PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOSÉ RICARDO PORTO ACÓRDÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 200.2011.020903-4/001 - CAPITAL. Relator :Des. José Ricardo Porto. Agravante :Estado da Paraíba, representado por seu Procurador, Ricardo Raiz Árias Nunes. Agravados :Carlos Alberto da Silva Filho e outros. Advogado :Luciana Ernilia de Carvalho Torres Galindo Coutinho. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA. DEFERIMENTO DE LIMINAR CABO DA POLÍCIA MILITAR. PARTICIPAÇÃO NO CURSO DE HABILITAÇÃO PARA SARGENTO. NECESSIDADE DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PARA A PRÓPRIA PROMOÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 2, DO DECRETO ESTADUAL N 23.287/2002. PRECEDENTES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA. AGRAVADOS QUE NÃO COMPROVARAM O INTERSTÍCIO MÍNIMO E DEMAIS CONDIÇÕES DA REFERIDA NORMA. AUSÊNCIA DO FUMUS BONI IURIS. CASSAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. MEDIDA QUE SE IMPÕE. PROVIMENTO DA IRRESIGNAÇÃO INSTRUMENTAL. - Segundo o art. 2,. do Decreto n 23.287/2002, a convocação para participação no Curso de Habilitação depende do preenchimento dos requisitos exigidos para a própria promoção, estabelecidos no art. 1 daquele mesmo diploma legal. Precedentes desta Corte. - "Art. 2 As promoções referidas ocorrerão após a conclusão, com aproveitamento, de Curso de Habilitação de Graduados, que serão convocados de acordo com a ordem de antiguidade e obedecendo aos requisitos para a promoção acima descriminados" (Art. 2, do Decreto n 23.287/2002) - "Para frequentar o curso de habilitação de sargentos, deve o cabo policial militar ou bombeiro militar da Paraíba ser convocado pela corporação de acordo com a ordem de antiguidade, desde que preencha os requisitos para a promoção àquela graduação previstos no art. 1., II a VI, conforme dispõe o art. 2., todos do Decreto Estadual n. 23.287/02." (TJPB. Al n 200.2011.027800-5/001. Rel. Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. J. Em 30/01/2012).
VISTOS, relatados e discutidos os autos acima referenciados. ACORDAa Colenda Primeira Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, à unanimidade, dar provimento ao presente recurso. RELATÓRIO Cuida-se de Agravo de Instrumento interposto pelo Estado da Paraíba, em desfavor da decisão proferida pelo eminente Juiz de Direito da 2' Vara da Fazenda Pública da Capital que, nos autos da "Ação Ordinária de Obrigação de Fazer" - Processo n 200.2011.020903-4 movida por Carlos Alberto da Silva Filho e outros, deferiu pedido de tutela antecipada, no sentido de determinar que os promovidos, ora agravados, sejam matriculados no Curso de Habilitação de Sargentos da Polícia Militar do Estado da Paraíba. Em suas razões o recorrente aduz que, diferentemente do que consignado no decreto judicial objurgado, as condições exigidas para a realização do referido procedimento (curso de habilitação) são os mesmos impostos para promoção. Dito isso, afirma que os autores não comprovaram todos os requisitos insculpidos no art. 1, do Decreto n 23.287/2002, em especial o tempo de serviço na graduação de Cabo para que possam ascender ao posto imediatamente superior com base na referida norma. Ao final, postula pela concessão da liminar, no sentido de que seja suspensa a decisão agravada e, no mérito, requer o provimento do recurso, revogando, definitivamente, a tutela deferida pelo Magistrado a quo - fls. 02/09. Acostou documentos - fls. 10/179. Liminar deferida - fls. 183/187. Contrarrazões ofertadas - fls. 193/198. 226/227. Cota da Procuradoria de Justiça pela não manifestação ministerial - fls. Informações do Magistrado de primeiro grau de jurisdição - fls. 230. É o relatório. VOTO - Exmo. Des. José Ricardo Porto Conforme visto no relatório, o cerne da questão gira em torno, tão somente, de aferir se os promoventes, ora agravados, cabos da Polícia Militar do Estado da Paraíba, possuem direito de participarem do Curso de Habilitação de Sargentos daquela briosa Corporação, independentemente do preenchimento dos requisitos estabelecidos no Decreto n 23.287/2002, no que diz respeito à promoção à patente superior. Pois bem, a referida norma leciona que: 2
"Art. 1 Fica autorizada, na polícia Militar da Paraíba, as promoções de soldado PM/BM a Cabo PM/BM e de Cabo PM/BM a 3 Sargento PM/BM, por tempo de efetivo serviço desde que satisfaçam aos seguintes requisitos: 1 Possuam 10 (dez) anos de efetivo serviço, para promoção de Cabo PM/BM; Estejam classificados, no mínimo, no comportamento ótimo; III Sejam considerados aptos em inspeção de saúde realizada pela Junta Médica da Corporação; IV Sejam considerados aptos em teste de aptidão fisica realizado para o Jim específico de promoção; V Não incidam em quaisquer impedimentos para inclusão em Quadro de Acesso, em caráter temporário ou definitivo, estabelecidos no regulamento de Promoções de Praças da Polícia Militar;" VI Tenham pelo menos dez anos na graduação de Cabo PM/BM para a promoção de 3 Sargento PM/BM." (Art. 1, VI, do Decreto