AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS FERROVIAS BRASILEIRAS COM O USO DA ANÁLISE RELACIONAL GREY



Documentos relacionados
TEORIA DE ERROS * ERRO é a diferença entre um valor obtido ao se medir uma grandeza e o valor real ou correto da mesma.

UTILIZAÇÃO DO MÉTODO DE TAGUCHI NA REDUÇÃO DOS CUSTOS DE PROJETOS. Uma equação simplificada para se determinar o lucro de uma empresa é:

Introdução e Organização de Dados Estatísticos

Análise logística da localização de um armazém para uma empresa do Sul Fluminense importadora de alho in natura

Cálculo do Conceito ENADE

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO LESTE DE MINAS GERAIS - UnilesteMG

ANEXO II METODOLOGIA E CÁLCULO DO FATOR X

Metodologia IHFA - Índice de Hedge Funds ANBIMA

Indicadores de eficiência operacional de uma empresa do setor ferroviário

Estimativa da Incerteza de Medição da Viscosidade Cinemática pelo Método Manual em Biodiesel

REGULAMENTO GERAL (Modalidades 1, 2, 3 e 4)

Regressão e Correlação Linear

Objetivos da aula. Essa aula objetiva fornecer algumas ferramentas descritivas úteis para

Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Cálculo do Conceito Preliminar de Cursos de Graduação

Controlo Metrológico de Contadores de Gás

TRANSPORTE E ESTOCAGEM DE FUMO UM MODELO DE PROGRAMAÇÃO LINEAR USADO NA TOMADA DE DECISÃO


Sistemas Robóticos. Sumário. Introdução. Introdução. Navegação. Introdução Onde estou? Para onde vou? Como vou lá chegar?

Nota Técnica Médias do ENEM 2009 por Escola

Análise Econômica da Aplicação de Motores de Alto Rendimento

Influência dos Procedimentos de Ensaios e Tratamento de Dados em Análise Probabilística de Estrutura de Contenção

Determinantes da adoção da tecnologia de despolpamento na cafeicultura: estudo de uma região produtora da Zona da Mata de Minas Gerais 1

Otimização de Custos de Transporte e Tributários em um Problema de Distribuição Nacional de Gás

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CCSA - Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Curso de Economia

7. Resolução Numérica de Equações Diferenciais Ordinárias

O migrante de retorno na Região Norte do Brasil: Uma aplicação de Regressão Logística Multinomial

NOTA II TABELAS E GRÁFICOS

LOGÍSTICA. Capítulo - 8 Armazenamento. Mostrar como o armazenamento é importante no sistema logístico

Sinais Luminosos 2- CONCEITOS BÁSICOS PARA DIMENSIONAMENTO DE SINAIS LUMINOSOS.

Variabilidade Espacial do Teor de Água de um Argissolo sob Plantio Convencional de Feijão Irrigado

Rodoviário, ferroviário ou marítimo de cabotagem? O uso da técnica de preferência declarada para avaliar a intermodalidade no Brasil

ELEMENTOS DE CIRCUITOS

E FICIÊNCIA EM S AÚDE E C OBERTURA DE P LANOS DE S AÚDE NO B RASIL

Distribuição de Massa Molar

XX SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NOVO MODELO PARA O CÁLCULO DE CARREGAMENTO DINÂMICO DE TRANSFORMADORES

Física. Setor B. Índice-controle de Estudo. Prof.: Aula 23 (pág. 86) AD TM TC. Aula 24 (pág. 87) AD TM TC. Aula 25 (pág.

Controle de qualidade de produto cartográfico aplicado a imagem de alta resolução

Lista de Exercícios de Recuperação do 2 Bimestre. Lista de exercícios de Recuperação de Matemática 3º E.M.

Apostila de Estatística Curso de Matemática. Volume II Probabilidades, Distribuição Binomial, Distribuição Normal. Prof. Dr. Celso Eduardo Tuna

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA COLEGIADO DO CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL CAMPUS I - SALVADOR

Análise Fatorial F 1 F 2

XX SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

ANÁLISE DA ECOEFICIÊNCIA DOS MODOS DE TRANSPORTE URBANO DE PASSAGEIROS COM ÊNFASE NO MODO AQUAVIÁRIO

Estimativa dos fluxos turbulentos de calor sensível, calor latente e CO 2, sobre cana-de-açúcar, pelo método do coespectro.

DIMENSIONAMENTO DE UMA FROTA DE CAMINHÕES PARA TRANSPORTE DE CARVÃO VEGETAL POR MEIO DA PROGRAMAÇÃO LINEAR

ESTATÍSTICA. PROBABILIDADES Professora Rosana Relva Números Inteiros e Racionais ESTATÍSTICA. Professor Luiz Antonio de Carvalho

Exercícios de Física. Prof. Panosso. Fontes de campo magnético

BALANÇO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS NO BRASIL DE 2012

Impactos dos encargos sociais na economia brasileira

IMPACTO DAS EXPORTAÇÕES DAS COOPERATIVAS SOBRE O EMPREGO NO BRASIL EM

Superintendência de Serviços de Transporte de Cargas SUCAR Gerência de Transporte Ferroviário de Cargas - GEFER EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO

As tabelas resumem as informações obtidas da amostra ou da população. Essas tabelas podem ser construídas sem ou com perda de informações.

