A OTIMIZAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO E SEU REFLEXO NA RENTABILIDADE DAS EMPRESAS



Documentos relacionados
Auditor Federal de Controle Externo/TCU


Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

Unidade IV. A necessidade de capital de giro é a chave para a administração financeira de uma empresa (Matarazzo, 2008).

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS. Aula 12- Unidade III. Análise avançada das demonstrações contábeis. Prof.: Marcelo Valverde

No concurso de São Paulo, o assunto aparece no item 27 do programa de Contabilidade:

CAPÍTULO 2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS, IMPOSTOS, e FLUXO DE CAIXA. CONCEITOS PARA REVISÃO

CENTRO DE ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA I CAPITAL DE GIRO

Ciclo Operacional. Venda

NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO E OS PRAZOS DE ROTAÇÃO Samuel Leite Castelo Universidade Estadual do Ceará - UECE

ANÁLISE ECONÔMICO FINANCEIRA DA EMPRESA BOMBRIL S.A.

Gestão Financeira. Prof. Eduardo Pozzi

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

Vamos, então, à nossa aula de hoje! Demonstração de Fluxo de Caixa (2.ª parte) Método Indireto

Olá, pessoal! Bons estudos! Ciclo Operacional e Ciclo Financeiro.

Prof. Cleber Oliveira Gestão Financeira

ANÁLISE DE BALANÇO DAS SEGURADORAS. Contabilidade Atuarial 6º Período Curso de Ciências Contábeis

Neste contexto, o Fluxo de Caixa torna-se ferramenta indispensável para planejamento e controle dos recursos financeiros de uma organização.

Necessidade de Capital de Giro, Compras, Vendas e Regressão Linear.

A Projeção de Investimento em Capital de Giro na Estimação do Fluxo de Caixa

INSTITUTO ASSAF: ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS BANCOS MÉDIOS E DOS BANCOS GRANDES

COMO ANALISAR E TOMAR DECISÕES ESTRATÉGICAS COM BASE NA ALAVANCAGEM FINANCEIRA E OPERACIONAL DAS EMPRESAS

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 10 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

CONTABILIDADE AVANÇADA CAPÍTULO 1: DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS UNIDADE VI - ÍNDICES DE RENTABILIDADE

Interpretando a Variação da Necessidade de Capital de Giro

FUNDAMENTOS DA GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO. Isabele Cristine e Vivian Vasconcelos

APURAÇÃO DO RESULTADO (1)

Análise e Resolução da prova de Auditor Fiscal da Fazenda Estadual do Piauí Disciplina: Matemática Financeira Professor: Custódio Nascimento

Gestão Capital de Giro

- Gestão Financeira 1 -

FANOR. MBA Internacional - Finanças. DISCIPLINA: Análise Financeira Estratégica. PROFESSOR: José Moraes Feitosa (Neto)

INDICADORES FINANCEIROS NA TOMADA DE DECISÕES GERENCIAIS

VARIAÇÕES DE PREÇOS NOS ESTOQUES E SEUS IMPACTOS NO FLUXO DE CAIXA DE EMPRESAS COMERCIAIS

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA ORÇAMENTÁRIA

1 Questão 213 Participações societárias obrigatoriedade de elaboração de demonstrações contábeis consolidadas

UNIDADE I INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO 1.1 NATUREZA E DEFINIÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DISCIPLINA: ECONOMIA DA ENGENHARIA

COMO DETERMINAR O PREÇO DE LANÇAMENTO DE UMA AÇÃO NA ADMISSÃO DE NOVOS SÓCIOS

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS» ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA «

SEQÜÊNCIA DE DEPÓSITOS

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC)

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

AULA 04 EXERCÍCIO 06 - ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (FINANCEIRAS ):

Princípios de Finanças

Balanço Patrimonial - TAM

Balanço Patrimonial. Ativos e Passivos. Análise Financeira de Balanços 29/10/2012. Planejamento Financeiro Profa.: Elaine Silvia Pasquini

CARACTERIZAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A CONTABILIDADE PÚBLICA E A CONTABILIDADE GERAL

4 Avaliação Econômica

Análise financeira da carteira de recebíveis

Profa. Divane Silva. Unidade II CONTABILIDADE SOCIETÁRIA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

Tópicos Especiais de Análise de Balanços

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

6 O Papel do BNDES e o Crédito Externo 6.1. O BNDES

Contabilidade Básica

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

08 Capital de giro e fluxo de caixa

Análise Dinâmica do.capital de Giro

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO

INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. Prof. Eric Duarte Campos

Copyright 2004 Pearson Education, Inc. Slide 2-0

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA: UM INSTRUMENTO AO PROCESSO DECISÓRIO

ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE E DESEMPENHO: IMPORTANTES FERRAMENTAS PARA ANÁLISE FINANCEIRA DA EMPRESA

ENTENDENDO OS DIVERSOS CONCEITOS DE LUCRO

Objetivos 29/09/2010 BIBLIOGRAFIA. Administração Financeira I UFRN Prof. Gabriel Martins de Araújo Filho. Tópicos BALANÇO DE TAMANHO COMUM

LL = Q x PVu Q x CVu CF

CAP. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS CRITÉRIOS DE DECISÃO

CURSO ON-LINE PROFESSOR GUILHERME NEVES

Resumo Aula-tema 04: Dinâmica Funcional

COMO CRIAR SUA PRÓPRIA FUNÇÃO UTILIZANDO PROGRAMAÇÃO VBA - EXCEL

Unidade I FINANÇAS EM PROJETOS DE TI. Prof. Fernando Rodrigues

O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques

Pelotas, 24 de abril de 2012 Disciplina: Economia CAPITAL DE GIRO. Professor Alejandro Martins..

ÍNDICES DE LUCRATIVIDADE. Margem Bruta. VL = Vendas Líquidas (ou Receitas Líquidas ou Faturamento Líquido)

Relação entre Capital de Giro e Necessidade de Capital de Giro.

