PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR LUIZ SÍLVIO RAMALHO JÚNIOR Agravo de Instrumento n 2002008013858-5/001. Relator : Desembargador Luiz Silvio Ramalho Júnior. Agravante : Ricardo Jorge Vasconcelos Barbosa. Advogado : José Nelson Vilela Barbosa e outros. Agravado : Gerente Operacional de Posse da Secretaria de Administração do Estado da Paraíba, representado por seu Procurador. DECISÃO Trata-se de agravo de instrumento interposto por RICARDO JORGE VASCONCELOS BARBOSA impugnando decisão interlocutória proferida pela Ex.ma. Magistrada da 1 a Vara da Fazenda Pública da Comarca de Capital, que denegou o pedido de liminar proferido nos autos do mandado de segurança impetrado contra ato, em tese ilegal, proferido pelo GERENTE DA GERÊNCIA OPERACIONAL DE POSSE DO ESTADO DA PARAÍBA. Alega, em síntese, o agravante, que prestou concurso público para prover o cargo de Médico Clínico Geral promovido pelo Governo do Estado da Paraíba, tendo logrado aprovação e ficado na 16 a colocação, sendo nomeado pelo Ex.mo. Sr. Governador do Estado da Paraíba para exercer a função no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena. Não obstante, aduz que o agravado negou posse ao agravante sob a alegação de que o mesmo não atendia aos requisitos exigidos no item 2.1, alínea "d" do Edital do concurso Público para provimento de cargos efetivos da Secretaria de Saúde do Estado, posto que não possuía especialização em clínica médica exigida naquele edital.
Por fim, pugna pela concessão do efeito suspensivo ao presente agravo, com a antecipação parcial da tutela pleiteada inaudita altera partes, a fim de que se conceda a liminar substitutiva e seja determinada a posse do agravante no cargo de médico, classe B, com lotação na Secretaria de Saúde do Estado. O efeito suspensivo foi denegado às fls. 154/155. Contra-razões pelo Estado às fls. 163/166, tendo o agravado instado pelo improvimento do agravo. É o relatório. Decido. Agravo manifestamente improcedente Inteligência do art. 557, caput, do Código de Processo Civil. Cumpre negar seguimento ao agravo de instrumento, ante sua manifesta improcedência, senão vejamos. Analisando detidamente os autos, tem-se que pretende o agravante seja afastada a suposta ilegalidade consistente na negativa de posse no cargo de Clínico Geral por parte do agravado. Não obstante, observe-se que para ser concedido o direito do agravante, mister antes se verificar a satisfação dos requisitos antevistos no edital do concurso, que dentre outros prevê a exigência de especialização reconhecida pelo MEC, conforme se depreende da análise das fls. 61. Com efeito, o título III do edital, "Das Inscrições" (fls. 71), mais especificamente no item 2.1, d, prevê como requisito para a investidura no cargo público, "Diploma de graduação em medicina e odontologia, registro no Conselho de Classe, Especialidade Médico e buco maxilo facial, reconhecida pelo MEC e/ou registro no Conselho de Classe". Ora, o edital é claro quanto à exigência de especialização, não fazendo restrição a este ou aquele cargo, mas fixando como cláusula geral aplicável a todos os cargos do concurso. Ademais, não se pode argumentar que o programa não exigiu para o cargo de Clínico Geral a comprovação de especialização, isso porque o edital é a lei do concurso, não se admitindo interpretação que
afaste a incidência desta ou daquela cláusula sob pena de se invadir a discricionariedade, prerrogativa inerente ao Poder Executivo. Sobre o tema, o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, senão vejamos: ADMINISTRATIVO. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. REQUISITOS. RESIDÊNCIA MÉDICA OU TÍTULO DE ESPECIALIZAÇÃO. EXIGÊNCIA DO EDITAL. - Havendo previsão editalícia no sentido de que a nomeação para o cargo de Médico, na Especialidade de Clínica Médica, só é possível com a comprovação de residência medica ou curso de especialização na especialidade escolhida, não há que se falar em direito líquido e certo à nomeação para o referido cargo, se não restou devidamente comprovada a habilitação exigida. Recurso desprovido. (sic)(rms 16.093/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 26.08.2003, DJ 06.10.2003 p. 288) ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. MÉDICO. EDITAL. EXIGÊNCIA. ESPECIALIZAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA. CANDIDATO NO EXERCÍCIO DO CARGO. APLICAÇÃO DA "TEORIA DO FATO CONSUMADO". INADMISSIBILIDADE.I - É de denegar-se a segurança, à falta de pré-constituída de ser o impetrante possuidor do título de especialização em clínica médica, nos termos em que exigido pelo Edital do referido concurso público.(..)re curso conhecido e provido. (sic)(resp 546.236/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 18.03.2004, DJ 17.05.2004 p. 276). ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - CARGO DE MÉDICO COM CONHECIMENTO DE CLÍNICA MÉDICA - ATENDIMENTO DO REQUISITO PELA PROFISSIONAL QUE POSSUI ESPECIALIZAÇÃO EM NEFROLOGIA - SEGURANÇA CONCEDIDA. De se considerar como capacitada a exercer o cargo público de médica com conhecimento em clinica médica à candidata que, tendo sido aprovada em concurso público, possui especialização em nefrologia, vez que deve ser entendido que o médico que tem especialização, necessariamente, também tem conhecimento sobre clínica geral. V. V. Mandado de Segurança c/c Pedido
de Liminar. Concurso público. Cargo de clínico geral do IPSEMG. Falta da qualificaçã o necessária da Impetrante. Sentença que denegou a segurança. Referência recursal a dispositivo não comprovadamente existente. Ausência de documento comprobatório nesse sentido. Resolução do Conselho Nacional de Medicina que desqualifica a Impetrante para carro pleiteado. Sentença mantida. Uma vez que o edital do concurso público exige determinada qualificação profissional, sendo demonstrado nos autos que a qualificação não foi atendida pela candidata aprovada, não merece reforma a sentença que denegou a segurança, sendo despicienda a informação, dada na peça de recurso e não comprovada documentalmente, de que haveria norma a sustentar o direito alegado. (sic)processo n 1.0000.00.330561-2/000(1); Data do Julgamento: 02/09/2003; Data da Publicação: 03/10/2003. É imperioso consignar, ainda, que a especialização relativa ao cargo de Clínico Geral é a de "Clínica Médica", cuja exigência se justifica no interesse público de prover os quadros da administração pública de profissionais eficientes, especialistas, em consonância com os princípios da eficiência e moralidade (e demais princípios administrativos) essenciais aos interesses dos administrados. Deste modo, admitir a posse de candidato que não satisfaz as exigências do edital seria colocar em risco a eficiência do serviço público. Em face do exposto, NEGO SEGUIMENTO AO AGRAVO, ante sua manifesta improcedência, nos moldes do que preceitua o art. 557, caput, do Código de Processo Civil. Publique-se. Intimem-se. João Pessoa, 13 de janeiro de 20 Des. Luiz Silvio Raiia1ho Júnior Relator Alc.
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