n 23.287/2002). Por sua vez, o art. 2 do Decreto n 23.287/2002 estabelece que: "Art. 2 As promoções referidas ocorrerão após a conclusão, com aproveitamento, de Curso de Habilitação de Graduados, que serão convocados de acordo com a ordem de antiguidade e obedecendo aos requisitos para a promoção acima discriminados" (Art. 2, do Decreto n 23.287/2002) Portanto, a convocação para participação no Curso de Habilitação, seja para Cabo ou 3 Sargento, depende da obediência (preenchimento) dos requisitos exigidos para a própria promoção ao posto superior, estabelecidos no art. 1 da legislação em questão. Nesse sentido, trago à baila arestos desta Corte de Justiça em casos idênticos ao ora em disceptação: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. CABO POLICIAL MILITAR. CURSO DE HABILITAÇÃO DE SARGENTO. INCLUSÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. CONCESSÃO. AGRAVO DO ESTADO. PRELIMIANAR DE PRESCRIÇÃO. REJEIÇÃO. AUSÊNCIA DA VEROSSIMILHANÇA DO DIREITO PERQUIRIDO. Inteligência do art. 1., VI c/c o art. 2. do Decreto Estadual n. 023.287/02. Agravo conhecido e provido parcialmente para, rejeitada a preliminar de prescrição, no mérito cassar a decisão agravada e negar a antecipação da tutela. Não existindo o alegado fundo de direito não há que se falar em prescrição. O cabo policial militar ou bombeiro militar da Paraíba, para ser promovido por tempo de efetivo serviço à graduação de terceiro sargento, deve preencher os requisitos previstos no art. 1., II a VI do Decreto Estadual n. 23.287/02. Para frequentar o curso de habilitação de sargentos, deve o cabo policial militar ou bombeiro militar da Paraíba ser convocado pela corporação de acordo com a ordem de antiguidade, desde que preencha os requisitos para a promocão àquela graduacão previstos no art. I. II a VI, conforme dispõe o art. 2. todos do Decreto Estadual 3
n. O 23.287/02." (TJPB. AI n 200.2011.027800-5/001. Rel. Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. J. em 30/01/2012). Grifei. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. Ação de obrigação de fazer c/c pedido de antecipação da tutela. Pleito antecipatário deferido. Inclusão no curso de habilitação de sargentos. Irresignação. Prejudicial de mérito. Prescrição. Rejeição. Promoção a cabo bombeiro na vigência do Decreto n 23.287/2002. Exigência de 10 (dez) anos nesta patente como requisito para a promoção e participação no citado curso não atendida. Descumprimento de um dos requisitos do art. 273 do CPC. Provimento ao recurso. Sob o pálio do Decreto n 23.287/2002, que disciplina, no âmbito da polícia militar, as promoções das graduações de cabo PM/bm para 3 0 sargento PM/bm, exige-se o lapso de, pelo menos, 10 (dez) anos naquela primeira graduação para participação no curso de habilitação de sargentos." (TJPB. AI n 200.2011.028556-2/001. Rel. Des. João Alves da Silva. J. em 13/12/2011). Grifei. "AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. Inclusão no curso de habilitação de sargentos da polícia militar. Deferimento. Irresignação. Promoção a cabo na vigência do Decreto n 23.287/2002. Exigência de 10 anos na patente de cabo como requisito para a participação no curso de habilitação a sargento. Não preenchimento. Provimento. Sob o pálio do Decreto n 23.287/2002, que disciplina, na polícia militar da Paraíba, promoções das graduações de cabo PM/bm e de 3 sargento PM/bm, por tempo de efetivo serviço, exige-se o lapso de pelo menos 10 (dez) anos na graduação de cabo PM/ bm para a promoção a 3 sargento PM/bm. O mesmo Decreto Estadual, em seu artigo 2, exige a verificação dos requisitos para a promoção de cabo a 3 sargento, inclusive o tempo de serviço, como condição para o ingresso no curso de habilitação." (TJPB. AI n 200.2011.023869-4/001. Rel. Des. Márcio Murilo da Cunha Ramos. J. em 22/11/2011). Grifei Dito isso, dúvidas não restam da ausência do requisito do fumus boni iuris para que seja deferida a tutela antecipada perseguida no primeiro grau de jurisdição, eis que os recorrentes não comprovaram o preenchimento dos requisitos elencados no art. 10 do Decreto n 23.287/2002, em especial o interstício mínimo, qual seja o de 10 (dez) anos na graduação de Cabo, bem como o grau de comportamento mínimo exigido e as demais exigências da norma em apreço. Por todo o exposto, provejo a irresignação instrumental, para cassar a tutela antecipada aquiescida no primeiro grau de jurisdição. É como voto. Presidiu a sessão o Excelentíssimo Desembargador José Ricardo Porto. Participaram do julgamento, além deste relator, o Excelentíssimo Dr. Ricardo Vital de Almeida (Juiz convocado em substituição ao Exmo. Des. Manoel Soares Monteiro) e a Excelentíssima Dra. Maria das Graças Morais Guedes (Juíza convocada em substituição ao Excelentíssimo Desembargador José Di Lorenzo Serpa). 4
Alcoforado. Presente à sessão a Procuradora de Justiça De. Sônia Maria Guedes Sala de sessões da Primeira Câmara Cível "Desembargador Mário Moacyr Porto" do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 17 de maio de 2012. J/08