Unidade IV INTERPRETAÇÃO DAS. Prof. Walter Dominas

Simulado: Análise das Demonstrações Contábeis p/ TCU

Contabilidade Geral e Avançada Correção da Prova AFRFB 2009 Gabarito 1 Última Parte Prof. Moraes Junior CONTABILIDADE GERAL E AVANÇADA

Análise Econômico-Financeira

COMO CALCULAR E ANALISAR A CAPACIDADE DE

Módulo 3 Custo e nível dos Estoques

INVESTIMENTO A LONGO PRAZO 1. Princípios de Fluxo de Caixa para Orçamento de Capital

Introdução. Graduanda do Curso de Administração - FACISA/UNIVIÇOSA. geisesilva_3@yahoo. com.br. 2

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

Custeio Variável e Margem de Contribuição

DECIFRANDO O CASH FLOW

CONTABILIDADE GERAL E GERENCIAL

TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

1-DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS BÁSICOS 1.1 OBJETIVO E CONTEÚDO

Texto para Coluna do NRE-POLI na Revista Construção e Mercado Pini Abril 2012

Luciano Silva Rosa Contabilidade 03

Decisões Empresariais. Logística. Administração Financeira. Administração financeira (finanças corporativas) Investimento.

Capital de giro. Capital de giro. Administração. Índices Financeiros e Capital de Giro. Prof: Marcelo dos Santos

APOSTILA DE AVALIAÇÃO DE EMPRESAS POR ÍNDICES PADRONIZADOS

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: IR DIFERIDO

Transcrição:

0 CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI PEDRO PAULO PERES GARCIA A OTIMIZAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO E SEU REFLEXO NA RENTABILIDADE DAS EMPRESAS Relatório final CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FEI Bolsista (PIBIC): PEDRO PAULO PERES GARCIA Email: pedropaulopg@hotmail.com N FEI: 111101317 Orientador: Prof. Hong Y. Ching Departamento de administração FEI Email: hongching@fei.edu.br Colaborador: Prof. Ayrton Novazzi Departamento de matemática FEI Email: anovazzi@fei.edu.br São Bernardo do Campo 31/07/2011

1 RESUMO Para diferenciaremse no alto nível de competição, algumas empresas têm levado em consideração a otimização do capital de giro como uma vantagem para aumentar o lucro. Esse projeto tem como objetivos: 1) descobrir a relação entre a eficiência da gestão do DCG e a rentabilidade; 2) descobrir se existe diferença na rentabilidade como resultado da eficiência desta gestão de dois grupos distintos, assim como o menor uso do capital e uso intensivo do capital; 3) determinar quais variáveis mais afetam a rentabilidade. Esse projeto tem como problema de pesquisa: A otimização do capital de giro melhora a rentabilidade das empresas? Desde modo algumas hipóteses foram lançadas, como o fato do DCG e Alavancagem financeira estarem negativamente relacionadas com a rentabilidade. Foram utilizadas empresas de capital aberto, 32 empresas no total, separadas em dois grupos, 16 com menor uso do capital e 16 com uso intensivo do capital. Esse estudo abrangeu um período de 5 anos (20052009). Foram utilizados dois métodos matemáticos, o de Regressão Múltipla e Anova. Nessa análise encontramos que o PME esta negativamente relacionado com os medidores de rentabilidade, ROS e ROA; e Alavancagem Financeira encontrase negativamente relacionado com o ROA.

2 I. OBJETIVOS E HIPÓTESES I. 1 Objetivos Os objetivos dessa pesquisa são: 1. Descobrir a relação entre a eficiência da gestão do capital de giro e a rentabilidade da empresa 2. Descobrir se existe diferença na rentabilidade da empresa como resultado da eficiência na gestão do capital de giro em dois grupos distintos de empresas: as de uso intensivo de capital e as de menor uso de capital. Serão consideradas empresas de capital intensivo, aquelas cujo ativo não circulante represente mais de 50% do ativo total. Empresas típicas são as dos setores de siderurgia, químico e petroquímico. Já as de menor uso de capital serão aquelas empresas com ativo não circulante menor que 50% do ativo total. Empresas típicas são as dos setores de varejo, comércio, calçado e alimentício. 3. Determinar as variáveis de capital de giro que mais afetam a rentabilidade. I. 2 Hipóteses As hipóteses estabelecidas são as seguintes: 1. Dia de capital de giro DCG é negativamente relacionado com a rentabilidade da empresa quanto maior o DCG, menor a rentabilidade e vice versa; 2. Alavancagem Financeira é negativamente relacionada com a rentabilidade da empresa quanto maior a alavancagem, menor a rentabilidade e vice versa;

3 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA II.1 Capital de giro O significado do termo capital de giro está claro na literatura. Este se refere aos recursos próprios ou de terceiros, necessários para sustentar as atividades operacionais, no diaadia das empresas (Matias, 2007, Ching 2010, Assaf e Silva, 2002, Weston e Brigham, 2000). Não há discordância gritante entre os autores a respeito desse termo, mas sim colocações de forma distinta. Daí a importância de destacar o emprego da expressão capital de giro. Weston e Brigham (2000) referemse ao capital de giro CG, ou capital circulante, simplesmente como ativo circulante, enquanto capital de giro liquido CGL, para eles, é definido como sendo o ativo circulante menos o passivo circulante. O capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa para financiar o seu ciclo operacional. Posição idêntica tem Assaf e Silva (2002), Ching (2010) e Brigham e Ehrhardt (2002). Sinônimo dessa expressão é o capital circulante liquido CCL. Para esses autores, ativo circulante é representado pelas disponibilidades valor a receber e estoques enquanto passivo circulante é identificado como fornecedores, salários e encargos sociais, contas a pagar, além de empréstimos e financiamentos. Bodie et al. apud Aguado (2003) e Helfert apud Aguado (2003) referemse ao capital de giro de maneira abrangente, qualificandoo como o conjunto dos ativos circulantes e exigibilidades de curto prazo, incluindo contas a pagar, salários e empréstimos bancários de curto prazo. Para os autores acima citados, essa definição é a do CGL. Essa definição é, no entanto, minoria na literatura pesquisada. Uma divisão dos grupos patrimoniais do ativo e passivo circulante, e que se mostra bastante didática, é descrita por Matias (2007) e também compartilhada por Brigham e Ehrhardt (2002) e Matarazzo (2003). Eles se dividem em capital de giro operacional e capital de giro financeiro, conforme mostra a figura 1 abaixo.