REGRESSÃO LOGÍSTICA. Seja Y uma variável aleatória dummy definida como:

Sistemas de Filas: Aula 5. Amedeo R. Odoni 22 de outubro de 2001

Escolha do Consumidor sob condições de Risco e de Incerteza

BALANÇO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS

Equipas Educativas Para uma nova organização da escola. João Formosinho Joaquim Machado

EVOLUÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO

ANEXO V REMUNERAÇÃO DE INSTALAÇÕES AUTORIZADAS NA REDE BÁSICA E DEMAIS INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO ANEXO DA NOTA TÉCNICA Nº 068/2006-SRT/ANEEL

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Suporte Básico para Sistemas de Tempo Real

PROJEÇÕES POPULACIONAIS PARA OS MUNICÍPIOS E DISTRITOS DO CEARÁ

Introdução à Análise de Dados nas medidas de grandezas físicas

Avaliação do Nível de Serviço de Operadores Logísticos no Brasil: uma Aplicação de Análise Fatorial e Regressão Logística Binária

Covariância e Correlação Linear

1. Conceitos básicos de estatística descritiva. A ciência descobre relações de causa efeito entre fenómenos. Há fenómenos que são muito complexos

Área Temática: Economia e Relações Internacionais O INTERCÂMBIO COMERCIAL RIO GRANDE DO SUL - CHINA: CONCENTRAÇÃO, DESEMPENHO E PERSPECTIVAS

MODELAGEM MATEMÁTICA DO PROCESSO DE EVAPORAÇÃO MULTI-EFEITO NA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA DO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA LOJA DE SERVIÇO AUTOMOTIVO

Decisões de localização das instalações. Professor: Leandro Zvirtes UDESC/CCT

I. Introdução. inatividade. 1 Dividiremos a categoria dos jovens em dois segmentos: os jovens que estão em busca do primeiro emprego, e os jovens que

Estudo para Implementação de um Sistema de Roteirização e um Novo Centro de Distribuição para uma Empresa de Água Mineral do Sul de Minas Gerais

RESOLUÇÃO DE ESTRUTURAS SUBSAL ATRAVÉS DE MIGRAÇÃO RTM

INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE ERROS NAS MEDIDAS DE GRANDEZAS FÍSICAS

Motores síncronos. São motores com velocidade de rotação fixa velocidade de sincronismo.

Palavras-chaves detector infravermelho, transmissão atmosférica, atenuação. I. INTRODUÇÃO

1 Princípios da entropia e da energia

* Economista do Instituto Federal do Sertão Pernambucano na Pró-Reitoria de Desenvolvimento Institucional PRODI.

MAPEAMENTO DA VARIABILIDADE ESPACIAL

1.UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA, VIÇOSA, MG, BRASIL; 2.UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS, GOIANIA, GO, BRASIL.

ESTIMATIVAS DE ELASTICIDADES DE OFERTA E DEMANDA DE EXPORTAÇÕES E DE IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS

OTIMIZAÇÃO DO SERVIÇO DE RESERVA GIRANTE EM SISTEMAS HIDROELÉTRICOS. Thales Sousa * José Antônio Jardini Mário Masuda Rodrigo Alves de Lima

TEXTO PARA DISCUSSÃO PROPOSTA DE MUDANÇA NO RATEIO DA COTA PARTE DO ICMS ENTRE OS MUNICÍPIOS CEARENSES

CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E PÓS-GRADUAÇÃO - I CICPG SUL BRASIL Florianópolis 2010

Eletricidade 3 Questões do ENEM. 8. Campo Elétrico 11 Questões do ENEM 13. Energia Potencial Elétrica 15 Questões do ENEM 20

Revisão dos Métodos para o Aumento da Confiabilidade em Sistemas Elétricos de Distribuição

EFEITOS REDISTRIBUTIVOS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA E REDUÇÃO TRIBUTÁRIA NOS SETORES AGROPECUÁRIO E AGROINDUSTRIAL

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO MECANISMO DE REALOCAÇÃO DE ENERGIA NO RISCO FINANCEIRO DE PROJETOS HIDROELÉTRICOS

ANÁLISE DE CONFIABILIDADE DO MODELO SCS-CN EM DIFERENTES ESCALAS ESPACIAIS NO SEMIÁRIDO

Testando um Mito de Investimento : Eficácia da Estratégia de Investimento em Ações de Crescimento.

ANÁLISE DA POSIÇÃO COMPETITIVA DO BRASIL NO MERCADO INTERNACIONAL DE CARNE BOVINA: UMA APLICAÇÃO DO MÉTODO CONSTANT-MARKET-SHARE (CMS)

Caderno de Exercícios Resolvidos

Custo de Capital. O enfoque principal refere-se ao capital de longo prazo, pois este dá suporte aos investimentos nos ativos permanentes da empresa.

RESOLUÇÃO Nº 32/2014/CONEPE. O CONSELHO DO ENSINO, DA PESQUISA E DA EXTENSÃO da Universidade Federal de Sergipe, no uso de suas atribuições legais,

Avaliação da Tendência de Precipitação Pluviométrica Anual no Estado de Sergipe. Evaluation of the Annual Rainfall Trend in the State of Sergipe

OTIMIZAÇÃO DO FLUXO REVERSO DE PNEUS INSERVÍVEIS ATRAVÉS DE UM MODELO DE LOCALIZAÇÃO DE FACILIDADES: UM ESTUDO DE CASO

RESOLUÇÃO Nº 3259 RESOLVEU:

UM MODELO DE ALOCAÇÃO DINÂMICA DE CAMINHÕES VISANDO AO ATENDIMENTO DE METAS DE PRODUÇÃO E QUALIDADE

Estatística stica Descritiva

Professor Mauricio Lutz CORRELAÇÃO

Transcrição:

