MECÂNICA DOS FLUIDOS I Engenharia Mecânica e Naval Exame de 2ª Época 10 de Fevereiro de 2010, 17h 00m Duração: 3 horas.

Documentos relacionados
MECÂNICA DOS MEIOS CONTÍNUOS. Exercícios

( z) Fluido Perfeito/Ideal Força Exercida por um Escoamento Plano em Torno de um Sólido Escoamento em torno de um cilindro circular com circulação Γ

MECÂNICA DOS FLUIDOS I Engenharia Mecânica e Naval Exame de Época Normal 21 de Janeiro de 2011, 08h 00m Duração: 2,5 horas.

Fluido Perfeito/Ideal Força Exercida por um Escoamento Plano em Torno de um Sólido Potencial complexo do escoamento em torno de um cilindro

ESCOAMENTO POTENCIAL. rot. Escoamento de fluido não viscoso, 0. Equação de Euler: Escoamento de fluido incompressível cte. Equação da continuidade:

Licenciatura em Engenharia Civil MECÂNICA II

(b) Num vórtice de raio R em rotação de corpo sólido a circulação para qualquer r R é zero. A. Certo B. Errado. + u j

Licenciatura em Engenharia Civil MECÂNICA I

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Departamento de Engenharia Mecânica

Aula Prática 5: Preparação para o teste

Asas Finitas Escoamento permamente e incompressível

LOQ Fenômenos de Transporte I

(a) Num vórtice irrotacional du i = u i

Licenciatura em Engenharia Civil MECÂNICA II

Aula 6: Aplicações da Lei de Gauss

Universidade de Évora Departamento de Física Ficha de exercícios para Física I (Biologia)

A dinâmica estuda as relações entre as forças que actuam na partícula e os movimentos por ela adquiridos.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Escola de Engenharia. 1 Cinemática 2 Dinâmica 3 Estática

1ª Ficha Global de Física 12º ano

Licenciatura em Engenharia Civil MECÂNICA II

. Essa força é a soma vectorial das forças individuais exercidas em q 0 pelas várias cargas que produzem o campo E r. Segue que a força q E

3 Torção Introdução Análise Elástica de Elementos Submetidos à Torção Elementos de Seções Circulares

CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II 014.2

3 Formulação Matemática

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO MECÂNICA B PME ª LISTA DE EXERCÍCIOS MAIO DE 2010

FGE0270 Eletricidade e Magnetismo I

Seção 8: EDO s de 2 a ordem redutíveis à 1 a ordem

PUC-RIO CB-CTC. P2 DE ELETROMAGNETISMO segunda-feira GABARITO. Nome : Assinatura: Matrícula: Turma:

( ) ρ = ( kg/m ) ρ = 1000 kg/m 4ºC CAPÍTULO 5 MECÂNICA DOS FLUIDOS

Teo. 5 - Trabalho da força eletrostática - potencial elétrico

PROCESSO SELETIVO TURMA DE 2013 FASE 1 PROVA DE FÍSICA E SEU ENSINO

QUESTÃO 1. r z = b. a) y

Série II - Resoluções sucintas Energia

Aerodinâmica I. a z. z 2πz. Aerodinâmica I

Mecânica. Conceito de campo Gravitação 2ª Parte Prof. Luís Perna 2010/11

Exercícios Resolvidos Integrais em Variedades

Geodésicas 151. A.1 Geodésicas radiais nulas

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Eletromagnetismo e Ótica (MEAer/LEAN) Circuitos Corrente Variável, Equações de Maxwell

MECÂNICA. F cp. F t. Dinâmica Força resultante e suas componentes AULA 7 1- FORÇA RESULTANTE

IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO

Departamento de Física - Universidade do Algarve FORÇA CENTRÍFUGA

PME 2200 Mecânica B 1ª Prova 31/3/2009 Duração: 100 minutos (Não é permitido o uso de calculadoras)

Modelo quântico do átomo de hidrogénio

carga da esfera: Q densidade volumétrica de carga: ρ = r.

3.3 Potencial e campo elétrico para dadas configurações de carga.

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

SOLUÇÃO PRATIQUE EM CASA

3. Estática dos Corpos Rígidos. Sistemas de vectores

Figura 6.6. Superfícies fechadas de várias formas englobando uma carga q. O fluxo eléctrico resultante através de cada superfície é o mesmo.

