e"41' _ ri Trurial114-x1 Vt2 ci1.1 Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça Gabinete da Desa. Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira ACÓRDÃO EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N 001.2004.026101-6/001 CAMPINA GRANDE RELATORA : Desa. Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira EMBARGANTE : Telemar Norte Leste S/A ADVOGADOS : Caio César Vieira Rocha e outros EMBARGADO : João Evangelista dos Santos ADVOGADO : Giuseppe Fabiano do Monte Costa e outro EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREQUESTIONA- MENTO. MENÇÃO EXPRESSA DOS DISPOSITIVOS IN- VOCADOS. DESNECESSIDADE. REJEIÇÃO. Para que se cumpra o requisito do prequestionamento, não se faz necessária menção expressa dos dispositivos legais supostamente violados, sendo suficiente que a matéria controvertida seja efetivamente examinada pelo acórdão embargado. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE AD- MISSIBILIDADE. INOCORRENCIA. CARÁTER PROTE- LATÓRIO. CARACTERIZAÇÃO. REJEIÇÃO. MULTA. APLICAÇÃO. Quando os embargos dedaratórios se revestem de caráter manifestamente protelatório, buscando discutir matéria estranha aos autos e rediscutir o que já restou decidido, devem ser rejeitados, e aplicada multa, ao embargante, de 1% (um por cento) sobre o valor da causa, na forma prevista pelo parágrafo único do art. 538 do CPC. VISTOS, relatados e discutidos os autos referenciados. ACORDAMos Desembargadores da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração e aplicar multa de 1% (um por cento), sobre o valor da causa, à embargante.
-, 2 TELEMAR NORTE LESTE S/A, devidame te qualificada nos autos, inconformada com a decisão desta 2 8 Câmara Cível, que, à unanimidade, rejeitou as preliminares, e, no mérito, deu provimento parcial ao recurso interposto por JOÃO EVANGELISTA DOS SANTOS, embarga de declaração, sob o pálio de ocorrência de omissão e contradição no acórdão. A embargante alega (fls. 374/382) a incompetência absoluta da Justiça Comum; a legalidade da cobrança da "assinatura básica" instituída pela ANATEL; a necessidade de manter o equilíbrio econômico-financeiro do contrato; repetição de indébito; sucumbência recíproca; omissão acerca da aplicação de muita diária; por fim, do incidente de uniformização de jurisprudência do TJPB. Os autos foram postos em mesa para julgamento. É o relatório. Os embargos de declaração não merecem acolhimento. VOTO: Desa. MARIA DAS NEVES DO EGITO A. D. FERREIRA Relatora. Inicialmente, registre-se que os embargos de declaração se prestam para eliminar, do julgado, vícios de omissão, contradição ou obscuridade. As alegações perpetradas, pela embargante, demonstram, de forma clara, que os vertentes embargos pretendem, na prática, rediscutir os fundamentos que embasaram a decisão editada nos autos, ensejando sua rejeição por se distanciarem das hipóteses previstas no art. 535 do CPC. O acórdão ora embargado buscou, acima de tudo, dar aplicabilidade aos regramentos tidos como violados pela embargante, pois impediu que continuasse a cobrar o valor tido por ilegal. Assim, verifica-se que o aresto não foi omisso na apreciação da matéria invocada no recurso. Cumpre ressaltar, que a força modificativa dos embargos de declaração só é cabível nos casos de erro material ou flagrante nulidade. Querer, a embargante, uma nova posição deste órgão fracionário, para efeito de dar provimento à sua apelação, é uma subversão ao direito, especificamente ao instituto dos embargos de declaração. Não há fato novo verossímil que autorize tal providência. Em primeiro plano, os embargos, nem de longe, apontam existência de inexatidão material ou erros no julgado, que permitam alterá-lo pelo mesmo Órgão julgador. Outrossim, é cediço que a autoridade judiciária não está obrigada a se pránunciar, expressamente, sobre todos os argumentos apresentados pelas partes, bastando, para demonstrar o seu convencimento, aduzir aqueles que entendeu pertinentes à solução do conflito.