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS FERROVIAS BRASILEIRAS COM O USO DA ANÁLISE RELACIONAL GREY Ilton Curty Leal Junor Unversdade Federal Flumnense Av. Desembargador Ells Hemído Fguera, 783 - CEP 27250-000 Volta Redonda, RJ, Brasl. ltoncurty@vm.uff.br Paul Adrano de Almada Garca Unversdade Federal Flumnense Av. Desembargador Ells Hemído Fguera, 783 - CEP 27250-000 Volta Redonda, RJ, Brasl. pauladrano@gmal.com Ptas Teodoro Unversdade Federal Flumnense Av. Desembargador Ells Hemído Fguera, 783 - CEP 27250-000 Volta Redonda, RJ, Brasl. ptasteodoro@yahoo.com.br Renaldo Ramos Slva Unversdade Federal Flumnense Av. Desembargador Ells Hemído Fguera, 783 - CEP 27250-000 Volta Redonda, RJ, Brasl. renaldo.ramos@mrs.com.br André Luz Lete Unversdade Federal Flumnense Av. Desembargador Ells Hemído Fguera, 783 - CEP 27250-000 Volta Redonda, RJ, Brasl. andre.lete@mrs.com.br RESUMO O presente trabalho apresenta uma abordagem baseada em análse relaconal grey (GRA- Grey Relatonal Analyss ) tendo por objetvo de avalar e ndcar o melhor desempenho operaconal entre as concessonáras brasleras de transporte ferrováro de carga. Para escolher e valdar o conjunto de ndcadores a serem utlzados na análse, foram utlzadas métrcas estatístcas para verfcar a convergênca das opnões dos especalstas. A partr desse levantamento, a avalação se deu de forma geral e não levou em consderação os tpos de produtos transportados e número de clentes atenddos por cada concessonára. Os resultados obtdos demonstram o potencal da abordagem proposta para tratar essa classe de problemas. PALAVRAS-CHAVE. Transporte ferrováro de cargas; Avalação de desempenho; Análse Relaconal Grey Logístca e Transporte (L&T) ABSTRACT The present work presents an approach based on grey relatonal analyss. It evaluates and ndcates the best operatonal performance among the Brazlan ralway freght transport system. In order to choose and valdate the set of ndcators to be consdered n the analyss, statstcal fgures were adopted to verfy the convergence of the expert opnons. From ths survey, the evaluaton but t does not take nto account the types of products transported and the number of clents served by each utlty. The obtaned results demonstrate the potental of the proposed approach to deal wth ths knd of problem. KEYWORDS. Ralway freght transportaton, Performance evaluaton, Grey Relatonal Analyss Logstc and Transport (L&T)

2 1. Introdução Após 10 anos de concessão, Fleury (2006) avalou o desempenho das ferrovas, chegando a conclusão que houve aumento sgnfcatvo no volume transportado, no faturamento, na oferta de servço e no nvestmento. Por outro lado, o autor chama atenção para alguns pontos que se mantveram em níves crítcos como a velocdade e a dstânca méda percorrda, que fcaram pratcamente nalteradas e a queda na produtvdade dos vagões, o que sugere uma queda na efcênca operaconal, já que houve aumento expressvo dos recursos dsponblzados e os resultados alcançados decaíram de patamares. Destacando o período entre as décadas de 1960 e 1990, o nível dos nvestmentos do governo federal braslero em conservação, manutenção e amplação do sstema ferrováro dmnuu de forma acentuada resultando na degradação da efcênca operaconal e qualdade dos servços oferecdos pelo transporte ferrováro de cargas no Brasl. Com um quadro em que as ferrovas brasleras apresentavam um défct anual em torno de trezentos mlhões de reas, ncapacdade de nvestmentos e atvos operaconas em processo de degradação, a concessão de trechos da malha ferrovára naconal a grupos prvados, na década de 1990, fo a solução encontrada pelo governo braslero para a promoção de nvestmentos e melhora nos servços a serem prestados (ANTT, 2005). Em função das ferrovas conceddas serem admnstradas por dferentes concessonáras, supõe-se que cada uma apresente dferentes desempenhos operaconas. Dante dsto, a problemátca deste trabalho pode ser apresentada a partr da segunte questão: qual é o desempenho das ferrovas que estão sob a admnstração das concessonáras sob o ponto de vsta de especalstas ferrováros e com o enfoque da efcênca operaconal? Assm, os objetvos geral e específcos deste trabalho são: 1) Objetvo geral: Avalar e ndcar o melhor desempenho operaconal entre as concessonáras ferrováras brasleras de transporte de carga a partr de ndcadores seleconados e 2) Objetvos específcos: a) Determnar quas ndcadores devem ser aplcados para o cálculo da efcênca operaconal; b) Mapear os melhores e pores desempenhos ferrováros a partr de uma análse multcrtéro e c) Apresentar ordenação das concessonáras ferrováras brasleras de transporte de carga por desempenho operaconal. O trabalho se justfca pela mportânca do modo ferrováro para o desenvolvmento do país, tendo em vsta as dmensões contnentas do Brasl e sua economa lastreada em dversas commodtes. Dógenes (2002) destaca a contrbução do transporte ferrováro para as economas, prncpalmente, pela capacdade de escoar nsumos e produtos de grande volume e/ou peso. Cabe ressaltar que as ferrovas consderadas no estudo são responsáves por quase 100% de toda a carga transportada por este modo no Brasl (ANTT, 2007). Para sua delmtação, o presente trabalho avalou o desempenho sob a ótca dos especalstas ferrováros, por meo dos ndcadores propostos, das onze concessonáras ferrováras brasleras de transporte de carga conforme ANTT (2009). É mportante ressaltar que tas concessonáras não concorrem entre s, na maora das vezes, e que a avalação realzada não é por tpo de carga transportada e sm de acordo com o volume total transportado no ano. 2. Transporte Ferrováro no Brasl A concessão de servços de transporte ferrováro no Brasl avançou com negável êxto nos últmos anos. Castro (2002) acrescenta que no caso do setor ferrováro, as realzações de destaque ncluem ganhos sgnfcatvos de produtvdade obtdos pelas concessonáras prvadas a partr do fnal da década de 1990 ante a gestão públca da malha ferrovára caracterzada pela nefcênca e mprodutvdade no transporte de cargas. Conforme Dógenes (2002), o modelo de desestatzação adotado pelo governo federal vsava desonerar a Unão, fomentar nvestmentos e aumentar a efcênca operaconal. O modelo 2