4 Financeiro Ativo circulante Caixa e bancos Aplicações financeiras Passivo circulante Financiamentos e empréstimos Operacional Contas a receber Estoques Fornecedores Contas a pagar Figura 1. Divisão do capital de giro Fonte: Autor O ativo circulante operacional ACO é o investimento que decorre automaticamente das atividades de compra / produção / estocagem / venda, enquanto o passivo circulante operacional PCO é o financiamento, também automático, que decorre dessas atividades. A diferença entre esses investimentos ACO e financiamentos PCO é a quantia que a empresa necessita de capital para financiar o giro, ou seja, a NCG. Portanto NCG = ACO PCO. Em outras palavras, o ativo circulante operacional não pode ser totalmente financiado pelo passivo circulante operacional. A necessidade de capital de giro NCG faz com que a empresa busque recursos externos ao ciclo operacional para financiar o capital de giro. Esses recursos podem advir dos proprietários (via capital de giro próprio) ou de terceiros (instituições financeiras). Antes de partir para falar sobre o capital de giro financeiro, convém explicar o significado do capital de giro próprio. Este é a parcela de recursos próprios que está sendo utilizada no financiamento do capital de giro (ativo circulante). O CGP é dado pela diferença entre o patrimônio líquido PL com o montante composto pelo ativo realizável a longo prazo RLP e o ativo permanente AP. Portanto CGP = PL AP RLP (Matias, 2007 e Matarazzo, 2003). Um conceito importante na gestão do capital de giro financeiro é o saldo de tesouraria ST, que integra a captação e a aplicação de recursos financeiros para o giro, além de envolver as contas financeiras, do ativo e do passivo circulantes. Portanto ST = ativo circulante financeiro passivo circulante financeiro (Matias, 2007). A relação entre CGL, NCG e ST pode ser visto na figura 2 abaixo, adaptada de Matias (2007).

5 Ativo circulante () Passivo circulante (=) CGL = A. C.Operacional () P. C. Operacional (=) NGC + A. C.Financeiro () P. C. Financeiro (=) ST Figura 2. Formação do CGL Fonte: Autor A partir destas relações, podese identificar vários tipos de estruturas financeiras. Matias (2007) denomina de estrutura de baixo risco quando a empresa tem um NCG nulo e há excedente financeiro (ST positivo) para financiar o CGL. No outro extremo, a estrutura de alto risco cujo CGL é negativo, as operações não conseguem recursos para se financiar e há necessidade de recursos de bancos para financiar o ativo operacional (ST negativo). II.2 Ciclo operacional, ciclo de caixa, dias de capital de giro e eficiência de conversão de caixa Um dos conceitos fundamentais é o ciclo operacional da empresa, definido pelo montante de tempo desde o ponto que a empresa coloca material e trabalho no processo de produção até o momento em que o dinheiro da venda é arrecadado. Este ciclo é formado por dois componentes: o período médio do estoque (PME) e o período médio de cobrança das vendas ou de recebimento (PMR). Quando esse ciclo se inicia, a empresa compra insumos de produção a crédito. O tempo que leva a empresa a pagar por esses insumos é denominado período médio de pagamento (PMP). Esse fôlego em seus pagamentos é fonte de financiamento para o ciclo operacional. O ciclo financeiro ou ciclo do caixa, por outro lado, focaliza as movimentações de caixa, abrangendo o período entre o momento em que a empresa realiza os pagamentos e o momento em que recebe pelas vendas (Matias, 2007, Matarazzo, 2003 e Ching, 2010). Na figura 3 abaixo, o ciclo operacional é de 90 dias (25 + 65) e o ciclo financeiro de 30 dias (90 60).

6 TEMPO EM DIAS 0 20 25 60 90 Compra de Término da MP e Produção VENDA Início de e Pagamento Produção de Salários (PME) = 25 dias (PMP) = 60 dias Pagamento Recebimento ao das fornecedor Vendas (PMR) = 65 CF Figura 3. Ciclo operacional e ciclo financeiro Fonte: Autor Os cálculos do PMR, PME e PMP são universalmente conhecidos na literatura e suas fórmulas são as seguintes. Prazo médio de recebimento PMR = contas a receber / vendas diárias; prazo médio de estoque PME = estoque / custo das vendas diário e prazo médio de pagamento PMP = contas a pagar / compras diárias (Matias, 2007). Dias de capital de giro, por sua vez, representa um resumo dos dias médios de recebimento, estoque e de pagamento. Seu cálculo é a soma do prazo médio de recebimento, mais o prazo médio de estoque menos prazo médio de pagamento. Por fim, a eficiência de conversão de caixa é calculada como fluxo de caixa das operações dividido pelas vendas (Filbeck et al, 2007). O fluxo de caixa das operações nada mais é do que o NCG, isto é, o ativo circulante operacional menos o passivo circulante operacional. Santi Filho e Oliquevitch (1995) fizeram uma variante dessa formula multiplicando o resultado por 360 dias e denominandoa de ciclo financeiro. Ao invés do resultado ser em percentual, ele sai em numero de dias. Quanto menor esse índice, seja em percentual, seja em numero de dias, melhor para a empresa, pois está sendo mais eficiente na utilização da sua NCG em relação às vendas geradas. II.3 Indicadores de rentabilidade e de endividamento Os três indicadores de rentabilidade e o de endividamento a serem utilizados nessa pesquisa encontram amplo respaldo na literatura nacional e estrangeira, assim sendo