A propósito, o seguinte precedente: "EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DAS HIPÓTESES LEGAIS DE OMISSÃO, CONTRADI- ÇÃO E OBSCURIDADE, NA DECISÃO EMBARGADA. PREQUESTIONAMENTO E REEXAME. IMPOSSIBI- LIDADE. Os embargos de declaração não se prestam para o reexame da lide, restringindo-se às hipóteses do art. 535 e seus incisos do CPC. Quanto ao prequestionamento, é de assentar que não incumbe ao juiz apontar todos os fundamentos legais eventualmente incidentes, bastando referir aqueles suficientes para embasar a decisão. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESACOLHIDOS. UNÂNIME."1 ao art. 535, que diz: Oportuno mencionar Theotonio Negrão, em nota n o. 3 "Os embargos de declaração não devem revestirse de caráter infringente. A maior elasticidade que se lhes reconhece, excepcionalmente, em casos de erro material evidente ou de manifesta nulidade do acórdão (R73 89/548, 94/1.167, 103/1.210, 114/351), não justifica, sob pena de grave disfunção jurídico-processual dessa modalidade de recurso, a sua inadequada utilização como propósito de questionar a correção do julgado e obter, em conseqüência, a desconstituição do ato decisório" (RT..7 154/223, 155/964, 158/264, 158/89, 1658/993, 159/638).2 Por estas razões, revestem-se de caráter manifesta-., mente protelatório os presentes embargos declaratórios, afinando-se à hipótese prevista no parágrafo único do art. 5383 do Ordenamento Processual Civil em vigor, impondo a aplicação da multa ali prevista. O supracitado dispositivo legal prescreve que, "quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de I% (um por cento) sobre o valor da causa," quando se trata de primeira oposição do presente recurso. 1 Embargos de Declaração N o 70022673586, Segunda Câmara Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Agathe Elsa Schmidt da Silva, Julgado em 15/01/2008. 2 "Código de Processo Civil e legislação processual em vigor", 36 a edição, Saraiva, 2004, pág. 628. 3 Art. 538 - Os embargos de declaração interrompem o prazo para a interposição de outros recursos, por qualquer das partes. Parágrafo únicci - Quando manifestamente protelatórios os embargos, o juiz ou o tribunal, declarando que o são, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente de 1% (um por cento) sobre o valor da causa. Na reiteração de embargos protelatórios, a multa é elevada a até 10% (dez por cento), ficando condicionada a interposição de qualquer outro recurso ao depósito do valor respectivo.
, Nesse sentindo, colhe-se a jurisprudência: "EMBARGOS DECLARATORIOS. AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO. DESACOLHIMENTO. MULTA. Incabíveis embargos declaratórios opostos a pretexto de sanar contradição, que inocorre, quando na verdade o objetivo pretendido é ver reexaminada questão que foi devidamente enfrentada pela decisão embargada, com os fundamentos jurídicos e legais que a Corte entendeu aplicáveis ao caso. Imposição de multa à embargante, pois os embargos declaratórios assumem verdadeiro perfil protelatório, na forma do disposto no parágrafo único do art. 538 do CPC, na medida em que ela insiste em sustentar tese que contraria posição jurisprudencial majoritária do Superior Tribunal de Justiça. Embargos declaratórios desacolhidos, com imposição de multa."4 111 Vale ressaltar, que o percentual da multa a ser aplicado é traçado pelo próprio dispositivo legal, que o fixa no máximo de 1% (um por cento) sobre o valor da causa; logo, outro caminho não há, senão proclamar nesses moldes a aplicação. A concessionária/embargante apega-se, ainda, aos argumentos da necessidade de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do Contrato de Concessão, o qual estaria comprometido com o fim da cobrança da taxa disfarçada de tarifa, ora questionada. Todavia, tal argumentação, ao meu sentir, não tem o condão de inviabilizar o pleito da consumidora, seja porque não se