Jorge Yussef Afiune Divisão de Cardiologia Pediátrica.

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Transcrição:

Diagnóstico e tratamento das principais arritmias na criança Jorge Yussef Afiune jorge.afiune@incordf.zerbini.org.br Divisão de Cardiologia Pediátrica www.paulomargotto.com.br

Sistema elétrico do coração

Sistema Cardíaco de Condução Eletrocardiograma normal Intervalo PR: 120-200 ms Intervalo PR: 120-200 ms Complexo QRS: 60-100 ms Intervalo QT: 360-400ms

Sistematização da análise do ECG 1. Freqüência cardíaca 2. Ritmo 3. Onda P Eixo Sobrecarga AD e AE 4. Complexo QRS Eixo Sobrecarga: VE e VD 5. Onda T: Repolarização ventricular 6. Arritmias

Derivações precordiais: Plano frontal

Derivações precordiais: Plano frontal VD VE

1.Freqüência cardíaca Velocidade do papel (padrao): 25mm/s 25mm - 1s 1 mm - x X = 0,04s ou 40ms 1minuto=60.000ms=1500 quadrados FC= 1500/ n. de quadrados entre R e R

Onda p Atividade elétrica dos átrios

Como o QRS é gerado

Cálculo do eixo elétrico Soma vetorial em 2 derivações perpendiculares 90º

Eixo do QRS: Soma vetorial em 2 derivações perpendiculares DI avf

QRS plano frontal Eixo do QRS D E RN Até 5 anos 5-8 anos

QRS plano horizontal Eixo do QRS 5-8 anos D E 1ª semana Até 5 anos Região Anterior

Intervalo PR RN e Lactentes: 70-150ms Crianças: 100-170ms Adolescentes: 110-190ms

Onda p - características Eixo: 45º 65º (+ em DI, DII, DIII e avf)=sinusal Amplitude: 2,5mm Duração: 40-80ms Morfologia arredondada // pontiaguda V5-V6 : sempre positiva V1 : plus-minus (+/-)

Ritmo sinusal

Situs inversus

Sobrecarga atrial Átrio direito Átrio esquerdo

Eixo QRS para esquerda S ampla em V1 R ampla em V6 Sobrecarga de VE

Eixo QRS para direita R ampla em V1 S ampla em V6 Sobrecarga de VD

Repolarização Ventricular segmento ST

QT RR QT 640 ms QTc = QT RR (fórmula de Bazett) RR 0,88s QTc 682 ms

Repolarização ventricular Intervalo QT Valor de QTc Criança Homem Mulher Normal < 0,44 < 0,43 < 0,45 Limítrofe 0,44-0,46 0,43-0,45 0,45-0,46 Aumentado > 0,46 > 0,45 > 0,46 Moss AJ, Circulation 1992; 85 Maior ao nascimento; na 1ª semana

Arritmias com origem no átrio Extra-sístoles atrial Extra-sístoles atrial não conduzida Marcapasso mutável Taquicardia atrial Flutter atrial Fibrilação atrial

Arritmias com origem no nó AV Extra-sístoles nodal Pausa sinusal com escape nodal Taquicardia atrial

Arritmias com origem nos ventrículos Extra-sístoles ventricular Taquicardia ventricular Fibrilação ventricular

Distúrbios da condução atrioventricular BAV 1º grau BAV 2º grau Mobitz I Mobitz II BAV 2:1 BAV 3º grau (BAVT)

ARRITMIAS NA CRIANÇA CLASSIFICAÇÃO: Taquicardias Bradicardias Ritmos de colapso (PCR)

GRUPOS DE RITMO Lactentes Crianças Rápido >220 >180 Lento <80 <60

Sintomas associados às arritmias cardíacas RN e lactentes Crianças maiores Irritabilidade ICC Sudorese Sonolência Cansaço ao mamar Palpitações Fadiga Precordialgia Pré-Síncope Síncope Sonolência Pesadelos

ARRITMIAS NA CRIANÇA TAQUICARDIAS TAQUICARDIA SINUSAL TAQUIARRITMIAS Taquicardia Supraventricular QRS estreito (<80ms ou 2 quadradinhos) Taquicardia Ventricular QRS largo (> 80ms ou 2 quadradinhos)

TAQUICARDIA SINUSAL FC=200bpm P > QRS > T QRS estreito (<80ms)

TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR Arritmia mais freqüente na criança (1:4000) FC=280BPM Difícil definição de onda P e T QRS ESTREITO (<80ms)

Flutter atrial

TPSV ADENOSINA (EV) SINUSAL

Pré-excitação ventricular e Síndrome de Wolf-Parkinson-White

Taquicardia Supraventricular Tratamento Adenosina (EV/IO) 0,1-0,5mg/Kg/dose em bolo (até 3 doses!) observar reação à droga! Cardioversão Elétrica - 0,5-1J/Kg sedação sempre que possível Amiodarona (EV/IO) 5mg/Kg em 30 (ataque); 5-40mg/Kg/dia (manut.) Considerar manobra vagal (máscara facial)

Taquicardia Ventricular FC= 180bpm Difícil definição de onda P e T QRS LARGO (>80ms)

1 mês. 5º`PO de cirurgia cardíaca

Taquicardia Ventricular Tratamento Cardioversão elétrica - 0,5-1J/Kg sedação sempre que possível Amiodarona (EV/IO) 5mg/Kg em 30 (ataque) 5-40mg/Kg/dia (manutenção) Procainamida (EV/IO) 15mg/Kg em 30 Corrigir distúrbios metabólicos Cálcio, magnésio, potássio

ARRITMIAS NA CRIANÇA BRADICARDIAS Causas Hipoxemia Uso de drogas BAVT Idiopática

7 anos. Assintomática Bradicardia sinusal

2º gemelar, Peso:1850g

Bloqueio atrioventricular total congênito Tratamento: Observação Suporte ventilatório Suporte hemodinâmico Drogas cronotrópicas: Atropina, Dopamina, isoproterenol Marcapasso

Na 8ª hora de vida foi realizado implante de marcapasso de câmara única epicárdico definitivo

ARRITMIAS NA CRIANÇA RITMOS DE COLAPSO (PCR) BRADICARDIA ASSISTOLIA ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO FIBRILAÇÃO VENTRICULAR/TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO

Bradicardia sintomática (FC <60bpm + má perfusão) ABC Epinefrina EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:10.000) ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:1.000) Repetir a cada 3 minutos, mesma dose Atropina EV/IO/ET: 0,02mg/Kg (dose mínima: 0,1mg) Repetir apenas mais 1x (após 5 minutos)

Considerar Marcapasso externo transcutâneo

Assistolia ABC Epinefrina EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:10.000) ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:1.000) Repetir a cada 3 minutos, mesma dose

FIBRILAÇÃO VENTRICULAR TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO

Fibrilação ventricular e TV sem pulso ABC Desfibrilação (1x) 2 J/Kg Epinefrina (1 x) EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:10.000) ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:1.000) Desfibrilação (1x) 4 J/Kg Antiarrítmicos Amiodarona 5 mg/kg EV/IO Lidocaína 1 mg/kg EV/IO/ET Magnésio 25-50 mg/kg EV/IO (Torsades ou hipomg)

Atividade elétrica sem pulso (AESP) Hipovolemia; Hipotermia;Hipo-Hipercalemia Tamponamento; Tensão no tórax (pneumotórax) Toxicidade (drogas);tromboembolismo ABC Epinefrina EV/IO: 0,01mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:10.000) ET: 0,1mg/Kg (0,1ml/Kg - 1:1.000) Repetir a cada 3 minutos, mesma dose