7 universalmente conhecidos. O retorno sobre o ativo (do inglês return on asset ROA) estabelece a eficiência dada pela administração ao dinheiro utilizado nas operações da empresa. A gestão de uma empresa é considerada eficaz quando o gerenciamento dos seus ativos gera um retorno adequado a seus investimentos. (Ching et al, 2010). O retorno sobre patrimônio liquido (do inglês return on equity ROE) apura a relação entre os ganhos obtidos pelos acionistas e o investimento que realizaram na empresa (Ching et al, 2010). O retorno sobre vendas (do inglês return on sales ROS) apura a relação entre ganhos e vendas das empresas. O nível de endividamento mostra a relação entre as fontes de divida financeira, representado pela soma da divida de curto prazo e de longo prazo, e o ativo total. Quanto maior esse nível, mais endividada a empresa está (Ching et al, 2010). II. 4 Algumas pesquisas relacionadas Algumas pesquisas relacionadas são apresentadas abaixo, medindo a influência do capital de giro na rentabilidade das empresas, Shin and Soenen (1998) investigaram companhias americanas durante o período de 1975 a 1994 somando um total de 59.985 observações. As variáveis utilizadas foram rentabilidade, medida pelo ROA (returno on assets) e ROS (return on sales), e ciclo de conversão de caixa. O estudo achou uma forte evidência na relação negativa entre rentabilidade e ciclo de conversão de caixa, significando que quanto menos dias de capital de giro, maior a rentabilidade. O estudo também indicou um positivo impacto nos valores das ações. Lazaridis e Tryfonidis (2006) investigaram a relação que é estatisticamente significante entre rentabilidade, ciclo de conversão de caixa e seus componentes. Eles utilizaram 131 empresas da bolsa de valores de Atenas em um período de 2001 2004. As variáveis independentes que foram utilizadas, similares em nosso trabalho, são: Alavancagem financeira, ciclo de conversão de caixa e seus componentes (dias de estoque e dias de recebimento). A variável dependente é rentabilidade medida pelo lucro bruto de vendas. O estudo mostra uma relação negativa entre alavancagem financeira, rentabilidade e ciclo de conversão de caixa. Quando os autores substituíram ciclo de conversão de caixa pelos seus componentes, foi encontrada uma relação negativa entre dias de estoque e dias de recebimento com a rentabilidade. Os autores concluíram que se pode aumentar o lucro com

8 uma boa gestão do ciclo de conversão de caixa, deixando seus componentes em um ótimo nível. Resultados similares foram encontrados por Deloof (2003), pesquisa com empresas belgas em um período entre 1992 e 1996. Ele encontrou uma relação negativa entre lucro bruto de vendas e dias a receber e dias de estoque. No estudo de Christopher and Kamalavalli (2009) foram objeto de pesquisa 14 hospitais indianos, no período de 1996/97 a 2005/06. As variáveis em comum utilizadas foram dias de estoque, dias a receber e dias de capital de giro. A variável dependente rentabilidade, nesse caso, foi medida pelo ROI (return on investiment). O método quantitativo utilizado foi regressão múltipla. Os autores concluíram que os hospitais deveriam concentrarse em melhorar a eficiência do capital de giro para melhorar a rentabilidade, e, junto a isso, melhorar seu valor no mercado. Ganesan (2007) selecionou uma análise de 349 empresas NorteAmericanas de equipamentos de telecomunicação, abrangendo um período de 20012007. As variáveis independentes utilizadas foram dias de recebimento, dias de estoque, dias a pagar, dias de capital de giro e ciclo de conversão de caixa. A variável dependente rentabilidade foi calculada por ( entrada divido por ativo total) e ( entrada dividida por vendas). A eficiência da gestão do capital de giro está negativamente associada com rentabilidade, no entanto, há uma evidência que as gestões dos dias a pagar, receber e estoque são pobres, portanto essas variáveis não têm tanto efeito na rentabilidade. A Associação entre rentabilidade e liquidez foi investigada pelo trabalho Eljelly (2004) nas companhias da Arábia Saudita. O ciclo de conversão de caixa mostrou ser mais importante do que o índice de liquidez corrente como medida da liquidez que afeta a rentabilidade. Raherman and Nasr (2007), selecionaram 94 companhias paquistanesas de diferentes setores de economia por um período de 5 anos (19992004). Os resultados mostram uma forte evidência de uma associação negativa entre as variáveis do capital de giro e rentabilidade. A explicação para a relação negativa entre contas a pagar e rentabilidade se da pelo fato de empresas com menor rentabilidade demorarem mais para pagar suas contas. Também foi encontrada uma relação negativa entre liquidez e rentabilidade, e ainda o índice de liquidez corrente, o mais importante medidor da

9 liquidez, foi utilizado. Eles encontraram uma positiva relação entre Tamanho e rentabilidade. Finalmente acharam que quando aumenta à dívida financeira, rentabilidade diminui. No estudo de Palombini (2010) foi investigado o impacto da gestão do capital de giro sobre a rentabilidade de companhias brasileiras de capital aberto abrangendo um período de 14 anos (1994 2008). A pesquisa se separou em duas etapas. Na primeira o CCC e Dias de Estoque apresentaram uma relação negativa com a rentabilidade, enquanto Dias a receber e Tamanho das empresas apresentaram uma relação positiva. A relação positiva entre Dias a Receber e rentabilidade pode ser explicada pelo fato das empresas lucrarem com os juros impostos no parcelamento das compras. Na segunda etapa Alavancagem Financeira mostrouse negativamente relacionada com a rentabilidade, assim como CCC e Dias de Estoque. Silva e Moraes Júnior (2006), baseados em dados de uma empresa fictícia SSM Móveis para Escritório S/A, com dados de 2005, analisaram o desempenho financeiro com as variáveis ROA e ROE, baseados no ROI (Return on Investment). Os resultados mostram que no primeiro trimestre a empresa mostrou um nível de lucratividade bom (ROA= 16% e ROE= 23%) aparecendo atrativa para o mercado, no entanto, no segundo trimestre os níveis abaixaram e chegaram a 2% e 3% respectivamente, sendo desvalorizada no mercado. Isso mostra que seus gestores devem tomar medidas rápidas para que seus acionistas não se desfaçam de suas ações. Na pesquisa de Chakraborty (2008), que verificou 25 companhias Indianas de farmácia, sendo todas privadas. Não foram encontrados resultados significativos, porém, quando todas as firmas são consolidadas em uma,foi encontrado que quanto maior a rentabilidade das firmas maior a liquidez, e, quanto menos dias de estoque mais rentabilidade. Para ele, Dias a Receber não teve impacto significante. Os estudos acima apresentam algumas semelhanças e diferenças. O termo rentabilidade é medido de formas diferentes pelos autores. Ele pode ser medido por return on investment, return on assets, return on equidity, return on sales, return on capital employed, Profit before interest and Tax margin e lucro bruto de vendas. Embora para maioria dos autores o Ciclo de Conversão de Caixa tem uma relação negativa com os medidores de rentabilidade, para Ganesan (2007) não teve nenhuma associação relevante. Para ele também mostrou que a gestão do capital de giro não tem nenhum impacto na rentabilidade das firmas, já Chakraborty (2008), que não estudou os Dias a Pagar, encontrou que apenas Dias a Receber não têm impacto. Para Deloof (2003) e Raheman e Nasr (2007) as