pode, sob qualquer pretexto, consagrar uma ilegalidade, seja porque as cláusulas econômicas ou financeiras, variáveis por sua própria natureza, podem ser revistas a qualquer tempo, pois, toda vez que, ao modificar a prestação do serviço, o poder concedente alterar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato, terá que reajustar as cláusulas remunerató- rias do contrato de concessão, adequando as tarifas aos novos encargos acarretados à concessionária (Lei n 8.987/95, art. 9 0, 4 )". O que não pode, por ser ilegal e injusto, é a concessionária, a pretexto de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão, bem assim da necessidade de investir na manutenção e incrementos de seus negócios, passar, à vontade de sua idiossincrasia, a violar todo o ordenamento legal, todo um sistema de princípios constitucionais e infraconstitucionais, e, assim, cobrar de seus usuários uma taxa de serviço disfarçada sob o epíteto de tarifa. É inegável, portanto, que todo um arcabouço de princípios constitucionais e infraconstitucionais foi postergado no presente caso, quando, 4 Embargos de Declaração N o 70022254742, Décima Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Voltaire de Lima Moraes, Julgado em 19/12/2007.
inquestionavelmente, não o poderia ser, pois, segundo a cátedra do Pr ssor Celso Antônio Bandeira de Mello (citado por Maria Helena Diniz): "Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comando. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio violado, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumácia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. "5 5 No tocante ao incidente de uniformização jurisprudencial suscitado em face da 2 a e 4 a Câmara (Proc. 200.2004.057463-0/002) ter sido julgado, pelo Tribunal Pleno desta Corte de Justiça, declarando a legalidade da cobrança da denominada assinatura residencial básica, não está esta julgadora vinculada ao que 110 restou decidido naquele órgão. Os únicos instrumentos jurídicos previstos na legislação pátria que, excepcionalmente, têm o condão de vincular o entendimento dos magistrados são os previstos no art. 102, 2 da CF a Súmula Vinculante. Nesse sentido o art. 479 do CPC, é claro: 'o julgamento, tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros que integram o tribunal, será objeto de súmula e constituirá precedente na uniformização da jurisprudência': Dessa forma, o fato deste Tribunal ter decidido, em incidente de uniformização de jurisprudência, pela legalidade da cobrança da assinatura básica mensal, não traz qualquer obrigatoriedade aos membros desta Corte de seguir o referido entendimento, inclusive, como afirmado pelo próprio embargante, tal posicionamento sequer foi sumulado. Ante o exposto, rejeito os presentes embargos declaratórios, e, por considerá-los manifestamente protelatórios, imponho à embargante a multa de 1% (um por cento) sobre o valor da causa, devidamente atualizado, a ser paga à parte-embargada, consoante o disposto no parágrafo único do art. 538, do CPC. É como voto. "Norma Constitucional e seus Efeitos", Saraiva: São Paulo, 1989, p. 116.
6 Presidiu a Sessão ESTA RELATORA, tendo participado do Julgamento com o Excelentíssimo Doutor JOSÉ AURÉLIO DA CRUZ (Juiz de Direito Convocado, em substituição ao Desembargador MARCOS CAVALCANTI DE ALBU- QUERQUE) e com o Excelentíssimo Doutor RODRIGO MARQUES SILVA LIMA (Juiz de Direito Convocado, em substituição à Desembargadora MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI). Presente à Sessão, a Excelentíssima Doutora OTANILZA NUNES DE LUCENA, Procuradora de Justiça. Sala das Sessões da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa/PB, 12 de fevereiro de 2008. MARIA DAS NEVES DO EGI O *E A. D. FERREIRA 11111 Desembargadora ita t ora.1.110
.. TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordena dona Judiciári4 Registrado j211-52-e/-0-1 e 1110