Proposta de Reforma do Modelo Brasileiro de Tributação de Bens e Serviços

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Transcrição:

Proposta de Reforma do Modelo Brasileiro de Tributação de Bens e Serviços Seminário ANAFISCO: Reforma Tributária em Debate Bernard Appy e Eurico de Santi Agosto de 2018

Introdução O que é um bom sistema tributário? 2 As caracterís cas de um bom sistema tributário estão bem estabelecidas na literatura Simplicidade para os contribuintes Neutralidade, de modo a não prejudicar a organização eficiente da produção Transparência, para que os contribuintes saibam quanto pagam de impostos Equidade horizontal e ver cal Um bom sistema tributário também deve deixar pouca margem para a evasão

Introdução Distorções do Sistema Tributário 3 O sistema tributário brasileiro não tem nenhuma das caracterís cas de um bom sistema tributário Distorções aloca vas (falta de neutralidade) Iniquidades distribu vas injus ficáveis Prejuízo à compe vidade da produção nacional Elevada li giosidade (custo para as empresas e insegurança jurídica) Grande complexidade e custo de conformidade Falta de transparência Tensões federa vas

Introdução Agenda de reformas 4 A agenda de reformas do modelo brasileiro de tributação é ampla e envolve várias áreas Tributos sobre bens e serviços agenda mais importante para a produ vidade, compe vidade e para a redução das tensões federa vas Tributos sobre a renda agenda distribu va e de compe vidade Tributos sobre a folha formalização Regimes simplificados correção de distorções Processo administra vo fiscal (e relação fisco/contribuinte) segurança jurídica

5 Tributos sobre bens e serviços

Tributos sobre bens e serviços Modelo brasileiro vs IVA 6 Há um quase consenso de que o melhor modelo de tributação do consumo de bens e serviços é o IVA Caracterís cas de um bom IVA estão bem estabelecidas na literatura Modelo brasileiro de tributação de bens e serviços afasta-se muito do de um bom IVA Fragmentação da base de incidência Incidência cumula va Excesso de alíquotas, bene cios e regimes especiais Cobrança na origem Complexidade

Tributos sobre bens e serviços Consequências do modelo brasileiro 7 Distorções na tributação de bens e serviços no Brasil têm muitas consequências nega vas Alto grau de li gio sobre matérias tributárias (gerando insegurança jurídica) Elevado custo de conformidade tributária Oneração das exportações e dos inves mentos Distorções aloca vas Setoriais Geográficas Estrutura e porte das empresas Consequência: forte redução da produ vidade

Tributos sobre bens e serviços Limites à reforma do sistema atual 8 Melhorias nos tributos atuais são possíveis, mas seu efeito tende a ser limitado É impossível ter um bom IVA mantendo a atual fragmentação da base de incidência Transição pode gerar outras distorções Custo polí co de ajustes no sistema atual pode ser tão grande (ou até maior) que o de uma reforma ampla Redução das alíquotas interestaduais do ICMS Adoção do regime não-cumula vo de PIS/Cofins para todos os setores

Tributos sobre bens e serviços Dificuldades de uma reforma ampla 9 Também há dificuldades relevantes para uma reforma tributária ampla (migração para modelo IVA) Modelo federa vo brasileiro Distribuição da receita Autonomia federa va Desigualdades regionais (incen vos) Inves mentos já realizados Compe vidade de várias empresas depende de bene cios distorcivos Excesso de vinculações de receitas Unificação de tributos pode aumentar rigidez

10 Proposta do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF)

Introdução 11 Proposta busca equacionar dificuldades de uma reforma ampla sem comprometer a qualidade do resultado Obje vo: subs tuição de cinco tributos atuais por um único imposto do po IVA PIS/Cofins/IPI/ICMS/ISS Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) O modelo seria complementado por um imposto sele vo, federal, com incidência monofásica sobre bens e serviços com externalidades nega vas (como fumo e bebidas)

Transição 12

Transição 13 Período de teste Ajustes operacionais Iden ficação do potencial de arrecadação do IBS permite transição mantendo a carga tributária Razões para a transição longa Adaptação das empresas que realizaram inves mentos Ajuste de preços rela vos Transição deve ser curta o suficiente para que novos inves mentos sejam feitos com base no IBS

Características gerais 14 Principais caracterís cas do IBS Incidência não-cumula va sobre base ampla de bens, serviços e intangíveis Desoneração completa das exportações Ressarcimento tempes vo de créditos (60 dias) Crédito integral e imediato para inves mentos Crédito financeiro (exceção: consumo pessoal) Incidência sobre o preço líquido de tributos Arrecadação centralizada e distribuição da receita para a União, os Estados e os Municípios