10 variáveis do capital de giro tem relação negativa com a rentabilidade, enquanto para Lazaridis e Tryfonidis (2006) contas a pagar tem um impacto positivo e para Palombini (2010) dias a receber tem um impacto positivo. Chakraborty (2008) encontrou uma relação negativa entre Dias de Estoque e rentabilidade. Não há conflito entre os autores perante Alavancagem Financeira com uma relação negativa. Finalmente a variável Eficiência do Capital de Giro foi utilizada por apenas Ganesan (2007) e não apresentou associação com rentabilidade. Na análise desses estudos foram elaborados alguns objetivos e hipóteses. Os objetivos 1 e 3 aparecem similarmente em outras pesquisas, assim como as hipóteses 1 e 2. Nosso estudo diferenciase por duas maneiras. Primeiro pelo objetivo 2, onde ocorre uma análise do efeito do capital de giro na rentabilidade das empresas de dois grupos distintos; segundo pelo cálculo da rentabilidade utilizando 3 variáveis, ROS, ROA e ROE; Esses estudos fornecem uma base sólida para a compreensão de uma associação da rentabilidade e a gestão do capital de giro e seus componentes. Com base nesses estudos conduzidos em diferentes países, desenvolvemos nossa pesquisa com empresas brasileiras de capital aberto. III. METODOLOGIA UTILIZADA III.1 Seleção das empresas e cálculo das variáveis No início da pesquisa, foram extraídas do site da CVM, Comissão de Valores Mobiliários, demonstrações financeiras, assim como DRE, Ativo e Passivo das empresas brasileiras de capital aberto. No projeto inicial iriam ser selecionadas 40 empresas, sendo 20 de cada grupo, porém no decorrer da pesquisa foi discutido que um número menor (32 empresas) não afetaria os resultados esperados na pesquisa. Portanto foram selecionadas 32 empresas, 16 de cada grupo, uso intensivo e menor uso do capital. Foram consideradas empresas de capital intensivo aquelas cujo ativo não circulante represente mais de 50% do ativo total. As de menor uso de capital são aquelas empresas com ativo não circulante menor que 50% do ativo total. A amostra

11 abrangeu um período de 5 anos (2005 a 2009); formando um total de 160 observações. Usaramse Variáveis dependentes e independentes iguais para todas as empresas, e foram foram escolhidas de acordo com estudos previstos relatados na revisão bibliográfica. No projeto, foi proposto dois diferencias em relação aos outros estudos sobre capital de giro. O primeiro grande diferencial foi o cálculo da rentabilidade em três diferentes variáveis dependentes, ROA, ROE e ROS; o outro diferencial proposto foi o estudo das empresas em dois grupos distintos, o do uso intensivo e menor uso do capital. O cálculo das variáveis dependentes: ROS (Lucro de venda liquida) é a razão do (lucro ajustado) e (receita liquida de vendas). ROA (Retorno sobre ativo) é a razão do (lucro ajustado) e a (média do Passivo total dos anos presente e seguinte). ROE (retorno de equivalência) é a razão do (lucro ajustado) e a (média do Patrimônio liquido dos anos presente e seguinte). Lucro ajustado é igual ao (lucro do período) menos os (resultado de equivalência, financeiras, depreciação e amortização) O cálculo das variáveis independentes: CCE (cash flow efficiancy) é à razão do (cash flow from operation) e a (receita bruta de vendas). Cash flow from operation é a soma do (clientes e estoque) menos (fornecedores, impostos, taxas, provisão, salários, ordinárias, aluguel e outros.) Alavancagem financeira (AF) é à razão da (soma dos empréstimos, financiamento e debêntures dos passivos circulante e não circulante) e (passivo total). PMR (prazo médio de recebimento) é a razão de (clientes) e a (receita bruta dividida por 360). PME (prazo médio de estoque) é a razão de (estoques) e a (receita bruta dividida por 360). DCG (dias de capital de giro) é igual à soma do (PMR e PME) menos (PMP). PMP (prazo médio de pagamento) é igual à soma de (fornecedores, impostos, taxas, provisão, salários, ordinárias, aluguel e outros) sobre (receita bruta dividida por 360).

12 Um objetivo inicial do estudo era analisar empresas de um mesmo setor, para que exista uma maior comparabilidade entre os resultados, no site da BMF&BOVESPA as empresas estão separadas em seus respectivos setores e subsetores; para nosso estudo essa foi a base setorial das empresas. As empresas foram escolhidas a partir de um critério. As primeiras dezesseis empresas escolhidas tinham como pré requisito o ativo circulante (AC) maior que 50% do ativo total. As outras dezesseis o Ativo Circulante menor que 50% do ativo total. Como já previsto, não foi possível encontrar 16 empresas em um mesmo subsetor ou setor que tinham os prérequisitos solicitados, portanto, para que se completassem as 16 empresas em cada grupo, foram utilizados empresas de outros setores e subsetores, como ilustrado nas tabelas a seguir. Tabela 1 Número de empresas selecionadas em cada setor SETORES SUBSETORES Tecidos, vestuários No EMPRESAS No EMPRESAS SELECIONADAS Consumo e Calçados 34 11 Cíclico Ultilidades domésticas 9 3 Consumo não Cíclico Comércio e distribuição 4 1 Materiais Básicos Químico 4 1 Fonte: BMF&BOVESPA Nota: Dados Trabalhados pelo Autor Para as empresas do primeiro grupo, o setor econômico escolhido para as pesquisas foi o de consumo cíclico, como ilustrado no quadro acima, onde se deu maior preferência para o subsetor de Tecidos, Vestuários e Calçados. Nesse subsetor foram encontradas 34 empresas, mas dessas, apenas 11 empresas tinham o prérequisito. Como não foi possível escolher dezesseis empresas outros subsetores foram selecionados como Utilidade Doméstica. Nesse subsetor existem 9 empresas, mas apenas 3 tinham o AC maior que 50%. Somando esses dois subsetores foram encontradas 14 empresas, restando assim duas para completar a amostra, estas foram retiradas de outros setores; no setor de Consumo não Cíclico, no subsetor de Comércio

13 e Distribuição na área de Saúde, onde foram encontradas 1 entre 4 empresas. E, para completar a amostra, o setor de Materiais Básicos no subsetor Químico Fertilizantes, onde novamente, encontramos 1 dentre 4 empresas. Setor Econômico: Consumo cíclico Subsetor: Tecidos, Vestuários e Calçados Empresas: Dohler, Indústria Cataguas, Karsten, Santanense, Vicunha têxtil, Cia Hering, Cambuci, Alpargatas, Renner, Grazziotin, Pettenati. Subsetor: Utilidades domésticas Empresas: Whirlpool, Nadir Figueiredo, Globex. Setor Econômico: Consumo não cíclico Subsetor: Comércio e distribuição Empresas: Drogasil. Setor Econômico: Materiais básicos Subsetor: Químico Empresas: Heringer. Depois de calcular os dados das variáveis, foi feito o mesmo processo com outras 16 empresas, do outro grupo, dados retirado dos mesmos sites (Bovespa e CVM), mas desta vez o prérequisito foi do ativo circulante ser menor que 50% do ativo total.