FGE0270 Eletricidade e Magnetismo I

Física e Química 11.º Ano Proposta de Resolução da Ficha N.º 3 Forças e Movimentos

A tentativa de violação de qualquer regra abaixo anulará

CAPÍTULO 7: CAPILARIDADE

Aula 2 de Fenômemo de transporte II. Cálculo de condução Parede Plana Parede Cilíndrica Parede esférica

Electrostática. Programa de Óptica e Electromagnetismo. OpE - MIB 2007/2008. Análise Vectorial (revisão) 2 aulas

CONCURSO PÚBLICO EDITAL Nº 03 / 2015

2/27/2015. Física Geral III

Escoamento em Regime Turbulento Aproximações de Reynolds (RANS equations)

carga da esfera: Q densidade volumétrica de carga: ρ = r.

Escoamentos Simples. Uni-dimensionais, uni-direcionais e problemas de transferência de calor

Cap.12: Rotação de um Corpo Rígido

LOM Teoria da Elasticidade Aplicada

PROCESSO SELETIVO TURMA DE 2012 FASE 1 PROVA DE FÍSICA E SEU ENSINO

a) A energia potencial em função da posição pode ser representada graficamente como

E nds. Electrostática. int erior. 1.4 Teorema de Gauss (cálculo de Campos). Teorema de Gauss.

Campo Gravítico da Terra

CAPÍTULO 04 CINEMÁTICA INVERSA DE POSIÇÃO

DA TERRA À LUA. Uma interação entre dois corpos significa uma ação recíproca entre os mesmos.

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. PME Mecânica dos Sólidos II 3 a Lista de Exercícios

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Departamento de Engenharia Mecânica

ESCOAMENTO POTENCIAL. rot. Escoamento de fluido não viscoso, 0. Equação de Euler: Escoamento de fluido incompressível r cte. Equação da continuidade:

Exercício cálculo de irradiância

Aula 16. Nesta aula, iniciaremos o capítulo 6 do livro texto, onde vamos estudar a estabilidade e o equilíbrio do plasma como um fluido.

ELECTROMAGNETISMO. EXAME Época Especial 8 de Setembro de 2008 RESOLUÇÕES

3.1 Potencial gravitacional na superfície da Terra

carga da esfera: Q. figura 1 Consideramos uma superfície Gaussiana interna e outra superfície externa á esfera.

Plano de Aulas. Matemática. Módulo 20 Corpos redondos

ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Mecânica

carga da esfera: Q. figura 1 Consideramos uma superfície Gaussiana interna e outra superfície externa á esfera.

Carga Elétrica e Campo Elétrico

Condução Unidimensional em Regime Permanente

F-328 Física Geral III

Magnetostática. Programa de Óptica e Electromagnetismo. OpE - MIB 2007/2008. Análise Vectorial (revisão) 2 aulas

Aula 2 de Fenômemo de transporte II. Cálculo de condução Parede Plana Parede Cilíndrica Parede esférica

Análise Vectorial (revisão)

TICA. Rígidos MECÂNICA VETORIAL PARA ENGENHEIROS: ESTÁTICA. Nona Edição CAPÍTULO. Ferdinand P. Beer E. Russell Johnston, Jr.

TICA. Rígidos MECÂNICA VETORIAL PARA ENGENHEIROS: ESTÁTICA CAPÍTULO. Ferdinand P. Beer E. Russell Johnston, Jr.

',9(5*Ç1&,$'2)/8;2(/e75,&2 (7(25(0$'$',9(5*Ç1&,$

TRABALHO E POTÊNCIA. O trabalho pode ser positivo ou motor, quando o corpo está recebendo energia através da ação da força.

Física III Escola Politécnica GABARITO DA PR 25 de julho de 2013

Superfícies Sustentadoras

Consideremos um ponto P, pertencente a um espaço rígido em movimento, S 2.