3 de concessão adotado pela Rede Ferrovára Federal consstu bascamente pela transferênca para o setor prvado, medante uma lctação na modaldade de lelão, da concessão dos servços de transporte ferrováro de cargas em conjunto com o arrendamento dos bens operaconas exstentes. Os dados da Agênca Naconal do Transporte Terrestre (ANTT) demonstram que entre 2001 e 2005 o transporte de toneladas útes cresceu mas de 50% entre as concessonáras de transporte de carga do país, conforme Tabela 1. Tabela 1: Carga Transportada, em Toneladas Útes, por Estrada Ferrova 2001 2002 2003 2004 2005 TU x 10 3 TU x 10 3 TU x 10 3 TU x 10 3 TU x 10 3 ALL 17.974 18.573 19.556 20.088 21.677 MRS 68.581 74.788 86.178 97.952 108.142 FCA 21.159 21.979 21.601 25.384 27.557 FERROBAN 20.322 20.659 23.411 20.545 4.438 FERRONORTE 3.183 4.545 5.047 5.583 6.380 EFVM 108.706 113.580 118.512 126.069 130.962 FERROESTE 1.620 1.601 1.752 1.458 1.483 NOVOESTE 2.500 2.465 2.229 2.709 3.497 CFN 1.188 1.249 1.264 1.261 814 EFC 57.251 58.906 63.259 74.268 80.633 FTC 2.789 2.496 2.302 2.459 2.403 Fonte: ANTT (2009) Devdo as suas proporções e dmensões terrtoras, o Brasl tem na ferrova um modo adequado de transporte, sejam pelas dstâncas, característcas das cargas de exportação braslera, ou anda pela efcênca energétca e pelo baxo índce de acdentes e furtos (Brto, 1961). São transportadas nas estradas de ferro, além de grãos e mnéros, dversas cargas de alto valor agregado, como eletrôncos, combustíves, peças de automóves, produtos almentícos, sderúrgcos, petroquímcos e bens de consumo (ANTF, 2009), havendo a predomnânca do transporte de mnéro de ferro entre as concessonáras brasleras. 2.1. Efcênca Operaconal Bowersox e Closs (2001) elucdam que a capacdade de transportar de manera efcente uma grande tonelagem por longas dstâncas é a prncpal razão para que as ferrovas contnuem ocupando um lugar de destaque. As operações ferrováras ncorrem em altos custos fxos em vrtude do equpamento caro, do acesso (as ferrovas devem manter sua própra va), dos pátos de manobra e dos termnas. Entretanto, o sstema ferrováro conta com custos operaconas varáves relatvamente baxos. Tal argumento é ratfcado por Ballou (2006) que esclarece que na ferrova os custos fxos são elevados e as varáves relatvamente baxos, entendendo-se como custos fxos a manutenção e deprecação das vas e dos termnas e as despesas admnstratvas. Para as varáves são consderados os saláros, combustíves, lubrfcantes e manutenção. O transporte ferrováro obtém 99,9 % de sua receta total dretamente da operação (Castro, 2002). Segundo Bellen (2005), o ndcador de desempenho operaconal é a entdade que reflete as característcas mensuráves do produto, servços, processos e operações utlzadas pela organzação e serve para avalar e melhorar o desempenho. De modo geral, a efcênca é tratada como a manera de utlzar adequadamente os recursos de uma organzação (Ballou, 2006; Bowersox e Closs, 2001; Castro, 2002). Os autores se complementam ao mprmr a vsão de economcdade, raconaldade e foco no clente. É neste sentdo que o conceto de efcênca se aplca no presente trabalho 3

4 A avalação da efcênca operaconal é realzada por meo de ndcadores. Para Corrêa e Corrêa (2005), ndcador pode ser defndo como parte ntegrante do cclo de planejamento e controle, estabelecendo-se por meo da métrca, e nfluencando nas tomadas de decsão. Morgan e Strong (2003 apud Hourneaux, 2005) ctam que o ndcador propca a quantfcação do desempenho, possbltando relaconar números aos fenômenos observados, sempre alnhados com a estratéga e com a cração de valor. 2.2. Avalação de Desempenho O transporte representa o elemento mas mportante do custo logístco na maora das empresas e tem papel fundamental na prestação do servço ao clente. Do ponto de vsta de custos, Nazáro (1999 apud Fleury e Wank, 2003) afrma que o transporte representa, em méda, cerca de 60 % das despesas logístcas, portanto faz-se necessáro realzar uma avalação de desempenho deste elemento de forma que favoreça as melhores tomadas de decsão dos gestores. Hourneaux (2005) destaca, anda, que a perspectva fnancera sempre está presente em processos de avalação evdencando os resultados operaconas para a vabldade econômca e fnancera ferrovára. A necessdade de avalar é complementada por Castro (2002) quando descreve as necessdades para a produção de servços de transporte ferrováro, vsto que exge mas do que smplesmente capacdade nstalada em termos de va, mas também quantdades mínmas e ndvsíves de equpagem, materal rodante e manutenção. 3. Metodologa Para o desenvolvmento deste artgo fo utlzada pesqusa bblográfca. Outra técnca empregada fo a pesqusa documental que, conforme esclarece Godoy (1995), nclu materas escrtos, estatístcas e elementos conográfcos. Após o levantamento de dados em fontes secundáras utlzou-se pesqusa de campo seguda do tratamento estatístco dos dados. Para a pesqusa de campo, um grupo de especalstas na área de transporte ferrováro fo seleconado por julgamento e as entrevstas realzadas com os mesmos buscaram dentfcar suas opnões e determnar quas dos ndcadores levantados nas pesqusas bblográfca e documental são os mas mportantes para a avalação do desempenho operaconal das ferrovas. Para tanto, fo utlzado o método Delph, que envolve a aplcação sucessva de questonáros a um grupo de especalstas ao longo de váras rodadas para que estabeleçam as varáves e ndcadores crítcos e avalam os eventos prováves (Wrght e Govnazzo, 2000). Como a técnca é de opnões de especalstas, foram utlzadas duas meddas para verfcar a ocorrênca da convergênca a fm de valdar o método. Prmero a coefcente de varação, conforme a equação 1, que se consttu na relação entre o desvo padrão e a méda e que segundo Wrght e Govnazzo (2000) deve atngr valores nferores a 30%. A segur fo utlzada a equação 2, coefcente de varação quartl, que defne a relação entre dferença do tercero e prmero quartl pela quantdade de respondentes menos um que deve atngr valores nferores a 25% segundo Cardoso et al (2005). Para que cada opnão seja consderada convergente deve-se calcular os coefcentes de varação das equações 1 e 2 de forma que CV1 < 30% Ι CV2 < 25% CV 1 σ = X Onde σ é o desvo padrão e K a méda artmétca dos resultados. CV 2 Q3 Q = n 1 Onde Q 3 é o tercero quartl, Q 1 é o prmero quartl e n o número de eventos. 1 (1) (2) 4