14 Tabela 2 Número de empresas selecionadas em cada setor SETORES SUBSETORES No EMPRESAS No EMPRESAS SELECIONADAS Siderurgia e Metalurgia 14 3 Mineração 5 1 Químico 11 3 Materiais Madeira e Papel 11 1 Básicos Embalagem 4 1 Petróleo, Gás e Bio combustível Exploração de refinos 7 1 Consumo Tecidos Cíclico Vestuários e Calçados 34 6 Fonte: BMF&BOVESPA Nota: Dados trabalhados pelo Autor O setor econômico que foi focado desta vez foi Materiais Básicos, no subsetor de Siderurgia. Nesse subsetor encontramos 14 empresas, sendo apenas três com o prérequisito. Desta vez não houve sucesso em encontrar um bom número de empresas no primeiro subsetor com o prérequisito, assim diversos subsetores foram pesquisados como Mineração com cinco empresas, Químico com 11, Madeira e Papel com nove, Embalagens com quatro; nesses subsetores foram encontradas 1, 3, 1, 1 empresas, respectivamente. Assim como nas primeiras pesquisas, foi necessário ir a diferentes setores para alcançar a meta de 16 empresas. O setor de Petróleo, Gás e Bicombustível no subsetor de Exploração de Refinos, onde foi encontrada apenas uma empresa dentre sete. E, para completar as 16 empresas desse grupo, foi recorrido o setor de Consumo Cíclico no subsetor de Tecidos, Vestuários e Calçados, das 34 empresas, foram selecionadas seis para completar o grupo. Setor econômico: materiais básicos Subsetor: siderurgia Gerais S.A, Duque. Empresas: CIA Siderurgia, Indústria Siderúrgica de Minas Subsetor: mineração Empresas: Vale

15 Subsetor: químico Empresas: Braskem,Vale fertilizantes, Millenium. Subsetor: Madeira e papel Empresas: Duratex, Subsetor: Embalagens Empresas: Dixie Toga Setor econômico: Petróleo, Gás e Bicombustível Subsetor: exploração de refinos Empresas: Petrobrás Setor econômico: Consumo cíclico Subsetor: tecidos, vestuários e calçados Botucatu, Têxtil Renaux. Empresas: Buettner, Cedro, Fabrica Carlos Renaux, Teka, As tabelas acima 1 e 2 mostram um número expressivo de empresas que foram excluídas da amostra. Isso ocorreu devido ao grande número de empresas de holdings, que alguns dados (receita e/ou estoque e/ou clientes) são nulos. Nesse estudo foram selecionadas apenas as empresas que forneciam os dados de todos os 5 anos, 20052009, excluindo assim mais algumas empresas. Outra e última ocorrência que dificultou a permanência em somente um mesmo setor foram devidas algumas empresas, tanto com ativo circulante menor, quanto com ativo circulante maior que 50%, se aproximaram muito dos exatos 50%, ou oscilavam a cada ano. E, portanto, foram excluídas da amostra. O fato de ter sido usado diferentes setores não afeta os resultados, pois estas empresas foram diferenciadas a partir de um critério (ativo circulante maior ou menor que 50% do ativo total), então, a mudança de setores para se completar a amostra não tem nenhum impacto na pesquisa. As demonstrações financeiras das empresas foram organizadas em planilhas eletrônicas (Excel), para facilitar o trabalho de cálculo das variáveis, e depois de efetuados os

16 cálculos as variáveis foram tabuladas, como mostram as tabelas 3 e 4 abaixo, para o inicio do tratamento estatístico. As empresas escolhidas foram: Categoria 1 Grazziotin (E 1 ), Renner (E 2 ), Drogasil (E 3 ), Globex (E 4 ), Heringer (E 5 ), Dohler (E 6 ), Ind. Cataguas (E 7 ), Karsten (E 8 ), Santanense (E 9 ), CIA Hering (E 10 ), Alpargatas (E 11 ), Cambuci (E 12 ), Whirlpool (E 13 ), Nadir Figueira (E 14 ), Vicunha (E 15 ), Pettenati (E 16 ) Categoria 2 Ind. Sid. M.G. (E 1 ), Cia Siderúrgica (E 2 ), Duque (E 3 ), Vale (E 4 ), Duratex (E 5 ), Dixie Toga (E 6 ), Braskem (E 7 ), Vale Fertilizantes(E 8 ), Millennium (E 9 ), Petrobrás (E 10 ), Buettner (E 11 ), Cedro (E 12 ), Fab. C. Renaux (E 13 ), Teka (E 14 ), Textil Renaux (E 15 ), Botucatu (E 16 ) Tabela 3 Variáveis do primeiro grupo (Categoria 1) Observação PMR PME DCG número CCE (%) AF (%) (dias) (dias) (dias) ROS (%) ROA (%) ROE (%) 2009 1. E 1 11,7 53,1 48,8 42,2 9,9 483,1 417,8 2. E 2 13,5 18,7 89,2 24,0 48,7 10,8 259,0 525,6 3. E 3 5,9 5,1 20,5 52,8 21,5 5,1 269,2 109,4 4. E 4 (5,7) 4,8 13,9 57,3 (20,6) (5,2) (297,8) 107,2 5. E 5 (1,5) 33,7 33,9 45,9 (5,4) (0,4) (18,4) 2,1 6. E 6 33,8 8,3 73,2 94,3 121,7 (3,4) (320,7) (413,8) 7. E 7 34,0 28,3 72,0 77,1 123,0 0,6 46,2 73,8 8. E 8 22,7 61,6 67,9 46,8 85,9 11,6 542,8 996,4 9. E 9 41,9 15,9 82,4 61,6 121,2 10,0 615,7 1.212,0 10. E 10 18,1 28,8 88,5 36,7 65,0 12,1 444,1 786,5 11. E 11 17,3 8,3 73,2 25,1 62,1 13,3 333,6 825,9 12. E 12 24,0 31,5 94,6 45,5 101,0 43,9 1.996,6 4.433,9 13. E 13 (14,1) 2,9 20,5 20,5 (50,8) 6,7 137,5 (340,4) 14. E 14 22,1 27,1 80,4 40,3 79,6 5,5 221,6 437,8 15. E 15 12,7 40,6 80,8 59,4 102,9 6,9 410,1 710,0 16. E 16 9,2 6,3 53,2 32,7 33,0 3,3 107,8 108,9 2008 17. E 1 0,8 16,3 40,0 2,8 8,8 351,6 24,6 18. E 2 16,9 22,1 89,4 24,1 60,7 9,9 238,1 600,5 19. E 3 8,7 6,8 20,4 59,5 31,7 3,8 225,9 120,5 20. E 4 3,5 9,9 39,1 34,4 12,6 1,7 58,5 21,5

