à análise do sistema de planejamento e controle da produção dos laboratórios de alopatia da farmácia com manipulação da Farmácia Universitária da Universidade Federal Fluminense. O problema a ser abordado nesta pesquisa é inerente a uma farmácia pública com manipulação que possui características próprias. De acordo com o capítulo 1 artigo 2º do regimento da Farmácia Universitária da Universidade Federal Fluminense (FAU), a FAU vincula-se à Faculdade de Farmácia, equiparando-se a Órgão Suplementar, na forma do Estatuto e Regimento Geral da Universidade Federal Fluminense, com gerência administrativa própria. Portanto, os estudos a serem realizados e suas conclusões são inerentes à organização pública. Pretendeu-se, no desenvolvimento da pesquisa e na elaboração do plano de ação para proposição de solução aos pontos de ineficiência detectada, levar em consideração que o ambiente onde funciona a farmácia é público. Os resultados são aplicáveis na instituição estudada. Entretanto, os gestores de outras farmácias poderão utilizar a metodologia empregada na busca de respostas à questão fundamental desta pesquisa, que é a melhoria da produção dos medicamentos produzidos em farmácias com manipulação. 1.7 A ESTRUTURA DO TRABALHO O presente trabalho está dividido em seis capítulos. No 1º capítulo é feita uma introdução e em seguida aborda-se o problema da pesquisa e seus objetivos. A seguir apresentam-se as justificativas, hipóteses e questões da pesquisa, relevância e abrangência. No capítulo 2, faz-se uma revisão da literatura e um estudo de diferentes autores sobre os conceitos de planejamento e controle de produção, sistema produtivo, atividades do PCP, administração dos estoques, tipos de estoques, classificação ABC e a gestão na farmácia.

21 No 3º capítulo descreve-se o método de pesquisa utilizado. No 4º capítulo apresenta-se o estudo de caso e a discussão dos resultados. No 5º capítulo, as diretrizes propostas para a gestão dos estoques e para melhorar o PCP da FAU. No 6º capítulo, a conclusão e próximas etapas de pesquisa. Glossário Apêndice

22 2 REVISÃO DA LITERATURA: GESTÃO DO PCP Neste capítulo faz-se uma revisão da literatura sobre o planejamento e controle de produção, gestão de estoques e fluxo produtivo em farmácia com manipulação. 2.1 GESTÃO DA PRODUÇÃO Produzir, segundo Slack et al (2002), é transformar inputs em outputs. De acordo com o autor, os inputs estão classificados em recursos a serem transformados e recursos de transformação. Os recursos a serem transformados relacionam-se a materiais, informações e consumidores, e os recursos de transformação a instalações e funcionários. Os outputs são os resultados dessas transformações, ou seja, bens e serviços produzidos, conforme a figura 1: Recursos Transformados input Ambiente Materiais Informações Consumidores INPUT PROCESSO DE TRANFORMAÇÃO OUTPUT Bens e serviços Instalações Pessoal Recursos de Transformação Input Ambiente Figura 1- Modelo de sistema de produção Fonte: SLACK (2002) p.36

23 Desta forma, podemos afirmar que em uma farmácia com manipulação, a produção é a transformação do fármaco ativo no medicamento que será utilizado pelo paciente. 2.2 SISTEMAS PRODUTIVOS De acordo com Tubino (2007), os sistemas produtivos têm por objetivo planejar a produção, seqüenciar as atividades, motivar e treinar mão-de-obra, administrar os estoques, manter padrões de qualidade. Os sistemas produtivos abrangem não só a produção de bens como também a de serviços. O Quadro 1 mostra alguns exemplos de sistemas produtivos. Tipo de Operação Produção de bens Sistemas Produtivos Manufaturas, construção civil, estaleiros, minerações, agropecuária Movimentação e armazenagem Entretenimento e Comunicação Aluguel, permuta e empréstimo Quadro 1 - Exemplos de sistemas de produção Fonte: Manual de Planejamento e controle da produção, Tubino (2007). Correio, hotelaria, transportadoras, aerolinhas, entrepostos Estações de TV e rádio, clubes, estúdios de cinema, telecomunicações, jornais Banco, operadora de leasing, seguradoras, locadoras de bens 2.2.1 Classificação dos sistemas produtivos Slack et al. (2002) classifica os sistemas produtivos em dois tipos de processos: manufatura e serviços. Na manufatura os processos são subdivididos em: Processos de projeto, processos de jobbing, processos em lotes ou bateladas, processos de produção em massa e processos contínuos. Os processos de projetos têm baixo volume de produção e alta variedade e o tempo para conclusão do produto é longo. Exemplos: construção de navios, produção de filmes.