5 A partr da determnação dos ndcadores apontados pelos especalstas fo realzada pesqusa documental complementar em relatóros operaconas das concessonáras ferrováras brasleras, dsponblzados pela ANTT, para coleta dos dados referentes aos ndcadores seleconados. Após a tabulação das nformações complementares acerca dos ndcadores seleconados utlzou-se a Análse Relaconal Grey (GRA) para herarquzação dos resultados operaconas das ferrovas. A teora de sstemas grey fo proposta por Julong Deng em 1982 com o ntuto de evtar os defetos nerentes da abordagem estatístca convenconal e requer somente uma quantdade lmtada de dados para estmar o comportamento de um sstema ncerto (Wen, 2004). A teora grey tem sdo aplcada nos mas varados campos de pesqusa como produção, sstemas socas, ecologa, economa, geografa, tráfego, gerencamento, educação etc. Foca em stuações onde há a ncerteza, varedade de dados de entrada, dados dscretos e nformações nsufcentes para a tomada de decsão. A análse relaconal grey (GRA) ntegra a teora de sstemas grey (Deng, 1989; Lu e Ln, 2006). É um método utlzado para determnar o grau de relaconamento entre uma observação referencal com observações levantadas, objetvando estabelecer um grau de proxmdade com o estado meta, ou seja, o resultado desejado. Segundo Bschoff (2008), a GRA utlza a nformação do sstema Grey para comparar dnamcamente cada fator quanttatvamente, baseado no nível de smlardade e varabldade entre todos os fatores para estabelecer a sua relação. É um método para analsar o grau de relaconamento para seqüêncas dscretas. Seja um conjunto de observações {x (o) 0, x (o) 1,..., x (o) (o) m }, onde x 0 é uma observação referencal e x (o) 1, x (o) 2,..., x (o) m são observações orgnas a serem comparadas. Cada observação x possu n meddas que são descrtas sob a forma de séres x (o) = {x (o) (k),..., x (o) m (n)}, em que cada componente desta sére, antes de qualquer operação, é normalzado da forma a segur. Se quanto maor melhor (equação 3): (o) x mn( x ) x = para : 0..m, k: 1..n (3) max( x ) mn( x ) Se quanto menor melhor (equação 4): (o) max( x ) x x = para : 0..m, k: 1..n (4) max( x ) mn( x ) Onde: x (k) é o valor normalzado de uma medda k para uma observação orgnal (o) x. A sére cujos atrbutos normalzados são os melhores possíves e representa o estado desejado para qualquer sére, é representada por x 0, sendo os valores da mesma gualados a 1. Após a normalzação dos dados de cada sére, calculam-se os coefcentes relaconas grey γ (equação 5): mn mn x0 x + ζ max max x0 x k k γ ( x' 0, x' ) = (5) x0 x + ζ max max x0 x Segundo Wen (2004), dentro do ntervalo de ζ pode-se atrbur qualquer valor, mas usualmente, é gual a 0,5. k 5

6 Os coefcentes relaconas expressam a smlardade entre as respectvas meddas assocadas à sére padrão e às séres comparatvas e refletem o quanto cada uma está dstante de sua respectva na sére padrão. Depos de estabelecdos os coefcentes relaconas grey, é necessáro que se estabeleçam os graus de relaconamento grey (Γ ), para cada sére (Deng, 1989), conforme equação 6, que é a méda artmétca smples dos coefcentes relaconas grey para cada alternatva. 4. Desenvolvmento 1 n Γ = γ ( x' 0, x' ) (6) n k= 1 Para defnr quas os ndcadores relevantes a serem aplcados na pesqusa delph, fo realzado levantamento nos relatóros operaconas anuas dvulgados na bolsa de valores ou nos de relaconamento com o aconsta e clentes das companhas ferrováras. As ferrovas estudadas foram: MRS Logístca S/A, Ferrova Centro Atlântca FCA, Ferrova Tereza Crstna FCT, Estrada de Ferro Vtóra Mnas EFVM, Amérca Latna Logístca ALL, todas orgnáras do processo de concessão da RFFSA e a norte amercana Unon Pacfc, que é reconhecda mundalmente como exemplo de efcênca em operação ferrovára (Pllar e Souza, 2008). A Tabela 2 mostra os ndcadores utlzados em cada ferrova pesqusada. Tabela 2: Indcadores dos relatóros operaconas por empresa pesqusada Indcadores Sgla* MRS FCA EFVM FCT ALL Unon Pacfc Acdentes por mlhões de Trem.Km AMTK x x x x Carregamento Médo de Vagões CMV x Cclo Médo de Vagões CMA x X Densdade méda de Trafego DMT x Efcênca Energétca EFE x x X x x x Índce de Cobertura Operaconal ICO x x Índce de Cobertura Total ICT x x Lucro Líqudo LLL x x X x x Mlhões de R$ transportados M$T x Produtvdade de Vagões PPV x x Quantdade de Acdentes QAA x Receta Ml R$/Empregado R$E x x X Receta RRR x x X x x x Receta Bruta Oper. Por Carregamento RBOC x x Receta Operaconal por TKB ROB x x X x Receta Operaconal por TKU ROU X Tonelada Qulômetro Útl por TKU RTQU x X Tonelada Qulômetro Útl TKP x x X x x Produzdo x Tonelada Qulômetro Bruta TQB x TU produzda TUP x x X x x x Velocdade Méda Comercal VMC x X x x Velocdade Méda de Percurso VMP x x Fonte: Elaborado pelos autores a partr de MRS (2008); FCA (2008); EFVM (2008); ALL (2008), UNION PACIFIC (2009) * As sglas foram arbtradas para facltar a construção de futuras demonstrações gráfcas 6