17 21. E 5 (3,1) 34,6 35,1 53,2 (11,1) 6,3 335,3 (69,6) 22. E 6 37,2 14,8 63,2 107,6 133,8 (2,9) (311,9) (388,0) 23. E 7 35,7 29,5 80,5 81,7 128,6 6,2 506,5 797,3 24. E 8 25,9 55,0 94,8 38,7 99,1 5,2 201,4 515,5 25. E 9 32,6 17,3 78,4 36,1 94,8 12,2 440,3 1.156,6 26. E 10 18,0 38,7 97,2 43,2 64,9 16,5 712,1 1.070,9 27. E 11 21,0 14,7 77,3 30,6 75,5 14,7 450,3 1.109,9 28. E 12 23,4 42,9 86,9 62,9 98,8 8,2 515,9 810,2 29. E 13 (9,7) 2,8 14,5 31,7 (34,8) 13,3 421,2 (462,8) 30. E 14 20,1 22,7 59,5 53,4 72,3 8,9 475,2 643,5 31. E 15 21,8 37,5 77,8 53,9 99,6 2,4 129,4 239,0 32. E 16 9,7 10,6 44,5 44,8 34,9 4,1 183,8 143,1 2007 33. E 1 2,5 26,1 44,7 9,1 6,5 290,7 59,2 34. E 2 12,8 18,2 99,4 21,4 46,1 10,2 218,0 469,8 35. E 3 4,9 10,2 21,2 42,7 18,1 3,0 128,0 54,4 36. E 4 5,7 25,8 33,4 31,7 20,6 4,3 136,2 88,7 37. E 5 24,1 22,5 49,2 84,3 54,8 2,3 193,9 126,1 38. E 6 34,4 11,8 58,9 106,2 123,8 (3,6) (382,4) (445,7) 39. E 7 31,3 22,4 83,5 65,2 112,6 6,6 430,1 743,2 40. E 8 29,0 27,6 96,9 38,6 108,8 7,0 270,4 761,6 41. E 9 32,4 20,8 81,9 40,7 93,6 7,4 301,4 692,6 42. E 10 13,6 18,1 98,0 45,6 48,8 9,8 446,6 478,2 43. E 11 15,6 9,3 73,0 24,9 56,1 12,8 319,2 718,1 44. E 12 12,3 34,8 84,7 44,6 60,9 (2,7) (120,4) (164,4) 45. E 13 (7,6) 0,6 21,0 29,9 (27,2) 12,1 362,3 (329,1) 46. E 14 19,9 25,7 69,1 38,4 71,7 10,1 387,7 724,2 47. E 15 26,3 26,0 74,0 66,6 99,5 6,6 439,3 656,7 48. E 16 9,7 8,4 45,4 40,7 35,1 8,3 337,6 291,3 2006 49. E 1 2,2 26,7 43,3 8,0 8,0 346,1 64,0 50. E 2 3,3 7,7 80,7 21,8 11,9 9,8 213,4 116,2 51. E 3 7,9 13,8 24,1 55,3 23,2 4,8 265,4 111,4 52. E 4 5,1 15,2 31,3 43,2 14,1 5,4 233,4 75,9 53. E 5 (3,4) 16,0 62,2 39,4 (10,9) 3,1 122,0 (33,9) 54. E 6 37,0 8,9 67,1 108,8 133,2 (8,4) (913,9) (1.118,9) 55. E 7 22,7 17,2 86,8 57,2 81,8 8,5 485,9 695,3 56. E 8 28,9 34,6 85,5 54,8 109,2 1,0 54,8 109,2 57. E 9 35,6 17,8 99,4 43,4 103,3 6,6 286,3 681,8 58. E 10 7,9 55,1 79,6 38,4 28,5 12,5 480,3 356,3 59. E 11 12,4 4,9 61,9 19,2 44,7 10,2 195,8 455,9 60. E 12 1,3 74,7 71,8 38,0 39,4 (2,5) (94,9) (98,5) 61. E 13 (0,6) 0,5 45,3 28,4 (2,2) 11,4 324,1 (25,1) 62. E 14 20,5 16,5 73,8 37,5 73,9 9,3 348,8 687,3 63. E 15 26,0 27,8 73,9 52,4 93,9 (7,4) (387,4) (694,9) 64. E 16 13,9 15,3 53,8 50,1 50,0 3,6 180,3 180,0