SIMULAÇÃO NUMÉRICA TURBULENTA EM SUPERFÍCIE RUGOSA

2/27/2015. Física Geral III

Electrostática. Programa de Óptica e Electromagnetismo. OpE - MIB 2007/2008. Análise Vectorial (revisão) 2 aulas

MOVIMENTO DE SÓLIDOS EM CONTACTO PERMANENTE

XForça. Um corpo, sobre o qual não age nenhuma força, tende a manter seu estado de movimento ou de repouso. Leis de Newton. Princípio da Inércia

(Eq. conservação da quantidade de movimento para V.C., cont) Caso particular: escoamento uniforme permanente

Transcrição:

MECÂNICA DOS FLUIDOS I Engenhaia Mecânica e Naval Exame de ª Época 0 de Feveeio de 00, 7h 00m Duação: hoas Se não consegui esolve alguma das questões passe a outas que lhe paeçam mais fáceis abitando, se necessáio, os valoes que deveia te obtido Faça as hipóteses adicionais que considea necessáias paa a esolução dos poblemas Justifique as espostas Questão Um cilindo vetical fechado de aio R e altua H enconta-se totalmente cheio de um fluido de massa volúmica ρ e viscosidade constante µ O cilindo enconta-se a oda em tono do seu eixo com uma velocidade angula Ω sujeito à acção da gavidade g O movimento do fluido pode se descito num sistema de coodenadas cilíndicas (,, ) com a oigem na base do cilindo, como se mosta na Fig Neste sistema a velocidade tem componentes ( v, v, v) a) [,0 val] A pati da equação da consevação da massa em coodenadas cilíndicas ( v) + ( v ) + ( v) = 0, detemine a componente adial da velocidade v, admitindo que v = 0 em todo o fluido b) [,0 val] As equações de Navie-Stokes em coodenadas cilíndicas paa o egime estacionáio de um fluido incompessível, no caso de se admiti v = 0 e v / = 0 em todo o fluido, eduem-se a: p v = ( v ) = 0 p = ρ g Explicite as condições de fonteia a aplica sobe as paedes lateal, de topo e de fundo do cilindo e detemine a distibuição de velocidade do fluido c) [,0 val] Detemine a distibuição de pessão no fluido, sabendo que a pessão na base sobe o eixo (oigem) é p0 = ρ gh d) [,0 val] Calcule o bináio T equeido paa mante o fluido em otação Intepete o esultado y H Fluido ρ µ O R g x R O x Fig

Questão Um canal de fundo plano e paedes veticais de secção ectangula com lagua b possui uma contacção ( caleia Ventui ) ente duas secções e de laguas b = m e b = m, como se mosta na Fig A contacção destina-se a medi o caudal que se escoa no canal atavés da medição dos níveis h na secção e h na secção O canal destina-se ao escoamento de água ( ρ = 000 kg/m ) Q h h b b L Fig a) [,5 val] Na situação inicial, com caudal nulo, os níveis em e eam de h = h = m Qual a foça que se exece sobe a paede lateal da contacção, sabendo que esta tem um compimento L=5m? b) [,5 val] Paa a calibação do medido de caudal, egistaam-se as seguintes medições do níveis h =, 9 m e h =, 5 m com um caudal conhecido de Q = 8 m /s Calcule as velocidades médias nas secções e e detemine a peda de enegia po unidade de peso de fluido que ocoe ente as secções e na apoximação unidimensional c) [,0 val] Nas condições da alínea b) calcule a componente longitudinal da foça que o fluido exece sobe as paedes e o fundo do canal ente as secções e Admita que a distibuição de pessão nas secções e é hidostática e que o escoamento é unidimensional

Questão a) A equação da continuidade em coodenadas cilíndicas (,, ) : ( v) + ( v ) + ( v) = 0 Em que ( v, v, v) são as componentes do vecto velocidade do fluido em coodenadas cilíndicas O escoamento é axisimético pelo que ( v, v, v) / = 0 e, se admitimos que v = 0 em todo o domínio a equação edu-se a Integando uma ve em, obtém-se d ( v ) = 0 d v = C Em que C é uma constante de integação Como paa = 0, v = 0, seá C = 0 e v = 0 em todo o domínio b) As condições de fonteia são apenas paa a velocidade e escevem-se v v = v = v = 0 em = 0 v = v = 0, v = Ω R em = R = v = 0, v = Ω em = 0 e = H Integando a equação d dv ( ) 0 d = d Uma ve, teemos dv ( ) d = Em que C é uma constante de integação Integando uma segunda ve, C C v = C +