7 Foram realzadas duas rodadas entres os especalstas, até que se obtvesse a convergênca por meo das equações 1 e 2. Todos tveram a opção de pontuar os ndcadores na escala ntervalar de 1 a 5, sendo 1 para os de menor mportânca e 5 para os de maor mportânca. Como a pesqusa documental apontou um grande número de ndcadores, aplcou-se o recorte sobre a medana maor ou gual a 4, para que se obtvesse uma smplfcação na análse dos dados. Desta forma, obteve-se um número de ndcadores que apresentaram as medanas mas altas, conforme a Tabela 3. Sglas Tabela 3: Indcadores consderados para a análse Descrção Segunda Rodada M CV1 CV2 C LLL Lucro Líqudo apuração do captal resultante das recetas 4,83 após todas as despesas e mpostos nclusve o de renda 8% 0% C Receta valor bruto recebdo pelo frete transportado em um RRR 4,50 19% 15% ano. C TKP Tonelada por KM Produzda - quantdade de toneladas útes 4,17 10% transportadas multplcadas pela qulometragem percorrda 0% C Tonelada útl produzda (transportada) Quantdade total de TUP toneladas transportadas em um ano, consderando somente a 4,50 19% 15% C carga do clente. QAA Quantdade de Acdentes quantdade total de acdentes 4,33 28% 15% operaconas ou não ndependentes da causa por ano. C Acdentes por mlhões de trem KM razão entre a quantdade AMTK de acdentes em um ano pelo produto de trens qulômetro em 4,33 14% 19% C mlhões no mesmo período CMV Carregamento Médo de Vagões quantdade de toneladas 4,33 12% 19% transportadas em méda por vagão a cada composção em trem. C EFE Efcênca Energétca relação entre o consumo total de óleo desel e a quantdade total de mlhares de toneladas por 4,33 12% 19% C qulômetro útl (TKU) em um ano CMA Cclo Médo de Vagões cálculo do ntervalo médo entre carregamentos de vagões, ou seja, o tempo que um vagão leva 4,33 19% 22% C para completar o cclo carregado - descarregado - carregado. PPV Produtvdade dos vagões relação entre as toneladas por qulômetro útl transportadas por vagão, ou seja, quanto se 4,33 12% 19% consegue transportar por vagão em um determnado espaço de C tempo. Fonte: Elaborado pelos autores a partr da análse da pesqusa delph, 2009. Após a escolha dos ndcadores, foram coletados os dados de cada um deles (Tabela 4) e seguu-se com a aplcação da GRA. Fo realzada a normalzação dos ndcadores apresentados na Tabela 4 utlzando as equações 3 e 4 e, posterormente, a geração da matrz dferença da sére padrão para estabelecer uma ordem de prordade entre as séres. Buscou-se dentfcar as meddas que estão mas próxmas da sére padrão, ou seja, os resultados que se aproxmam do valor gual a 1. Com estes resultados, fo aplcada a equação 5, a partr da qual foram encontrados os coefcentes relaconas grey para cada alternatva, ou seja, para cada ferrova. Para apurar o índce de desempenho de cada ferrova fo aplcada a equação 6, que calcula o grau de relaconamento grey. 7

8 Ferrovas Tabela 4: Resultados dos ndcadores Indcadores TUP CMV EFE CMA PPV TKP QAA RRR LLL AMK TU x 10 6 TU por Vagão l/10³ *tku t/cclo tkux 10³/ vagão tku* qtd/ano R$ R$ qtd por mlhão de trens x km ALL 21.677 2.306,06 10,6 1,8 141,3 15.415,0 197 926.050 141.086 16,2 MRS 108.142 7.270,54 5,6 4,2 263,2 44.445,0 119 1.998.477 410.255 8,5 FCA 27.557 2.565,83 11,2 1,3 85,4 10.712,0 321 808.506-160.003 26,2 F.BAN 4.438 193,65 17,7 4,1 9,7 2.286,0 142 200.666-120.355 24,8 F.NORTE 6.380 1.674,28 1,3 4,7 193,1 7.957,0 125 543.068-150.931 84,6 EFVM 130.962 7.296,75 3,2 1,6 324,8 68.648,0 134 2.597.167 664.048 10,5 F.OESTE 1.483 2.101,16 3,3 0,4 42,8 349,0 1 14.114-106 1,0 ALL 3.497 306,84 7,4 6,5 10,1 1.312,0 583 81.034-48.021 302,3 CFN 814 263,51 15,6 21,2 22,9 814,0 559 56.508-56.890 328,1 EFC 80.633 7.974,17 2,1 1,2 642,3 69.525,0 38 1.864.301 478.281 5,2 FTC 2.403 1.334,68 7,6 0,3 42,3 170,0 3 33.105 100 10,0 Fonte: Elaborado pelos autores a partr de ANTT (2009) Conforme a metodologa da Análse Relaconal Grey, a melhor concessonára de transporte será aquela que se aproxmar do valor padrão 1. Os resultados, conforme Fgura 1, apontaram que a melhor ferrova, pelos ndcadores propostos, é a Estrada de Ferro Vtóra- Mnas. Fgura 1: Grau de Relaconamento Grey das Ferrovas Fonte: Elaborado pelos autores, 2009 Desta forma, o grupo formado pela Estrada de Ferro Vtóra Mnas, Estrada de Ferro Carajás e MRS Logístca apresentou os melhores resultados. Nesta ordem, estas empresas apresentaram os melhores lucros entre as concessonáras ferrováras. Em relação às empresas que apresentaram o por desempenho quando o ndcador é o lucro líqudo, a Ferroban é a únca empresa que, ao mesmo tempo, está entre os três pores resultados nesse ndcador e na avalação global. A EFVM e a EFC apresentaram melhores resultados em termos de efcênca operaconal favorecdas pelos maores volumes de transporte entre as concessonáras avaladas. As duas ferrovas que apresentaram os melhores resultados não são orundas da RFFSA e compõem um subsstema de logístca de exportação de mnéro da mneradora braslera Vale, mas realzam transportes para outros clentes em menor escala. A Estrada de Ferro Carajás destaca-se, entre as ferrovas brasleras, pelo volume de transporte ferrováro de carga em btola larga. Interlga a Serra de Carajás ao porto de Ponta da 8