18 2005 65. E 1 2,9 22,8 46,0 10,5 6,6 303,4 69,3 66. E 2 7,0 6,1 94,7 21,6 25,1 7,8 168,5 195,7 67. E 3 7,2 8,1 23,1 49,4 20,8 3,8 187,8 79,0 68. E 4 1,4 1,5 26,6 33,6 (4,0) 6,4 214,9 (25,3) 69. E 5 1,2 9,3 74,4 48,6 5,5 (1,3) (63,2) (7,1) 70. E 6 25,8 5,2 54,8 78,4 92,7 (12,2) (956,4) (1.130,9) 71. E 7 22,6 12,5 90,4 54,9 81,4 5,5 301,9 447,7 72. E 8 32,1 24,7 84,1 70,5 120,0 5,0 352,6 600,0 73. E 9 32,5 20,4 74,7 41,0 94,3 17,8 730,5 1.678,5 74. E 10 1,2 58,0 89,5 32,2 4,2 4,6 147,9 19,3 75. E 11 9,3 5,0 50,4 18,6 33,6 9,4 174,7 315,8 76. E 12 5,6 95,3 70,7 37,8 47,5 1,7 64,2 80,8 77. E 13 (3,4) 3,1 34,9 20,5 (12,3) 5,6 114,7 (68,9) 78. E 14 22,1 17,8 75,2 40,8 79,6 7,6 309,9 605,0 79. E 15 31,1 41,2 68,8 77,8 111,9 5,2 404,7 581,9 80. E 16 18,3 18,1 60,5 54,2 65,9 3,8 206,0 250,4 Fonte: CVM (Comissão de Valores Imobiliários) Nota: Dados Trabalhados pelo Autor Tabela 4 Variáveis do segundo grupo ( Categoria 2) EMPRESAS CCE (%) AF (%) 2009 PMR (dias) PME (dias) DCG (dias) ROS ( %) ROA (%) ROE (%) 1. E 1 25,7 22,6 46,71 95,59 92,49 2,7 258,1 249,7 2. E 2 14 41,4 46,87 64,53 50,49 32,6 2.103,7 1.646,0 3. E 3 2,4 19,5 11,82 29 8,68 2,7 78,3 23,4 4. E 4 3,9 8,8 44,34 24,83 13,89 15,3 379,9 212,5 5. E 5 24 31 86,11 45,83 86,37 9,5 435,4 820,5 6. E 6 15,2 16,9 69,26 31,45 54,62 2,1 66,0 114,7 7. E 7 11,5 45,3 20,91 35,58 41,42 2,9 103,2 120,1 8. E 8 8,2 5,7 13,17 64,39 29,58 20,8 1.339,3 615,3 9. E 9 12,2 4,2 32,71 65,52 43,84 13,6 891,1 596,2 10. E 10 8,4 9,2 26,34 33,19 7,29 16,5 547,6 120,3 11. E 11 15,4 23,5 9,4 50,94 55,39 66,6 3.392,6 3.689,0 12. E 12 2,1 16,1 29,19 51,57 7,61 1,0 51,6 7,6 13. E 13 32,6 25,1 10,54 63,96 117,35 19,8 1.266,4 2.323,5 14. E 14 29 37,7 14,03 32,17 104,39 17,6 566,2 1.837,3 15. E 15 19,7 55,4 68,04 58,81 70,96 2,9 170,5 205,8 16. E 16 8 17,1 29,17 47,79 28,86 27,7 1.323,8 799,4 2008 17. E 1 20,5 20 23,17 84,79 73,83 26,3 2.230,0 1.941,7

19 18. E 2 11,9 36,4 40,6 69,21 42,67 70,7 4.893,1 3.016,8 19. E 3 5,7 24,3 5,83 36,55 20,65 5,1 186,4 105,3 20. E 4 25,8 7,1 102,71 30,45 92,86 58,5 1.781,3 5.432,3 21. E 5 2,3 39,1 24,34 28,09 8,17 18,6 522,5 152,0 22. E 6 16,7 22,6 54,57 38,82 60,23 5,8 225,2 349,3 23. E 7 9,2 53,4 18,93 57,95 33,14 8,1 469,4 268,4 24. E 8 18,4 0,7 1,35 184,12 66,24 36,7 6.757,2 2.431,0 25. E 9 22,3 6,3 41,27 144,81 80,45 5,5 796,5 442,5 26. E 10 3 4,5 30,06 23,97 9,18 21,8 522,5 200,1 27. E 11 50 23,9 17,97 39,63 180,13 0,6 23,8 108,1 28. E 12 10 17,3 20,29 40,9 36,14 10,5 429,5 379,5 29. E 13 41,8 23,4 15,61 69,16 150,48 9,6 663,9 1.444,6 30. E 14 76,2 36,7 17,05 27,62 274,43 23,6 651,8 6.476,5 31. E 15 63,2 92,8 51,99 43,96 227,47 0,2 8,8 45,5 32. E 16 26,7 31,2 41,6 78,27 95,99 99,2 7.764,4 9.522,2 2007 33. E 1 12,8 4 30,19 50,27 45,92 25,5 1.281,9 1.171,0 34. E 2 3,5 32,6 32,2 66,64 12,61 25,0 1.666,0 315,3 35. E 3 1 22,5 8,16 24,36 3,74 3,4 82,8 12,7 36. E 4 4,1 8,9 37,19 30,2 14,58 35,3 1.066,1 514,7 37. E 5 0,9 33,6 36,67 15,68 3,4 15,6 244,6 53,0 38. E 6 12 27,6 48,6 30,36 43,31 2,3 69,8 99,6 39. E 7 6,7 33,9 24,14 33,45 24,09 10,1 337,8 243,3 40. E 8 11,7 2 3,37 42,47 42,25 20,5 870,6 866,1 41. E 9 12,8 0 44,85 47,26 45,92 11,1 524,6 509,7 42. E 10 0,5 2,6 25,45 27,07 7,04 16,6 449,4 116,9 43. E 11 24,4 25,2 47,29 47,13 87,83 2,7 127,3 237,1 44. E 12 0,9 20 27,88 48,95 3,24 3,7 181,1 12,0 45. E 13 19,4 24,6 18,29 86,29 69,88 17,8 1.536,0 1.243,9 46. E 14 60,4 27,8 12,1 47,67 217,37 0,1 4,8 21,7 47. E 15 54 77,9 56,73 44,72 194,37 5,6 250,4 1.088,5 48. E 16 10,6 26,8 32,8 81,27 38,08 18,9 1.536,0 719,7 2006 49. E 1 18,2 5,5 40,3 49,88 65,38 23,8 1.187,1 1.556,0 50. E 2 4,7 34,9 58,83 67,93 16,77 26,4 1.793,4 442,7 51. E 3 2,5 21,7 20,63 26,35 8,89 4,8 126,5 42,7 52. E 4 16,4 28 88,97 20,02 58,88 38,9 778,8 2.290,4 53. E 5 5,5 42,4 35,88 21,51 19,68 5,7 122,6 112,2 54. E 6 12 27,6 48,6 30,36 43,31 2,3 69,8 99,6 55. E 7 7,6 40,5 22,52 36,46 27,4 6,7 244,3 183,6