Pela condição de fonteia v = 0 em = 0, necessaiamente C = 0 Pela condição de fonteia v =Ω R em = R, tem-se C = Ω, e a distibuição de velocidade do fluido é v = Ω Esta distibuição de velocidade satisfa as condições de fonteia nas paedes do fundo e do topo v =Ω em = 0 e = H c) A distibuição de pessão obtém-se po integação das equações p v = ρ, p = ρ g Substituindo a distibuição de velocidade obtemos p = ρ Ω, p = ρ g Assim a distibuição de pessão depende apenas de e Integando a pimeia equação em, vem E a teceia em : Igualando, obtém-se e p(, ) = ρω + f() + C, f ( ) p(, ) = ρ g+ f() + C, = ρg, e f() = ρω (, ) = ρω ρ + p g C A constante pode se deteminada a pati da condição de Ω = 0, em que sabemos que p( = 0, = 0) = p = ρgh Assim, a constante é E a pessão fica 0 C = ρgh p(, ) = ρω + ρgh ( )

d) A tensão de cote é dada po Com v = 0 e v =Ω, obtém-se v ( v v ) τ = µ + v v τ = µ + = µ Ω+Ω = [ ] 0 Logo o bináio é nulo Na ealidade, o fluido enconta-se em otação sólida e não existe defomação dos elementos de fluido Assim, as foças de atito que as paedes execem sobe o fluido são nulas Paa estabelece o movimento do fluido a pati do epouso (impulsivamente) é necessáio exece um bináio, já que as foças de atito nas paedes não são nulas, mas com o tempo o movimento apoximase assimptoticamente da otação sólida e o bináio tende assimptoticamente paa eo

Questão a) A foça hidostática sobe uma paede plana pode se calculada multiplicando a pessão no cento de áea pela áea da supefície da paede em contacto com o fluido Neste caso a pessão no cento de áea é p CG h m = ρg = 000 kg/m 9,8 m/s = 9800 Pa A áea em contacto com o fluido é A= hl = h L cosα Em que α é o ângulo de inclinação da paede com o eixo longitudinal do canal Este pode se calculado po O ângulo é α = 5,7º A áea é b b tanα = = L 0 L 5 A= h = = 0,04 m cosα cos5,7º Donde a foça seá F pcg A = = = 9800 Pa 0,04 m 989 N Actua na diecção pependicula à paede, isto é faendo um ângulo de 90º 5, 7º = 84,º com o eixo do canal b) A velocidade obtém-se a pati do caudal V Q = hb Logo Q 8 m /s Q 8 m /s V = = =, 40 m/s, V = = =,67 m/s hb, 90 m m hb, 50 m m A aplicação da equação da enegia ente e fonece : + + hf = + + p V p V ρg g ρg g

Com a distibuição de pessão hidostática em e tem-se p g h ρ + =, p h ρ g + = Pois p = 0 em = h e p = 0 em = h Logo V V, 4 m /s, 67 m /s f h = ( h) ( h ) (,9 m) (,5 m) 0,4 m g + g + = 9,8m/s + 9,8m/s + = c) Na apoximação unidimensional, o balanço de quantidade de movimento na diecção longitudinal ente as secções e esceve-se Fx + ρg( h b h b) = ρq( V V), sendo F x a foça longitudinal execida pelas paedes e fundo do canal sobe o fluido ente as duas secções Note-se que o º temo coesponde à esultante na diecção longitudinal das foças de pessão hidostática que actuam nas secções e : h h ρ ρ ρ 0 0 ( pnx ) ds = pds pds = ghb dh ghb dh = g( h b h b ) SC O º membo epesenta o fluxo de quantidade de movimento atavés da supefície de contolo (não há fluxo atavés do fundo, paedes lateais e supefície live da água): ρv ( V n) ds = ρv ( V n) ds+ ρv ( V n) ds = ρq( V V ), x SC pois ( V n) ds = ρva = ρq Substituindo valoes V n ds = V A = ρq e ( ) ρ Fx = ρq( V V) ρg( h b h b) = = 000 kg/m 8 m /s (,67-,4)m/s 000 kg/m 9,8 m/s (,9,5 )m 0857 N A foça do fluido sobe as paedes do canal seá a oposta actuando na diecção do escoamento = 0880 N, F x