9 Madera, em São Luís. Neste trecho a empresa utlza composções ferrováras com mas de 300 vagões, favorecendo ndcadores de volume de produção e lucro líqudo. A EFVM transportou 34% do volume realzado entre as onze concessonáras avaladas, no ano de 2005, a MRS, 28% e a EFC, 21%. A Estrada de Ferro Carajás aumentou o volume de transporte de 2002 a 2005 em 42%. Tal fato explca-se pela expansão da mna de Carajás e da demanda do mnéro de ferro para exportação pela Vale. A tríade EFVM, EFC e MRS Logístca realzou, em 2005, 82% de TKU (mlhares de toneladas por qulômetro útl) das onze concessonáras avaladas, favorecendo os prncpas ndcadores de efcênca como o de produtvdade de vagões, lucro líqudo e carregamento médo de vagões. É mportante ressaltar que a EFVM e EFC realzam transporte para a maor mneradora do país, a Vale, enquanto a MRS Logístca realza transporte ferrováro na malha ferrovára do sudeste atendendo mportantes clentes como a Companha Sderúrgca Naconal (CSN), Gerdau e própra mneradora Vale. As ferrovas ALL, FCA e FTC tveram resultados de efcênca pores do que EFC, MRS e EFVM. Isso pode ser esclarecdo pelo baxo volume de transporte destas três ferrovas que, juntas, representam apenas 13% do volume do total transportado em 2005 e, conseqüentemente, baxa geração de receta e lucro líqudo. A ALL e a FCA possuem grandes malhas, dferentemente da FTC, ferrova localzada no Estado de Santa Catarna que possu o menor ramal ferrováro, com apenas 164 km entre as ferrovas avaladas. A méda de efcênca energétca destas três ferrovas, com um valor de 9,8 L/10³*TKU, fcou acma da méda total dentre as concessonáras avaladas, sendo que o consumo de desel representa um peso elevadíssmo nos custos do transporte ferrováro. Nos trechos da ALL, FCA e FTC ocorreram 523 acdentes em 2005, com maor quantdade nos trechos da FCA que possu extensa malha com baxos nvestmentos em manutenção da va permanente. A FTC apresentou apenas três acdentes ferrováros no mesmo período. As ferrovas Ferronorte, Ferroban, Novoeste e CFN apresentaram baxos resultados em termos de efcênca. A Ferroban orunda da concessão do trecho da FEPASA, tem seu desempenho comprometdo em função de nefcêncas nas lnhas e de problemas de nterface com outras concessonáras no porto de Santos. Tanto a CFN e a Novoeste apresentaram os maores números de acdentes ferrováros, que juntas representam 51% do total de ocorrêncas em 2005. Tal fato é esclarecdo pelos baxos nvestmentos na manutenção da malha ferrovára destes trechos. Já a ferrova controlada pelo Estado do Paraná, Ferroeste, que possu 248 Km e opera uma estrada de ferro na dreção leste-noroeste, partndo de Guarapuava PR, passando por Cascavel - PR, bfurcando até Foz do Iguaçu - PR e Dourados MS, apresentou baxo resultado pela avalação da ANTT, sobretudo na avalação dos usuáros, obtendo índce de 4,8: o menor entre as ferrovas, com avalações baxas nos tens de confabldade e segurança operaconal. 5. Conclusão Em relação ao objetvo geral desse trabalho, que conssta em avalar e ndcar o melhor desempenho operaconal entre as concessonáras ferrováras brasleras de transporte de carga a partr de ndcadores seleconados, verfcou-se que as concessonáras Estrada de Ferro Vtóra Mnas, Estrada de Ferro Carajás e MRS Logístca, nesta ordem, são aquelas que apresentaram os melhores resultados operaconas. Em relação ao objetvo específco de determnar quas ndcadores devem ser aplcados para a letura da efcênca operaconal, desenvolveu-se um nstrumento para futuros trabalhos que analsem as estratégas e nvestmentos operaconas das concessonáras. Outra mportante 9