Alíquota e regimes especiais 15 Propõe-se que a alíquota do IBS seja uniforme para todos bens e serviços Proposta é poli camente complexa, mas bene cios são grandes O fato de um setor ser menos tributado hoje não é mo vo suficiente para alíquota menor no IBS O IBS não deve ter qualquer bene cio fiscal Mínimo possível de regimes especiais Subs tuição tributária limitada a casos clássicos

Extrafiscalidade e baixa renda 16 O obje vo do IBS deve ser o de arrecadar Outros obje vos de polí cas públicas (sociais/ regionais/setoriais) são alcançados de forma mais eficiente através de outros instrumentos Para reduzir a regressividade do IBS, ao invés da desoneração da cesta básica propõe-se a adoção do modelo de isenções personalizadas - Cruzamento das informações do CPF fornecido na emissão da nota fiscal com o cadastro único u lizado na gestão dos programas sociais

Estados e Municípios 17 Estados e Municípios terão autonomia na fixação de sua parcela da alíquota do IBS Alíquota pode ser fixada acima ou abaixo da alíquota de referência (que repõe a receita do ICMS/ISS) Operações interestaduais e intermunicipais: alíquota do des no Distribuição da receita, após transição, será proporcional ao consumo (princípio do des no) Distribuição feita com base no imposto apurado por Estado/Município, ajustado pelas transações interestaduais/intermunicipais

Transição para Estados e Municípios 18 Transição na distribuição da receita entre Estados e Municípios seria feita ao longo de 50 anos 20 anos iniciais: manutenção da receita atual, corrigida pela inflação - Apenas crescimento real da receita seria distribuído pelo des no 30 anos seguintes: convergência para o des no Redução das desigualdades exige reforço da Polí ca de Desenvolvimento Regional Recursos da União, idealmente aplicados em formas eficientes de redução das desigualdade

Transição para Estados e Municípios 19

Vinculações e partilhas 20 Para reduzir a rigidez orçamentária, propõe-se a subs tuição do atual modelo de vinculações e par lhas Alíquota do IBS seria a soma de várias alíquotas singulares: Federais: des nações atuais do PIS, Cofins e IPI Estaduais: des nações atuais do ICMS Municipais: des nações atuais do ISS Alíquotas singulares poderiam ser alteradas por lei da respec va unidade federada Pisos para receitas de outras unidades federadas e para a soma de educação e saúde

Alíquotas singulares 21

Alíquotas singulares 22

Interação com regimes simplificados 23 Empresas do SIMPLES teriam duas opções - Manter o regime atual, sem apropriação ou transferência de créditos - Adesão integral ao IBS, com redução da alíquota do SIMPLES correspondente aos cinco tributos subs tuídos pelo IBS Empresas do lucro presumido: regime normal do imposto

Legislação e gestão do IBS 24 Legislação e regulamento: nacionais Arrecadação gerida por Comitê Gestor Nacional (representantes das três esferas de governo) Cobrança e Fiscalização: coordenada e uniformizada entre União, Estados e Municípios - Interpretação/consulta: Comitê Gestor Nacional Contencioso administra vo (específico para o IBS) - Modelo está em discussão - Representação dos fiscos da União/Est/Munic Contencioso judicial: federal

Outras questões 25 Saldo de créditos acumulados dos tributos atuais seria securi zado e pago em prazo longo Simplicidade do modelo pode permi r mudanças significa vas na forma de apuração e lançamento Possibilidade de lançamento de o cio para micro e pequenas empresas Está sendo avaliada a possibilidade de cobrança do imposto vinculada ao pagamento Exige integração entre instrumentos de pagamento e documentos fiscais

Comentários finais 26 Modelo proposto pelo CCiF busca contornar as dificuldades da migração para o modelo IVA e mi gar resistências à mudança Bene cios da mudança são relevantes Melhoria do ambiente de negócios Aumento da produ vidade e do PIB potencial Aumento do inves mento Transparência para os contribuintes

27 Obrigado! appy@ccif.com.br eurico@ccif.com.br www.ccif.com.br

Proposta de Reforma do Modelo Brasileiro de Tributação de Bens e Serviços Seminário ANAFISCO: Reforma Tributária em Debate Bernard Appy e Eurico de Santi Agosto de 2018