10 contrbução é a proposção de um número reduzdo de ndcadores e que refletem melhor a stuação da ferrova pesqusada para o cenáro futuro. Em relação ao objetvo específco de mapear os melhores e pores desempenhos ferrováros a partr de uma técnca de auxílo multcrtéro, este trabalho, além de apresentar os resultados operaconas de todas as concessonáras de ferrovas brasleras, contrbuu ao apresentar uma forma dferencada de avalação de desempenho das ferrovas. Tal estudo poderá referencar ações de melhora a partr dos resultados apresentados pelos ndcadores. Em relação ao objetvo específco de apresentar uma prorzação das concessonáras ferrováras brasleras de transporte de carga por desempenho operaconal, verfcou-se que as empresas que apresentaram, na ordem, os melhores resultados operaconas são àquelas que respondem pelo maor volume de produtos transportados: Estrada de Ferro Vtóra Mnas (34%), MRS (28%) e EFC (21%), favorecendo os prncpas ndcadores de efcênca como produtvdade de vagões, lucro líqudo e carregamento médo de vagões. No outro extremo, as ferrovas Novoeste, Ferroban e CFN apresentaram os mas baxos resultados em efcênca. A Ferroban tem seu desempenho comprometdo em função de nefcêncas nas lnhas e de problemas de nterface com outras concessonáras no porto de Santos, além de um parque de tração envelhecdo. Tanto a CFN e a Novoeste apresentaram os maores números de acdentes ferrováros, que juntas representam 51% do total de ocorrêncas em 2005. Com o baxo volume de transporte destas duas ferrovas, o índce de acdentes que relacona acdentes por mlhões de trem/km é muto alto, comprometendo seus resultados operaconas. Como recomendação para estudos posterores ndca-se a aplcação de outras técncas de auxílo mult-crtéro, que permtam a unfcação de todos os ndcadores em somente um, permtndo assm uma letura rápda e precsa. A amplação para os estudos de ntermodaldade ou do setor ferrováro como um todo é outra recomendação deste trabalho. Referêncas Bblográfcas ALL Amérca Latna Logístca. Relatóro Operaconal Anual 2008; Dsponível em: <http://www.all.com.br>; Acessado em: 26 de março de 2009. ANTF Assocação Naconal dos Transportadores Ferrováros. Agenda Estratégca 2009. Dsponível em: <http://www.antf.org.br/ >; Acessado em: 11 de outubro 2009 ANTT Agênca Naconal de Transportes Terrestres. Evolução Recente do Transporte Ferrováro; Julho de 2009; Dsponível em: <http://www.antt.gov.br/concessaofer/evolucaoferrovara.pdf>; Acessado em: 11 de outubro de 2009. ANTT Agênca Naconal do Transporte Terrestre. Evolução Recente do Transporte Ferrováro, Setembro de 2007; Dsponível em: <http://www.antt.gov.br/concessaofer>; Acessado em: 14 de outubro de 2008. ANTT Agênca Naconal de Transportes Terrestres. Relatóros Operaconas das ferrovas - 2005; Dsponível em: <http://www.antt.gov.br>; Acessado em: 11 de outubro de 2009. Ballou, R. H. Gerencamento da cadea de suprmentos/logístca empresaral. Porto Alegre: Bookman, 2006. Bellen, H. M. V. Indcadores de Sustentabldade: Uma Análse Comparatva; Publcado em março de 2005; Dsponível em: <http://www.observatoro.dca.ufpe.br>; Acessado em : 15 de outubro de 2008. Bschoff, E. Estudo da utlzação de algorítmos genétcos para seleção de redes de acesso. Dssertação de mestrado em engenhara elétrca, Departamento de Engenhara Elétrca. Unversdade de Brasíla, Brasíla, DF, 2008, 142p. Bowersox, D. J. e Closs, D. J. Logístca Empresaral - o Processo de Integração da Cadea de Suprmento. São Paulo: Atlas, 2001. 10

11 Brto, J. do N. Meo Século de Estradas de Ferro. Ro de Janero. Edtora: Lvrara São José, 1961. Cardoso, L. R. de A. (2005), Prospeção de futuro e Método Delph: uma aplcação para a cadea produtva da construção habtaconal; Revsta ambente construído, Porto Alegre, V5, N3, p.23-38. Castro, N. Estrutura, Desempenho e Perspectvas do Transporte Ferrováro de Carga.Pesqusa e Planejamento Econômco Vol. 32, No. 2, Ago 2002: Corrêa, H. L. e Corrêa, C. Admnstração de produção e de operações, Manufatura e servços: uma abordagem estratégca. São Paulo: Atlas, 2005. Deng, J. (1989), Introducton to grey system theory. Journal of Grey Systems, 1, 1-24. Dógenes, G. S. Uma Contrbução ao Estudo dos Indcadores de Desempenho Operaconal de Ferrovas de Carga: O Caso da Companha Ferrovára do Nordeste CFN. Tese submetda a coordenação da Unversdade Federal do Ro de Janero para obtenção do grau de mestre em Cêncas em Engenhara de Transportes. Ro de Janero, 2002. EFVM Estrada de Ferro Vtóra Mnas. Relatóro Operaconal Anual 2008. Vale Mneração S/A; Dsponível em: http://www.vale.com; Acessado em: 26 de março de 2009 FCA Ferrova Centro Atlântca. Relatóro Operaconal Anual 2008. Vale Mneração S/A; Dsponível em: http://www.vale.com; Acessado em: 26 de março de 2009. Fleury, P. F. e Wanke, P. Planejamento e Admnstração do Transporte. São Paulo: Atlas, 2003 p.235-236. Fleury, P. F. Pontos fortes e fracos da fase pós-prvatzação. Valor Econômco, edção de 29 de setembro de 2006; Dsponível em: www.coppead/avalaçao_coopead.html; Acessado em 12 de outubro de 2008. Godoy, A. S. (1995), Pesqusa qualtatva: tpos fundamentas. RAE, São Paulo. Hourneaux, F. J. Avalação de Desempenho Organzaconal: Estudos de casos do setor químco. Dssertação (Mestrado em Admnstração) FEA Unversdade de São Paulo, São Paulo, 2005. Lu, S and Ln, Y. (2006), Grey nformaton: theory and practcal applcatons. Sprnger, London. MRS MRS Logístca S/A. Relações com nvestdores. Relatóro Operaconal Anual 2008. Dsponível em: <http://www.mrs.com.br>; Acessado em: 12 de março de 2009. Plar, H. A. e Souza, V. L. Cclo Planejamento 2008 2015. Publcado em mao de 2008. Documentação nterna; Acessado em 10 de mao de 2009. Unon Pacfc. Annual Report-2008. Unted States Securtes and exchange commodty. Dsponível em: <http://www.up.com/nvestors/annuals/ndex.shtml>; Acessado em: 26 de março de 2009. Wen, K. (2004), Grey Systems: Modelng and Predcton. Prnted n USA by Yang s Scentfc Press, ISBN 0-9721212-7-7 Wrgth, J. T. C. e Govnazzo, R. A. (2000), Delph Uma ferramenta de apoo ao planejamento prospectvo. Caderno de Pesqusa em Admnstração, V 01, n 12, 2 trm., São Paulo. 11